sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Há 19 anos


Timor - vamos ajudar? Esse o repto lançado por El-Rei D. Duarte III, em 1987, a todos os portugueses de consciência, a quem não poderia ser indiferente o drama dos então ainda nacionais do outro extremo do planeta.
Muitos, muitissimos, de nós, vulgares cidadãos, respondemos, e fez-se o que se pode para conseguir condições de melhoria de vida para os timorenses.
O Estado republicano ignorou a questão. Fez ouvidos de mercador. Como já antes assobiara para o lado, ao ouvir os ecos do assassinato do Ten.-Coronel Maggiolo Gouveia e dos seus subordinados e, de um modo geral, todos as notícias da guerra civil que chegavam à capital.
Até que as televisões estrangeiras o trairam - ao Estado republicano - miserávelmente. Através das suas imagens, cruas e reais, o Pais tomou conhecimento do massacre do cemitério de Santa Cruz, em que as tropas indonésias mataram e feriram centenas de estudantes de Timor.
Faz hoje 19 anos!
Foi uma aflição. E agora que o Estado não podeia continuar ignorando o que todo o povo já sabia? Bradaram os tribunos republicanos, organizou-se um ridículo navio que chegou até perto de Timor para fugir, de rabo entre as pernas, à primeira intimação dos indonésios. Recorreu-se às instâncias internacionais, foi um alarido, a indignação geral, - a farsa generalíssima, afinal, só para deitar um pouco de areia aos olhos dos portugueses. Como se tudo não pudesse ter sido evitado antes!
E assim se invoca um dos mais gloriosos momentos da República - esse em que a Indonésia invadiu território português disparando indiscriminada e fatalmente contra portugueses. Sem reacção dos governantes republicanos.

2 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Também se conhece um famoso episódio da oferta de uma tipografia aos timorenses. SM foi deixada em terra australiana, para dois figurões chegarem primeiro e terem o seu tempinho de antena na RTP. Coisas...

Filipa V. Jardim disse...

João,
Foi talvez a última "causa", essa, a de Timor, que galvanizou consciências e fez com que as pessoas se quisessem e fizessem ouvir. Depois disso, entrou-se numa espécie de torpor, só quebrado aqui e ali por mais um ou outro acto eleitoral, com mais ou menos praia, a pesar nas sondagens.