sábado, 3 de julho de 2010

Insultos, anonimatos, republicanices


O jornalista Bourbon e Menezes, de O Mundo era o que costumamos designar um "chega-me isso" de Afonso Costa. Pau para toda a colher. Um dia, a propósito do Rei D. Carlos, escreveu:
«O frascário, que gostava de fazer patuscadas no iatch que tinha o nome da mulher, com galdérias e a guitarra do Reinaldo Varela a tocar o Choradinho e, no tédio das Necessidades, se dava de vez em quando à extravagancia de escrever à máquinas cartas insultuosas para a rainha...».
Tão elevada prosa mereceu do seu colega João Paulo Freire («O Livro de João Franco Sobre D. Carlos») o inequívoco e sonoro reparo:
«Em primeiro lugar chamar frascário a um homem morto já vai para 17 anos não é coragem, mas o que me arrepia e me confrange é aquela afirmação das cartas anónimas, afirmação baseada apenas em boatos torpes e que vai ferir escusadaemnte a memória de um Homem e a honra de uma Mulher!
Verdade que fosse, ainda havia que discutir o direito do insulto a uma pobre mulher viuva e mártir a quem mataram o marido e o filho. Mas Bourbon e Menezes é incapaz de me afirmar sob sua honra que aquilo é verdade. E não tendo a certeza dessa verdade - porque a não tem! - o meu camarada Bourbon e Menezes esqueceu-se, no momento aquelas abomináveis palavras linhas, de que era filho e de que era pai...»
Era assim na 1ª República. Tal qual como agora, quando já se avizinha o fim da 3ª República...

Sem comentários: