sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A crise republicana

A guerra surda entre a república (unitária) e as autonomias regionais produziu ontem mais um episódio insólito – numa inesperada comunicação ao país Cavaco Silva queixou-se do novo estatuto dos Açores (aprovado por unanimidade) alegando que lhe estavam a reduzir os poderes presidenciais.
Foi rápidamente secundado pelos partidos e personagens do costume e com as cambiantes conhecidas: - em romagem de saudade comunistas e centristas vieram em seu auxílio; no PSD fez-se um silêncio religioso; Sócrates pôs água na fervura; e o Bloco disfarçou com coisas mais importantes!
Porém não adianta desvalorizar o assunto pois estamos a falar do regime e da sua incapacidade para lidar com as autonomias regionais. Agora já não é o Governo que está no centro do conflito, é o próprio órgão Presidente da República que se ergue como força de bloqueio ao aprofundamento da autonomia e ao desenvolvimento regional!
Para um açoreano médio Cavaco Silva é a partir deste momento um ‘inimigo’ dos Açores! E pela mesma bitola serão julgados os partidos que alinharem com o Presidente da República nas restrições à autonomia do arquipélago.
E tudo isto com eleições à porta!
‘Os dados estão (assim) lançados’ e não foi por acaso que esta semana o ideólogo do regime (o ex-Vital comunista) se empenhava tanto em lembrar a quinta república francesa, uma espécie de visão de um presidencialismo redentor!
Mas que o caso é grave, é sim senhor.
Talvez seja o fim do Interregno…

3 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Eles já perceberam que a república falhou e assim, vão inventando experiência atrás de experiência. O resultado é sempre o mesmo.

Anónimo disse...

É incrivel o oportunismo destes monárquicos!
Pior que o PSD!
Ainda por cima estão a atacar um presidente que até vos deu uma estátua de D. Carlos. nos 100 anos do regicidio!
Depois dos republicanos, agora parece que são os monárquicos que querem fazer a revolução.

JSM disse...

Caro space...
Veja se percebe: uma república que se intitula 'unitária' não tem vocação para coexistir com autonomias regionais. Só isso, não tem nada a ver com este ou aquele presidente, tem a ver com o regime. E sobre estátuas ninguém dá nada a ninguém. Aliás, a mania das estátuas é uma descrença na eternidade - típica de ateus.
Dê uma volta pela cidade (Lisboa, por exemplo) e veja se descobre alguma estátua erigida no tempo em que 'demos novos mundos ao mundo'. Não se canse, não procure, porque não encontra.
Saudações monárquicas.