Quase no final deste ano de frenesi comemorativo, que resultou em centenas de laudatórios livros de luxo (repare-se que a diferença entre luxo e lixo é apenas de uma vogal), julgamos ser já possível atribuir o prémio da pior edição pró-republicana. Trata-se, segundo a nossa opinião, de Tudo o que sempre quis saber sobre a Primeira República em 37 mil palavras, do sociólogo Luís Salgado de Matos. A obra foi editada pelo Instituto de Ciências Sociais, com o patrocínio da Comissão do Centenário. É um pequeno manual sobre como amar a I República em 10 passos. Lidas as 37 mil palavras, concluímos que a Primeira República foi um dos piores períodos pelo qual já passaram Portugal e os Portugueses, mas é isso que torna aqueles dezasseis anos tão especiais e tão importantes. A um determinado momento, o autor presenteia-nos com esta pérola justificativa: segundo ele havia violência entre 1910 e 1926 porque toda a gente era violenta, porque os pais batiam nos filhos e isso era normal. Para Luís Salgado de Matos, a bandalheira é um estado de espírito republicano, portanto. Bem haja às cátedras em que se sentam autores como este. Desconfio que depois do Estado do Estado, do Estado da Justiça, e do Estado da Democracia, a Sociologia deve ser um dos caminhos mais rápidos para a ruína deste país.
3 comentários:
Estou cheio de vontade de dar uma vista d'olhos no manual "anti-republicano", pois pelo que parece, é disso que se trata ;)
caro Resende
Fez-me rir e chorar. Realmente, as palavras são o meio preferido para a mentira e a doutrina. Os actos, esses, não interessam. A História de hoje será a mentira de amanhã. É divertido passar uns minutos numa livraria e folhear os livros que foram editados com a pena da Comissão do C**** da República. Curioso é que muitos deles se contradizem. Tanta a pressa de chegar à festa que se perdem pelo caminho.
abraço
Quais são os passos, meu bom amigo? Quais são os passos? Exponha-os meu amigo.
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