Não vou aos touros, não gosto (genericamente) de fado e nunca experimentei o mais vago sentimento monárquico. Mas comemorar a Iª República é igual a comemorar o dia em que o nosso tio-avô contraiu sífilis. A abolição da monarquia constitucional resultou da acção de um pequeno bando de rústicos, de carácter, conduta e aspecto duvidosos. O regime imposto pelo bando foi um exercício de limitação sucessiva de direitos concedidos, é verdade que moderadamente, até 1910. Fora a famosa liberdade religiosa, um pretexto para perseguir o clero, no resto, contas por alto, condicionou-se a liberdade de expressão, mediante censura activa, e a liberdade de voto, entretanto restrita aos alfabetizados - cujo número, durante a vigência "progressista" de Afonso Costa e comparsas, misteriosamente quase não sofreu alterações (durante Salazar, curiosamente, sim).
As consequências imediatas de semelhante delírio traduziram-se na emergência do Estado Novo, que adaptou a trela nos costumes e contrapôs ao caos governativo e económico um modelo de ordem, para alívio inicial das massas. As consequências a longo prazo ainda se sentem hoje, quando um país teoricamente civilizado festeja com pompa oficial a delinquência e o atraso de vida, afinal os autênticos "valores" da I República, de que a III, para nosso embaraço, pelos vistos não abdica.
Alberto Gonçalves aqui
2 comentários:
E falta acrescentar que a monarquia nunca se comemorou a si própria. Nem nos dezanove anos que medearam entre a abortada revolução do 31 de Janeiro e o cinco de outubro de 1910, alguma vez se lembrou de festejar essa 'vitória'. Os países civilizados não festejam guerras civis. Nesse aspecto seguimos a França jacobina ou seja, a franco-maçonaria. Que é quem de facto detém e exerce o poder em Portugal. Não são os eleitos. A não ser que sejam maçons.
Também me revejo nesta posição. Sou da Margem Sul, vivo num bairro embutido no meio do proletário Barreiro, sujeito a todas as influências das classes 'baixas' e sem o mínimo que me identifique com a 'Linha', 'Tios', 'Tias', touradas ou fados.
Mas tenho uma característica - penso por mim próprio e não defendo nada mais senão a verdade.
Não acredito muito, lamento, na capacidade dos monárquicos de hoje,como deixaram a desejar há 100anos. Porém, acredito ainda menos, NADA, nos republicanos. Especialmente depois do que se viu e ouviu hoje.
É o total descrédito.
Tanto o Cavaco como Alegre, evocaram Guerra Junqueiro, um dos 'primeiros republicanos', nos seus discursos de hoje, como 'exemplo' a seguir.
Acho muitíssimo bem. Assim sê vê o que é que esta gente anda a comemorar, assim à toa, vão gastar 10 Milhões de Euros.
Guerra Junqueiro é o mesmo que defendia a bandeira azul e branca -as cores de Portugal - e que, arrependido, antes de morrer disse: 'deixei de trabalhar por causa dessa miserável república'...
NG
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