sábado, 15 de dezembro de 2012

O reino da fama fácil.

Lara Xavier, a autora deste livro, "iniciou-se na escrita em 2007, com o livro Gosto deles porque sim, e desde aí tem tido presença constante nos escaparates."


Praticamente todas a semanas sai um livro novo sobre intimidades, sinais de loucura ou extravagâncias dos Reis de Portugal. São tantos os títulos carregados de letras gordas, pontos de exclamação e bandas vermelhas a chamar a atenção do leitor para a polémica obra, que por vezes é impossível confundirmos as livrarias com uma uma papelaria onde entrámos para apreciar revistas cor-de-rosa ou jornais polémicos. Efectivamente toda esta literatura apresenta-se-nos como as notícias que vendem os ditos jornais e as citadas revistas. Aliás a maioria é produzida por jornalistas.
Efectivamente, se perdermos algum tempo a procurar informações sobre os autores nas badanas encontramos um universo de considerações absurdas que nos leva a pressentir o teor da matéria que vamos ler: a maioria provém da comunicação social light, uns associados ao Correio da Manhã, 24 Horas ou periódicos gratuitos, outros guionistas de séries sobre adolescentes problemáticos e outros, ainda, gestores de projectos que se assumem simples apreciadores das vidas régias - tão apreciadores que no meio da História apenas lhes interessa vasculhar no lixo. Também há médicos e advogados, coisa não rara na historiografia e nas genealogias, cuja posição social e profissional o parece habilitar para a redacção da História.
Não se excluem desta listas alguns licenciados e mestres em História, ou mesmo arqueologia, que compreenderam (e bem) que os árduos degraus da qualidade se podem contornar pela rampa do trabalho fácil, da polémica e da vulgaridade. É sabido que em caso de mediocridade intelectual ou académica, a solução é tirar a roupa, para assim vender atributos que eventualmente compensem a ausência de matéria cerebral. Poupando-nos à visão destas criaturas pseudo-literárias como vieram ao mundo, optam por despir os Reis e as Rainhas de Portugal, procurando assim rentabilizar assuntos que apenas dominam no mundo torpe em que foram criados.
É claro que a historiografia académica portuguesa ignora o fenómeno e finge recusa encarar o problema: estereótipos reproduzidos até à náusea, deturpação de acontecimentos e factos, vulgarização do trabalho de investigação. Embora um historiador devidamente formado numa universidade demore anos a produzir uma biografia régia, entre investigação em arquivo e redacção, como as da colecção Círculo de Leitores, um jornalista ou um auto-didacta demora apenas algumas semanas a coser meia dúzia de banalidades noutras edições não menos medíocres.
As editoras rejubilam com estas estórias de baixa qualidade. Os autores ganham fama e dinheiro e o público "cultiva-se" com a linguagem baixa e "simples", que não obriga a pensar.
Depois admiram-se da situação actual. Até compreenderem que só a ler jornais desportivos, "revistas Maria" e títulos fáceis não vamos a lado nenhum, dificilmente conseguiremos saír do estado estupidificante a que chegámos.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Comemorações da Restauração da Independência

«Estamos a viver mais um 1º de Dezembro, o dia em que se afirmou a vontade de independência nacional e os portugueses disseram “Nós somos livres e o nosso Rei é livre”. Para nós, o 1º de Dezembro aconteceu uma vez e o 1º de Dezembro acontec
erá sempre.»

Excerto da mensagem Mensagem do Chefe da Casa Real portuguesa, Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança no 1º de Dezembro de 2012.

Foto Gerardo Santos, Global Notícias (DN 2 de Dezembro 2012)

sábado, 1 de dezembro de 2012

A verdadeira revolução


É com democracias destas e regimes destes que o dia de hoje, 1º de Dezembro, ganha especial significado. Como diz o Nuno Castelo Branco, "o plano B falhou, temos o plano A". O "plano B" trouxe-nos a repressão, o medo, a mentira, o partido único, o despotismo, a miséria, os complexos sociais, o ressabiamento e a inveja pelo próximo, a frustração dos idiotas, a ditadura, a falta de patriotismo, a traição e entrega à morte de conterrâneos, o ignóbil oportunismo dos democratas que se aviltaram dos bens públicos, a maior desigualdade social de que há memória, e por fim o nosso fim, pela ausência de esperança. Talvez por isso, a restauração da Monarquia seja a verdadeira revolução que está por fazer.