terça-feira, 29 de maio de 2012
As crianças na República Portuguesa
No passado ano de 2010, em que o regime "celebrou" os 100 anos de descalabro, muita coisa ficou por dizer. Das "virtude" da República os media não se cansaram de falar, de utopizar, de mentir, de imaginar, de contrapor com o antigamente. Mas, os factos não mentem, os dados demonstram o inverso dos discursos: com dados de 2009 – ainda sem o efeito "desta crise" – a República Portuguesa estava num incómodo 25 lugar, em 29, no que respeita à pobreza infantil. Pior que nós só os países subdesenvolvidos. Rezo para que a República não dure mais 100 anos, por este caminho de pobres passaremos a miseráveis.
terça-feira, 22 de maio de 2012
Acomodados à infelicidade
Os portugueses são dos povos menos satisfeitos com a vida, é o que se lê neste relatório da OCDE que avalia o bem-estar em 36 países europeus, apoiando-se em indicadores como a Saúde, a Educação, Trabalho, ou a própria “satisfação de vida” ponto em que rasamos o fundo da tabela.
É empírico, uma mera opinião, mas parece-me que os portugueses são infelizes porque se sentem bem assim. Entretidos com os nossos medos e ressabiamentos, desconfiamos do sucesso e da felicidade, condenamos a sua exibição. E nada tem a ver com Salazar, talvez o próprio emerja de tudo isto, assim como os vários regimes e demais frustradas engenharias a que nos vimos sujeitando na expectativa duma redenção.
Talvez porque seja lenta a libertação de séculos e séculos de fome e pobreza, ao sabor das pragas e acidentes climáticos, que nos legaram estes genes desconfiados e amargos. Da herança do cristianismo sobreveio uma prática pagã de supersticiosidade, sem relação, sem densidade. E nem esta solar luminosidade imperial nos aquece o coração cinzento. Debruçados sobre um infinito esplendoroso Oceano, este inspirou-nos a diáspora e a saudade. Ah, pois! e a culpa, a culpa, essa inconfessável culpa, que se esconde sempre nos outros e nas circunstâncias, como um canto de sereia que nos enleia para os abismos da impotência. Acomodados à infelicidade.
Talvez porque seja lenta a libertação de séculos e séculos de fome e pobreza, ao sabor das pragas e acidentes climáticos, que nos legaram estes genes desconfiados e amargos. Da herança do cristianismo sobreveio uma prática pagã de supersticiosidade, sem relação, sem densidade. E nem esta solar luminosidade imperial nos aquece o coração cinzento. Debruçados sobre um infinito esplendoroso Oceano, este inspirou-nos a diáspora e a saudade. Ah, pois! e a culpa, a culpa, essa inconfessável culpa, que se esconde sempre nos outros e nas circunstâncias, como um canto de sereia que nos enleia para os abismos da impotência. Acomodados à infelicidade.
Pelo João Gonçalves, ficamos a saber que o dr. Medeiros Ferreira anda por aí numa rematada pedinchice para a manutenção do 5 de Outubro. Pois pode pedir à vontade que pelo menos durante os próximos anos, não há mais "Afonso Costa" para ninguém. Com Fátima a rebentar pelas costuras, há quem ainda não percebeu que certos mitos acabaram de vez, precisamente aqueles que julgavam extirpar as raízes culturais deste povo em apenas duas gerações. Vê-se!
A divertida carta do homem que "negociou" a entrada de Portugal na CEE "por razões políticas", está preciosamente esmaltada com as fantasias e contorcionismos propagandísticos do costume, desde as negridões nocturnas do salazarismo que comemorava o 5 de Outubro com feriado, alçamento de bandeirola e banda a tocar A Portugesa, até à histérica exaltação do Venerando belenense de cada tempo! Como nota cómica, acrescentou a PIDE ao assunto, salientando as lojas de portas abertas durante a data de lazer do último dia de praia em cada verão secundo-republicano. Pois então o que poderá Medeiros Ferreira dizer de tudo o que se passa na 3ª República, com centros comerciais de portões e estacionamentos religiosamente escancarados no sacrosantinho dia? Pior ainda, Medeiros Ferreira diz não estar a pensar "só" no 5 de Outubro, mas a verdade é outra, o 5 de Outubro é o o único feriado que lhe interessa manter. Conforme-se. O país perdeu muitíssimo mais com o fim do 1º de Dezembro e isto no momento em que a República admitiu viaturas da Guardia Civil da Monarquia espanhola em ostensiva patrulha e estacionamento na placa do Monumento aos Restauradores de 1640.
Como se não soubéssemos da gritaria e arrepelar de cabelos que se passou e ainda se passa em determinadas lojas... Claro que sabemos, disso somos informados regular e detalhadamente, mas sendo a coisalaica uma questão de quase integrismo religioso, percebe-se o fanatismo. Em suma, dá-nos tremendo gozo, até para aqueles azuis e brancos que usam avental fora da cozinha.
Medeiros Ferreira pode esperar mais uns anos e quando os seus colegas voltarem ao poder, talvez lhe façam a vontadezinha. Se a Alemanha estiver pelos ajustes, claro.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Molecagem balsemeira
O programa tipicamente saloio desta praça, piroso, chiteiro a armar às sedas e como sempre fazendo de conta estar numa Hollywood que também não sendo grande coisa, pertence a outra galáxia. Uma assistência anónima, a não ser para algumas revistinhas da hora do corte no cabelo ou do dentista. Uma tantas gajas de dedaça na boca fazendo sair o assobio, a piadola persistentemente a fugir para as partes intermédias, a tronchuda chantrona apresentadora de apelido Pinheiro, uma criatura matinal e magistralmente rasca, de voz estridente e de uma vulgaridade ímpar, sempre a puxar a patorra para a chinela. Uma data de "revelações geniais" e de inevitáveis choraminguisses teatrinhocinema à cata de subsídios, naquele costumeiro pedinchar roçando a chulice a que os sistema se remeteu. A micro-burguesia platinada é isto, um globo de ouro que afinal representa a mais excelsa bosta nacional.
Nesta época em que o próprio "chefe deles" conta - segundo o balsemado Expresso - com um hilariante e vergonhoso índice de "popularidade" de 1,7, claro que os aflitos engraxates de Balsemão - ele próprio a perfeita réplica de uma criatura da saga Star Wars - tinham de vir com uma graçola acerca do senhor D. Duarte de Bragança. Um sketch sem piada, ordinário, a suplicar por um forçado sorriso e que a ninguém engana. Sabíamos que dos moleques balsemistas tudo pode vir, mas isto é demais. Se a SIC falisse, não se perderia grande coisa.
sábado, 12 de maio de 2012
Magistratura de "influência"
Conhecendo-se as figuras e sabendo-se algo, embora pouco, das contas, ficamos então a saber o que quererá dizer magistratura de influência. Noutras paragens dir-se-ia tráfico.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Saldar
Conhecendo o espírito criativo português como conheço, no próximo feriado do 5 de Outubro
vai ser um ver se te avias para ver qual das grandes empresas de
distribuição vai subtrair mais povo à "efeméride". Coitados dos caviares
e comunistas, ficaram sem trocos para encher as avenidas. Por mim, eu
saldava esse nefasto feriado a 100%.
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quarta-feira, 2 de maio de 2012
O jacobino
Em estado puro, a marselhesa a rebentar-lhe nos tímpanos, a saga napoleónica a animar-lhe o rosto, bastonário contestado, incontestável, ex-jornalista, omnipresente em qualquer canal televisivo, justiceiro de trazer por casa, diz que não é maçon mas parece, estamos a falar de Marinho Pinto. Outros atributos reconhecidos, a ignorância histórica, a idade média obscura, o anticlericalismo típico, as frases estafadas, pouco cortês, desancou a ministra da justiça (a quem faço um rasgado elogio) e por isso teve que ouvir reprimenda de amigos e inimigos. Não há problema, ziguezagueante, hábito antigo de demagogos, há-de continuar a iludir os tolos, mas a mim não me engana.
Saudações monárquicas
terça-feira, 1 de maio de 2012
Desculpem o mau jeito, mas nada será como dantes
Quem siga o debate político e acompanhe a Comunicação Social de referência, dificilmente encontra alusões à evidência de que navegamos no olho de um furacão, no centro de uma tempestade perfeita. Onde se entrecruzam as fragilidades do regime, o acumular de políticas criminosas, uma crise financeira exógena e determinantes transformações geoeconómicas. A algraviada de recados políticos que alimentam as manchetes dos jornais e abertura dos telejornais encobrem a crua realidade que vivemos: o fim de uma Era, de uma “construção” socioeconómica insustentável. Um aborrecido detalhe, cujo capítulo seguinte ninguém verdadeiramente quer saber, por respeito aos senadores e arquitectos de tão esplendorosa obra. É nesta ébria cegueira, em que os actores se recusam olhar para lá da espuma dos dias, entretidos que estão a discutir contas de mercearia, quem é o mais amigo do crescimento económico, do Estado Social, o mais socialista ou menos liberal, ou se será afinal o messias Hollande que nos vai salvar de Merkel e dos seus enfadonhos alemães.
Por pior que seja a sua arquitectura, qualquer regime se aguenta enquanto é regado pelo dinheiro. E quando a torneira se fecha?
Com o diagnóstico feito há muitos anos, nem a centímetros do precipício o sistema mostra vontade de se regenerar. Se os partidos se desligaram das comunidades em detrimento da plutocracia que os alimenta, se os deputados não representam os eleitores, se o sistema semipresidencialista se revela uma manhosa irrelevância política, se a economia não gera riqueza que pague os descomunais custos do Estado, o que é que deveria ocupar as mentes brilhantes das nossas elites? A sua preocupação é a de sobreviver mais um dia e mais outro, um de cada vez, do estatuto e privilégios conquistados, que hipotecaram irremediavelmente várias gerações vindouras.
O que nos une hoje é a camarata de terceira classe do navio chamado Europa que mete água por todos os lados. Anestesiados pelas vagas alterosas, aos portugueses de pouco serve ou consola o mal dos vizinhos. É que, fiéis à nossa tradição ultraconservadora de nada mudar até tudo cair putrefacto, à trágica incapacidade de nos regenerarmos por nós mesmos, mesmo na evidência da catástrofe, corremos o sério risco de sermos o primeiro lastro a ir borda fora. E assim nos afundamos enroscados como lapas aos nossos "pais". Ao pai da Revolução, do Serviço Nacional de Saúde, da Constituição, do Socialismo, e de tantas outras ressequidas vacas sagradas.
Com o diagnóstico feito há muitos anos, nem a centímetros do precipício o sistema mostra vontade de se regenerar. Se os partidos se desligaram das comunidades em detrimento da plutocracia que os alimenta, se os deputados não representam os eleitores, se o sistema semipresidencialista se revela uma manhosa irrelevância política, se a economia não gera riqueza que pague os descomunais custos do Estado, o que é que deveria ocupar as mentes brilhantes das nossas elites? A sua preocupação é a de sobreviver mais um dia e mais outro, um de cada vez, do estatuto e privilégios conquistados, que hipotecaram irremediavelmente várias gerações vindouras.
O que nos une hoje é a camarata de terceira classe do navio chamado Europa que mete água por todos os lados. Anestesiados pelas vagas alterosas, aos portugueses de pouco serve ou consola o mal dos vizinhos. É que, fiéis à nossa tradição ultraconservadora de nada mudar até tudo cair putrefacto, à trágica incapacidade de nos regenerarmos por nós mesmos, mesmo na evidência da catástrofe, corremos o sério risco de sermos o primeiro lastro a ir borda fora. E assim nos afundamos enroscados como lapas aos nossos "pais". Ao pai da Revolução, do Serviço Nacional de Saúde, da Constituição, do Socialismo, e de tantas outras ressequidas vacas sagradas.
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