quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Comemorar a mentira

O dr. Santos Silva, por quem tenho admiração, deixa-me admirado pelas palas que usa no exercício das suas funções de presidente da comissão Oficial das comemorações da república. O país (!) ouve-o ["ver como a partir desses ideais republicanos revisitados podemos ter amanhã um Portugal melhor"] e fica com a ideia que a república em que vivemos foi a melhor coisa que existiu em toda a nossa secular existência, foi gerada espontâneamente, foi um exemplo de sucesso, de valores, virtudes e ideias com força para se projectarem no futuro. Pior, o país, se calhar, fica com a ideia, que é o que lhes interessa, de que a república veio substituir o terror monárquico onde os nobres espezinhavam, com saltos altos e camisas de gola-em-renda, o povo que sofria de agonia. O banqueiro Santos Silva pode vender o que o regime lhe diz para vender mas eu sou um dos que não lhe vou comprar dessas acções. Aliás, a república foi uma verdadeira OPA sobre o país e agora o povo anda contente com a privatização a que é sujeito de cinco em cinco anos.

Para que não fique só a minha prosa, deixo, mais uma vez, ao dr. Santos Silva uma opinião escrita em 1913 por um republicano que viveu na pele os ideais republicanos que o sr. dr. teima em ver como a génese da nossa felicidade:
"Estamos em face de uma republica anarchista. Simplesmente. Nem sequer é uma republica radical, o que já seria demasiado, estupido. Mas nem é uma republica radical. E' uma republica anarchista. Nos actos, nos processos, nos factos, nas leis, nos homens, na propaganda e nas idéas. As republicas radicaes não destroem os principios basilares, nem da disciplina militar, nem da disciplina civil. Nem da disciplina das ideas, nem do sentimento".

Homem Christo, Bandistismo Politico. Madrid. 1913


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