sábado, 13 de dezembro de 2008

Porque a Monarquia não foi restaurada em 1949



Antes de tudo, preocupa-me a existência dos pobres, dos necessitados, dos trabalhadores; e, num aumento geral de riqueza, o conjunto de providências que a todos devem levar pão e alegria. Penso, do mesmo modo, no nosso lugar no mundo e no completo resgate da civilização que Portugal tão largamente difundiu e tantos males e experiências têm ameaçado. Estas preocupações e os sentimentos de justiça que as determinam, derivam dos fundamentos morais dos princípios que sustento, da própria ética cristã que os formou, sem necessidade de outras razões.
Desejo ainda notar a circunstância feliz do meu Herdeiro ter nascido nas primeiras horas de paz no Ocidente e da vitória da nossa aliada, a Grã-Bretanha, a quem nos prende, e ao seu Rei, uma amizade muitas vezes secular, sem esquecer outras nações a nós ligadas pelo sangue, pelo espírito e pela afinidade de interesses europeus ou universais.
E podeis acreditar que, em meu Filho, continuará a dedicação com que vos acompanho, pensando só no bem de todos vós e na grandeza da Pátria.

A conclusão a retirar desta mensagem, é muito simples: D. Duarte Nuno, ao declarar ..."que só na Monarquia reencontrará as garantias, direitos e liberdades derivadas dum Poder que, por ser legítimo e natural, não depende de divisões nem de egoísmos"..., ameaçou claramente o Estado Novo e obrigou os seus mais altos responsáveis a agir em conformidade. No Congresso da União Nacional, no momento exacto em que os monárquicos eram maioritários em S. Bento, Marcello Caetano impediu que Portugal preparasse a sucessão, tal como Franco fez em Espanha. Perdemos uma excelente oportunidade.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não sei se essa seria a melhor oportunidade. Alguém se recorda dos monárquicos que estavam na UN? Os ultramontanos, os miguelistas mais acirrados, que contestavam o regime de Marcelo por ser "democrático". Isso mesmo, ainda ontem me passou pelas mãos um panfleto dessa gente que se intitulava (sic) "monárquica, anti-democrática e católica". Havia de ser bonito, já na segunda metade do séc. XX ressuscitar o absolutismo, que era o que a maioria monárquica e alinhada com o regime desejava.
Infelizmente, da oposição monárquica ao Estado Novo ninguém fala e pouco quer saber. Os monárquicos portugueses de hoje são os restos da triste vilafrancada, os que não se renderam em Evora Monte. Sãos os que encharcaram de arsénico El-Rei D. João VI. Beatos, fadinhos, touradas e Lilis Caneças é tudo quanto sobra, porque lhes interessa mais a forma do que o conteúdo. Gostam de prerrogativas só por usarem determinado nome, para se ditinguirem da reles piolheira.
Onde estão os heróis de Almoster e da Asseiceira?
Onde estão esses que são os únicos dignos de empunhar a bandeira constitucional?

Nuno Castelo-Branco disse...

O P IV anda muito distraído... Veja aqui mesmo na blogosfera, com que bandeira nacional o Duque de Bragança se apresenta em todas as intervenções (último 1º de Dezembro, por exemplo).

Quanto à sua questão, muito simolesmente, nós: os do Centenário da República, deste e de muitos outros blogues, os do IDP, do Forum Democracia Real, e todos aqueles que verdadeiramente respeitam e seguem a visão de Portugal do Duque de Bragança. O herdeiro da coroa é completamente avesso a absolutismos, creia no que lhe digo. Pelo contrário, absolutistas existem - a maioria - naqueles que se dizem republicanos de forma assumida: o BE e o PC.

Sentimos muita honra por aqueles que como Ribeiro Telles, Barrilaro Ruas, João Camossa e tantos outros, contribuiram para manter acesa a chama do constitucionalismo em Portugal. Quanto à maioria "miguelista/absolutista" na A.N., digo-lhe que conheci o prof. Jacinto Ferreira, sem dúvida um integralista, mas que há uns 20 anos nos dizia que o principal era conseguir a restauração, após o que Portugal se adequaria aos novos tempos, evoluindo para um sistema representativo. Foi sempre a influência inglesa... Aliás, vejamos quem proclamou a monarquia em Espanha: o parlamento da Falange que depois deu lugar à transição.
No entanto, compreendo o que quis dizer, pois também nem sequer considero monárquicos os caçadores de colunas sociais, pedantes de meia tigela "a armar ao pingarelho" e as tais "Lilis". Para esse tipo de gente, bem basta a nobreza da república, armada comendadora nos 10 de Junho. E sobretudo, que tão cara sai ao erário público.

Aprendiz disse...

Graças a Deus! Para asneira já bastou o Estado Novo...

P.S. Devo dizer que tenho apreço pela figura de D. Carlos. Mas não creio que a monarquia, no aspecto circense que oferece hoje às monarquias modernas, nos trouxesse mais divisas... já temos 12 milhões de turistas que nos visitam!