Na Imagem: Afonso Costa e outros republicanos na cerimónia
oficial da substituição da placa toponimíca pela nova do Largo do Directório.
Um dos poucos indiscutíveis atributos dos republicanos de 1910 foi o revisonismo de grande parte da toponímia nacional: por exemplo em Lisboa, entre muitas outras renomeações, a avenida Rainha D. Amélia passou a chamar-se avenida Almirante Reis, o comandante da revolta que se suicidou dois dias antes da revolução, a avenida Ressano Garcia, foi rebaptizada avenida da República, e a Av. António Maria Avelar é hoje conhecida por avenida 5 de Outubro.
Também o sitio onde nasceu Fernando Pessoa, refinado antipatizante do regime e da sua casta emergente, o Largo de S. Carlos, onde se situou a sede(directório) do Partido Republicano Português foi vítima da sua voracidade recriadora e passou a chamar-se Largo do Directório. Sobre o assunto, na célebre carta a João Gaspar Simões, Fernando Pessoa diz, a dado passo: «O sino da minha aldeia, Gaspar Simões, é o da Igreja dos Mártires, ali no Chiado. A aldeia em que nasci foi o Largo de S. Carlos». Esta é a parte mais conhecida, mil vezes citada, mas o texto vulgarmente omitido continua assim: " (...) foi o Largo de S. Carlos, hoje do Directório, e a casa em que nasci foi aquela onde mais tarde (no segundo andar; nasci no quarto) haveria de instalar-se o Directório Republicano. (Nota: a casa estava condenada a ser notável, mas oxalá o 4.º andar dê melhor resultado que o 2.º)»
*Com a colaboração de Vasco Rosa
« Teófilo(...)contava, com orgulho, como impedira António José de Almeida de apagar o nome da Rainha D.Leonor do Hospial das Caldas da Rainha. Achava um "perigo" as intervenções reformadoras sem conhecimento das orgens venerandas, cuja tradição nunca deve ser apagada.
ResponderEliminar« "Real" era um atributo do que era nacional. As armas reais assinalavam por todo o lado o que era português e era do Estado.
Que fazer dos símbolos e das instítuições qe identificavam Portugal? O Governo Provisório entreteve-se algum tempo a pôr "República" e "Nacional" onde estava "Real" e "Da Coroa".
(...) A República foi até pequenos detalhes, como a substítuição dos punções de coroa, usados a fiscalização ds caldeiras e motores dos instrumentos industriais e no afilamento de pesos e medidas e instrumentos de pesar e medir(...)
O pior problema era o das "armas". O partido Republicano Português tinha uma bandeira, a bandeira verde e vermelha (...)Henrique Lopes de Mendonça, o autor da letra do hino A Portuguesa, apelou para que se mantivesse o escudo por representar a fundação e a contínuidade da nação, e as cores azul e branca, as "cores da liberdade" (...).
Era evidente que não se estava apenas a discutir um estandarte (...)e que se julgava a ligação entre o regime repúblicano e a história (...)
A nação passava a ser usada contra a república. Era, portanto, em termos de nação que havia de defender a república (...).
história de Portugal, direcçõ de Jose Mattoso, Vol. 6, pág 422 e seg.