terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A República e 100 anos de posters comemorativos (1)


1. A DOCE MÃEZINHA


Com a preciosa colaboração do nosso amigo Zé do Blog de Leste, iniciamos a comemoração do Centenário da República, com uma série de posters alusivos às grandes conquistas e triunfos do regime instaurado a tiros de Browning e de artilharia Schneider & Creusot.

A primeira imagem, um clássico muito constante e que chega aos nossos dias.


Já agora, Mário Soares anda todo ancho, perspectivando o ciclo de farras comemorativas da golpada bombista de 1910. Vai logo avisando que este ciclo forrobodista apenas comemorará as duas repúblicas do esquema corrente, deixando a mais longa e duradoura, esquecida no limbo da conveniência. Olvida assim que foi precisamente a 2ª república - a actual, queira ou não queira, é mesmo a terceira - quem solidificou a instituição, tornando-a corriqueiramente respeitável e alçando os Venerandos à condição semi-divina de entes intocáveis de que aliás, Mário Soares muito viria a beneficiar.

A sua questionável coerência, deixa-nos por vezes pérolas de inestimável valor republicano e nos meandros do texto que hoje o Diário de Notíciais publica, encontra-se esta saborosa justificação para o dinástico alçar do sr. Artur Santos Silva à presidência da Comissão Oficial do Centenário da República.

"O Governo decidiu - e bem - constituir uma Comissão Nacional para as Comemorações, presidida pelo Dr. Artur Santos Silva, bisneto de um dos heróis do 31 de Janeiro de 1891, revolta militar e civil frustrada que ocorreu no Porto, com a intenção de derrubar a Monarquia; neto de um ilustre médico, várias vezes ministro da I República, Dr. Eduardo Santos Silva, que deu o nome a um dos principais hospitais da cidade invicta; e filho do ilustre advogado e resistente antifascista Santos Silva, de quem tive a honra de ser amigo.

Seu pai foi de resto, ainda, deputado à Assembleia Constituinte, que elaborou a nossa Constituição e estruturou, no plano legal, a actual II República.

O presidente da Comissão Nacional para as Comemorações não podia, portanto, ser mais bem escolhido para as suas funções"...

A plutocracia tem destas coisas. Os amigos são para as ocasiões, mesmo sendo santos entre silvados.


5 comentários:

  1. Uma pena de facto...os avós do banqueiro terem nascido...sempre ele não andaria por cá !

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  2. Herdam os títulos e as cunhas dos avós, e dizem-se.. república e democrática!!!

    Maldita sorte!

    Bia

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  3. Depois de 771 anos monarquia a pisar o zé povinho veio a republica mais 100 anos, e novidades?
    Parece-me que querem fazer passar uma imagem da monarquia como sua santidade, mas ela não o era e ainda não vi nada neste site sobre o que a monarquia traria de bom a Portugal.
    Existe algo que melhoraria com uma monarquia?

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  4. Simples. Leia os blogues monárquicos que se encontram na coluna da direita, com os links. propostas não faltam. Sem preconceitos.

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  5. Mas afinal onde é que o Mário Soares quer encaixar a segunda república, baptizada como estado novo?! Apagão?!
    E onde vai encaixar ele esta terceira, com vestígios de primeira, mas que já seria quarta (igual à segunda) não fora o facto de estarmos dependentes (em tudo) da UE?! Não esquecer que foi nesta terceira que Salazar ganhou o título de melhor português de sempre! Foi um concurso, bem sabemos, mas não deixa de ser uma sondagem.
    E tem graça esta mania dinástica (jus sanguinis puro) que os republicanos cultivam a propósito de tudo e de nada. Nem se importam que seja um banqueiro a encabeçar as comemorações... desde que seja bisneto de alguém! Também aqui se distinguem dos monárquicos que apenas cultivam uma dinastia, a família real. Quanto aos títulos comportavam um conjunto de deveres concretos e eram públicos. Em república é tudo à sucapa, em compadrio, por baixo da mesa. Há uma explicação, digamos, plausível - é a ética republicana a funcionar.

    Saudações monárquicas

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