Crónica de João Carlos Espada no Jornal I
Há um livro recente que tem um título curioso e que vale a pena ler. Chama-se "Réu da República: o Missionário D. António Barroso, Bispo do Porto" (Aletheia, 2009). Os autores, Carlos Azevedo e Amadeu Araújo, contam a história de um homem - D. António Barroso - e da época em que ele viveu, entre 1854 e 1918. Na história desse homem e dessa época estão contidos alguns dos grandes equívocos que em Portugal - bem como na generalidade das culturas europeias continentais - foram associados ao conceito de liberdade. Foi em nome desses equívocos que se cometeram, e por vezes ainda cometem, gravíssimos atentados contra a liberdade.
A história da perseguição da Primeira República a D. António Barroso ilustra o paradoxo que consiste na perseguição à liberdade em nome da liberdade. Esse paradoxo domina a história política moderna da Europa continental desde, pelo menos, a Revolução Francesa de 1789 - essa "doença infecciosa", como lhe chamou Edmund Burke. Em Portugal, esse paradoxo esteve gritantemente patente na Primeira República, entre 1910 e 1926.
A grande questão política e filosófica que a perseguição ao bispo do Porto levanta é saber por que razão a Primeira República perseguiu a Igreja Católica em nome da liberdade. Porque a Igreja se opunha à liberdade? Ou porque os republicanos usavam a palavra "liberdade" para designar uma coisa muito diferente da liberdade propriamente dita? Continuar a ler »»»
1 comentário:
Sabendo que Hitler suspeitava de que era filho de pai judeu, e que muitos dos radicais que contribuiram para o regícidio e república de 1910 eram filhos de homens do clero, apesar de oficialmente serem filhos de pai incógnito, (Buiça, Aquilino...) - parece que Freud tinha alguma razão na sua teoria do "Complexo de Édipo)...
Exemplo actual pode ser também o caso do terrorista nigeriano, filho de um milionário, que tentou explodir o avião a semana passada. Alguma psicanálise poderia ter evitado muitos males, penso eu, mas não sou psicólogo.
Boas Festas
NRC
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