quarta-feira, 30 de junho de 2010

ESTA REPÚBLICA QUERIA FESTA...

... mas não vai ser à custa do futebol que o povo vai andar anestesiado, aldrabado e contente em ano do "centenário". Querem festa e alegria nas "comemorações"? Têm de pagar a figurantes, jornalistas, empresas de marketing, cromos do regime e aos bebedolas que aparecem sempre que abre uma tasca de pvc com marca de cerveja.

A Moral republicana


João Paulo Freire (Mário) foi sempre um homem inconformado. Jornalista de nomeada, na sua época, criticou acesamente a Monarquia, tal a conduta dos politicos que nela se destacavam. Depois veio a República e JPF percebeu tudo. Ou seja, que em Monarquia a Instituição é uma realidade distinta dos politicos e da actividade politica e que, em República, todos - Instituição politicos e actividade politica - se confundem.
JPF tornou-se então um crente na Monarquia. Em diversa obra publicada (por exemplo, neste «O Livro de João Franco sobre D. Carlos», de onde extraio as citações seguintes) incansávelmente denunciou as hiprocrisias da República e dos republicanos.
Lembremo-nos de que um dos motes preferidos dos ataques pessoais a El-Rei D. Carlos era o seu aventureirismo, o seu "marialvismo". Escrevia JPF (pág.130):
«Mas que lhe lance a primeira pedra o português, rico ou pobre, nobre ou plebeu, ilustre ou analfabeto a quem uns olhos de mulher não tenham na sua vida provocado uma loucura de amor!...
Que, quanto aos altos políticos da República, nesse capítulo, depois de 1910, por Deus! é melhor nem tocar nisso...
Que o Rei D. Carlos mesmo pecando fazia-o com galhardia de Rei. Nas as esperava às esquinas dos picadeiros, nem ia para as bichas do Coliseu pelos braços das dactilógrafas...».

Cronologia da república - 30 de Junho

  • 1911


É fechado o jornal “A Gazeta” de Chaves

  • 1912

Confrontos em Barcelos

A Lei D.G nº158 retira a pensão aos familiares de Eça de Queiroz, estabelecida pela lei de 12 de Junho de 1901

  • 1914

A assembleia da república é encerrada

Tumultos em Idanha

Tumultos na Azambuja

Conflitos estudantis em Coimbra, com a prisão de 200 estudantes

Greve dos operários das moagens por falta de trigo

Greve dos tecelões no Porto

Assaltos a armazens de alimentos em Almada

  • 1921

É noticiada em Paris a venda dos Açores aos Estados Unidos da América

  • 1925

Decretado o estado de sítio em Lisboa com o exercício da censura à imprensa

 
 
 
 
 
 
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terça-feira, 29 de junho de 2010

Cronologia da república - 29 de Junho

1919


É fechado o jornal “O Distrito de Aveiro”

1921

É fechado o jornal “O Comércio da Madeira”

1922

É fechado o jornal madeirense “A Terra”

1923

Alerta para o perigo de uma conspiração fascista

São lançadas bombas contra três juízes do Tribunal de Defesa Social

 
 
 
 
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segunda-feira, 28 de junho de 2010

O que era o Partido Republicano?

Este pequeno excerto é dedicado aos "historiadores" da Comissão do Centenário da República que "esforçadamente" se prestam a escrever e informar o povo português sobre a implantação da república em Portugal. A bem da verdade.

"Não confundamos: Ha que distinguir entre um partido e uma quadrilha: N'um partido nunca adveem divisões da simples circumstancia d'um partidario expor livremente as suas opiniões, discordar das opiniões dos outros, fazer a critica desapaixonada dos homens das coisas e dos factos. D'este simples incidente da vida ordinaria tão correcto, tão normal, resultam divisões? Intolerâncias? Aggravos? Represalias? Rancores? Desordens? Era uma quadrilha. Não era um partido. O partido republicano queria ser um partido, com nobres aspirações, com honrados intuitos? (...) Uniões d'esta ordem importam sempre a derrota dos homens honestos e sinceros; n'uma palavra: o triumpho do bandido."

Homem Christo. Banditismo Político. Madrid. 1913

Memórias divertidas da 3ª República


A República vista por si mesma é, por vezes, hilariante. Isto a propósito de uma exposição anunciada sobre os maçons de Ponte do Lima. Expliquemos-nos:
Nesses tempos da 1ª República, rara era a terra que não dispunha de um maçon. Invariavelmente, o médico, o advogado, o notário. Alguém que vivia desafogadamente, olhando à Bernardino, com manifesto nojo, para o rural, o campónio, e com transbordante inveja para o prestigio do senhor da paróquia, o dono daquelas «Casas Grandes de Romarigães» todas. De caminho, o Abade sofria também com a virulência dos seus dizeres e das suas intrigas.
Por tudo isso, do maçon ninguém gostava e todos tinham medo.
É o que bem se alcança da História de Portugal contada na versão socialista ortodoxa, série de 1975, de inspiração PREC. Da autoria de António do Carmo Reis. Aquilo a que poderiasmos chamar um pós-republicano. Uma voz incómoda. Eis porquê:
«(...) uma maioritária classe média, não convertida à causa da revolução socialista, esperava silenciosamente alinhar por um partido de centro que, sem ir muito além da necessária substituição do regime político moribundo, viesse garantir as liberdades burguesas a um Portugal de pequenos e modestos proprietários agrícolas, industriais e comerciantes. Em convergencia com este jogo de interesses, aparece uma elite organizada de intelectuais que doutrinam, em termos de maçonaria bem pensante e fermento de agitação carbonária, os rumos convenientes de um Portugal republicano.
(...) As medidas tomadas pelos primeiros governos republicanos encarregam-se de demonstrar que a república foi feita para as classes médias e que o operariado nada tinha a esperar dela, a não ser que se comportasse dentro da legalidade parlamentar, como queria Afonso Costa».
A terminologia deixa saudades dos velhos tempos de estudante e das RGA'S. O rigor nem por isso é de Ciência. Mas as verdades vão fluindo. Na minha terra, que eu saiba havia dois ou três maçons. Um juiz, um deputado e um conselheiro. Em Ponte, outros tantos: o Norton de Matos e o Tito de Morais. A Maçonaria nada tem a ver, de facto, com os movimentos de massas. É-lhes superior em saber e alérgica ao seu odor.

Cronologia da república - 28 de Junho

  • 1911


É fechado o jornal “O Notícias de Coimbra”

O exército é posto de prevenção na fronteira

Greve da Carris do Porto

Rebentamento de várias insurreições monárquicas

Os jovens turcos protestam contra a falta de zelo republicano do ministério do interior

Mobilização de 10 mil reservistas

Os carbonários, são incentivados pelo ministério da guerra, a formarem batalhões civis para apoiarem o exército por todo o país

120 Prisões políticas

32 Padres são presos

Cerco do paço episcopal da Guarda pela polícia e carbonária, com o sequestro do bispo da referida diocese

  • 1913

É fechado o jornal “A Tribuna” de Coimbra

  • 1924

É fechado o jornal “A Pátria” de Lisboa

 
 
 
 
 
 
 
 
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domingo, 27 de junho de 2010

Portugal e a República Portuguesa


Este templo situa-se em Portugal. Obviamente. Em Portugal, não na República Portuguesa. São realidades distintas e desirmanadas, Portugal e a República. Tanto quanto o são - e estão - a Nação e o Estado.
Se nos referimos a Portugal, de imediato visionamos o território, a lingua, a História, os nossos costumes e tradições, a nossa família e a dos nossos amigos.
Se nos referimos à República Portuguesa, logo nos assalta a cabeça a maçadora figura do Presidente, do Parlamento, do Governo, dos Tribunais, enfim. Turbilhões de gravatas, o Diário da República e o fac-simile das assinaturas nos tratados internacionais ("Pela República Portuguesa...") e uma distância incomensurável da nossa família e da dos nossos amigos.
Exemplifico com o texto da Concordata, por que hoje passei os olhos: «Sua Santidade o Sumo Pontífice Pio XI e Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa [à época, Carmona], concordes no desejo de regular de mútuo acordo e de modo estável a situação jurídica da Igreja Católica em Portugal, para a paz e o maior bem da Igreja e do Estado». E, mais adiante: «A fim de assegurar as relações amigáveis, da maneira históricamente tradicional entre a Santa Sé e a República Portuguesa um Núncio Apostólico continuará a residir em Portugal e um Embaixador da República será nomeado junto da Santa Sé».
Evidentemente, nunca em tempos da Monarquia houve tal diferenciação entre a Nação e o Estado. Nunca alguém falou de um Rei da Monarquia Portuguesa, mas sempre no Rei de Portugal. Nação e Estado confundiam-se, sabiam entender-se, conversavam amenamente, eram um só. Agora, o mínimo que poderíamos esperar do Estado é que pagasse uma renda mensal à Nação como contrapartida da utilização que faz das suas instalações. Daquelas, v.g., com que gosta de deslumbrar os seus comparsas estatais.
Mas não. O Estado usa e abusa da nossa Lingua, da nossa História, da nossa Terra e ainda carrega de impostos a nossa Família e a dos nossos amigos.
Somos nós, afinal, os verdadeiros servos da gleba. Mesmo depois de a Monarquia ter abolido a escravatura.

Cronologia da república - 27 de Junho

  • 1911


É fechado o jornal “Correio do Norte” de Braga

Inventário do tesouro da Sé de Lisboa

  • 1914

Demissão de 3 ministros democráticos, acusados de corrupção

  • 1921

É fechado o jornal “O Diário da Tarde” de Lisboa

Greve dos eléctricos em Lisboa

  • 1924

Tumultuosa sessão parlamentar devido à saida de 49 toneladas de moeda de prata para Londres, como garantia da contração de um empréstimo externo

 
 
 
 
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sábado, 26 de junho de 2010

Mário Soares em passeio pelo Minho


Há coisas que custam a acreditar, mas se o João Amorim diz, é porque é verdade. Mário Soares homenageado nos Arcos!!!
Com certeza, textos seus como o de seguida revelado não deixarão de ser recordados em tal homenagem. Sob pena de a mesma não partir de minhotos, mas de alguém que adquiriu algum espaço (transitóriamente, decerto) no Minho:
«Camaradas:
O Partido Socialista, que é um partido essencialmente de trabalhadores e tem uma base operária muito forte, não está disposto a inflectir as suas orientações programáticas e a vir a er uma prática política centrista para facilitar um jogo oportunista de alianças, a que necessáriamente conduziria um novo governo de coligação. Por isso decidimos pôr o eleitorado perante uma opção extremamanete simples: ou vota em nós, de forma a podermos governar sozinhos, segundo o nosso próprio programa, asumindo por inteiro a responsabilidad da reconstrução económica nacional e da integração futura na Europa (...) ou passaremos à oposição para aí continuarmos a liderar, coerentemente, as justas reivindicações do mundo do trabalho».
É evidente que nada disto tem a ver connosco. As estratégias e as tricas partidárias, de ontem e de hoje, são para quem habita esse estranho - dizem que rico - mundo dos partidos políticos. O que importa, somente, é ter bem presente que o homem que em 14 de Março de 1976 assim perorava, pode muito bem, em 26 de Junho de 2010, nos Arcos de Valdevez, ensaiar qualquer disparate sobre a Ética republicana. Ou difamar a Monarquia.

Um "principio" sem fim

Em Arcos de Valdevez decidiram homenagear Mário Soares. Lamber-lhe os chinelos. As figurinhas deste regime correm para lá não vá chegarem tarde à fotografia. Um conhecido advogado definiu o homem:Filho dilecto e descendente moderno da revolução francesa. Pelo meio de debates, teatros e descerramento de pinturas o sr. Soares vai inaugurar a exposição "Quem fez a República e Mário Soares, um princípio sem fim". Realmente nunca vi um título mais apropriado a este ano de centenário. Por mais lavagens e mentiras que queiram proferir a república foi feita por "cidadãos" sem "principios", sem ética, escumalha sem problemas em perseguir e matar, gente sem calibre moral mas de arma em punho a defender os bolsos cheios; acho piada colarem o sr. Soares a este cenário. Assumi-lo só lhes fica bem. Pena que o país continue a adular um "principio" sem fim à vista.

Centenário ferroviário



Considerada pela Newsweek como a sétima mais bela do mundo. A Estação Central de Caminhos de Ferro, foi construída em Lourenço Marques,sendo uma grande obra da "ominosa monarchia" de D. Carlos I. Inaugurada em Março de 1910, é um edifício da autoria do atelier de Eiffel, que também assinaria a chamada Casa de Ferro, situada hoje no Jardim Vasco da Gama (Tunduru) à Av. D. Luís I.
Conheci bem este edifício, dele partindo de férias para a África do Sul. Situado na Praça Mac-Mahon, a imponente arquitectura impressiona e é um testemunho da presença portuguesa numa cidade que foi bela, cuidada e com uma certa grandeza.
Os fraudulentos senhorzinhos do Centenário ainda estão a tempo de reivindicar a obra, pois em 1916 colocaram-lhe uma esfera sobre o pavilhão central. Depois do Terreiro do Paço e do Museu dos Coches, deles tudo aguardamos. Descaramento não lhes falta.

Cronologia da república - 26 de Junho

  • 1911


Greve do pessoal de armações de pesca de Setúbal

Eduardo de Abreu defende a manuntenção das cores azul e branca na bandeira e a revisão da lei da separação

Fernando Pessoa crítica a escolha verde e vermelha para as cores da bandeira nacional. Para ele, o vermelho simboliza o sangue que os repúblicanos fizeram derramar e o verde a erva com a qual devem alimentar-se

  • 1920

O governo condiciona a exportação do azeite

O decreto 6950 aprova o regulamento para o serviço rural da GNR






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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Edis e historiadores de hoje


Vem esta prosa a propósito do Prof. Amadeu Carvalho Homem, de quem tenho ouvido, últimamente, desfavoráveis comentários de proselitismo, de excesso de zelo na defesa do regime republicano e no menos apurado sentido analítico dos factos históricos. Confesso que ainda não li, ou ouvi, nada do Prof. Carvalho Homem que me consinta formular opinião própria. No entanto, aqui deixo este episódio que bem dará a medida da minha admiração face ao exposto.
A Câmara Municipal de V. N. de Famalicão vem, de longa data, manifestando a sua preocupação em fazer o levantamento histórico do concelho, o que inclui, obviamente, o devido destaque aos seus conterrâneos mais ilustres.
Assim tem procedido, sem olhar a cores e credos políticos. Do lado repúblicano, aí temos o inefável Bernardino, o Dr. Rui Simões, ministro na 1ª República, desaparecido já após o 25 de Abril... Do lado que interessa, Camilo, Alberto Sampaio... e o Secretário do Rei D. Carlos, o Conde de Arnoso. Que a Câmara devidamente homenageou.
Foi num mandato do Dr. Agostinho Fernandes, durante décadas o Presidente pelo Partido Socialista. Homem por quem mantenho a maior estima, a qual, creio, é retribuida. E a cerimónia constou da inauguração de um busto e da publicação de uma biografia intitulada «O Primeiro Conde de Arnoso e o seu Tempo», cuja elaboração foi confiada ao Prof. Carvalho Homem.
Possuo um exemplar, aliás enriquecido por muito amável dedicatória do Autor.
E acrescentarei somente que este soube interpretar magnificamente o espírito e a acção do Conde de Arnoso. O´mais fiel servidor de El-Rei, o sempre inconformado opositor ao silêncio que se quis fazer no seu assassinato. Sobre Arnoso, escreveu, então, o Prof. Carvalho Homem, a finalizar aquele seu trabalho:
«Deve-se a Ramalho Ortigão a melhor síntese do seu arcaboiço espiritual e a mais conseguida caracterização do seu legado moral. Os seus amigos, mesmo os mais próximos, sabiam que os seus juizos se produziam à margem da consideração de todas as suas afeições particulares. Assim, as lapidares palavras com que defeniu Arnoso, na dedicatória das Últimas Farpas, trazem o selo da isenção (...)».
De modo que um dia destes, pego nas pernas e vou ouvir o Professor numa qualquer palestra comemorativa do Centenário. Levando comigo a excelente biografia que escreveu em 1998 para a Câmara de Famalicão.

Cronologia da república - 25 de Junho

  • 1912


Bernardino Machado é nomeado embaixador no Brasil

  • 1913

O deputado João de Freitas, acusa Afonso Costa de não actuar no escândalo de terrenos em São Tomé, que estariam a ser ocupados por particulares

Quando outro deputado interpela-o, João de Freitas ameaça-o com uma pistola

  • 1920

Protestos contra o alto custo de vida

  • 1922

É fechado o jornal açoriano “A Folha de Angra”

  • 1925

Invasão policial de várias associações resultando na prisão de 50 operários







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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Republicanas fraudes


A MENTIRA oportuna



A VERDADE incómoda

A patética comissãozinha das pífias comemorações do maior barrete campínico da nossa história, decidiu-se a propagandear A Portuguesa. Aproveitando um dos mais sólidos pilares do regime - o futebol que faz o momento político, económico e social-, aí está o "encarte" oportuno, induzindo em erro. Esta geração intelectual da péssima safra de Setenta - uma triste e repetitiva sina duo-secular -, treinada pelos exemplos de Vichinsky, Iezov, Ehrenburg, Ponomariov ou incómodos e escondidos correspondentes berlinenses, sempre se salientou pelas habilidades no reescrever da História.

Talvez possamos prestar um serviço à perdulária comissão de gente de "negócios milionários" e fora de cotação bolseira, fornecendo-lhe para Arquivo, a capa da partitura original de A Portuguesa, Hino nada "republicano" e em tudo avesso aos entusiastas comemoracionistas de sarjeta.

A República explodiu...


«A República faliu porque era a negação da ordem, era o atentado feito lei, ero o ódio sectário consagrado como virtude, era a perseguição sangrenta a todos os princípios e a todas as crenças, na pessoa dos seus asseclas, muitos dos quais pagaram com a vida a intransigência de uns e outros.
A República faliu porque era o crime com forosde cidade, era a imoralidade provocante impando de importância e dando-nos ares conselheirais.
A República faliu porque era Afonso Costa perseguidor da Igreja e sectário odiento, era Bernardino estrangeiro e almocreve das petas, era António Jose dde Almeida, lunático e pueril, era Brito manhoso e rábula, sem nenhum pensamento generoso, sem nenhuma ideia de franqueza, antes conservando na alma todos os refolhos da insídia e todos os cálculos da maldade, tão capazes uns e outros de armar um assassino, como eles próprios de empunhar o ferro homicida»
in Gazeta de Famalicão - Semanário Monárquico, de 01.FEV.1919.

Paiva Couceiro exilado por Salazar !


Exilado pelo salazarismo a 16 de Setembro de 1935, por seis meses, por ter criticado publicamente a política colonial do regime.

Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado (mais tarde P.I.D.E.) – “Certificado de viagem” com que Henrique Paiva Couceiro saíu de Portugal para o seu último exílio em Espanha. Ia fazer 77 anos! Mesmo assim foi tratado por Salazar como o pior dos criminosos…
A carta que escreveu a Salazar a 31/10/1937 e que lhe valeu esse derradeiro exílio pode ser lida no link seguinte:

http://www.angelfire.com/pq/unica/ultramar_1937_paiva_couceiro_ultramar.htm

Fonte : Miguel Paiva Couceiro

Cronologia da república - 24 de Junho

  • 1911


É fechada a publicação “O Silvense”

São detectadas em Viana do Castelo, notas falsas de 5.000 réis

  • 1912

Greve da CP

  • 1915

É fechado o jornal “O Proletário” de Lamego

  • 1922

Gomes da Costa é convidado para chefiar uma conspiração contra o governo

  • 1924

O deputado Cancela de Abreu declara na assembleia que o país está entregue a uma quadrilha de ladrões









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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Perfil de um candidato a presidente da república


João Afonso Machado numa breve e esclarecedora resenha do perfil de Norton de Matos. Para ler aqui

Cronologia da república - 23 de Junho

  • 1912


Greve da Carris

  • 1919

Fecho da sede da União Operária Nacional

Fecho da sede da Federação da Construção Civil

  • 1923

Detenção de João de Almeida, o herói dos Dembos, para garantir a ordem pública

  • 1925

Greve geral em Coimbra

 
 
 
 
Fontes: aqui

terça-feira, 22 de junho de 2010

GRANDES CAUSAS DA MONARQUIA


É «o titulo genérico de uma série de exposições» que Rogério Afonso Seabra Leitão Cardoso se propõe «organizar sobre o longo período de vigência do regime monárquico em Portugal».
Isto porque, conforme o idealizador do projecto, «é corrente ouvirmos dizer, por ignorância ou malícia, que pouco ou nada foi feito em tempo de monarquia e tudo começou a melhorar com a república. Não poucas vezes, os comunicadores e fazedores de opinião somam erros e confusões quando falam da monarquia, daí resultando uma boa parte do desconhecimento sobre a vida dos portugueses durante os séculos em que vigoraram os sistemas monárquicos. A deturpação, a alteração e a invenção continuaram a ser utilizadas para denegrir muito do que foi feito a favor dos portugueses mais desfavorecidos.
A época mais próxima de nós - a do constitucionalismo monárquico - foi fértil na criação de instituições de beneficência, então assim se chamava o que hoje conhecemos por assistência social. Os governos de então e os membros da Família Real tiveram um papel importantíssimo na extensão dos serviços do Estado aos domínios da beneficência e da saúde pública, bem como na solução das carências sociais, contribuindo e apoiando a criação de inúmeras instituições assistenciais que colocaram Portugal no mesmo caminho e nível do que melhor se fazia na Europa».
A primeira exposição versa, pois, a Assistência Nacional aos Tuberculosos, «criada e presidida pela Rainha D. Amélia, é a prova iniludivel da vontade da Monarquia bem servir Portugal. Em poucos anos, foi criada uma organização de combate à doença que flagelava anualmente milhares de portugueses de todas as classes sociais. Apareceu uma rede de dispensários, hospitais e sanatórios que se estendeu a todo o país e continuou a servir durante dezenas de anos. Montou-se uma campanha de propaganda visando o esclarecimento e a profilaxia. Surgiram laboratórios dedicados à análise clinica e à experimentação de fármacos. Publicaram-se numerosos estudos científicos e houve a colaboração dos melhores médicos e investigadores. Arquitectos de prestígio projectaram edificios vocacionados para a luta anti-tuberculosa. Envolveu-se a sociedade civil nessa luta. Tudo isto em apenas 10 anos, apesar da exiguidade de meios e das tecnologias de então.
A República inaugurou um único sanatório cuja construção, concluida em Fevereiro de 1910, aguardava apenas a dotação de equipamentos para entrar em funcionamento no final daquele ano. Foi o caso do Hospital do Repouso, sanatório a que teria sido dado o nome de "D. Carlos I", em memória do Rei martirizado. A República mudou-lhe o nome, indevidamente, para Hospital Pulido Valente, segundo o velho preceito de matar a memória».
Sem os meios financeiros que o Estado atribui aos «situacionistas», esta era mais uma exposição patente no Teatro do Viriato, em Viseu, aquando do Congresso da Causa Real. Mais uma iniciativa de um português inconformado com este regime devorista e lutador pela reposição da verdade histórica e de um Portugal melhor.

Cronologia da república - 22 de Junho

  • 1912


Os funcionários da CP convocam a greve geral

Distúrbios em Lisboa que resultam num morto

  • 1916

O decreto 2465 declara em vigor nas colónias a censura postal e telegráfica

  • 1925

O jornal “A Batalha” de Lisboa é alvo de censura







Fontes: aqui

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Cá se fazem, cá se pagam...ou da inutilidade de um regime.

«E ouçam V. Exas. Em Dezembro de 1914 estava no Poder um governo saído do Partido Democrático, governo presidido pelo Sr. Vítor Hugo de Azevedo Coutinho e de que eu tive a honra de fazer parte. Contra êsse partido, contra êsse Governo levantou-se a mais feroz guerra por parte dum partido constitucional da República, o Unionista, acusando-se o Sr. Dr. Manuel de Arriaga de ser parcial para com aquele partido. O Sr. Dr. Manuel de Arriaga numa conversa que teve comigo - e desde que se trata duma conversa política, ela pode ser divulgada - disse-me estas palavras: - "Que querem êstes homens que eu faça? Atacam-me como foi atacado o rei Carlos! Esta lei maldita (era assim que êle denominava a Constituição) não deixa fazer nada!"»

Palavras do deputado Barbosa de Magalhães (Ministro da Justiça no governo dos Miseráveis, que durou um mês entre Dezembro de 1914 e Janeiro de 1915), acta da sessão de 30-07-1919 da Câmara dos Deputados da República Portuguesa.


A República dos atentados

"No entanto João Chagas nunca chegaria a tomar posse. Vindo do Porto no Comboio da noite, Chagas sofreria um atentado no Entroncamento perpetrado pelo Senador João de Freitas que o baleou na cabeça e tórax. Chagas perdeu um olho, mas salvou-se milagrosamente. Para o Senador João de Freitas não houve milagre. Preso pela Guarda Republicana do Entroncamento, foi adequadamente abandonado na sala de espera, onde a Formiga Branca o espancou até à morte.
Com João Chagas debatendo-se entre a vida e a morte, José de Castro (O decano) assume a presidência do Conselho de Ministros."

Luís Bonifácio, Cartas Portuguesas

ler o resto aqui.

Cronologia da república - 21 de Junho

  • 1911


Fim formal da “ditadura” do governo provisório

  • 1912

A circulação de eléctricos está dependente de escolta polícial

  • 1914

É fechado o jornal “Sul Democrático” de Évora

O governo de Bernardino Machado apresenta a demissão

  • 1924

Tumultos em Silves

  • 1925

É fechado o jornal “A Voz de Tomar”




Fontes: aqui

domingo, 20 de junho de 2010

Congresso da Causal Real em Viseu – Discurso de Rui Monteiro


Sr. Presidente Dr. Paulo Teixeira Pinto
Ilustres Congressistas
Portugueses

Ao longo de quase 200 anos, desde a instauração da Monarquia Constitucional passando pela revolta da Rotunda chegando até hoje, o sistema político foi sempre definido à Esquerda e à Direita. Durante este período uma parte da direita esteve por razões históricas ligada à Causa Monárquica, e no entanto apesar do esvaziamento político provocado pelo Estado Novo, a Esquerda teve sempre a sua componente monárquica mesmo que por vezes tenha sido esquecida.
Alguns dos mais ilustres políticos da nossa Pátria destacaram-se em Monarquia antes mesmo da criação de partidos de esquerda monárquicos como por exemplo : Partido Socialista Português, ou mesmo o Partido Regenerador. Ilustres portugueses como Fernandes Tomaz, José Estevão e Passos Manuel originários da extrema-esquerda monárquica nunca colocaram em causa a sua Rainha ou mesmo o regime. Hoje são injustamente reclamados pelos republicanos como exemplos de proto-republicanismo, como se uma amnésia propositada fosse incutida de modo a ignorar que fazem parte do nosso DNA ideológico-político.
Quando da criação em 1875 do Partido Socialista Português de Antero de Quental e Oliveira Martins, este não era de modo nenhum republicano, rejeitava o anarquismo preocupando-se mais com as questões do proletariado do que com a questão do regime. Antero de Quental deixou ferretado em muitos lugares o seu horror pela “fantasia republicana”, como lhe chamava em carta a Oliveira Martins sobre a revolução em Espanha. Por declarar “raça pérfida” foi declarado traidor pelas hostes republicanas inspiradas por Teófilo de Braga.
Este Socialismo inspirado por Proudhon também na mesma altura em França tinha os seus seguidores preocupados com os problemas da economia moderna e da filosofia da história, onde se juntavam escritores monárquicos e sindicalistas. Tal como Proudhon Antero de Quental era um mestre da contra-revolução. Manter o seu nome na tabuleta de um centro republicano, é vergonhoso testemunho da mais rotunda pedantesca ignorância. Como ele mesmo dizia “a nossa república é de garotos”. Oliveira Martins também não escondia o seu monarquismo, em 1885 em eleições para deputado pelo Porto respondia “E quem lhes disse aos senhores, que sou republicano ? Não sou, sou socialista … “ e acrescentava “República, anarquia e Castela !”.

É óbvia a perseguição feita pelo Partido Republicano Português ao Partido Socialista Português, no entanto o PSP não deixava de respeitar as regras da Democracia ao concorrer às eleições e elegendo os seus deputados.
Em 1894 já existiam contactos entre o PSP e o Partido Regenerador de Hintze Ribeiro, e depois do Regicídio D.Manuel II continuou esses mesmos contactos dizendo mesmo que “era o único partido que melhor representava a vontade do Povo”.

Exemplo disso é a carta de El Rei a Venceslau Lima : “O PSP encontra-se desorganizado e dividido desde 1891. O Partido Republicano tem-lhe feito uma guerra de morte e arranjou sempre as coisas de maneira que o partido se encontrasse em desacordo (…) O Partido Socialista encontra-se há poucos dias completamente unido : a pessoa que conseguiu isso é Alfredo Aquiles Monte Verde (…) Eu tenho–me interessado muito há bastante tempo por essa questão, que tenho vindo seguindo e ajudando.” Os contactos para formação do governo foram feitos tendo Monte Verde reconhecido e agradecido por escrito o grande empenho de El-Rei D.Manuel II para com os “seus” operários.

Como diria por carta em 1911 o Ajudante de Campo Lobo Vasconcelos a El-Rei D.Manuel II :
“Vossa Majestade, segundo a sua Religião, é socialista, mas socialista “prático”, que procura dizer o bem e não o “utópico” que acaba em anarquia. Amar o próximo como nós próprios, digo mesmo, é um dos seus mandamentos …”

Depois de 1910 os Socialistas continuam a ser perseguidos mesmo em plena República, Carlos Malheiro Dias em 1911 diz mesmo “os proletariados acusam a república de ter mandado fuzilar os operários grevista de Setúbal como nunca se tinha feito no tempo da monarquia”.

Alguns republicanos vendo o descalabro da republica tornaram-se monárquicos de esquerda como o caso do Grande Gago Coutinho que dizia já na fase final da sua vida o seguinte :
Nunca me meti na política, mas, até 1914, julguei que o regime República seria o melhor, por terem falido os políticos que aconselhavam os reis. A seguir às revoluções da República, que provaram também a falência dos seus homens, passei a considerar preferível um regime monárquico constitucional, como o inglês… mas mais socialista do que trabalhista. Este está arrebentando a Inglaterra, e se a rainha Vitória voltasse a este mundo, fugiria logo para outro… Almirante Gago Coutinho”

Como é sabido o PSP como todos os outros partidos foram ilegalizados em 1933 em pleno Estado Novo. Apesar desta claustrofobia ditatorial não deixou de haver quem defendesse o ideal monárquico e a democracia. A pesar da forte presença de monárquicos afectos ao regime de Salazar também os houve do outro lado da barricada lutando pela Democracia e pela Liberdade. Exemplo disso era o grupo “Monárquicos Independentes de Lisboa” onde militavam Gonçalo Ribeiro Teles, Francisco Sousa Tavares, Fernando Amado, Rodrigo Costa Félix, Carlos Camossa. Alguns participaram em acções revolucionárias da “Convergência Monárquica”, mais tarde participaram em vários movimentos nas eleições de 1969 como a CEUD e o CEM.
Foi no dia 25 de Abril de 1974 que o país viu Francisco Sousa Tavares em cima de uma Chaimite com um megafone : “Povo português, vivemos um momento histórico como desde os dias de 1640 não se vive : é a libertação da Pátria”.

Com a Liberdade os monárquicos democratas de esquerda não deixaram de participar na Democracia, Francisco Sousa Tavares e sua esposa Sofia Melo Breyner foram deputados pelo Partido Socialista. Em 1985 Gonçalo Ribeiro Teles fez uma aliança com o Partido Socialista tendo o PPM três deputados na bancada Socialista na Assembleia da República. Já em 1969 Gonçalo Ribeiro Teles tinha concorrido na lista da CEUD de Mário Soares às eleições na época de Marcelo Caetano.
Gonçalo Ribeiro Teles em 1973, com Barrilaro Ruas, consegue que o 3.º Congresso da Oposição se passe a denominar 3º Congresso da Oposição Democrática, em vez da recôndita fórmula “republicana”.

A história mostra-nos os inúmeros exemplos de uma Esquerda Monárquica que nunca esqueceu os ideais de Liberdade e Democracia. É por isto injusto dizer que a Causa Monárquica ao logo destes quase 200 anos seja um activo exclusivo da direita.

Sem dúvida que nenhum dos ideais da esquerda democrática actual em Portugal e nos outros países democráticos põem em causa o regime monárquico :

- rejeitar a revolução e outras ideias tradicionais do marxismo como a luta de classes, mas exigência de uma revolução económica e social para combater os problemas que atacam a nossa sociedade nesta crise económica sem precedentes.
- o reformismo é uma maneira possível de atingir o socialismo
- regulação estatal e da criação de programas que diminuem ou eliminem as injustiças sociais inerentes ao capitalismo
- direitos humanos e preservação ambiental
- laicidade do Estado

Tudo isto não põe em causa a imparcialidade do Chefe de Estado, a monarquia não é incompatível com a democracia pluralista, da esquerda à direita; o alto cargo não-eleito que é a Chefia do Estado, aparte os juízes – que não é só herdada por sucessão mas também preparado durante a educação e crescimento do sucessor, para servir o interesse nacional. Processo definido na Constituição e fiscalizado pelo Parlamento. Precisamos de bons chefes de estado, dispostos a sacrificar a sua vida em prol do Bem Comum. Os governantes, hoje como ontem, gostam dos palácios mas não gostam da rua onde se vê a pobreza e o analfabetismo que não ajudam a mudar. E, na sua maioria, não estão preparados para ocupar nem uma coisa nem outra. Logo, vamos avançando por iniciativas quase individuais ou de pequenos grupos, que são os heróis de todos os dias.

Temos os exemplos de países monárquicos constitucionais onde os partidos de esquerda convivem bem com a direita. Exemplos do PSOE em Espanha, os Trabalhistas em Inglaterra ou mesmo os partidos sociais-democratas nórdicos. No geral os partidos de esquerda europeus de países monárquicos preferem um Rei pois este defende melhor os ideais republicanos.

Fala-se na Revisão Constitucional e como tal a questão da legitimação do regime é lícita, mas para que tal seja possível através de referendo tanto é valido o contributo da direita como o contributo da esquerda. Como nas eleições presidenciais o voto é obtido ao centro e como tal num referendo é esse o caminho que tem que ser seguido para não extremar posições.

Está na altura de retirar a Causa Monárquica do gueto ao qual ficou confinado por interesse político de alguns grupos ou mesmo pelos meios de informação. Está na altura daqueles que são de esquerda e que acreditam num regime legítimo como o monárquico deixarem de ter medo e complexos de o serem para que todos possamos ajudar na transição para uma democracia monárquica e na aclamação de D Duarte II.

“Este é o tempo …
Esta é a hora !”

Rui Monteiro

19 de Junho de 2010
Viseu

Cavaco Silva ausente do funeral de José Saramago‎



As razões de Cavaco Silva não se representar no funeral de Saramago não são muito difíceis de entender, vendo as declarações de Saramago nas presidenciais de 2005 na SIC Notícias vê-se uma pessoa impoluta que acha que tem o direito de menosprezar e mesmo reduzir à insignificância Cavaco Silva. A Obra de Saramago fica para a História, agradecemos ter espalhado pelos cantos do mundo a nossa Pátria que é a nossa Língua. As declarações também ficam para a história, o passado também.
No fim o Chefe de Estado não representou todos os portugueses.
Para todos os mortais “Os actos ficam com quem os praticam”, Saramago não foi diferente.

Qual é coisa, qual é ela...?




«Vem o sr. Afonso Costa… Aquilo é que é uma besta!»
(Fernando Pessoa)



Afonso Costa não é, como escreveu A.H. de Oliveira Marques, o mais querido e o mais odiado dos Portugueses. É, com certeza, uma das figuras mais ridículas e abjectas da História de Portugal, epítome do que constituiu a I República, ou seja, um regime de vale-tudo, de ameaças, de extorsões, de perseguições e ódios. Afonso Costa jamais foi querido. Foi sempre temido, odiado, repudiado e no fim respeitado, pois ser amado significava perder a força necessária à consolidação da sua obra. A República Portuguesa, sobretudo nos seus defeitos (sim, porque não podemos esconder-lhe algumas virtudes) foi da sua lavra. Desde a tentativa de erradicação da Igreja Católica, às sovas que deu ou mandou dar aos seus opositores, passando pelos pequenos furtos ou os grandes roubos em que esteve envolvido, sem qualquer pejo, embaraço ou vergonha. Como escreveu Fernando Pessoa: «Não podendo Afonso Costa fazer mais nada, é homem para mandar assassinar. Tudo depende do seu grau de indignação.». Ora, a indignação de Afonso Costa teve vários graus, tantos ou mais do que aqueles que subiu na hierarquia da Maçonaria que o acolhia com fraternidade. Aliás, a raiva deste paladino da República nunca foi elitista, faça-se-lhe justiça: tanto se dirigia a monárquicos como a republicanos, dependendo de quem se atrevia a fazer-lhe frente.

Político experimentado dos últimos anos do Rotativismo e da experiência do Franquismo, A. Costa sabia uma coisa: para governar um país como Portugal, a Democracia só podia vir depois. Mais, o primeiro passo para mandar nos portugueses, não é suspender o Parlamento, ou calar a Imprensa, é alimentar o mais possível o caciquismo e os clientelismos. Por isso, com uma mestria nem sequer igualada pelo seu sucessor das Finanças a partir de 1926, rodeou-se da família, criando uma Dinastia de Costas (a expressão aparece na sua correspondência), leal, forte, incorruptível (na qual a sua mulher teve um papel fundamental, mesmo apesar de às mulheres a República ter negado o direito ao voto), distribuiu benesses aos mais próximos, amigos ou inimigos, mantendo-os no bolso como qualquer bom gangster o faria.

Contudo, Costa tinha um lado medroso que faz dele esse político tão extraordinário e vivo da nossa História. Rodeava-se da púrria (adolescentes vadios e marginais a quem oferecia bombas e armas para assustar a população) e ele próprio manejava a pólvora como ninguém; por outro lado era incapaz de enfrentar um opositor num frente a frente. E tinha medo, muito medo, do próprio terror que lançara. Quando, em 1917, Sidónio o mandou ir prender ao Porto andou escondido em guarda-fatos e dali saiu apupado por uma fila de mulheres. Passou vexames inacreditáveis: viu a sua casa ser esbulhada de alguns dos objectos que ele tinha furtado nos Palácios Reais e um dia de Julho de 1915, seguindo num eléctrico atirou-se pela janela fora ao som e à vista de um clarão que pensava vir de uma bomba. Não fora um atentado, apenas um curto-circuito…estatelou-se no chão de onde foi levantado pelos transeuntes em estado grave e, durante meses e anos a fio, Lisboa transformou esta cena patética numa adivinha popular: Qual é coisa, qual é ela, que entra pela porta e sai pela janela?

Afonso Costa participou em negociatas e estranhos casos de favorecimento. Desapareceram processos durante o seu ministério na Justiça e não poucas vezes viu o Parlamento envolvê-lo na "roubalheira" de que fala Raul Brandão e na qual políticos e militares participavam. Em França um banqueiro virou-se para António Cabral, ex-ministro da Monarquia perguntando-lhe: - “Conhece um tal de Afonso Costa, em Portugal”. António Cabral disse que sim, que o conhecia bem… ao que o capitalista respondeu – “Pois deve ser um dos homens mais ricos do seu país, dada a quantia que possui na conta que por cá abriu…”

Nada o detia. Para além de manipular a legislação a seu favor (algo que facilmente podia fazer dado que controlava, a partir da proeminência do seu Partido Democrático, veja-se o Caso das Binubas, de que hoje ninguém fala…) executava malabarismos financeiros, como o que envolveu a sua mulher para quem fez desviar, sob a desculpa da caridade, meio milhão de francos, destinados à Comissão de Hospitalização da Cruzada das Mulheres Portuguezas, de que a D. Alzira Costa era presidente.

Claro está que no meio de governos maioritários, ditatoriais e não fiscalizados, no meio do clima de terror que Afonso Costa ajudara a criar e mantinha para sua segurança e a da própria República, os roubos não só eram frequentes, como absolutamente seguros (prova-o a “habilidade” de Alves dos Reis, em 1925). Nenhuma investigação sendo efectivamente aberta levaria a alguma condenação. Não deixa de ser curioso que às despesas e aos roubos que os republicanos faziam questão de apontar antes de 1910 tornaram-se frequentíssimos durante a os loucos anos da I República: armamento, fardas militares, promiscuidades várias com empresas estrangeiras, etc, etc.

Através da figura de Afonso Costa é fácil entender as actuais comemorações do Centenário e como, a meio deste ano de 2010, os seus mandatários resolveram assumir a celebração dos primeiros anos da República, evitando assim o Estado Novo e, na 3.ª República, fugir à inevitável glorificação de uma certa “oposição” não socialista. É que a Primeira República, intolerante e exclusiva como hoje alguns dos seus admiradores é a melhor e talvez a única maneira de regressar às raízes e à autenticidade da República Portuguesa tal qual ela foi gizada.

Publicado aqui.

Digam o que disserem


Tenho dó de um regime incoerente que freta um avião militar para ir buscar o corpo defunto de um português a Espanha mas é incapaz de ir buscar os restos mortais dos soldados portugueses mortos em combate em África. A culpa não é de Saramago, a quem reconheço, pelo menos, o valor da transmissão da língua portuguesa. Esta é uma república que se diz igualitária mas que no tratamento social comporta-se pior que os excessos nobiliárquicos de distantes monarquias. Por estes dias vê-se a coerência dos comunistas sempre prontos a erguer estátuas desiguais em prol dos que lhe beneficiam o "estatuto". Saramago era comunista na teoria. Nunca o vi refilar pela critica lhe prestar vassalagem, nunca o vi refilar pela sobranceria, por ter uma fundação financiada com dinheiros dos contribuintes, de trabalhadores mais pobres do que ele, e para os quais ele nunca deu esmolas; desconheço o lado benemérito de Saramago. Chegou de avião com honras de estado, terá direito a mil e duas homenagens, por parte deste regime histérico por "calmantes" que apaziguem os sérios problemas, mas concerteza a "família" vai querer sepultar as cinzas de uma forma muito "sóbria", conveniente. A culpa não é de Saramago. Nem do Fidel Castro que pediu aos seus camaradas para comprarem flores pela Cuba livre. A culpa não é dos milhões de cidadãos portugueses que nunca leram uma linha dos seus livros. A culpa não é desta República, que deve e não paga os crimes da sua história. A culpa da coerência não existe. A culpa é minha por já ter visto morrer muitos Portugueses de magnânimo valor sem que lhe fosse prestada qualquer homenagem de estado.

Congresso de Viseu - a mensagem do Prof. J. Adelino Maltês


Foi um momento inesquecivel, o da intervenção do Prof. José Adelino Maltez, ontem, no Congresso da Causa Real em Viseu. Em tudo e por tudo: pelas memórias pessoais que invocou, pela sua análise histórica, pela sua liberdade de pensamento, pelo futuro no qual frisou acreditar sempre.
Por quantos mitos foram sucessivamente caindo, enquanto falava e dizia claramente que a res publica é nossa, pertence à Monarquia em que Portugal nasceu, cresceu e decerto sobreviverá e recuperará dos seus males actuais.
O seu primeiro contacto com a realidade monárquica: o casual conhecimento desse velhinho simpático, conversador, humilde - afinal o Senhor D. Duarte Nuno, residindo em Coimbra, nos seus pacatos passeios na cidade.
J. Adelino Maltez defeniu-se como um tradicionalista - logo adverso ao reacionarismo; conservador - por oposição a revolucionário ou contra-revolucionário. Um homem livre e, só por isso, monárquico. Porque já nas apócrifas Cortes de Lamego se gritou: «nós somos livres e o nosso Rei é livre». Esse o brado que os portugueses deverão sempre trazer na sua alma.
Em traços breves mas precisos sublinhou os grandes mestres do pensamento monárquico e da oposição à II República - Almeida Braga (entre os integralistas), João Camossa, Ribeiro Teles, Henrique Barrilaro Ruas com quem tanto aprendeu. Homens depois copiados, mas silenciados, adaptados, logo adulterados. "Onde houvesse um movimento oposicionista ao estado Novo, estava sempre lá um monárquico".
Ao longo da sua intervenção, o enaltecimento dos momentos altos da afirmação da nossa identidade nacional: a Dinastia de Avis, o Príncipe Perfeito, 1640, a Constituição ou a Carta Constitucional, 1820 ou 1826, a Maria da Fonte, a Patuleia, o travão colocado ao "devorismo". E o repto: sobrevivamos a este regime, remodelemo-lo, "reelejamos o Rei".
Ficaria bem clara, a finalizar, o conselho - estudem. Estudemos.
Porque, evidentemente, só assim conheceremos o logro enorme com que a República insiste em vendar os olhos aos portugueses. Esse logro que não traz para as parangonas dos jornais o incómodo pensamento de José Adelino Maltez.