sábado, 31 de julho de 2010

De vez em quando…

De vez em quando é preciso voltar ao assunto, nem que seja por descargo de consciência, é preciso frisar, acentuar, gritar, que o que mais incomoda nestas celebrações do centenário da república é a impossibilidade de dissociar as comemorações de um juízo negativo sobre o regime monárquico! Ora isto é que é intolerável para não dizer absurdo! Então não vivemos em monarquia durante oito séculos?! E não foi durante esse longo período que construímos a nossa independência?! E não foi nesse tempo que ‘demos novos mundos ao mundo’?! Mas ainda que (como nação) não tivéssemos emergido da mediania, os nossos antepassados eram estúpidos ou masoquistas e só deixaram de o ser em 1910?!
E os povos dos países monárquicos que connosco coabitam na união europeia serão estúpidos ou masoquistas?!

Haja um pouco de bom senso e acabem lá com as iniciativas que diáriamente fazem a propaganda de um regime que nem sequer foi referendado! Sim, para ao menos sabermos qual o grau de felicidade que a república trouxe aos portugueses! Mas não, isso tornou-se impossível desde o início, e assim continuamos, com a actual constituição a dar-se ao luxo de proibir a mudança de regime! Come e cala transformou-se num hábito nacional, aceitamos tudo sem pestanejar, não admira que a república, sabendo da nossa fraqueza, nunca tenha consentido que nos pronunciássemos, por exemplo, sobre a adesão à união europeia!

Desculpem, mas isto tem que ser dito e redito para não embrutecermos de vez. Até por uma questão de higiene mental. O resto, se a república tem mais vantagens que a monarquia, se os portugueses se sentem mais confortáveis com um presidente ou com um rei, se os cem anos de república apresentam um balanço positivo ou negativo, isso é outra discussão, saudável por certo, necessária, especialmente se conseguirmos evitar anacronismos infantis e inúteis.
E no fim da discussão… talvez fosse lógico perguntar aos portugueses o que é que eles pensam do regime.

Saudações monárquicas

Cronologia da república - 31 de Julho

  • 1911


Partem para Beja os primeiros efectivos da GNR

  • 1919

É fechado o jornal “A Voz Pública” do Porto

É fechado o “Jornal de Leiria”

  • 1920

Assaltos a mercearias e a armazéns de alimentos em Santarém

Greve dos funcionários dos eléctricos de Lisboa

  • 1924

A União Socialista operária, promove um protesto contra a guerra

  • 1925

Conflitos entre pescadores Portugueses e Espanhóis no Algarve







Fontes: aqui

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O regime Usucapião




Como seria de esperar, a blogosfera transmite tudo aquilo que é próprio daquele mundo animal, ao qual jamais deixámos de pertencer. Alguns velhos ódios e rivalidades que se esgrimem sem atender a um mínimo de moderação nos argumentos, preenchem durante horas a fio, páginas de leitura que por vezes se torna viciante, tal a qualidade de alguns textos. Noutros casos, as coisas não se passam da mesma forma, alternando entre o comum sarcasmo atirado boca fora, devido à conveniente protecção da varanda onde se encavalita o valente e o insulto ordinário que assim sendo, dispensa a réplica.

Não é este o caso. O Albergue Espanhol - o qualificativo espanhol parece hoje ser uma monomania de fim de estado de coisas - tem entre os seus cronistas, o jornalista Luís Naves, homem contra quem nada encontro, para uma animosidade de estimação. Luís Naves é mesmo um singular, existe, é de carne e osso e dá a cara. Não sendo um imaginativo "colectivo Abrantes, algures num T3 alugado perto de si, em Lisboa", pelo que se lê, tem vivido habitualmente o sistema implantado, sem que isso queira dizer que dele retire algum benefício próprio, colhido na selecta coutada a que alguns têm exclusivo acesso. Acredita que "assim estamos melhor" e esse é um direito que assiste à sua cidadania. Luís Naves está convencidíssimo daquilo que mais de um século de publicidade - o termo Propaganda, é por demais ofensivo e insinua desleixo mental do receptor - enraizou nas sempre permeáveis gelatinas cerebrais de quem se encontra disposto a escutar. Se existe aquele velho lugar comum que diz ser "a palavra de prata e o silêncio de ouro", tal se deve à sabedoria inata de dúzias de gerações de ignaros, fossem eles servos da gleba, mesteirais ou frequentadores de aprazíveis flanares em Paços perfumados por limoeiros, ou outros, mais modernos, confortáveis e funcionais, à beira Tejo. A avareza nas categóricas afirmações, dita sempre, aquela necessária prudência que conformará actos com indeléveis resultados políticos, afectando a indefesa massa de obscuros sujeitos de um poder indiferente, mas bastante senhor dos seus chamados "direitos adquiridos". Esses mesmos direitos ardilosamente adquiridos, simplesmente expressos em comissões, gabinetes, fundações, prémios, acumulação de reformas, jogatanas fora de Bolsa e outras tantas trivialidades, são hoje em dia, pobremente expostas nos parques de 920 automóveis que após dois ou três anos, podem ser adquiridos pelos usuários, a um preço de colocar os olhos em bico, qualquer chinês de loja de ocasião.

É este o pesado ónus da cadavérica República Portuguesa. Violentamente arrebatado o trono, em prol dos círculos de amigos e influentes militares, financeiros ou meros agentes do Partido, esse poder pode ser hoje considerado, como dilecto exemplo daquela figura jurídica que consagra o esbulho da vítima pela sua impotência ou ignorância do facto, plasmando-se assim o Usucapião. Bem vistas as coisas, esta figura do direito, está bem patente nos mirandeses Limites Materiais à Revisão Constitucional, impondo fórmulas imorredouras para alguns, mas muito prepotentes para os demais. A alegação auto-confiante, infalivelmente assenta no menosprezo da dimensão física da massa oponente - a "minúscula minoria" que Luis Naves insiste em querer imaginar, sem que para tal afirmar, conceba sequer o contar das espingardas próprias e alheias - e sempre que necessário, no recurso ao conhecido saquinho de onde saem os ovos podres arremessados à honorabilidade e sanidade mental daqueles que contestam já há muito, improváveis verdades intemporais. "Estúpidos", "bacocos", "toureiros semi-analfabetos", "bigodes retorcidos" e outros mimos do costume. Mal imaginam os ainda donos desta manada, que para cada epíteto arremessado aos "imbecis", existem outros com os quais a opinião pública criteriosamente julga o Esquema vigente: se os monárquicos são "estúpidos", os republicanos deste regime serão os bem conhecidos "chicos-espertos", como o comprovam as notícias diárias relidas em qualquer órgão noticioso escrito, orado ou online. Se os monárquicos são "bacocos", os republicanos poderão bem ser os tais ..."chulos que metem a unha à grande", de qualquer conversa escutada no café da esquina, ou na fila da caixa do Minipreço do bairro. Se os monárquicos serão os "toureiros semi-analfabetos", o que serão então os republicanos que pontapearam várias gerações deste país, para o mais inacreditável estádio de borreguismo que se conhece na Europa ocidental? Quanto aos há tantas décadas desaparecidos "bigodes retorcidos", é com um certo gáudio que ainda vemos por aí, uns exemplares repescados de outras gerações, mas que adoptando um modelo perene à egípcia, vão mantendo aquelas características imediatamente identificáveis de clã. Enfim, umas particularidades capilares transplantadas algures do baixo ventre para a zona facial e craniana, a caspa de griffe, o "ar" semi-teen ager Por-fí-ri-os de sempre e a insistir que aquelas 501 apertadinhas, lhes ficam tal e qual como nos tempos em que ainda não existiam pneuzinhos abdominais. Um omnipresente livrinho sempre nas unhas, veio substituir o pedaçito de lata partidária à lapela e aquelas velhas mariconeras de zip, que o travestis do sovietismo da moda, os MDP-CDE's, tanto gostavam de exibir nos idos de 75. Seguem sempre a máxima lampedusiana que apenas se traduz literalmente no confortável "fazer de conta". Olá! e se resulta, este fazer de conta...

A nave republicana, hoje bolina, mas já não pode contornar os escolhos escondidos por um mar perigosamente encapelado.

Os minúsculos e iletrados monárquicos ..."até já sabem ler", publicam e esgotam edições após edições, dão aulas nas universidades e zurzem impiedosamente o outrora imponente sátrapa republicano. Embora não partilhem da sua manjedoura, agarram-se-lhe à unha negra do pé esquerdo, tal como carrapatos de curral. A informação encontra-se democraticamente à disposição de todos e bem pode Luís Naves recorrer à Ilustração Portuguesa - pós 1910, claro -, ao Mundo, ao Século, às piedosas pajelas do PRP de Raul Rego e outros tantos órgãos de informação de solitária referência intelectual, deles extraindo os espampanantes ..."chapéus de Dª Maria Pia, as amantes reais, corridas à Arreda" e outros tantos factos insofismáveis daquela que para eles, é sem qualquer dúvida, a única, verdadeira e Grande Estória que convém frisar. Os argumentos atendem sempre à aparência e aos zelosos defensores da presente Ordem adquirida, não lhes passa sequer a hipótese daquele tipo de "plantação de provas" em que Portugal inteiro se tornou perito. Esta reedição saloia de E Tudo o Vento Levou, tem sido uma constante desde antes de 1910, quando se lançaram as sementes daquela farta safra que teve os seus melhores dias durante os tempos de passeio da Camioneta Fantasma e do Dente d'Ouro, da Formiga Branca e da sua zelosa sucedânea PIDE, dos controleiros saneadores do COPCON e homólogos escribas civis - alguns internacionalmente galardoados - e na versão do novo século, nos dedilhadores de teclado de serviço caseiro ou de horário de expediente.

Talvez podendo imaginar onde ainda se encontra encafifado, melhor faria Luís Naves em instar junto daqueles que imagina serem "os seus", pelo ressurgimento do surripiado dossier do Regicídio, provando assim ad nauseam, a acusada ..."perfídia monárquica que fez matar o seu próprio rei" e que para tal, abjectamente ..."usaram os homens do Partido que desde 1910, necessariamente ocupou a representação do Estado". Isso sim, seria o golpe decisivo nos "bigodes retorcidos desde o flutuar na placenta da barriga da mãe", para mais acompanhando a limpeza geral, pela espadeirada do prometido referendum que jamais veio e que para as suas divinas e augustas mentes, ..."jamais será necessário convocar". Ora, aqui estaria um excelente serviço, para aquilo em que o materialistas dialécticos estranhamente coincidem com os usurários e que comummente designam por factos. Não nos referimos à estória factual de emplumados chapéus, mas sim aos não ocultáveis números de carris de ferro colocados, portos construídos, institutos científicos e museus criados, liceus erguidos nas cidades, territórios adquiridos, liberdade de expressão e paz social, progresso material traduzido nos mercados, formação intelectual de gerações - entre as quais se contavam os republicanos de 1910 -, crédito externo nas bolsas e nas chancelarias, ou outras minudências. Deixamos tudo isso ao seu esclarecido critério e aguardamos ansiosamente, o seu final reconhecimento de palpáveis e "velhas conhecidas novas", há muito lidas.

Eles sabem que o que importa é que tudo fique, como há tanto tempo está. Desde que se mantenham as aparências e muito se berre e gesticule pelas liberdades - próprias -, justiça - a aplicar a outrem -, progresso - de carreira - e outras antigas, mas sempre convenientes originalidades. De preferência, num televisivo curro, com três ou quatro chocas de serviço e agitando os respectivos guizos.

Afinal sempre faz cem anos. Ou mais...


Foi novidade, ontem, no DN: «Os carros dos chefes de estado em exposição» A decorrer no Museu da Electricidade, até Outubro, intitulada «Os Carros da Presidência - o Motor da República».
A notícia é explicita: «Dos veículos puxados por cavalos, na monarquia constitucional, passando pelos imponentes descapotáveis do Estado Novo, até aos topos de gama do pós-25 de Abril»... está lá tudo. Mesmo, pelos vistos, qualquer phaeton palmado à Monarquia. Enfim, nada a que não estejamos habituados.
O importante é que se assumam os tais 48 de Ditadura entre os 100 de vida da velhinha festejada.. Esses anos de «imponentes descapotáveis» que precederam os «topos de gama» de Abril.
Na fotografia do jornal, de resto, o Senhor Presidente da República e a sua Senhora miram fascinados a grelha imponente de um Rolls-Royce, enquanto ouvem as explicações do cicerone. Pelas minhas contas, trata-se do utilitário em que se deslocava o Marechal Carmona aquando das grandes visitas de estrangeiros, como, por exemplo, a Rainha de Inglaterra. Afinal, só para não darmos um ar excessivamente pindérico.
P.S. O Peugeot acima não faz parte da exposição. Está à venda, nas redondezas de Barcelos e é da marca preferida d' El-Rei D. Carlos e do Senhor Infante D. Afonso.

Cronologia da república - 30 de Julho

  • 1914


O parlamento é encerrado

  • 1919

A sede da união operária nacional, em Lisboa, é invadida pela polícia

  • 1920

Crise da imprensa





Fontes: aqui

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cronologia da república - 29 de Julho

  • 1914


É fechado o parlamento

  • 1922

Greve dos corticeiros do Barreiro

Greve dos funcionários dos têxteis da Covilhã

  • 1923

Grande afluência de operários, ao forte de São Julião da Barra, para visitar os presos

  • 1924

A assembleia autoriza o governo a ceder gratuitamente o bronze, para a concepção da estátua a Guerra Junqueiro, a erguer no Rio de Janeiro

A publicação das cartas de D. Carlos a João Franco é um grande sucesso editorial. Em três dias são vendidos dez mil volumes





Fontes: aqui

quarta-feira, 28 de julho de 2010

de República em República


Incapaz de controlar a sua guerra intestina, a República Portuguesa (3ª Série) acabou por enveredar pelo inconcebível: festejar os seus cem anos, como sempre em profundo desentendimento consigo mesmo. A velha cicatriz, permanentemente a reabrir, da sua 2ª longuissima série. Até que as mais autorizadas e isentas vozes vieram dizer isso mesmo: a comemorada era apenas a 1ª Série. Os tais 16 anos de Ética e Democracia.
Nasceu mentirosa, a República Portuguesa, e mentirosa há-de morrer.
De João Paulo Freire (in O Livro de João Franco sobre oEl-Rei D. Carlos): «Os senhores desculpem mas eu sou um ignorantão chapado nestas coisas de política... Nunca percebi porque diabo a ditadura dum homem é um crime, e a ditadura dum partido o não é!
Em ditadura, e ditadura do pior, governou o sr. Afonso Costa. em ditadura temos nós vivido permanentemente, constantemente, sob o regime democrático. Ditadura fez o sr. Norton de Matos. Ditadura fez o sr. Coronel António Maria Baptista, cuja honorabilidade era tão grande como a sua igómínia de homem público. Ditadura e da mais vergonhosa e da mais afrontosa fez o sr. Liberato Pinto, antes de ser governo com o papão da Guarda Nacional Republicana, e quando governo com o papão da sua energia. Ditadura fez ainda o sr. Álvaro de Castro. De maneira que a gente é forçada a chegar a esta conclusão mirabolante: ditadura é todo aquele governo que não seja apoiado pelo partido democrático...».
Os nomes acima pertencem todos à 1ª Série da República Portuguesa. Dez milhões de euros não deverão chegar à 3ª Série para os fazer esquecer.

Cronologia da república - 28 de Julho

  • 1917


Protestos dos tipógrafos

  • 1923

É fechado o jornal “O Município” de Setúbal

  • 1985

Nasce em Castelo-Branco, o autor desta cronologia





Fontes: aqui

terça-feira, 27 de julho de 2010

Salazar por Pessoa


"No meio de um povo de incoerentes, de verbosos, de maledicentes por impotência e espirituosos por falta de assunto intelectual, o lente de Coimbra (Santo Deus!, de Coimbra!) marcou como se tivesse caído de uma Inglaterra astral. Depois dos Afonsos Costas, dos Cunhas Leais, de toda a eloquência parlamentar sem ontem nem amanhã na inteligência nem na vontade, a sua simplicidade dura e fria pareceu qualquer coisa de brônzeo e de fundamental."

Fernando Pessoa

Um grande "tripeiro" - monárquico


PAULO VALLADA. Presidente da Câmara portuense, um homem de todos respeitado. Monárquico convicto, sempre na primeira linha do nosso combate de ideias. Agora e sempre connosco. O Monarquia do Norte entrevistou-o em Setembro de 1999. Recordamos essa conversa:
P. Que faz mais sentido: Rei de Portugal ou dos portugueses?
R. Rei dos Portugueses. O Estado precede a Nação. Num aglomerado de famílias, uma comunidade escolhe um, de entre eles, que se impõe por mérito próprio e aclama-o - é o Príncipe. Foi assim com o Condado Portucalense.. Depois, é seguir a nossa história durante 800 anos.
P. Qual a diferença principal entre um rei e um presidente da república?
R. O Rei traz consigo o mito da perpetuação da Pátria, pela sensibilidade do afecto familiar, pelo desprendimento das várias correntes de opinião, livremente formadas nos partidos e movimentos democráticos, pela liturgia do Estado na representatividade da comunidade nacional. Tem uma função suprapartidária. É o primeiro defensor da constituição - a Lei Fundamental.. É a imagem viva do nosso passado comum - a memória de referência. É a imagem do nosso presente. É o juiz Provedor da Lei num processo de equidade. é a imagem do nosso futuro, como garante dos valores e dos princípios comuns a todos os portugueses.
P. Qual a função mais importane de um Rei?
R. Cumprir e fazer cumprir a Lei Fundamental - a Constituição. Num sentido ético-cultural a unidade fundamental, na sociedade, é o Casal, transmissor de vida. No imaginário da vida colectiva é a Casa Real. Dá a imagem de uma Pátria unida por afectos, interesses e poderes. A Pátria dos Portugueses existe em todo o mundo. O mito é a Casa Real. O Rei é a autoridade, a Rainha é a arte da tolerância, no afecto, e os Filhos a esperança de todos nós.
As palavras de Paulo Vallada são como ele próprio - sempre vivas, imemoriais.

Cronologia da república - 27 de Julho

  • 1911


15 praças, da companhia de saúde, acusados de crime de revolta, em Dezembro de 1910, vão a conselho de guerra

  • 1912

D. João de Almeida é condenado pelo tribunal militar de chaves, a 6 anos de prisão

  • 1919

É fechado o jornal “O Dever” da Covilhã

  • 1922

Afonso Costa é agraciado com a Grã-Cruz da ordem de Santiago

  • 1925

A assembleia da república contrai um empréstimo de 100.000$00 para subsidiar a participação Portuguesa nos jogos olímpicos








Fontes: aqui

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O rei Ghob do Albergue Espanhol

É incrível o que os putativos defensores do regime são capazes de fazer para defender um regime que todos nós sabemos que é a maior farça da História de Portugal. Vem este reizinho apontar números e indicar que os republicanos tiveram os resultados mais esmagadores que se possa imaginar em eleições livres ... Ups o home até desculpa a constituição de 1911 e defende que a matança eleitoral de 850 mil eleitores antes de 1910 para 470 mil em 1915 é um caso menor, não sei bem onde aprendeu o conceito de democracia representativa mas ... como convém a um republicano essa representatividade tem de representar uma fatia só do bolo a começar pela eleição do presidente da república. É mais um reizinho da blogosfera ...enfim

Cronologia da república - 26 de Julho

  • 1911


É fechado o jornal “A Revolta” de Coimbra

Circular do exército sobre disciplina militar, culto da bandeira e hino nacional

140 prisões políticas






Fontes: aqui

domingo, 25 de julho de 2010

Como é?



Acabei de receber esta imagem Quem a enviou e com que fim? O PCP sabe disto?

Cronologia da república - 25 de Julho

  • 1911


Bernardino Machado obriga os padres a declararem a sua posição perante a república

  • 1913

O governo autoriza a importação de trigo para alimentação

  • 1914

António de Sousa Neves é demitido do cargo de governador civil de Lisboa

  • 1915

É fechado o jornal “A Voz do Faminto” de Viana do Castelo

  • 1918

Explosão de várias bombas em Lisboa

Assalto ao jornal “A Montanha” no Porto

Assalto a estabelecimentos comerciais na Régua

  • 1920

A polícia invade a sede dos funcionários da Carris, em Lisboa

  • 1925

A assembleia concede pensões às famílias dos falecidos João Pinheiro Chagas e António França Borges

 
 
 
 
 
 
Fontes: aqui

sábado, 24 de julho de 2010

Domingos e dias santos

Devo ressalvar que nada me obsta que as grandes superfícies comerciais passem a abrir ao Domingo. Não concordo com o proteccionismo ao comércio de proximidade que tem e teve ao longo do tempo todas as oportunidades para se adaptar. Se assim fosse, também se criavam barreiras para o comércio electrónico (de que sou fã) que prolifera de mansinho, 24,00hs por dia 365 dias por ano: do pão quente ao leite do dia, aos discos, livros e medicamentos, quase tudo podemos comprar com grande economia através do computador em lojas virtuais. Por exemplo, veja-se aqui como criar e comprar a sua camisa exactamente à sua medida. Quanto à questão religiosa que alguma Igreja levanta, considero irrelevante: sempre existiram feiras e mercados ao Domingo a atrair comunidades e famílias “ao consumo”. Se um cristão falta à missa para ir ao hipermercado o problema é outro, bem mais difícil de resolver.

Interessante é constatar como a polémica afinal se repete, como encontra-mo-la no princípio do século XX com iguais argumentos do foro moral e económico relativamente aos Grandes Armazéns que então nasciam. Curioso é que, sabendo nós que o republicanismo em Portugal foi um movimento essencialmente burguês, foram personagens como Teófilo Braga, talvez sob os auspícios de outro eminente republicano, Francisco de Almeida Grandella, que em 1904 se opunha categoricamente e levantou a voz contra a instituição do descanso semanal dos trabalhadores, uma reivindicação popular na Europa desde o final do Séc. XIX: o descanço dominical, isto é, a morte de toda a actividade intellectual e fabril de um paiz, é o tédio ou a ruína. É o suicídio social para a gente fina que se diverte. Um domingo de Londres é, para os habitantes de Londres, o peor e o mais negro e húmido dos seus nevoeiros.

Adaptado daqui

«Diário de Um Adolescente em 1910»


É mais uma pantominice deste inenarrável centenário republicano. Da autoria de Alice Vieira, vai no seu nº 28 e é um folhetim publicado aos domingos no Jornal de Notícias. Recomenda-se a sua leitura pela exacta razão de ser um bom indicador da ignorância e da demagogia deste regime que nos oprime, e se festeja por isso.
Atente-se neste pensamento do menino José Joaquim quando a mamã comenta os 18 contos de reis que custara um chapéu da Rainha D. Maria Pia (essa mesmo que no Porto fundou o hospital para crianças ainda hoje existente...):
«Para falar verdade, eu nem consigo imaginar o que sejam 18 contos de reis... Já os 60 reis que eu pago pelo "Texas Jack" no quiosque aqui em frente me parece uma fortuna... E oiço sempre o meu pai barafustar quando paga 80 reis pela onça de tabaco francês que fuma..
O "Texas Jack" a 60 reis, minha Senhora? Permita-me esclarecê-la. O "Texas Jack" custava 25 tostões, quando surgiu, já na última década da 2ª República. Nessa mesma, em que V. Ex.cia decerto se deliciava com a leitura da fotonovela "Corin Tellado"...
Haja respeito pela História. E pelas criancinhas, também.
Sobretudo pelos Josés Joaquins e outros adolescentes que em 1910 já escreviam o seu diário com tanto apuro. Parece que o Ensino até funcionava, então.

Cronologia da república - 24 de Julho

  • 1912


Leilão de jóias e pratas de Dona Maria Pia. A venda de 353 lotes dá a quantia de 351.163$00

A assembleia da república autoriza o inventário dos bens mobiliários da família real Portuguesa.

  • 1913

Tentativa de assalto ao castelo de São Jorge em Lisboa, onde estava aquartelado o regimento da Infantaria 16

  • 1919

A polícia encerra o jornal “Avante” de Lisboa

  • 1922

A assembleia cria em Lisboa, um tribunal misto militar, para julgar os participantes na revolução de 19 de Outubro de 1921

  • 1924

Combates entre a GNR e o exército, resultando em 12 mortos

Vários atentados bombistas

Evasão do chefe da legião vermelha do limoeiro

Apoio ao fascismo







Fontes: aqui

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A República vista pelos seus contemporâneos: António Cabral

António Cabral, advogado, político, jornalista, foi um dos que a 6 de Outubro de 1910 permanecia monárquico, ao contrário das hordas de adesivos que formaram os novos gabinetes ministeriais e o funcionalismo público do novo regime. Apesar de se manter fiel à Causa, foi arguto e mesmo imparcial cronista da época que se seguiu (como republicanos houve com as mesmas qualidades). Apaixonado camilianista e cultor das artes nacionais, é um dos grandes e últimos polemistas, em cujos textos cabia a lealdade e a honra, qualidades tão esquecidas nos dias de hoje.
Os seus textos, como o que se segue, são janelas abertas sobre a época conturbada do antes e depois da República.
E as suas análises políticas e sociais são de uma flagrante contemporaneidade e serviam para o século XIX, os conturbados anos da 1.ª República, como para os dias de hoje.


«Mas, exactamente porque assim penso, é que sou pela Monarquia e não pela República. Sou por um chefe permanente e não por chefes de tirar e pôr.
A Monarquia é o governo de um só, que plana acima e fora dos partidos, é o zelo pelo interesse nacional, que é o seu próprio, é a Tradição, é a glória de de anos e anos de conquistas e descobertas. Veja-se o que sucedeu na Noruega, quando esta se separou da Suécia. A maioria dos noruegueses optou, em plebiscito, pela Monarquia e deixou de parte a República. Foi assim que o príncipe Carlos da Dinamarca se viu chamado a ocupar o trono da Noruega, com o nome de rei Haakon, ainda hoje, felizmente, reinante. Com Sua Majestade tive a honra de conversar, quando ele, ainda Príncipe, esteve em Lisboa: era afável, delicado e pareceu-me dotado de altas qualidades. Guiada pelo seu Rei, a Noruega tem sabido equilibrar-se em meio do mais que desafinado concerto das nações.
A República é o governo de muitos, é a desordem, é o sistema que tem à frente um chefe eleito, em regra, pelo partido mais numeroso, e, portanto, a este subordinado, ou, pelo menos, para ele inclinado, politicamente. Aí estão os factos a demonstrá-lo. A República ilude o povo, dizendo-lhe que é ele o soberano, que é ele que governa, quando a verdade é que o pobre povo... o soberano, é espingardeado e metralhado pelos que mandam, quando tenta protestar contra escândalos graúdos e ilegalidades revoltantes. São ainda os factos que o provam.
Vêm dizer-me que o regime, monárquico em Portugal, padecia do vício de origem e por isso caiu; mas logo surge a contradição, quando os que se encostam a tal dislate afirmam que foram as lutas dos partidos e a desagregação destes que o derrubaram! Em que ficamos?... A queda da Monarquia deve-se ao vício orgânico do regime, o que eu nego, ou às ambições e lutas dos homens, como eu afirmo?. A culpa foi do Rei, que os republicanos assassinaram, vil e covardemente, ou dos que agrediam e injuriavam o Rei, fossem de que partido fossem?»

António Cabral, As minhas memórias de jornalista, [1948], pp. 17-18.

Oh ! Era a República!

" Em meados de Outubro de 1910, a maior parte dos jornais, revistas e folhetos que circulavam em Lisboa apresentavam ilustrações de uma rapariga virtual, algo desnudada, desenhada em estilo art Nouveau, com os cabelos ao estilo clássico enfiados num barrete frígio e que fitava com ar fatal as brumas do futuro, por vezes rodeada por próceres republicanos, devidamente retratados. Era uma figuração política e ao mesmo tempo o ídolo religioso de uma pátria e de um regime, uma exasperação emocional e sexualizada, servida pela imaginação política da minoria triunfante a 5 de Outurbo a um povo que se conservava humilde e trabalhador, com emoções marianas e distante do poder. Oh ! Era a República!
Do prefácio de livro no Prelo "1910"

Coisas do "Esquema"...




Santana Lopes parecia ontem muito aflito, dado a comissão de revisão ser presidida "por um monárquico". Logo Santana Lopes, que deles sempre dependeu para as suas listas camarárias e parlamentares. Aí está, a escondida preocupação do Esquema vigente.

Mas a questão que interessa é esta e os "tais" já perceberam, embora não o digam a alta voz:

Vão ou não rasgar os Limites Materiais? Já é tempo, caramba!

Já agora, os esquemáticos continuam a fazer de conta, não perceberem a forma de funcionamento da Monarquia Constitucional. Coitadinhos, tão ingénuos... Como se os chapéus de D. Maria Pia fossem pagos pelo Estado?! Continuam a fingir nada saber acerca da manutenção durante mais de setenta anos, da verba estipulada para o Palácio Real. É claro que não lhes convém dizer pevide, acerca da manutenção dos serviços de representação do Estado, das viagens oficiais que eram pagas pelo bolso particular do monarca, assim como uma boa parte das despesas das visitas estrangeiras a Lisboa. Enfim, os truques do costume. Já agora, bem podíamos começar a espiolhar as continhas debitadas pelo Palácio de Belém, para sabermos onde se gasta o precioso dinheirinho.

Deve ser para distrair as atenções dos 21 milhões/ano para o actualmente muito activo sr. Cavaco e os outros (quantos? quantos?) reservados para os ex, os actuais "passivos". Em matéria de centenárias habilidades, ficamos por aqui.

Quando eramos livres...


«Somos hoje, sem dúvida, o povo mais livre da Europa»
Assim escrevia em 20.4.1852, no Revolução de Setembro, José Maria Latino Coelho.
Militar (atingiu o generalato), jornalista e político com uma carreira iniciada no Partido Regenerador e conduzida até ao Partido Republicano. Foi um dos fundadores do Centro Republicano Português, em 1879.
Foi deputado, ministro e, em 1885, ascendeu ao Pariato.
Já então era perfilhava ideias republicanas. Tal não o impediu, como se vê, de ser eleito para a Câmara dos Pares do Reino.
Latino Coelho morreu em 1891.
Em 1898 foi homenageado pela Academia Real das Ciências de Lisboa. SS. MM. o Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia, bem como o S. A o Infante D. Afonso, compareceram à cerimónia.
Foi ainda condecorado com a Torre Espada e era grã-cruz das Ordens de Cristo e de N. S. da Conceição de Vila Viçosa.
À Coroa nunca perturbaram as convicções políticas de Latino Coelho. A Latino Coelho nunca ocorreu insultar ou difamar a Família Real. Eramos, então, realmente, um povo livre, respeitado e respeitador.

Cronologia da república - 23 de Julho

  • 1911


Um incêndio a bordo de uma fragata no Barreiro faz 25 feridos

O jornal “Intransigente” considera que Bernardino Machado como presidente e Afonso Costa como 1ºministro significaria a guerra civil

  • 1912

Na escola de torpedos e electricidade, em Vale do Zebro, arde os depósitos de material naval e de armamento

  • 1913

Londres critica Portugal por alegadamente, existir casos de escravatura em São Tomé e Príncipe e Angola

  • 1914

Os deputados do partido Unionista e Evolucionista deixam de comparecer na assembleia da república

  • 1918

Machado Santos e Cunha Leal defendem a existência do cargo de 1ºministro

  • 1923

Conflitos entre armadores e pescadores de Lisboa e Setúbal




Fontes: aqui

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O território da República!


A Associação República e Laicidade defendeu hoje ser “mais urgente do que nunca” que a ministra da Educação alerte todas as escolas públicas do território da República para o "inteiro respeito pela não confessionalidade do ensino e do espaço escolar”.

"Mais urgente do que nunca"! Ora, "nunca" é coisa que esta Associação parece ser e urgência é coisa que este País* bem precisa se quiser sobreviver.

* Esta de chamarem "República" quando deviam enunciar o nome do país – Portugal – é algo que mete nojo. Só por muito facciosismo.

Diz que é uma espécie de inquérito

Um famoso ideólogo e activista republicano, aliás, um dito "homem de Estado" também, escreveu um dia o seguinte: «Eleição e liberdade são irmãs. Por isso, de todos os governos o mais liberal é o republicano, que é o mais electivo. Um povo indiferente pela eleição, é um povo indiferente pela liberdade».
Quem terá sido esse grande pensador?
a) - António Reis. b) - Afonso Costa. c) - Sidónio Pais. d) - Bernardino Machado. e) - Oliveira Salazar. f) - Albino dos Reis. g) - Marcelo Caetano. h) - Mário Soares. i) - Álvaro Cunhal. j) - Francisco Louçã. l) - Marcelo Rebelo de Sousa.

República na RTP


No âmbito das Comemorações do Centenário da República, a RTP decidiu trazer ao ecrã uma série que ilustra os acontecimentos dos dias 3, 4 e 5 de Outubro. Agora atente-se nisto:


Temos, portanto, uma ficção e um enviesamento histórico garantidos à partida. Assim se delapida o erário público!!!

Cronologia da república - 22 de Julho

  • 1913


O abandono de bombas, em Lisboa, vitima duas crianças

  • 1917

A liderança de Afonso Costa é contestada

  • 1918

É fechado o jornal “O Republicano” de Chaves

Reabertura do parlamento

  • 1919

Para evitar actos de sabotagem, o ministro da guerra, determina que na frente de cada comboio, fosse colocado um vagão com ferroviários grevistas







Fontes: aqui

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Bernardino e o Paço Real




Numa entrevista concedida ao jornalista Luis Derouet, Bernardino deixou estas expressivas palavras:

«Lutas? Sim. Não, porém, com o Chefe do Estado, devo dizê-lo. Esse nunca me fez o menor reparo a tais actos; antes, pelo contrário, no caso dos comboios, me exprimiu o seu inteiro acordo. (...). À Sra. D. Maria Pia devi sempre, inalteravelmente,as mesmas deferências. E a Sra. D. Amélia tão pouco me parecia queixar-se do meu rigorismo ministerial (...). Mas não há dúvida que precisei de lutar tenazmente contra o trup de zéle dos defensores da doutrina do engrandecimento do poder real, que então tentava concentrar as suas forças para erguer sobre o Pais a sua ditadura».


Indepedentemente do papel salvífico que Bernardino sempre se atribuiu a si próprio - o pedagogo, o diplomata, o estadista - aqui fica bem clara a sua monumental contradição. Ou seja, a confusão - imperdoavel, em tão erudita personagem - entre a Familia Real (a Monarquia) e a classe politica instalada no aparelho de Estado ou intentando lá chegar.

Bernardino, político por excelência, teve neste trecho a maior descaidela. Confundiu-se a si mesmo. Maldice-se. Atacando a classe politica a que também pertencia, fez-se alvo das suas próprias críticas. Deixando incólume o rei e a Monarquia.

Cronologia da república - 21 de Julho

  • 1913


Prisão de civis e militares em Lisboa

  • 1916

França e Inglaterra enviam missões para observarem os exercícios de preparação do exército Português, no âmbito da sua participação na Primeira Guerra Mundial

  • 1919

Atentado contra Alfredo da Silva








Fontes: aqui

terça-feira, 20 de julho de 2010

Os donos da república

Um partido político está para apresentar uma mera proposta de revisão constitucional. Está a divulgá-la. Já se ouvem os berros. Dos "donos" da república. Podem ter a certeza. A constituição, que para mim não tem melhor aspecto que a mais decadente das put.... da Trindade, tem donos. Eles gemem só de pensar nas carícias dos tentáculos alheios que ousam penetrar na cloaca do calhamaço inútil, que ninguém lê, ou sequer quer ler, mas que se veste do maior cinto de castidade. A "constituição" a seus donos... ... ! A "constituição" já foi alterada para o "aborto", para o casamento de pessoas do mesmo "sexo", mas ninguém, por mais puro que seja, que pense que se altera para questões tão púdicas e sensuais como o trabalho, saúde, educação.... Os donos da dita não se deixarão engatar por qualquer homenzito das direitas, Olha! Se fosse outro...

Turismo em Portugal na I República




Já percebemos que o Centenário da República, deixou de o ser para passar à comemoração possível sobre os primeiros 16 anos do regime. Para não parecer uma incongruência o saltar por cima da ditadura militar e da II República ou Estado Novo, a Comissão responsável pelas festividades nem se dá ao trabalho de recordar os últimos 36 anos de efectiva democracia.
Mas pior, ainda. Pela força de querer limpar a imagem da República centenária, varrendo para debaixo do tapete o período que medeia entre 1926 e 1974, formata a Memória e a História para caber neste modelo primário de análise: tudo pela I República, nada contra a I República.
Ora, no que se refere ao Turismo, vieram agora os académicos contratados para servir de libré ao regime cometer um dos maiores erros. É que, no que concerne a propaganda, à ideia de Turismo tal qual ainda o conhecemos hoje em dia, foi o Estado Novo que a gizou e não os ideólogos republicanos de 1910. De resto, o Tour oitocentista prolongou-se até às vésperas da I Grande Guerra, até aos grandes acidentes, como o do Titanic, em que a viagem se viu coarctada pelo medo e pela crise económica.
O Portugal turístico foi desenhado por António Ferro. Todos os grandes clichés folcloristas de Portugal, para o mal e para o bem, foram da sua lavra. E a sua obra não se esgotou na Propaganda ao serviço do regime. Desde as Companhias de Teatro que circularam pelo país, ao cinema e às Pousadas, aos luxuosos cartazes de promoção desenhados por Almada ou Stuart, entre outros, tudo passou pelo cunho de A. Ferro e da Sociedade de Propaganda Nacional.
A Primeira República foi um entrave à viagem turística. Sobretudo à viagem em território nacional. Entre a fuga de aristocratas e capitalistas que se seguiu a 5 de Outubro para as estâncias balneares de Espanha e França, e o êxodo da emigração, ficou um país a ferro e fogo e uma capital ameaçada por bombas quase diariamente. Seguiu-se a participação na I Grande Guerra e a pneumónica que dizimou milhares de vidas. O que há de turístico neste período? As comissárias da exposição recentemente inaugurada «Viajar. Viajantes e turistas à descoberta de Portugal no tempo da I República» concluiram que houve muita coisa e fazem-no com esta afirmação: «Se o interesse, privado e público [pelo turismo], vinha de anos anteriores – como o atestam entre outras iniciativas a criação da Sociedade de Propaganda de Portugal em 1906 e a publicação do Manual do Viajante de Portugal em 1907 – foi durante a República que se deu formalmente a sua institucionalização». Que institucionalização? A da fuga? Se se referem à fuga ou à contribuição de portugueses para o turismo internacional, como no caso de Manuel Teixeira Gomes que, cansado da política portuguesa, passou o final da sua vida em viagem, isso sim.
Mas será preciso esperar pela mão férrea do Estado Novo e pela acalmia proporcionada pela neutralidade de Portugal durante a segunda Grande Guerra, para criar a instituição Turismo, tal qual a conhecemos hoje em dia, nos seus vectores principais: Algarve e outras Costas balneares como o Estoril e a Costa de Prata, Fátima, o Minho, o Douro, etc.
Suspeito que até ao final de 2010, com tantas hipóteses de criar cultura e não propaganda ideológica, acabemos mais pobres do que quando começou o ano. Mais pobres economicamente (sem 10 milhões de euros gastos em promoção) e mais pobres mentalmente, com estas lavagens cerebrais com que nos mimoseiam.

"Só a república é a verdade", dizia Bernardino.


Tal é o nome de uma obra de Bernardino, onde se diz: «A virtude, sobretudo, se democratizou. Hoje, a moral (...) já não proclama a obediência passiva aos poderosos, mas a obediência activa, militante, à razão, ao seu imperativo categório, ao dever, e o dever manda sacrificar-nos pelos pobres, pelos mais fracos e humildes. A sagrada trilogia moderna é esta: pelo povo, pela mulher e pela criança. De todas as misérias nos cumpre defendê-los, mas sobretudo da miséria moral, que é a origem revoltante das outras».
Razão têm o PCP e o Bloco, nas suas campanhas eleitorais. E Mário Soares, quando descobriu o célebre «direito à indignação». Afinal, 100 anos depois, a República nada melhorou. Perdão: deitou abaixo o Casal Ventoso (e sobrelotou o Intendente...).

Cronologia da república - 20 de Julho

  • 1913


Assalto a vários quartéis em Lisboa

Lançamento de várias bombas em Lisboa

Os monárquicos são acusados deste ataque, mesmo que os verdadeiros culpados sejam os radicais

  • 1915

Manifestações em Lamego contra o alto custo de vida, gerando 14 mortos

Protestos contra o alto preço do vinho, no Porto

  • 1920

Em Castelo-Branco, motins contra a arbitrariedade dos preços praticada pelos comerciantes, que gera assaltos a estabelecimentos comerciais

  • 1924

É fechado o jornal “A Gazeta Setubalense”







Fontes: aqui

 
 
 

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cronologia da república - 19 de Julho

  • 1914


A visita de António José de Almeida gera grandes protestos em Setúbal

  • 1916

Uma missão espanhola assiste aos exercícios do exército Português, de preparação para o teatro de guerra da 1ª Guerra Mundial

  • 1920

Atentados bombistas em Lisboa

Greve da Carris

Terrorismo da Legião Vermelha, aumenta a agitação social

  • 1925

Tentativa de revolução comandada por Mendes Cabeçadas



Fontes: aqui

domingo, 18 de julho de 2010

Cronologia da república - 18 de Julho

  • 1911


Confrontos entre republicanos e monárquicos em Guimarães

  • 1917

Greve na construção civil

Greve no Barreiro

Greve dos operários corticeiros do Seixal e Almada

  • 1918

Greve dos funcionários da CP

  • 1919

Atentado contra o industrial Alfredo da Silva





Fontes: aqui

sábado, 17 de julho de 2010

Real Confraria de Santo Humberto


Decorreu hoje na Pocariça (Cantanhede) mais uma "largada de leitões". É uma tradição da Real Confraria de Santo Humberto. Os leitões, é bom de ver, são largados no prato e fulminados com o garfo. Mas, em outras largadas, nas montarias ou mesmo a caçar de salto, o barulho é outro e os métodos de abate também.
Cumprindo sempre as sagradas regras da arte venatória e do respeito pela terra e pela natureza. E com prévia declaração de fidelidade a Sua Majestade El-Rei.
Várias gerações de caçadores se encontram na Real Confraria. Minhotos e durienses, sobretudo, mas beirões e ribatejanos também. Portugueses, fazendo por manter Portugal como ele sempre foi.
A Real Confraria de Santo Humberto é mais saudável e chateia muito menos do que a Associação do Registo Civil.

De 5 para 6, de 6 para sempre


A República é um "edifício" estranho. Se os seus inquilinos vêm na forma de sucessão o pior mal da Monarquia por outro lado (o lado do cérebro que menos usam mas que fervilha de complexos vários desde os genes dos avoengos) lá vão tentando perpetuar-se no poder – esse poder que dizem "ser" do Povo, desde que esteja nas mãozinhas certas!!! Cinco anos não é muito? Ou é pouco? ... bem, comparado com 100 anos...! A República é um "edifício" estranho. Salazar, esse grande republicano, também achava que cinco anos era pouco.

Cronologia da república - 17 de Julho

  • 1911


Afonso Costa é demitido do lugar de professor na Universidade de Coimbra

  • 1912

A existência de vários explosivos numa habitação, gera um incêndio em Lamego, que destrói várias casas

  • 1913

A assembleia, autoriza a câmara municipal do Porto a contrair um empréstimo, para a construção do matadouro municipal

A assembleia, autoriza o governo a contrair um empréstimo, para conceber a exposição universal de São Francisco da Califórnia

  • 1923

A exibição da peça “Mar Alto”, de António Ferro é proibida pela censura

É fechado o jornal “O Defensor” das Caldas da Rainha

  • 1924

Em Lisboa, a PSP e a GNR travam um combate, resultando em 8 mortos e 14 feridos

  • 1925

O governo proíbe a importação de todo o tipo de gado

 
 
 
 
 
 
Fontes: aqui

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A qualidade de vida na morte nesta nossa República


É notícia dos jornais: «Portugal é dos piores países para morrer». Mais concretamente - trata-se de um estudo denominado Index Global sobre a «Qualidade na Morte», realizado pela Economist Intelligence Unit (EIU), em que este nosso País, subjugado pela pata republicana «está entre os dez piores países para morrer».
Em 40 países avaliados, aqui ficam, por ordem decrescente, os dez primeiros: Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Irlanda, Bélgica, Áustria, Holanda, Alemanha, Canadá e EUA.
Na mesma ordem, os dez últimos: Portugal, Malásia, Turquia, Russia, México, China, Brasil, Uganda, Índia.
Não valerá a pena frisar o Reino Unido e os mais países que compõem a Commonwealth instalados nos lugares cimeiros dos que proporcionam a quem morre um condigno final de vida. Não, agora descobriu-se que a familia Real britânica é dona de uma fortuna enorme, e por isso tudo aquilo não presta, é uma farsa. O mesmo quanto às restantes Monarquias que estão em bom lugar na classificação geral.
Vamos é falar dos últimos. Do 3º e do 4º Mundos. Da miséria espalhada pelo planeta. Da Rússia surgente do Império comunista e subjugada por máfias. E de Portugal. Do nosso País que esta República definitivamente afastou da paridade com os demais países europeus e nem quando morremos nos sabe dar algum conforto.
Estariamos em tão baixo nivel em 1910?

Crónica instrumental

Pretender que a notícia duma tragédia ocorrida em 29 de Julho de 1910, o suicídio uma pobre mãe e três filhas na Boca do Inferno, reflicta o "ambiente sombrio" no qual o país se encontrava, (que era um facto apesar de tudo) é pura propaganda, caro Luís Naves. Eu suspeito que este tipo de “mensagem” até possa "passar” no jornal, mas parece-me que o leitor dos blogues tem mais critério e não a engole assim... De resto bem sabemos todos como a miséria e as suas consequências continuaram e acentuaram-se após o 5 de Outubro.

Ilustração: Stuart Carvalhais 1923

Cronologia da república - 16 de Julho

  • 1911


Protestos em Lisboa contra o monopólio do peixe

  • 1912

É fechado o jornal “O Dia”

O governo institui tribunais militares em Braga, Coimbra e Lisboa para julgar revoltosos

  • 1918

Os sindicatos agrícolas protestam contra a falta de adubos

A Secretaria de Estado das Subsistências exerce uma maior fiscalização, para evitar a apropriação indevida ou especulação sobre bens alimentares





Fontes: aqui

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Coisas do Centenário



Não costumo entrar em polémicas quanto a posts alheios, mas neste ano de um centenário que envergonha aqueles que o comemoram por qualquer tipo de razão - onde o preconceito e o interesse material ocupam a primeira linha -, surgem recorrentemente prosas eivadas das habituais pechas atiradas á cara daquilo que pensam ser os "pobres monárquicos" deles.

Este post do João Gonçalves, consiste num perfeito exemplo daquela propaganda surda que já é velha e relha, engendrada nos costistas tugúrios fumarentos e de acres odores, decerto mercê dos eflúvios vinháticos que acompanhavam as assassinas conspiratas que arruinaram um prometedor século. Nunca tomarei o João Gonçalves como um jacobino, porque nunca o foi, nem poderá sê-lo. Num plano infinitamente inferior, aqueles que hoje insistem em orgulhosamente reivindicar o vergonhoso labéu, não fazem a mais remota ideia de tudo o que o termo encerra na sua dimensão política e pior ainda, humana. Não é disso que se trata. Embora com alguns amistosamente prive, o João tem por regra não gostar dos monárquicos, umas vezes "porque sim", outras vezes "porque não". Temos de aceitar a excêntrica teima sem revidar no mesmo tom, até porque esta insistência na nossa universal "estupidez e pobreza de espírito", advirá do secreto reconhecimento do contrário daquilo em que insiste. É uma homenagem que o João Gonçalves não quer reconhecer ou prestar. Ele sabe que todos bem o compreendemos.

Pela leitura do Portugal dos Pequeninos, adivinhamos o dilema do J.G. Dia após dia, vergasta os seus imaginativos colegas de república, de uma forma impiedosa e jamais vista em qualquer mísero e despiciendo blog thalassa. Se hoje o sr. Cavaco é um candidato a regenerador herói de uma pátria sem remissão, amanhã o presidencial silêncio ou longa complacência diante do 1º ministro, é severamente criticado como escabrosa, oportunista e adivinhada pusilanimidade. O J.G. bem tranquilo poderá ficar e no dito cavalheiro insistir em votar, porque não se tratará de qualquer deficiência de carácter do titular da inútil e risível instituição, mas tão só de simples calculismo cumpridor de prazos eleitorais. Chame-se o homem Cavaco, Soares, Alegre, o "concorrente a porteiro da ONU" Sampaio ou até, Thomaz, o recurso à reserva mental e ao dito que afinal se pretendeu não dizer, é a trivial constância que garante o sistema. Nada mais interessa e toda a vida pública depende deste vai e vem de casos em ricas casas, bastas vezes criados à volta de uma sopinha fria e evocadora da escusável memória do venerando vencedor de Verdun. Nisto são os republicanos excelsos peritos na vigarice e levam a palma do justo vencedor antecipado.

Na verdade, os nossos esquemáticos mariannistes andam gorgulhantes com a sua má sorte. Não lhes bastando ter um representante que não passa de um apagado, desinteressante, mal relacionado e bacoco fait-divers de subúrbio e ainda por cima sucessor de uma mão cheia de sonoros e caríssimos nadas - que embora protestando, o João também é forçado a pagar até que a fatal ampulheta decida o fim da sinecura -, a "velha situação monárquica do bigode retorcido" que tão bem lhes serviu, para sempre desapareceu. Consistiu este fogo de artifício, na converseta tonitroada pela sacra aliança daquilo que de mais desprezível teve a caceteira turbamulta do sistema do 5 de Outubro, com as miasmáticas águas paradas da 2ª república. Goebbels não faria melhor. Mas factos são factos e deles não podemos alhear-nos. Não só o sucessor da Coroa significa exactamente o oposto daquilo que o João insiste em fazer crer, como entre as hostes do azul e branco se contam aos centos os filiados teimosos, com leitura e uma preparação que fazem empalidecer o conhecido currículo verde-rubro, adquirido nestas negociatas regimentais em que a república de telejornal há muito se tornou. O insulto torna-se assim gratuito e tem o esperado efeito de boomerang, pois é com um certo gáudio que os monárquicos lêem e divulgam as obras dos historiadores que J.G. tanto gosta de evocar - como Fátima Bonifácio e Rui Ramos - que nos últimos anos têm prestado um grande serviço à verdade de uma História que deliberada e despudoradamente tem sido muito mal contada.

Bem vistas as coisas, o João deveria até manifestar a sua felicidade pela Situação, uma vez que diária e descoroçoadamente confirma as escassas alterações climáticas de permanente guerra civil partidista, sem a qual o nosso bairrismo político não pode sobreviver. Eternamentee à compita pelo mata e esfola, os republicanos "de esquerda" desprezam e desrespeitam o sr. Cavaco sempre que a oportunidade surge - bastará lermos o que dele se escreve e diz -, tal como os "republicanos de direita" se desunharam ao longo de vinte anos, em espalhar notícias de negociatas de marfins, constelações de diamantes caídos em florestas jâmbicas, fundações privadas erguidas com dinheiros públicos, geracionais nepotismos vários, negócios de extinta colónia dos mares do sul da China, ou suspeitos terrenos camarários e andares de luxo em qualquer Bagatella do centro lisboeta. Neste campo do boato, qualquer taxista alfacinha, faz o pleno de uma tradição que o felizmente defunto, mas mal enterrado PRP inaugurou em Portugal. A luta política "por Bem de Belém" não pode passar sem estas pequenas e tão humanas misérias, onde luxos nababos vão alternado com calculadas modestas marquises anodizadas e assim por diante, num eterno bailinho dos pergamóides de hoje, com os veludos do amanhã.

Conheço o João Gonçalves há perto de trinta anos e gabo-lhe a coerente e comprovadamente desinteressada fidelidade à causa do Partido. Sendo um impenitente não-filiado PSD friendly - como já se definiu -, compreende-se este constante permanecer no terreno, evocando simbólicos actos de cavaleiros de outras eras, em que o putativo vencedor permanecia em campo após a refrega, atestando uma vitória. Mas afinal, trata-se de uma vitória de quem, ou mais importante ainda, de quê? Poderá o João explicar? É que ainda poucos entenderam para onde nos pretende levar.

Não tardaremos em compreender. Com Cavaco já em afanoso guignol antes do bater da hora, a desértica e presidencial campanha aproxima-se, sentando-se os "pobres monárquicos" mudos e quedos na primeira fila, mas prestos e lestos para o desfrute do espectáculo que se adivinha.

Passando adiante dos política e republicanamente despojados comentadores do ciberespaço, numa frase se lobriga aquilo que a república foi, é e jamais poderá deixar de ser. Os agentes do barrete frígio, empanturram-se de um conceito de forma que apenas será tida como boa, se o "seu" presidente estiver disponível para a partilha de feudos, lataria aposta nas lapelas dos 10 de Junho, aplicação da mobilidade em direcção a uma pública gamela, comendadorias amigas, catrapiscanço secretário em ocioso gabinete de estudo, ou assessorias anexas. É esta a limusínica república que querem e que no fundo, bem merecem. Sobretudo, é a república que ouvidos de mercador faz aos lancinantes protestos de um cada vez mais evidente Portugal dos Pequeninos. Será assim tão difícil o João reconhecer que não tem lugar entre "isto"?

Então, mais não se rale e aproveite bem o verão, desobedecendo a qualquer patético pacóvio que de arreganhada tacha lhe recomende férias dentro de portas. Se puder, parta para mais civilizado destino, talvez uma não muito longínqua, irreverente e transbordante de auto-estima Monarquia.

Os sentimentos e o pensamento da raggazza


«... nós, republicanos, temos por nós a força irresistivel da civilização, porque a democracia, a república, não é hoje só uma forma de governo das sociedades, é a própria forma do sentimento, da acção e do pensamento contemporâneo...»
(Bernardino Machado, in "Da Monarquia para a República, 1883-1905").
Inteiramente de acordo com Bernardino. Estão aí todos os colarinhos brancos da actualidade para atestar a pureza dos sentimentos e a elevação do pensamento das figuras da República Portuguesa. Nem é preciso citar nomes, a televisão todos os dias os repete e as Comissões parlamentares afadigam-se em agitar um cenário e uma peça de teatro que já cansa e não convence ninguém.
Pobres de nós!...

Cronologia da república - 15 de Julho

  • 1914


Manifestações no Funchal

  • 1915

É fechado o jornal “O Arauto” de Portimão

  • 1916

Assalto a estabelecimentos comerciais em Caldelas

  • 1917

É fechado o jornal “O Transmontano” de Bragança

  • 1920

A assembleia autoriza as câmaras a lançar impostos sobre exportações dos respectivos concelhos

Assassinato de um dos juízes encarregado de um tribunal para julgamento de crimes sociais

  • 1922

É fechado o jornal “A Província” de Coimbra

  • 1924

A assembleia concede amnistia a marinheiros e soldados que participaram em revoltas







Fontes: aqui

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Cronologia da república - 14 de Julho

  • 1917


Ao discursar na assembleia, Afonso Costa diz-se marxista e partidário da luta de classes

  • 1918

O governo modifica vários artigos do código do processo civil

O governo assegura a manutenção da jurisprudência no supremo tribunal de justiça

O governo regula o funcionamento do conselho colonial

O governo obriga os detentores, negociantes, lavradores, produtores ou possuidores de azeite, a declarar os seus rendimentos ao regedor da paróquia

O governo regula o funcionamento dos celeiros municipais

O governo regulamenta a forma de comerciar-se os produtos alimentares

O governo contrai um empréstimo para a criação de escolas primárias pelo país

O governo regula a produção e o comércio de vinhos do Porto

O governo regula a exportação de madeiras

Em 1911, na FDL, havia a hipótese de bacharéis em Direito, passarem a catedráticos sem efectuarem o doutoramento

Sidónio Pais diz que o governo é republicano, agrade ou desagrade

  • 1919

Greve geral da indústria de móveis

  • 1924

Atentado bombista em Lisboa





Fontes: aqui

terça-feira, 13 de julho de 2010

Laureados pela FIFA na África do Sul


Admite-se que tenha vindo da Gorongosa até à Africa do Sul, baloiçando de cipó em cipó. Mas não é o Tarzan. Nem sequer o sempre credível Super-Homem. Não, este é o Dino Supremo. Um português como nós.
Acompanhou o Campeonato do Mundo, torcendo pela Selecção dos navegantes. Não naufragou, todavia, como ela. E chamou a atenção de todos, da própria FIFA, que o elegeu o melhor adepto do Campeonato. Viu a sua fotografia exibida no ecrã gigante do Estádio Soccer City, foi vibrantemente aplaudido e regressou num Hyundai a estrear. Tal o prémio que lhe foi destinado.
Olhando para Dino Supremo, vemos que está lá tudo: as alvíssimas ceroulas de gola alta, o garrido da bandeira republicana, nas caneleiras, no peito, na capa que o ajudaria a voar de bancada para bancada. Um misto de catatua e arara. Com o especial atractivo da bigodaça aparatosa, tipica dos anos aúreos do PREC abrilesco.
Está aqui, está, como tantos dos nossos, registado no Guiness.
É que a República ainda não nos tirou tudo. Ainda nos deixou a graça e a capacidade de improviso. O que nos resta para voltar destes grandes eventos mundiais de alguma forma medalhados.

Limusinas, vaidades e corte de fitas




Uma hilariante dissertação de Cavaco Silva, na melhor tradição corta-fitas de outros tempos. Desde "atirar para um lado a bola e outros a atirar para outro", até a futebolisticamente comparar o seu papel como coordenador de selecção - que nas suas sábias palavras somos nós, os dez milhões -, Cavaco julga-se como olímpica figura que ao lado de serviçal sempre de taça de água perfumada nas mãos, nela mergulha as mãos, limpando-as de qualquer responsabilidade adquirida num passado distante ou ainda muito próximo. Cercado de amizades perigosas e comprometedoras, perora longamente diante de assembleias compostas por gente que na sua maioria, são as famosas gárgulas económicas e financeiras que tiveram a sua parte de leão na partilha dos despojos, que aqui chegaram no tempo das "vacas gordas" referidas pelo barrosão presidente da Comissão Europeia.

Pois não é assim. Cavaco está, como desde sempre esteve, em plena campanha eleitoral, servindo-se capciosamente das suas hipotéticas funções e dos recursos do Estado que diz querer defender. Podia começar por defendê-lo de si e dos seus próximos. É nítido este pendor eleiçoeiro e o chorrilho de banalidades proferidas em cada aparição presidencial, vem acirrar a convicção da imensa maioria de que tal acontece, devido precisamente ao sistema que o próprio ajudou a erguer e conservar. De flamante limusina vai chegando e aconselhando à morigeração de costumes e manias, enquanto os comprometedores silêncios, as amizades perigosas, o não querer dizer ou saber dizer, apontam apenas para a necessidade do cumprimento da vaidade pessoal, aliás confirmada a cada dia que passa. Supina nulidade, é um embaraço para os seus próprios aliados. Poderá este homem fixar-nos olhos nos olhos e apelar à compreensão e união todos, perante as tarefas que urge executar?

Tudo isto é muito mau, fazendo-nos sonhar com a passada classificação medíocre, uma mais desejável categoria a que todos já nos habituáramos.

Neste momento, não existe qualquer instituição, nem alguém que no regime consiga mobilizar a população, fazendo-a ver a necessidade de um radical virar de página que afaste o monte de térmitas que nos mina o soalho e a porta. É que os símbolos contam e muito. Como símbolo, o regime que ousa comemorar um centenário de torpezas, pouco vale, a não ser para o que deles se servem.

Olhemos para o que ontem sucedeu num país que há tanto tempo parece irremediavelmente divido. De facto, em Espanha existe uma instituição firme, inamovível e que concita a quase unanimidade. Ontem, de Vigo - a tal pretendida cidade lusíada que serve de Cavalo de Tróia -, a Sevilha, Valência, Santander, Murcia, Leão, Córdova, Ceuta, Las Palmas, Bilbau e Barcelona, as flâmulas regionais foram esquecidas e atiradas para o plano da curiosidade bairrista. Por todo o lado, um mar de bandeiras espanholas onde uma gigantesca coroa - que cada vez mais parece ocupar toda a flâmula de Espanha -, serve de símbolo que adverte os derrotados pela guerra, pela história e porque não?, pela conveniência do bem comum. Existe a convicção generalizada do sucesso que o país vizinho terá na luta contra a crise dos dinheiros e da unidade. O seu irreverente optimismo e a solidez da base constitucional são essenciais e geralmente reconhecidos.

Até nisso, Portugal está em desvantagem.

AGUSTINA BESSA LUIS


O "Monarquia do Norte" quis também ouvir, em 1996, a grande escritora portuense Agustina Bessa Luis. Concretamente, perguntou-lhe: «Em sua opinião, que significado tem para Portugal o nascimento do Príncipe D. Afonso?» (primogénito d'El Rei D. Duarte, nesse ano nascido).

Eis a resposta: « Assim como não há mal nas coisas, se não se entendem, não há bem se as coisas não se sentem com generosidade.

Quando nasce uma criança que por muitos é olhada com esperança, ela tem de ser vista com entendimento e bondade que afastem toda a desordem de pensamento.

Chamados e escolhidos há poucos. O ser escolhido é já felicidade. O ser chamado pertence a Deus».

Na profunda expressão dos enigmas, que Agustina tanto cultiva, lê-se bem a estrela que orienta e conduz. Quem? Até onde? Para quê e porquê?

A resposta sempre caberá aos portugueses.

Cronologia da república - 13 de Julho

  • 1911


Rebelião entre o exército

Os funcionários da CP, que tinham infringido a Lei da Greve, são amnistiados

  • 1912

Revolta monárquica em Évora

  • 1918

O governo cria uma revista de propaganda pedagógica intitulado “A Escola Primária”

Regulando o serviço de censura à imprensa

O ministro Martinho Nobre de Melo, recebe o titulo de professor doutor, pela FDL, sem efectuar o respectivo doutoramento

  • 1919

É fechado o jornal “A Democracia” de Vila Real





Fontes: aqui

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Nós portugueses



A sobrevivência de qualquer comunidade, da mais circunscrita como a família, à mais alargada como o caso duma Nação depende, de entre outros factores, de uma cultura de serviço e altruísmo, ou noutra palavra, de “amor”. É sobre esta perspectiva que eu descreio profundamente na viabilidade duma Pátria sustentada em contas de mercearia, na disputa de interesses individuais ou corporativos, assente numa cultura de conflito permanente com a sua História, na desconstrução sistemática dos seus símbolos e tradições. Atingida a Idade do sacrossanto indivíduo, democratizado o hedonismo, o grande desafio da democracia, para a sua própria sobrevivência, é a restauração da mística desse “amor”, cimento último de qualquer tribo. Reduzidos por estes dias à figura de Consumidores, com existência circunscrita às estatísticas e sondagens, para toda a sorte de duvidosos interesses, tal metamorfose só será possível através duma inspiradora metapolítica que nos resgate uma causa comum, para voltarmos de novo a ser um Povo.

Cronologia da república - 12 de Julho

  • 1911


Distúrbios em Coimbra

É encerrada a Universidade de Coimbra e o seu reitor é demitido

  • 1912

É fechado o jornal “A Província” de Viseu

Adelaide Cabatte defende o direito da mulher poder votar

Agressão a um grupo de presos monárquicos, em Lisboa

  • 1914

Comício do partido evolucionista contra o governo

  • 1917

O governo decreta o estado de sítio em Lisboa

Confrontos entre operários da construção civil, resultando 6 mortos

  • 1922

Abolição do tipo único de pão

  • 1923

A assembleia determina que o funeral de Guerra Junqueiro tenha honras nacionais e seja pago pelo estado

É fechado o jornal “A folha de Setúbal”

Encerrada desde 1910, a Feira Popular de Lisboa reabre ao público

  • 1925

O jornal “Voz Sindical” de Setúbal fala do ódio e da desconfiança popular, face à classe política






Fontes: aqui

domingo, 11 de julho de 2010

NUNO CARDOSO e o baptizado do Infante D. Dinis


Os monárquicos de Esquerda, de que o nosso Amigo Rui Monteiro é - digamos assim - porta-voz, levaram-me a buscar a minha colecção do «Monarquia do Norte» que, como já referi, tive o gosto de coordenar. Em Fevereiro de 2000, realizou-se na Sé do Porto, o baptizado do Senhor Infante D. Dinis. A nossa publicação não deixou de entrevistar, sobre o evento, personagens de vulto na cidade.
Aqui fica o depoimento do Eng. Nuno Cardoso, então Presidente da Câmara (Partido Socialista):
«P. - Que significado atribui à realização do baptizado do Infante D. Dinis no Porto?
R. - Não podemos também esquecer que o Infante D. Dinis irá ostentar o título de Duque do Porto, uma honraria instituida por D. Pedro IV, que é preito de gratidão pela forma, firme e determinada, com que o Povo do Porto lutou a seu lado - e no Cerco do Porto - pela causa da Liberdade. De tal forma foi esse empenho que o Rei Soldado doou o seu coração à cidade, hoje em dia guardado religiosamente na Igreja da Lapa.
P. Qual o lugar da Tradição no Porto Capital Europeia da Cultura?
R. - O Porto teve sempre grandes pendências com a aristocracia. Guardou, porém - e sempre - uma relação muito forte com os Reis de Portugal. Com D. Pedro IV, mas também - e por exemplo - com D. João I, ajudando-o a construir a armada para Ceuta. Foi aqui também que nasceu D. Henrique, o Navegador, o Homem que deu Novos Mundos ao Mundo. e foi aqui que se travaram duras batalhas, contra o invasor francês que queria destruir o Trono de Portugal.
O baptizado real realiza-se na Sé Catedral do Porto, coração do Centro Histórico, declarado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade. O Bairro da Sé constitui, também, o coração do que há de mais nobre quanto ao modo de ser e estar na vida dos portuenses: gente humilde e honrada que ganha o pão com o suor do seu rosto.
P. - Sente-se honrado pela escolha do Porto para a celebração deste Baptizado Real?
R. - O baptizado do Infante D. Dinis na Sé Catedral terá, estou certo, o enquadramento popular que um acontecimento dessa ordem merece. O Porto - cidade burguesa e mercantil por excelência - saberá acolher com agrado o Infante D. Dinis, nas vésperas de um acontecimento de grande impacto como é o caso da capital Europeia da Cultura que se celebra no próximo ano».
As águas aplanam-se. E vão ganhando limpidez e transparência...

Cronologia da república - 11 de Julho

  • 1912


Bernardino Machado é nomeado embaixador no Brasil

Para por fim à revolta monárquica do norte, partem mais de 500 praças

É fechado o jornal madeirense “Diário da Manhã”

É proclamado o estado de sítio nos concelhos de Chaves e Montalegre

  • 1913

O governo determina uma observação rigorosa para os divorciados poderem contrair novo casamento

  • 1917

Greve dos condutores de carroças




Fontes: aqui

sábado, 10 de julho de 2010

O Sr. Andrade - barbeiro e socialista republicano


Era neste hotel, comido e carcomido, pelo tempo distorcido, que o Sr. Andrade tinha a sua barbearia. Num anexo, há uma duzia de anos encerrado, precisamente desde que o Sr. Andrade morreu.
Tudo se passava na Vila do Conde de antigamente. O hotel nasceu na Década de 30 do século transacto e o Sr. Andrade, então já homem e profissional de barbas e cabelos, ali se estabeleceu. Sobreviveu ao hotel, no seu pequeno nicho, com todo aquele equipamento cosmético em metal e a cadeira de palhinha, como já não há. Trabalhou até que a morte, muito repentinamente, o levou.
Os veraneantes dessa Vila do Conde vinham todos, senão do Porto ou do interior minhoto, de Lisboa ou mesmo do Ribatejo. Havia-os salazaristas rijos, havia-os muito mais liberais ou mesmo francamente oposicionistas à - então assim chamada - "Situação". Por mais que puxe pela cabeça, não me lembra os houvesse republicanos.
Todavia, o Sr. Andrade era nem mais do que - empedernidamente - socialista e adepto da República.
Nesse tempo, o dia começava, para os cavalheiros em férias, com uma ida à barbearia, a meio da manhã, operação tida por indispensável antes de qualquer investida até ao paredão da praia. A política era um tema corriqueiro, entre os jornais e a navalha ou o pincel carregado de espuma nas mãos do Sr. Andrade.
- Então, Sr. Andrade, que nos conta?
- Isto vai mal, Sr. Dr., isto vai muito mal...
- Pois vai, mas tudo se há-de...
- Olhe que não, Sr. Dr., isso pensa V. Ex.cia...
Os veraneantes tinham no Sr. Andrade um amigo verdadeiro, um confidente. E o Sr. Andrade, o homem mais educado do mundo, sabendo que tantos dos seus clientes o podiam "entalar" com uma simples denúncia, em todos confiava. Nos civis e nos militares. Falava-se abertamente de tudo na sua barbearia. Antes e depois do 25 de Abril, em que qualquer coisa podia passar pela cabeça do Sr. Andrade, tantos eram os fascistas que se tinham sentado na sua cadeira de palhinha. Mas não. Nunca. O Sr. Andrade era também um senhor.
Conheceu o meu Avô, que morreu em 1938. Ria-se com as aventuras do meu Pai e admirava-lhe a acutilância das suas observações contra o salazarismo. A mim, em 1993, já muito trémulo das mãos, ainda me aparou a barba. Lembro bem aquela navalha, pouco segura, a passear no meu pescoço. Mas não havia que temer. O Sr. Andrade republicano, sabendo-me monárquico, como já o meu Avô e o meu Pai, jamais seria capaz de me jugular.
E depediamo-nos de fortíssimo shake-hands, um abraço no final da época estival. Esse abraço que daqui lhe mando, para onde ele está de certeza, entre os justos.

Cronologia da república - 10 de Julho

  • 1912


É fechado o jornal madeirense “A Boa Nova”

Sabotagem nas pontes da linha férrea do Minho

  • 1915

É fechado o jornal “A Tarde” do Porto

  • 1920

Prisão do general Gomes da Costa

É fechado o jornal açoriano “A Pátria”

  • 1921

Salazar assiste a uma sessão parlamentar como deputado

O parlamento é encerrado

Nas eleições legislativas há grande mobilização devido à candidatura de monárquicos e católicos. Por uma única vez os afonsistas não obtiveram a maioria absoluta

Existência de vários acordos pré-eleitoriais

  • 1923

As forças policiais e os vários ramos das forças armadas, só podem corresponder-se com embaixadas estrangeiras, perante a autorização do ministério dos negócios estrangeiros

  • 1924

É fechado o jornal açoriano “A Pátria”





Fontes: aqui

sexta-feira, 9 de julho de 2010

JOSÉ LUIS NUNES - fundador do PS


A partir de 1995, e durante alguns anos, coordenei o boletim «Monarquia do Norte», da Real Associação do Porto. Entre os mais temas, havia sempre lugar para a entrevista. Em Junho de 1996 coube a vez ao Dr. José Luis Nunes, advogado e fundador do Partido Socialista. Um Senhor que cativava pela sua extrema educação, e que infelizmente já não se encontra entre nós.
A primeira questão a que respondeu foi esta, aquando do nascimento do primogénito da Casa Real Portuguesa:
«Em sua opinião, que significado tem para Portugal o nascimento do Príncipe Dom Afonso
Disse o sempre lembrado Advogado:
«Em primeiro lugar, importa salientar o facto em si, e a felicidade que o evento trouxe à família Real, o que não deve ser secundarizado.
No plano institucional, é a continuação da Dinastia que fica garantida, pondo assim termo a quaisquer querelas».
Palavras simples de um português fiel ás suas convicções ideológicas que não confundia com opções de regime. E não temia revelar o seu pensamento.