terça-feira, 6 de abril de 2010

Valença, a taurina bandeira



Numa atitude pouco pensada e nada inteligente, a comissão de utentes do SAP de Valença, decidiu-se pelo hastear da taurina bandeira do país vizinho. Além de não terem concitado a mínima simpatia ou compreensão por parte dos seus concidadãos, os apressados activistas acabaram por fazer exactamente o que os responsáveis políticos de Lisboa pretendem: estes últimos conseguiram alijar um problema que tinham em ombros e melhor ainda, os gastos com a assistência à população, passam directamente para a responsabilidade do erário vizinho. Pelo menos, durante algum tempo. Neste processo de ..."aproximação à Espanha, Espanha e Espanha", onde surgem Mários Linos, Pinas Mouras, sector bancário e da informação e um ou outro tinte avermelhado como o Sr. Saramago, os utentes do SAP participam gulosamente no festim que não durará muito. Decorridos alguns meses de visitas de urgência a Tui - muitas vezes e como é hábito, "por dá cá aquela palha" - e passada a euforia do sucesso mediático além-fronteira, sempre queremos ver até quando as autoridades estrangeiras permitirão o abuso ? Podemos imaginar o que daqui a algum tempo se dirá dos portugueses, enraizando o preconceito que é velho de séculos e ainda tão visível no péssimo ou desigual tratamento ministrado a tantos dos nossos que por lá trabalham ou querem investir.

Os habitantes de Valença reagiram intempestivamente e acabaram por fazer um tremendo favor ao Ministério da Saúde que fica assim livre do problema. Mais ainda, a população da cidade não atacou minimamente o poder político instalado em Lisboa e que noutros casos de outras bandeiras, é bastante lesto em sentir-se ofendido e agravado.

Foi hasteada a bandeira estrangeira na fortaleza de Valença. Um edifício público que para mais, é um símbolo da soberania. Sempre queremos ver até onde chegará a presteza policial em retirar o enxovalho colectivo que ondeia nas nossas muralhas. Qual é a reacção das Forças Armadas Portuguesas?

15 comentários:

  1. Caro Nuno Castelo-Branco,

    Concordo plenamente consigo.
    Para além de que esta atitude MUITO pouco pensada demonstra bem o que a republica conseguiu fazer ao espirito patriotico que sempre foi caracteristica do povo luso.
    Teria sido bem mais inteligente se tivessem hasteado a bandeira azul e branca. Aí sim, dariam uma verdadeira mensagem a Lisboa.

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  2. Caro Nuno será que aqui também há queixa no ministério público???

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  3. Senhores da República:
    Olhem que a bandeira espanhola tem ao centro as armas reais da Monarquia deles.

    (a ver se os queridos republicos assim mandam tirar a bandeira)

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  4. Pois eu mandei logo um fax à GNR que pelo que parece, em Valença NÃO TEM computador.

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  5. E ter fax é uma sorte. Eu pensei que ainda tinham o telegrafo por que a República chegou lá. Ou não fosse a GNRepublicana.

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  6. E quem vai pagar as visitas dos doentes portugueses á urgência de Tui?
    Ao contrário do que parece supôr, Nuno, julgo que ainda será o nosso erário.

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  7. Bom, assim como assim é melhor ir a um centro de saúde espanhol que português...

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Incrível que não houve um só sujeito com brio para arrancar estas bandeiras e dar um par de bofetadas nos moleques que organizaram esta palhaçada.
    Deve ser graças ao tratamento pavloviano a que fomos submetidos durante mais de uma década, com a vassalagem forçada que prestamos às bandeiras internacional-socialistas azuis com estrelas amarelas quando vamos a qualquer repartição pública ou conduzimos o nosso próprio carro.
    A espanhola ainda respeito, desde que esteja no seu lugar. Mas esta porcaria azul e amarela foi mesmo feita para queimar.

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  10. Também não gostei de ver a manifestação em Valença, mas não devemos continuar a ter complexos em relação a Espanha e muito menos em relação aos galegos, povo verdadeiramente irmão.

    Os comentários à GNR, mostram os grau de desconhecimento do brio, profissionalismo e patriotismo dos seus elementos. Provavelmente ao contrário da generalidade, dos que só sabem mandar "bocas", sei do que estou a falar.

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  11. Jeerónimo, não "mandei bocas" à GNR. Apenas lhes enviei um fax - porque aparentemente não existe um computador! -, no sentido de tomarem as necessárias providências. Se não confiasse na Guarda - a Guarda Municipal de outros tempos e que esteve a defender as instituições no 5 de Outubro -, nem me daria ao trabalho. Aliás, no texto até dizia, "valha-nos a Guarda!"

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  12. Hoje permito-me discordar do meu caro correlegionário autor deste postal. Penso que devemos olhar para isto à luz da realidade - o patriotismo é um conceito que o regime republicano à força de o usar para seu benefício, esvaziou completamente. Os valores que a tradição sustentava, idem idem aspas aspas. O resultado só podia ser este. Ninguém pode ficar admirado, muito menos nós, monárquicos. E só tenho pena por não termos conseguido (até hoje) associar a resistência das populações (aos desmandos do regime republicano)à mensagem monárquica e aos seus símbolos. Essa é a nossa culpa e a nossa tarefa.
    De resto, fixo-me na coragem do protesto. E já agora, do mal o menos - a bandeira castelhana é, nas circunstâncias, menos perigosa para a coesão que a bandeira da galiza. Claro que preferia (e já o escrevi) de ver o azul e branco fundador a desfraldar o protesto pelo facto do governo da república não saber honrar o tratado de Tuy.
    Abraço.

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  13. Caro Nuno
    Não era a si que me estava a referir, qd falei de "bocas" à GNR. Acontece que tive o privilégio de conhecer por dentro a corporação e compreendo bem as dificuldades que sentem e que ultrapassam. O episódio que refere do computador, não só não me surpreende, como acredite, há muito pior.

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  14. VALENÇA DO MINHO E AS ELITES PORTUGUESAS (não esquecendo Elvas)
    As elites portuguesas têm um problema. Não confiam no povo de que são
    filhas. Lamentam
    o "baixo nível" do seu próprio povo. Nem sequer entendem que, agindo
    assim, e sendo elas
    por definição os "melhores" de entre o seu povo, e aqueles que, até
    certo ponto, devem
    dar o exemplo, estão a passar um atestado de incompetência a elas próprias.
    No fundo, as elites têm horror a misturar-se com o povo de que são
    filhas. E lamentam
    não viver noutro País, onde as populações não sejam tão rudes.
    Ao longo da História, as elites portuguesas têm metido os seus conterrâneos em
    aventuras de vários tipos... incluindo tentativas de se subordinarem
    ou unirem a outros
    Estados que não o Português. Estados onde, curiosamente, vivem
    populações bem menos
    acomodatícias que a portuguesa à tradicional prepotência dos "grandes"
    da Lusitânia.
    Curiosamente também, o povo português tem reagido, e destroçado as
    mesmas elites.
    Todavia, parece haver aqui um ciclo infinito. As novas elites que,
    após as muitas
    revoluções que Portugal conheceu, substituem as antigas, acabam por as
    imitar na forma
    como se vêem e vêem o seu povo. Em pouco tempo, os vícios ressurgem.
    Não me refiro apenas a nobres ou a burgueses. As elites intelectuais
    têm seguido o
    mesmo percurso. Volta e meia, temos os mesmos discursos descrentes e
    pessimistas. Foi
    assim no final do Século XIX, e de novo no início do século XX. A
    ditadura salazarista
    incompatibilizou estas elites com muitos aspectos da vida portuguesa.
    O mais curioso é que esta tendência se renova nos finais do século XX
    e começos do
    XXI. E é ver escritores (começando pelo genial Nobel Saramago,
    convencido de que a sua
    atitude é original...), de vários quadrantes, a lamentar não terem
    nascido num País maior
    e que lhes reconheça a sua "infinita grandeza" ( que marcha a par,
    demasiadas vezes com
    uma infinita presunção ), mas também economistas, grandes empresários,
    políticos, e,
    pior, governantes, a pronunciarem-se da mesma forma. Discretamente,
    neste último caso,
    claro. Mas com muita eficácia.
    Durante séculos, o povo rude ficava longe destes procedimemtos.
    Todavia, e felizmente,
    a instrução popular tem progredido. As elites são agora mais imitadas,
    mais ouvidas, ou
    desprezadas com maiores conhecimentos. Instintivamente, o povo revê-se até na
    mediocridade das mesmas elites. Para sua desgraça.
    Assim se chega a situações com a de Valença do Minho, com bandeiras
    espanholas içadas
    pelas populações. As elites aplaudirão ( "nós não dizíamos? Este povo
    não tem capacidade
    para sobreviver de forma independente; Portugal vai acabar..."), ou
    abanarão a cabeça com
    desgosto, e dirão: "Triste povo o nosso; nem patriotas são; isto só lá
    vai, mesmo, com
    uma ditadura".
    (CONTINUA)

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  15. VALENÇA DO MINHO E AS ELITES PORTUGUESAS (não esquecendo Elvas)(Parte 2-CONCLUSÃO)
    Afinal, os habitantes de Valença do Minho nem se apercebem que, com o
    seu protesto,
    estão a ajudar e a dar razão a quem lhes quer tirar direitos. Num País
    onde as elites
    mantêm uma das mais altas taxas de desigualdade social da Europa, e
    consideram isso
    natural, o povo, a eterna vítima, em vez de exigir uma melhor
    repartição de riqueza, em
    vez de lhes exigir que abdiquem do muito que têm para que os serviços
    básicos (saúde,
    educação) não sejam afectados, mas antes melhorados, os "populares"
    entregam a resolução
    do problema ao vizinho espanhol. Que alívio para essas mesmas
    elites... em que se
    incluem os políticos governamentais e muitos dos que os apoiam.
    Não me posso esquecer do encerramento da Maternidade de Elvas a favor
    de nascimentos
    em Badajoz. Um precedente perigoso. Quantas pessoas terão consciência
    DE que, daqui a
    trinta e poucos anos, nenhum elvense se poderá candidatar a Presidente
    da República por
    não ter nascido em Portugal, conforme determina a Constituição? Onde
    está a garantia, por
    parte do Estado, do direito de cidadania para toda a população? Quanto
    sentido de
    irresponsabilidade...
    Estas não são soluções. A sujeição a estranhos nunca foi solução. Como
    os portugueses
    compreenderam em 1383/85, ou 1640, ou em 1808. E fizeram as elites
    pagar pelos seus
    erros, pela sua cobardia, pela sua falta de patriotismo.
    Talvez seja altura de o Povo se assumir como elite de si próprio. Ou
    de vigiar mais
    atentamente, e de forma muito, mas muito mais exigente, quem dirige a
    sociedade.
    Eu preferia a primeira opção. Mas a segunda já pode ser um progresso.
    Valença do Minho e as bandeiras espanholas podem ser uma lição. Já
    chega uma Olivença,
    na qual se esmagou uma cultura, uma língua, uma história, e se deteve
    o progresso durante
    um século. Situação que as elites actuais, económicas, políticas, e
    culturais (ou
    intelectuais) evitam abordar. Ou de que troçam, muitas vezes por
    ignorância, outras vezes
    por comodismo.
    A República faz cem anos. Como republicano, aplaudo. Como cidadão,
    acuso quem nos
    governa de estar a matar essa mesma República, e com ela Portugal!!!
    Estremoz, 09 de Abril de 2010
    Carlos Eduardo da Cruz Luna
    10 de Abril de 2010 13:02

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