"(...) Admittindo que se faça a revolução – porque é preciso que a revolução se faça – e porque nos achamos apetrechados para ella pela raiva e pela dor; á certa que aquelle figurão não pode ficar eternamente no paço de belém, ruminando nostalgicamente. (...) Pobre rei, coitado, como teremos dó d'elle! Depois de soffrer os incontrões inenarraveis da sorte que lhe hão de desconjunctar o throno, fará, na melancholia da sua jaula, o encanto de gastos conselheiros e de meigas raparigas anemicas...
E então os jornaes, depois de annunciarem que no jardim zoologico ha musica ás quintas e domingos, dirão, subindo ao mais alto furo do reclame, que acaba para lá entrar o ultimo animal de Bragança!
António José de Almeida. Jornal O Ultimatum, 23 de Março de 1890
2 comentários:
Em 1890 vivia ele iludido...
A liberdade de imprensa era, de facto, muito grande durante a Monarquia. Esse artigo foi publicado no primeiro número do jornal Ultimatum. Que por acaso foi também o último. E António José de Almeida, na altura estudante de Medicina em Coimbra (Presidente da República 1919-1923), viria a ser condenado a 3 meses de cadeia devido a este artigo... Grande liberdade de imprens.
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