quarta-feira, 30 de setembro de 2009

X – LISBOA “REPUBLICANA” (1)

«Lisboa tem o ar de uma cidade coacta e constrangida, com as casas fechadas, as avenidas desertas, os restaurantes e as grandes lojas às moscas. Pelas ruas, de quando em quando, ajuntamentos de plebe arremangada, que parece esperar não sei que Páscoa; ou bichas de gente correndo ao governo civil e aos ministérios, e atroando os ares com berrarias que os jornais chamam pomposamente “manifestações”. A tropa sai dos quartéis para fazer apoteoses (!), como o outro dia ao Magalhães Lima. Os heróis e os ministros andam pela província no record dos vivas e na patuscada dos jantares. A gente rica retrai-se, a classe preponderante desaparece e some-se; e todos, atónitos, perguntam se é este o quadro de Portugal redimido e aberto à liberdade!
Digam-me então se pelo que acabo de expor, o país não ficou pior depois da República, do que estava nos “omniosos tempos da monarquia”».

ALMEIDA, Fialho d’ – Saibam quantos… (cartas e artigos políticos). Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1912, pp. 25-26.

Sem rei nem roque

Foi um espectáculo confrangedor ontem à noite assistir às declarações do Chefe de Estado: afinal as suas tão aguardadas palavras pouco mais revelaram do que um homem acossado pela intriga que grassa entre os órgãos de soberania e de estados d’alma pouco dignos do mais alto magistrado da nação. Depois, já enterrado no sofá, foi assistir atónito à intervenção do ministro Pedro Silva Pereira, em autêntica pose de estadista, ripostar com invulgar dureza e numa arrogância quase elegante a pública birra de Cavaco Silva.
O que vem à tona com isto tudo é a materialização dum negro pesadelo: uma nação pobre e decadente a hipotecar o seu presente com uma baixa e irresponsável guerrilha política protagonizada pelos principais órgãos de soberania nacionais: uma crise sistémica sem solução à vista. Sem dúvida o panorama ideal para o regime celebrar o seu centenário.

Cronologia da república - 30 de Setembro

1911

  • 130 Prisioneiros políticos

1916

  • Criação de uma comissão de abastecimento para regular o consumo populacional

1920

  • Greve dos ferroviários
  • Greve dos varredores

1921

  • Tentativa de derrube da Republica pelo chefe do 31 de Janeiro de 1891

1922

  • É fechado o jornal "A Victória de Lisboa"

Fontes: aqui

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Devorismo institucional




O actual descalabro inter-institucional, torna agora a república mais nítida aos olhos dos portugueses.


No passado Domingo, Cavaco foi votar, foi tomar partido. Conhecendo a personalidade, sabemos em quem votou e porque o fez, aliás no seu pleno direito. Soares fez o mesmo, assim como Sampaio. Cada um deles vota e escolhe o partido dos seus, aquele que o alçou à magistratura e lhe fornece os necessários e muito numerosos assistentes que o coadjuvam nas funções.

O actual residente de Belém confirmou tudo aquilo que a controvérsia lhe aponta. Manifesta a suposição de insegurança, ao ter encontros com gente que lhe garanta a blindagem do seu equipamento electrónico, seja ele qual for. Não desmentiu categoricamente as palavras proferidas pelo sr. Lima - que falou "em nome do presidente" .e apontou o dedo ao partido do governo.

A república é isto e fatalmente iremos conhecer de forma desabrida, o mesmo tipo de conflitos que sujaram durante mais de uma década, a necessária decência que não existiu, por exemplo, entre Mitterrand e os governos eleitos pela direita francesa. Os portugueses não estão habituados a este tipo de esquemas palacianos e pelo contrário, desprezam-nos visceralmente. A imagem que ficou no imaginário popular, foi aquela deixada pela imparcial - por vezes salomónica - Monarquia.

Ainda que de uma forma sofrível, Soares soube disfarçar a hostilidade que votava ao seu 1º ministro Cavaco Silva. Sampaio foi aquilo que se sabe. Cavaco, sendo de direita, não beneficiará daquela condescendência outrora votada aos seus antecessores, bem protegidos por um complexo emaranhado de interesses e lugares cativos de um controleirismo bastante evidente. Os velhos complexos de esquerda que atingem bem fundo uma sociedade incrédula, pouco interessada e sobretudo irresponsável, sempre deixou passar incólumes, as atitudes que deslustraram, rebaixando-as, as funções presidenciais. Episódios vergonhosos de desrespeito presidencial pela parcimónia na despesa, o claro pendor para o nefando "amiguismo" de vários contornos, o descarado favoritismo partidário e outras aleivosias mais, sempre beneficiaram da passagem da esponja progressista que tudo rapidamente fazia esquecer.

A partir desta noite, Cavaco não parecerá tão diferente daqueles que substituiu e nem poderia ser de outra forma. É assim que se faz a política da partidocracia levada até às suas últimas consequências, neste caso, a própria chefia do Estado que a população devia olhar como instância suprema, independente e digna reserva moral da nação.

Assim sendo, A. Cavaco Silva dará posse a um governo no qual não confia e contra o qual decerto - muito legitimamente, segundo o seu ponto de vista ou interesse - erguerá defesas. Tendo querido ter a absoluta certeza da consumação eleitoral do fim da maioria absoluta, sente-se mais seguro para rapidamente passar a um ensaio geral para uma não muito longínqua tentativa de mudança do regime: a 4ª república, ou seja, ele.

A partir de hoje, os portugueses acordam para uma realidade pela maioria desconhecida, ou envergonhadamente ignorada.


Sabemos bem o que a Monarquia vale e do que é capaz e a prova encontra-se patente em todos os Estados - exactamente os mais progressivos - da Europa de que fazemos parte.

As novas incursões

Começam em festa no dia o4 de Outubro.

Cronologia da república - 29 de Setembro

1911

  • Tentativa de derrube da Republica no Porto

1912

  • Num jornal, João Carlos Rates cita um rural alentejano, que descreve os políticos como uns oportunistas, usando a metáfora de uma nora

1918

  • É fechado o jornal "O progresso" do Funchal
  • É fechado o jornal "A província do Algarve" de Tavira

1920

  • Solidarização de outros sectores com a greve das classes marítimas

Fontes: aqui

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Bandeiras: pequeno manual de propaganda


Segundo alguma comunicação social, durante o dia de ontem que uma bandeira monárquica foi hasteada nas Caldas da Rainha em frente à Câmara Municipal. Isto aconteceu sem que se conhecesse uma fotografia ou declarações dos rebeldes... e a notícia morreu precocemente.
Tendo em conta que estas iniciativas espontâneas tendem a multiplicar-se pelo país fora, por forma a potenciarem-se os resultados do ponto de vista da sua visibilidade aqui deixo umas sugestões:
  1. Colocar a bandeira em lugar com valor simbólico
  2. Tirar boas fotografias, bem iluminadas (com flash se necessário) em boa resolução.
  3. Emitir um comunicado de imprensa expressando as intenções da acção
  4. Enviar o comunicado de imprensa, por exemplo para a Lusa (ver contactos aqui) com fotografia em boa resolução anexada.
  5. Identificar um contacto para declarações à imprensa - não há que recear: o código deontológico dos jornalistas coloca fora de questão a publicação das suas fontes. O sigilo será salvaguardado pelo Órgão de Comunicação Social se essa vontade for devidamente expressa pela fonte.
  6. Se possível criar um blogue com reportagem fotográfica e filme da acção, e do teor do comunicado politico.
  7. Difundir à Lusa e aos blogues de referencia o endereço desse blogue para que possa ser referenciado e visitado.
Simples e eficaz, certo?

Cronologia da república - 28 de Setembro

1913

  • Comício em que o governo de Afonso Costa é atacado

1916

  • Lei D.G. nº197 Altera a constituição

1918

  • Tentativa de derrube da Republica

1923

  • Na aldeia de Ponte, tiroteio entre a GNR e opositores à Republica

Fontes: aqui

domingo, 27 de setembro de 2009

Cronologia da república - 27 de Setembro

1920

  • Assalto de casas comerciais em Chaves

1921

  • Edital que limita a actividade das fábricas de moagem

Fontes: aqui

sábado, 26 de setembro de 2009

Cronologia da república - 26 de Setembro

1914

  • É fechado o jornal "Justiça" de Braga

1922

  • O decreto 8390 dita os dias para as eleições autárquicas e para as juntas de freguesia
    1924
  • As cooperativas nacionais promovem um comício contra a Republica
  • Atentado bombista contra um hotel em Lisboa

Fontes: aqui

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Cronologia da república - 25 de Setembro

1917

  • Dec. Nº3384 Restabelece a ordem militar de S. Bento de Avis
  • Dec. 3386 Restabelece a ordem militar da torre e espada

1920

  • As classes marítimas entram em greve

1922

  • É fechado o jornal "O Lidador" de Beja

1925

  • Início do discurso do promotor de justiça, o futuro marechal António Óscar Carmona no julgamento dos revoltosos de 18 de Abril

Fontes: aqui

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Cronologia da república - 24 de Setembro

1920

  • A sede da união das juventudes sindicalistas é invadida pela polícia

1921

  • Port. 2910 Proíbe passaportes para a Bélgica e a Suíça a trabalhadores sem contracto de trabalho

1925

  • Ataque a uma patrulha da GNR em Lisboa

Fontes: aqui

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Regime de aluguer


Como bem disse o Nuno Castelo Branco, no artigo atrás: (...) Os repúblicanos, esmagados pelo mito messiânico de um jamais reconhecido sonho de recorte bonapartista, insistem no erro da demanda do "grande homem" e atribuem aos sucessivos residentes de Belém, atribuições que o arrastam para a arena onde age a plutocracia (...). Convém é não esquecer que o Bonaparte expansionista não prescindiu de substituir os cornos da sua república por uma coroa na cabeça.

Cronologia da república - 23 de Setembro

1911


  • Protesto estudantil da escola politécnica

1912

  • Os oficiais têm um prazo de 30 dias para reconhecerem a Republica

1918

  • Nacionalização de bancos estrangeiros
  • É fechado pela polícia o jornal "O mundo"

Fontes: aqui

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Barrete republicano




Poucos terão acreditado no total desconhecimento de Cavaco Silva acerca das alegadas - talvez existentes - escutas em Belém. Se o inábil presidente de nada soube quanto ás manobras do seu assessor - que é pago pelos contribuintes e eleva a fasquia da representação do Estado para mais de 17 milhões/ano -, acabou por ser conivente numa situação absolutamente escabrosa, encobrindo a efabulação até ao impossível. Há que dizer sem qualquer tipo de rebuços, que o presidente foi apanhado em flagrante, acabando por prejudicar o seu Partido. Já há alguns meses, quando não soube ou não conseguiu gerir o "caso Dias Loureiro", provou urbi et orbi a sua inacreditável impreparação para um cargo que no essencial, devia eximir o seu titular de todo e qualquer envolvimento na luta partidária.

Os republicanos, esmagados pelo mito messiânico de um jamais reconhecido sonho de recorte bonapartista, insistem no erro da demanda do "grande homem" e atribuem aos sucessivos residentes de Belém, atribuições que o arrastam para a arena onde age a plutocracia, resguardada pela armadura das organizações partidárias. Sabemos como tudo terminará.

Partidos já há muitos. Faltam é as ideias e faltam os homens que façam suas as bandeiras de empresários e trabalhadores e, juntos, sem cálculo e reserva, deixem seguir o coração e restituam aos portugueses o orgulho de o serem. Portugal não precisa de programas, mas de orgulho, amor-próprio, unidade de destino e recobro da memória que se perdeu na fornalha das trivialidades medíocres e das "novas ideias" que são sempre velhas desculpas para não perseverar.
Portugal precisa, desesperadamente, de monarquia.

Cronologia da república - 22 de Setembro

1915

  • Greve de mineiros

1918

  • É fechado o jornal "Justiça" de Braga
    Protestos populares em Alcoutim

1920

  • É fechado o jornal "O Distrito de Leiria"

1922

  • Dec.8380 Autoriza até 500% as taxas sobre o preço dos bilhetes da CP

Fontes: aqui

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

VIII – A LEGISLAÇÃO REPUBLICANA

«O que se legisla é pouco e mau, como por exemplo, a lei de imprensa, incompleta e muito menos liberal que as anteriores, e cujos primeiros parágrafos parecem redigidos de propósito para por o jornal do Homem Cristo à mercê das prepotências da autoridade civil. Demissões, exonerações, juntas de saúde, convites à reforma… balões de ensaio nos jornais, e quem, ipso facto, o substitui; e em pouco mais se cifra a acção governamental republicana.»

ALMEIDA, Fialho d’ – Saibam quantos… (cartas e artigos políticos). Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1912, pp. 21.

O alegado caso das "escutas" a Belém


(...) é um produto da república. Quando o Chefe do Estado é parte da luta política, quando o Chefe do Estado está refém de uma ideologia e provém das forças partidárias que se degladiam e a elas deve a sua eleição, embora teóricamente esteja acima delas somente por força dos preceitos constitucionais,quando o partido do Governo está ideológica e partidariamente em dissonância com o Chefe do Estado e não concorda com a sua actuação que considera prejudicar as suas políticas, que se esperaria?

Texto de João Mattos e Silva na integra aqui »»»

Cronologia da república - 21 de Setembro

1913

  • Conflitos entre Populares e a Polícia em Lisboa

1915

  • Lei D.G nº191 Especifica os crimes de alta traição

1921

  • Lei 1219 Autoriza um crédito para pagar as comemorações do centenário de Fernão de Magalhães

1922

  • Criação do chamado “imposto de vida cara”

Fontes: aqui

domingo, 20 de setembro de 2009

Cronologia da república - 20 de Setembro

1914

  • É fechado o jornal "O operário" de Beja

  • É fechado o jornal "A cidade" de Portalegre

1920

  • Tentativa de derrube da Republica

  • A estação do Barreiro é ocupada pelo exército face a hipótese de uma greve

  • Explosão de linhas ferroviárias

  • Os grevistas detidos são atados a frente dos comboios

1921

  • Por decreto criam-se 3 tipos de pão

Fontes: aqui

sábado, 19 de setembro de 2009

Educar os jovens para a República? Sim, aqui.




Enquanto os caudilhos de uma certa "República ideal", que não existe e ainda não existiu em Portugal, se empenham em doutrinar os jovens estudantes deste país (e vão ter muito trabalho pela frente a avaliar pelo desinteresse manifestado), a vontade em saber mais sobre o regime deposto em 1910 vai crescendo. E quando as aulas começaram, e os alunos que a república tenta arrebanhar para as suas fileiras forem obrigados pelos professores a saber mais sobre o actual regime virão à internet. É que hoje, e graças ao Magalhães e às Novas Oportunidades, eles apenas sabem pesquisar online (os livros tornaram-se obsoletos). Quando cada um deles escrever no Google, "Centenário da República", não é o portal todo catita em que o Estado investiu uns milhares que lhes vai aparecer em primeiro lugar, mas sim este. E isso deve ser frustrante para o banqueiro Santos Silva e toda a sua comitiva.

... anda comigo ver este país de bandalheira


Jornais, TV's e blogges comentam o caso das "escutas". Falam de "Cavaco" de directores de jornais, sobre uma "notícia" que saiu num jornal. Parece que a "notícia" diz que a notícia das escutas foi encomendada! O que me garante que a "notícia" de hoje também não o foi? Falam de "Cavaco". O presidente desta república não se quer meter na lide partidária – da mesma que o elegeu. Falam de "Cavaco" sem o prefixo e o respeito inerente ao cargo. É notório o prestígio que o cargo/emprego do presidente representa para este povo, para estes partidos mal paridos. É notório que o cargo não tem notoriedade, independentemente de quem lá esteja arreado. Já tivemos um trono. Agora temos um penico.

Cronologia da república - 19 de Setembro

1911

  • 40 Presos políticos

1914

  • Adiamento das eleições

1924

  • Entram em greve os armadores pesqueiros

  • A associação industrial do Porto reúne-se para debater o estado da nação

Fontes: aqui

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Mais uma «nova república»? Livra!

Aconselho vivamente a leitura de «Uma nova república contra cem anos desta», um texto de João Gonçalves no blog Portugal dos Pequeninos, no qual me pareceu oportuno deixar um comentário... e convido os colaboradores e leitores da Plataforma do Centenário da República a fazerem o mesmo.

Cronologia da república - 18 de Setembro

1912

  • Conflitos populacionais em São João da Pesqueira

1914

  • Protestos no Porto

1915

  • Dificuldade de abastecimento de produtos alimentares

1922

  • Greve dos operários da indústria de conservas de Setúbal

Fontes: aqui

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

VII – OS MINISTROS DA REPÚBLICA

«Há ministros atacados da doença do sono, que são puros manequins republicanos; há outros, nefelibatas, cultivando principalmente a parte ornamental das pastas, - discursos bombásticos, recepções aos “patriotas”, viajatas com música e vivoteio -; e há, finalmente, alguns cuja actividade, geralmente exaltada nos centros de cavaco, se reparte entre a promulga de leis dispensáveis (verdadeiros fundos de gaveta), e a consabida incrustação nos lugares gordos, de uma variada e ilustre parentela.»

ALMEIDA, Fialho d’ – Saibam quantos… (cartas e artigos políticos). Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1912, pp. 20-21

Grande Festa Azul e Branca

Este ano Lisboa é nossa, e tudo começa aqui

Cronologia da república - 17 de Setembro

1911

  • É fechado o jornal "O Alarme" de Angra do Heroísmo

1919

  • Lei 882 Extingue o Ministério dos abastecimentos e transportes

1921

  • Suspensão dos trabalhos parlamentares

1924

  • Dec 10100 Autoriza o governo a contrair um empréstimo bancário

1925

  • Comício da união sindical operária no Porto contra as deportações

Fontes: aqui

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

5 de Outubro: este ano Lisboa é nossa!


A habitual cerimónia comemorativa da implantação da República na Câmara Municipal de Lisboa não irá realizar-se este ano, devido à realização das eleições autárquicas de 11 de Outubro, anunciou a Presidência da República. Ler mais aqui

VI – A FUTILIDADE DA REVOLUÇÃO REPUBLICANA (II)

«A proclamação da República foi uma imprudência, filha das ambições de mando dos chefes e das cobiças desenfreadas dos subalternos. O povo português não está educado para compreender e amar a liberdade. Na monarquia tinha mais que a necessária, e por isso pela relaxação suprema dos dirigentes, a anarquia alastrou, e a revoluciúncula foi possível com um bando de soldados indisciplinados e meia dúzia de milhares de carbonários».

ALMEIDA, Fialho d’ – Saibam quantos… (cartas e artigos políticos). Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1912, pp. 17-18.

E o «Prémio Miguel de Vasconcelos 2008»...

... Vai para José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa. Porquê? Porque nunca nesta época histórica mais recente – desde o 25 de Abril de 1974 – outra pessoa, em menos tempo, fez mais (ou foi o principal responsável por) acções que enfraquecessem a integridade, a identidade e a dignidade de Portugal face ao estrangeiro.
O «mote» foi logo dado em Abril de 2005, pouco depois da tomada de posse, numa entrevista ao jornal espanhol El País, na qual o Sr. Sousa afirmava que as três prioridades em política externa do seu Governo eram «Espanha, Espanha e Espanha». E, na verdade, a partir daí foi um «ver se te avias» no que se refere a «ibericidade», iniciando, continuando e/ou apoiando projectos cujo conceito central é a «Ibéria»: o Prémio Literário Ibérico; o Centro de Estudos Ibéricos; o Instituto Ibérico de Investigação e Desenvolvimento, sediado em Braga mas dirigido por um espanhol; o Mercado Ibérico de Electricidade. Só falta mesmo que as cimeiras luso-espanholas passem a ser designadas oficialmente de «cimeiras ibéricas», como aliás, informalmente e até na comunicação social, já acontece...
Há, porém, quem não consiga esperar. Em Maio de 2006, o ministro das Obras Públicas Mário Lino disse (na Galiza!) que era – é – «iberista», porque Portugal e Espanha têm «história e língua comuns». Por acaso o Sr. Sousa demitiu-o? Não. Quem cala... Um ano antes, no entanto, havia sido dado o maior contributo prático – ou seja, económico – ao «iberismo» com o aumento do IVA para 21% em determinados produtos, em especial os combustíveis. E para onde foram muitos portugueses que habitam junto à fronteira, com o seu dinheiro, quando queriam reabastecer os seus automóveis? Para Espanha, Espanha, Espanha... Não é, pois, de estranhar que em Março de 2008 tenha sido assinado o «Acordo entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha sobre a manutenção recíproca de reservas de petróleo bruto e produtos do petróleo».
O «mau vento» e o «mau casamento» assumiram outras formas e outros nomes. A 17 de Fevereiro de 2007 o ministro da Economia Manuel Pinho afirmou, em entrevista ao jornal espanhol El País, que «recebemos as empresas espanholas de braços abertos». De facto, houve exemplos eloquentes dessa... «abertura». Em Julho de 2006 foi autorizado à (empresa espanhola) Abertis a construção de uma «plataforma logística» em Castanheira do Ribatejo, no concelho de Vila Franca Xira (cuja Câmara Municipal é ocupada pelo PS) – num processo invulgarmente rápido, sem concurso público, que implicava a suspensão do Plano Director Municipal e a desafectação de terrenos das Reservas Agrícola e Ecológica Nacionais. Em Janeiro de 2006, a Iberdrola é autorizada a entrar na administração da EDP... sua concorrente directa no mercado da energia! Manuel Pinho veio logo dizer que (o representante d)a empresa espanhola nunca ocuparia um cargo executivo – como se fosse apenas isso que facilitasse o acesso a informação estratégica!
E Olivença? Interrogado em Janeiro de 2008, aquando de uma conferência de imprensa após uma cimeira com o Sr. Zapatero em Braga, o Sr. Sousa declarou que tal assunto é «folclore». Todavia, de certeza que o seu homólogo espanhol, tal como todos os antecessores, não considera(va)m Gibraltar como sendo «folclore». Entretanto, bem mais importante é (tentar) organizar, juntamente com o país vizinho, o Campeonato do Mundo de Futebol de 2018: o Governo, através de Laurentino Dias, secretário de Estado do Desporto, praticamente autorizou (porque havia «abertura política»), em Maio de 2008, a Federação Portuguesa de Futebol a iniciar conversações nesse sentido com a sua congénere espanhola.
Mas não é só em relação a «nuestros hermanos» que o Sr. Sousa e os seus «ajudantes» se mostram bajuladores e subservientes. Também com os chineses o «dobrar a espinha» tem sido a regra a seguir. Em Janeiro de 2007, durante uma visita à China (sim, aquela em que Manuel Pinho incentivou os «empresários-modelo» daquele país a investirem em Portugal apregoando os nossos baixos salários), o primeiro-ministro afirmou que, sobre as grandes questões internacionais, as duas nações «partilham os mesmos pontos de vista». Oito meses depois confirmou-se que isso era verdade quando ninguém do Governo, a começar pelo seu chefe, se encontrou com o Dalai Lama – que, e compare-se, poucos dias depois foi recebido oficialmente pela chanceler alemã Angela Merkel. Repetiram-se, assim, as tristes figuras feitas em 2001, quando o líder político e espiritual dos tibetanos visitou o nosso país pela primeira vez – e, note-se, era também o PS, então liderado por António Guterres, que estava no Governo. Ontem como hoje, prevaleceu o «pragmatismo». Honesto na sua cobardia, apesar de ambíguo, o ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado confessou que o executivo não recebia oficialmente o Prémio Nobel da Paz, «como é óbvio, pelas razões que são conhecidas» (Pena de morte? Macau? Brinquedos com chumbo? Arroz chao chao?). E que fazia o Sr. Sousa quando deputados do parlamento se encontravam com Tenzin Gyatso? Dissimulado na sua cobardia, no outro lado do jardim de São Bento, na residência oficial, falava com Bob Geldof!
Na prática, o Governo socialista contribuiu, objectivamente, e mesmo que indirectamente e involuntariamente, para que existam menos portugueses! Lá fora fecham-se consulados e não se paga aos professores de português – ou, quando se paga, é habitualmente com grande atraso; cá dentro obrigam-se as crianças do primeiro ciclo a aprender inglês antes de dominarem o português, além de se fecharem serviços de atendimento de urgência e maternidades, em especial junto à fronteira. Na verdade, nenhum outro facto simbolizou mais e melhor o desprezo pelos mais básicos interesses nacionais por parte do Governo Sócrates do que o encerramento, em Junho de 2006, da maternidade do Hospital de Elvas, obrigando as mulheres daquela região a darem à luz os seus filhos em Badajoz, não muito longe de Olivença... e, por arrastamento, a «oferecer» a Espanha, pela possibilidade da dupla nacionalidade, mais crianças que tanta falta nos fazem, e que, no futuro, quem sabe, poderão optar por serem cidadãos do país vizinho. Mais de um ano depois, em Outubro de 2007, era revelado que o Governo do Sr. Sousa em geral, e o Ministério da Saúde em particular, poupavam, por cada nascimento «externo», a «extraordinária» soma de... 1000 euros (!) – úteis, sem dúvida, para pagar abortos nos hospitais públicos portugueses. E nem os «incentivos à maternidade» entretanto anunciados, insignificantes e tardios, são suficientes para anular ou até atenuar os danos já causados.
Contudo, e não contente com fragilizar sucessivamente o país de diversas maneiras (as referidas e também outras), o Governo do Sr. Sousa decidiu também começar a mudar-lhe os nomes – difícil imaginar uma iniciativa mais ridícula do que a criação, em Março de 2007, da marca «ALLgarve» - e a concluir o processo totalitário e «(a)normalizador» de alteração do modo de escrever o seu idioma. Indiferente aos muitos pareceres contrários – acumulados durante mais de 20 anos – da quase totalidade dos verdadeiros especialistas em língua portuguesa, e, mais importante, à rejeição quase unânime da população, o PS impôs no parlamento, em Maio de 2008, a ratificação do «segundo protocolo modificativo» do acordo ortográfico – com o falso pretexto de que esse acordo é indispensável para a expansão das culturas lusófonas. A resposta a este ataque sem precedentes ao maior pilar da portugalidade só pode ser a desobediência civil, pacífica mas inequívoca.
Com efeito, e felizmente, longe vão os tempos em que palavras e actos anti-patrióticos equiparáveis aos que atrás foram mencionados valiam aos seus autores serem fuzilados, enforcados, defenestrados, trespassados... ou meramente encarcerados ou exilados. Porém, e se hoje fosse vivo, Miguel de Vasconcelos sem dúvida que estaria orgulhoso de José de Sousa.

Artigo publicado no jornal O Diabo Nº 1666, 2008/12/3

Cronologia da república - 16 de Setembro

1918

  • Dec 4807 Autoriza o governo a contrair um empréstimo da caixa geral de depósitos

Fontes: aqui


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Festa Azul e Branca e Concentração Monárquica

Assinalando o início do ano do centenário golpe de estado republicano, a Causa Real e a Real Associação de Lisboa promovem no próximo dia 5 de Outubro às 0.00hs uma concentração monárquica na Praça do Comércio, junto da placa que assinala o local do Regicídio. Ocasião em que o Presidente da Causa Real, Dr. Paulo Teixeira Pinto dirigir-se-á a todos os presentes.

A esta acção juntar-se-ão os participantes na Festa Azul e Branca que decorrerá a bordo dum cacilheiro no Tejo, uma organização de jovens monárquicos e que conta com o apoio da Causa Real e da Real Associação de Lisboa e que a Plataforma do Centenário.

É tempo de mobilização, é tempo de acção.

Cronologia da república - 15 de Setembro

1921

  • É fechado o jornal "A Acção" de Viseu

Fontes: aqui

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Preparar 2010


A loja online do site da Real Associação de Lisboa já disponibiliza bandeiras da monarquia 1,0m x 0,70m a um preço razoável tendo em conta a relação qualidade x tamanho. AQUI

V – A FUTILIDADE DA REVOLUÇÃO REPUBLICANA

«(…) em países cultos e com uma noção definida de liberdade, república e monarquia constitucionais são tabuletas anunciando uma só mercadoria. Não diferem quase como instrumento de governo. Dentro de uma constitucional, como dentro de uma república constitucional, cabem todas as reformas que possa desejar a nação mais progressiva e ter proposto o directório republicano mais radical. Para implantar no país essas reformas, não vale a pena derribar o monarca para assentar no trono o presidente».

ALMEIDA, Fialho d’ – Saibam quantos… (cartas e artigos políticos). Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1912, p. 17.

Cronologia da república - 14 de Setembro

1913


  • É fechado o jornal "A Humanidade"
1914


  • O sindicato dos ferroviários protesta por medidas económicas urgentes
1918


  • São proibidos os comícios promovidos pela união operária nacional
1920


  • Os barbeiros entram em greve

Fontes: aqui

domingo, 13 de setembro de 2009

IV – EDUCAÇÃO, A EVOLUÇÃO E OS REGIMES

«Este Portugal republicano é aquele que tem nas cidades 75, e nas aldeias 90 por cento de analfabetos; que apedreja os médicos por ocasião das epidemias, que crê parvamente em Messias políticos e bruxas, que vive de indústrias fictícias e agriculturas rotinárias, e com um jornalismo pedante de repórteres, uma ciência de copistas e uma literatura de decalques, chegou a este grau de subalternização mental e moral: no campo das liberdades políticas só conhecer vivas e morras, e de tal maneira ter perdido a noção das realidades e o instinto justiceiro dos galardões, que é ver um diabo de espingarda, desata logo a chamar-lhe herói, e a trazê-lo pela rua às cavalitas.
E a razão é simplicíssima: só em Portugal se acredita ainda que as formas de governo tenham que ver na marcha perpétuamente evolucional das sociedades. As nações experientes, os homens de cultura e razão modalizada pelo estudo rigoroso da ciência social e da História, de há muito vêem como na realidade estas coisas, forma de governo e progresso social, vivem completamente estranhas uma à outra.»

ALMEIDA, Fialho d’ – Saibam quantos… (cartas e artigos políticos). Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1912, pp. 15-16.

III – OS “ADESIVOS” DA REPÚBLICA

«A fúria das aderências foi tantas, e ameaça de tal modo subverter o núcleo dos republicanos primitivos, que ministros e próceres do novo regime, aterrados do enxurro, não fazem em escritos e discursos senão chamar vendidos e canalhas a esses cristãos novos, que terão de sofrer as vaias afrontosas – e muitos nem salvarão os víveres que os obrigam a estas figuras tristes – mas que nem por isso deixarão de acercar-se e cingir de perto a situação nova, gritando que são republicanos desde a aparição dos dentes caninos, que toda a sua alma é jacobina e toda a sua caspa é democrática».

ALMEIDA, Fialho d’ – Saibam quantos… (cartas e artigos políticos). Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1912, p. 10.

Dia 04 de Outubro -Grande festa Azul e Branca

Cronologia da república - 13 de Setembro

1911


  • É determinado que o cidadão que deixar de estar no exército pagará uma taxa militar
1913


  • É fechado o jornal "A Democracia" de Chaves
1915


  • Greve de canalizadores e torneiros de metal
1917


  • Dec. 3361 A guarda-fiscal é mobilizada para patrulhas no país
1919


  • A constituição é alterada derivado a situação de instabilidade no país

Fontes: aqui

sábado, 12 de setembro de 2009

Cronologia da república - 12 de Setembro

1911


  • Descarrilamento na linha férrea do Douro
1918


  • Dec.4799 Aprova o regulamento do ensino secundário
  • Tentativa de derrube do governo
1920


  • A sede da CGT é ocupada a mando do governo
  • A redacção do jornal "A Batalha" é ocupada a mando do governo
1923


  • Explosão de uma bomba no Porto
  • Tentativa de derrube da Republica
  • O fascismo começa a ganhar apoiantes
1924


  • Tentativa de derrube da República

Fontes: aqui

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

II - A (DES)EDUCAÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA

«(…) o partido republicano não soube, nem quis cerebralisar nos seus trinta anos de oposição, essa grande força popular. O partido republicano não soube, nem quis coagir os governos monárquicos, com a poderosa força de oposição de que dispunha, a decretarem uma organização escolar progressiva completa e mobilizada pelos novos critérios educativos. § Não impôs a instrução primária obrigatória, não curou da educação moral e cívica das massas, não quis transformar em cidadãos os adeptos, em força inteligente a força bruta; e isto para haver em mãos só gentes fanatizáveis, irreflexivelmente crédulas e broncas, com as quais fácil chegaria pela arruaça e pelo sangue, à conquista do mando – quando a parte nobre de tal conquista estaria simplesmente em confiá-la a uma evolução pacífica e letrada»

ALMEIDA, Fialho d’ – Saibam quantos… (cartas e artigos políticos). Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1912, pp. 11-12


Nota: este excerto, apenas, vem contradizer o discurso apologético e ciníco que se pode ler no folhetim digital intitulado Jornal do Centenário: «Se D. Carlos foi um rei culto, dado às Ciências e às Artes, a generalidade dos seus súbditos partilhava uma realidade educativa diferente: a maioria da população era analfabeta. Ainda durante a monarquia, por impulso dos republicanos foram criadas várias instituições (centros escolares republicanos, sociedades promotoras da educação, grémios de instrução) com a preocupação de alfabetizar o povo, divulgar o ideário republicano e promover o ensino laico.» (Julho 2009, p. 4). Se efectivamente havia a necessidade de divulgar e inculcar o ideário republicano (ainda hoje presente na forma pueril com que se iludem as crianças acerca dos símbolos «nacionais»), à República Portuguesa não interessava uma população letrada, instruída, culta. Seria essa população a primeira a questionar os modos pouco democráticos do novo regime. O grande arranque na modernização e na promoção escolar e educativa começou ainda durante o Antigo Regime, durante o consulado do Marquês de Pombal, sob o reinado de D. José, mas se houve período fértil em renovação e modernização do velho sistema de educação (preso aos ditames da Igreja) tal ocorreu a partir do Liberalismo, durante os reinados constitucionais de D. Maria, D. Pedro V, D. Luís e D. Carlos. Este não foi aliás, o único rei culto, que o Jornal do Centenário frisa, mastigando as Ciências e as Artes, com a mesquinhez da inveja e do ódio, mas praticamente todos os monarcas que o antecederam nesse século. E a eles se deveu muito do que hoje é Cultura e Legado educacional que vive nas novas gerações que nele bebem grande parte do seu conhecimento sobre o País (basta recordar que os Museus Nacionais estão, de alguma forma, ligados à memória e intervenção desses monarcas).

CADA VEZ MAIOR


O que nos enfiaram....

Cronologia da república - 11 de Setembro

1916


  • Decreto que determina que deixem de ter valor as moedas de prata de 500 reis de D. Pedro V
1920


  • Greve na Marinha Mercante
1923


  • Ataque bombista no Porto

Fontes: aqui

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Achegas para um Dicionário da República Portuguesa

É de um escritor insuspeito, porque dono de um paradoxo pouco comum ao português dos primeiros anos do século XX («que digo eu?», ao português, ponto final) que saíram das crónicas mais luminosas e vibrantes sobre os primeiros instantes da República. Não são escritos a quente, nem palavras saídas da pena ressabiada de um detractor compulsivo (embora, reconheçamo-lo, Fialho de Almeida foi, acima de tudo, um crítico). Antes o registo de um juiz para quem ambos os regimes – Monarquia ou República – tinham a marca da indiferença, gizada por um povo desinteressado, analfabeto e facilmente manipulável pela demagogia. Assim se fizera a República de 1910, morta pelo cansaço de um rotativismo mas sobretudo pelas dissensões internas, onde homens esquecidos da honra e da lealdade pleiteavam sobre o individualismo e o egoísmo das benesses e do poder, que abriram caminho a uma dúzia de demagogos oportunistas inflamados.
“Saibam quantos…” é um dos melhores retratos da revolução republicana, dos seus métodos mesquinhos e dos atalhos dos seus homens (uma pequena minoria de cabecilhas) para tomar à força um país anémico, convertendo súbditos em cidadãos como se tal fosse a solução para o arranque económico e para o desenvolvimento cultural do país – embora tais objectivos, como anota e bem Fialho, estivessem longe de constituir o programa ideológico do republicanismo. Tomado o poder, havia que reparti-lo, dá-lo a quem merecia, convertendo oportunistas em republicanos e os novos republicanos em caudilhos. Formar uma classe política para dominar o Estado e a Sociedade, assegurando que os súbditos não reclamassem o regime deposto foi, até á chegada de Salazar, o principal móbil da política republicana. Só muito atrás vinham as causas da educação, do trabalho, da saúde, etc. O frenesi legislativo mostra um temor e um nervosismo que vai minando a república, ao ponto de criar a instabilidade que se conhece para o período e longe da ideia de grandes reformas está, nada mais nada menos, do que a destruição das instituições criadas pelo Liberalismo para erguer sobre elas um aparelho ideológico – espartilho e condicionador de liberdades que os republicanos apregoavam não existirem antes de 5 de Outubro de 1910. Fialho d’Almeida descreve este processo de coacção, resistência, eliminação, em suma destruição, que os republicanos (novos e velhos) vão levando a cabo nos primeiros “minutos” da longa noite republicana. Se estas crónicas são o espelho de um “verão quente”, ou no caso, um “inverno rigoroso”? Não. Basta pensar nos 99 anos que se lhe seguiram para perceber que muito pouco mudou. Não há como a leitura integral desta obra para ganhar um conhecimento lúcido e sincero sobre a República Portuguesa. Porém, na impossibilidade de dar à estampa digital a totalidade do livro de Fialho irei publicando aqui excertos das suas crónicas sob a forma de um dicionário, correspondendo cada tema a uma transcrição e um assunto versado pelo escritor nesta obra hoje praticamente ignorada… Nota: actualizei a grafia, para uma leitura mais apurada.

I - A LIBERDADE (*)

«Um mês depois de proclamada a República, a situação política não parece tão assegurada, nem tão certa a liberdade moral dos cidadãos, como a princípio prometiam os discursos dos ministros e o porta-voz optimista das suas gazetas. (…) § É o que pelo menos se infere da prisão do antigo presidente do conselho, João Franco chefe dos thalassas, efectuada hoje na sua quinta de Sintra, e a sua trazida ao tribunal da Boa Hora, donde saiu apupado e perseguido por uma escolta daquela turba-multa das ruas que, segundo parece, é quem governa e dirige as acções do governo republicano. (…) § Seis dias antes da prisão de João Franco em Sintra, tinha-se dado a do jornalista Homem Cristo, incisivo director do Povo d’Aveiro, e a suspensão imediata deste jornal, de que se vendiam cerca de vinte mil exemplares, e que tão violentas campanhas fez contra os republicanos, fora e dentro do governo. (…) § Se conjugarmos estes actos, tão indicativos como amostra, com os das espionagens que o governo autoriza sejam feitas por alcateias de populares, sem investidura legal nem competência policial de nenhuma espécie, aos cidadãos que essas mesmas alcateias tomam de ponta; e ainda por cima destes atropelos da liberdade e da segurança pessoal, repararmos nas demissões em massa, de funcionários antigos, alguns cheios de serviços, havemos de convir que afinal o começo deste regime novo cheira diabolicamente ao fim do velho, e que os puritanos e amigos de puritanos, cunhados de puritanos e primos de puritanos, tudo afinal são roedores de apetite voraz (…)». ALMEIDA, Fialho d’ – Saibam quantos… (cartas e artigos políticos). Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1912, pp. 5-8

(*) O tema e a descrição do mesmo são, afinal, e como o leitor pode constatar, de uma actualidade flagrante.

Ibéria – As cores da bandeira republicana




Alguns o dizem e por vezes parece uma lenda de tão incredulo que possa ser, é uma história muito mal contada que está nas fundações do Grande Oriente Lusitano no séc.XIX e na fundação do pensamento republicano no mesmo século. A falta de patriotismo está no DNA dos republicanos, são eles responsáveis pela mentalidade desligada de um povo que no passado foi forte e audaz. Afinal as cores verde que simboliza Portugal e vermelho que simboliza Espanha não são uma invenção, tenho lido um livro de um ilustre Aveirense de seu nome Homem Christo onde na página 129 diz o seguinte :

“(..) apareceu no palco acompanhado por uma criança vestida de verde e escarlate, com uma bandeira vermelha na mão direita e um numero do Rebate na mão direita.
Eram essas as cores da bandeira federal, isto é, da bandeira ibérica. Este pormenor é curioso e explica a preferencia dada pela Republica de 5 de Outubro às cores verde e escarlate sobre as cores azul e branco. Como toda a gente sabe foi Teofilo Braga ( primeiro presidente da republica ) o mais renhido defensor, depois do 5 de Outubro, da cor verde e escarlate. Ora Teofilo Braga foi sempre federal. Isto é, sempre partidario da incorporação de Portugal e Espanha ou – que outro nome não tem empregasse ele os sofismas que lhe aprouvesse – da perda da indepêndencia nacional.”

Monarquicos e Republicanos, Homem Christo
Publicado em 1928

Fonte Causa Monárquica

Cronologia da república - 10 de Setembro

1912





  • Uma família é assassinada em Arraiolos
  • Filha de Manuel de Arriaga casa na igreja dos Jerónimos
1917





  • Dec 3354 Nenhum filme alusivo a guerra pode ser exibido sem passar pela censura militar
1925





  • É fechado o jornal "A flor da Ria" de Aveiro

Fontes: aqui

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Cronologia da república - 9 de Setembro

1911



  • É fechado o jornal "A Covilhã Nova"
  • É fechado o jornal "A Velha Guarda" de Guimarães
1915



  • Lei equipara os revolucionários do 14 de Maio aos do 5 de Outubro de 1910
1920



  • Greve geral em Setúbal
  • Assaltos a padarias em Lisboa e Setúbal

Fontes: aqui

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Cronologia da república - 8 de Setembro

1917


  • Greve geral decretada pela união operária nacional
1918


  • Começam a ser distribuídas senhas de racionamento e cartas de consumo para controlar a aquisição de produtos
  • Afundamento da traineira Primorosa
  • É fechado o jornal "Terras de Bragança"
  • É fechado o jornal "Terra Algarvia" de Silves
1922


  • Assassínio de Sérgio Príncipe, dirigente da confederação patronal

Fontes: aqui

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Criatividade precisa-se


Para o efeito de ilustrarem material de propaganda diverso, como t shirts ou bandeirolas, fazemos um desafio à imaginação de todos: a redacção de irreverentes e bem humoradas frases, favoráveis à monarquia ou fazendo referência ao centenário da república. Aceitem o repto e ponham a vossa imaginação à prova aqui na caixa de comentários ou enviando as propostas para o nosso mail que consta na barra lateral.
Os dez primeiros classificados serão oportuna e devidamente homenageados.

Cronologia da república - 7 de Setembro

1911


  • O grupo parlamentar democrático declara-se em oposição ao governo
1912


  • Dec. D.G. nº216 extingue o liceu nacional de Amarante
  • Dec. D.G. nº214 A Imprensa nas colónias é sujeita a censura
1918


  • É fechado o jornal "A voz pública" do Porto
  • Dec. 4786 Aprova o regulamento da secretaria de estado da Instrução Pública
1920


  • Entra em vigor o decreto que aumenta o preço do pão
  • O Partido Republicano deixa de ter membros no governo

Fontes: aqui

domingo, 6 de setembro de 2009

II Master de Verão em Política do IDP



INSCRIÇÂO

PROGRAMA

Anunciamos, com grande gosto, o II Master de Verão em Política do IDP a ter lugar em Lagos no fim de semana de 11, (jantar de abertura) 12 (dia todo) e 13 de Setembro (manhã) de 2009.
Será uma grande forma de concluir o Verão e de iniciar um novo ano de actividades.
Iremos actualizando a informação ao longo das próximas semanas.

Existem ainda 32 vagas.
Valor de Inscrição: 120€.
Valor p/Associados IDP: 60€ (50% Desconto)
Inscrição inclui Alojamento (2 noites) + 2 Peq. Almoços + 2 Jantares no Suite Hotel Aqualuz Lagos ****
(n/incluídos os almoços de sábado e de domingo, 15€ /cada)
PATROCÍNIOS: Hotel AQUALUZ | Herdade do Rocim
O pagamento pode ser feito por transferência para o NIB 0035 0001 0003 1560 4303 6 CGD ou por cheque à ordem IDP enviado para nossa sede Av. Elias Garcia, nº10, 1º Esq. 1000-149 Lisboa

Informações sobre inscrições com o coordenador IDP do Algarve:
Paulo Rosário 96 3914392.

Palestrantes e Conferencistas por ordem de intervenção:
Fernando Nobre, Raquel Paradela Lopes, Adolfo Mesquita Nunes, Constança Martins da Cunha, Mendo Castro Henriques, Manuel Augusto de Almeida, Pedro Vaz, José Adelino Maltez, Rodrigo Moita de Deus, Rui Castro, Marta Rebelo, João Palmeiro, João Maria Condeixa, Gonçalo Ribeiro Teles, João Evangelista, Jack Soifer, Nuno Marques, Paulo Rosário, Frederico Brotas de Carvalho, Pedro Lomba, Pedro Matos, Henrique Raposo, Luísa Janeirinho, Ricardo Gomes da Silva, João Titta Maurício, Medina Carreira e D. Duarte de Bragança.

Acordar contra o Acordo

O Manifesto/Petição em Defesa da Língua Portuguesa Contra o Acordo Ortográfico foi lançado em Maio de 2008 e conta, no momento em que escrevo, mais de 122 mil assinaturas. É, muito provavelmente, a maior iniciativa do género até hoje em Portugal. Representa também uma conjugação rara de entendimento entre a (quase) generalidade dos cidadãos comuns e a (grande) maioria dos verdadeiros especialistas, académicos, professores e investigadores universitários de uma determinada área do saber, no caso, a língua portuguesa.
Porém, tudo isto não foi suficiente para demover a (larga) maioria dos deputados da Assembleia... da República, que em Maio de 2008 aprovaram – por proposta/imposição do Partido Socialista – a ratificação do denominado «segundo protocolo modificativo» do Acordo Ortográfico. A ratificação, em Julho do mesmo ano, daquele documento por parte de Aníbal Cavaco Silva tornou «oficial» a «brasileirização» do nosso idioma. Há que reconhecer, no entanto, a «coerência» do actual Presidente... da República: em 1986, quando este processo começou, ele era primeiro ministro e não tomou então qualquer atitude, qualquer decisão, no sentido de o desautorizar, suspender ou terminar; mais de 20 anos depois, ele fecha o círculo e dá a sua «bênção» a este «aborto» (cultural). E não deixa de ser interessante pensar na posição – ingrata – de Vasco Graça Moura, há mais de duas décadas defensor fiel e incansável do «provinciano de Boliqueime», e, simultaneamente, o mais combativo e visível opositor do (des)Acordo Ortográfico.
Os principais aspectos, batalhas, controvérsias, debates, episódios, factos, galerias (de «notáveis», por bons e maus motivos) relativos a esta «guerra» são mais ou menos conhecidos, e podem ser encontrados, recordados, no blog do Manifesto/Petição, e não só, como, por exemplo: os pareceres (contrários) da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros e da Associação Portuguesa de Linguística; as opiniões (contrárias) de muitos brasileiros e de um moçambicano; as reacções de surpresa (quando não de sarcasmo...) acontecidas um pouco por todo o Mundo, desde os EUA à China, passando pela Inglaterra e pela Itália; os sucessivos «espectáculos» de ridicularia de um suposto ministro da (In)Cultura, um tal de José António Pinto Ribeiro, que disse que «a uniformização da grafia é essencial à internacionalização da Língua Portuguesa», e que, se essa uniformização não se fizer, corre-se o risco de, daqui a algum tempo, «os povos da lusofonia não se entenderem...»; enfim, essa personagem patética chamada João Malaca Casteleiro (curioso como ele é parecido, na figura e na voz, com António de Oliveira Salazar...), que não perdeu tempo em tentar ganhar algumas «moedas» - de prata? – com a «traição linguística» de que ele é, há muito tempo, um dos principais instigadores.
Sim, tudo isto é mais ou menos conhecido. Todavia, o que é desconhecido de muitos é que toda esta questão de acordos/desacordos ortográficos, o mesmo é dizer, de disputas Portugal/Brasil pela «supremacia» na língua de ambos, tem a sua causa primeira, a sua origem mais remota... na Primeira República! Mais concretamente, na denominada «Reforma Ortográfica de 1911», feita à revelia dos nossos «irmãos de além-Atlântico», e que, por isso, lançou as sementes de um certo ressentimento que inquinou (tentativas de) entendimentos posteriores e que ainda hoje perdura.
Em retrospectiva, aquela «reforma» não surpreende: quem incentivou, perpetrou e justificou o assassinato do Chefe do Estado e do seu filho, a imposição de um regime político de implantação minoritária e a mudança das cores da bandeira nacional também não teria – e não teve – qualquer escrúpulo em alterar o idioma por decreto... ontem como hoje. Trata(va)-se de substituir o «velho» pelo «novo», mesmo contra a vontade de todo um povo... embora seja sempre para «bem» dele. Algo bem típico de supostas elites ditas e tidas como «progressistas» e «vanguardistas», mas que, invariavelmente, não passa(va)m de hordas parasitárias e sectárias. Um século depois, ainda têm muitos descendentes, herdeiros e seguidores. No ano passado enfrentei, electronicamente, alguns deles... uma, duas, três, quatro, cinco vezes.

Cronologia da república - 6 de Setembro

1917


  • Várias organizações laborais solidarizam-se com a greve dos correios, telégrafos e telefones
1918


  • Apreensão de armamento e várias prisões por vários pontos do país
1920


  • Dec. 6889 Restringe o consumo de água em Lisboa
  • Dec. 6890 Aprova os programas das disciplinas das Escolas comerciais
  • Dec. 6896 Proíbe a venda as quartas e quintas de produtos de pastelaria
  • Na chamusca são assaltadas várias mercearias e armazéns
  • Greve nos caminhos-de-ferro
  • O governo decreta a lei marcial em Moçambique devido à greve dos funcionários públicos
1921


  • Início da distribuição de senhas, para regular a compra de alimentos nos armazens do governo
1924


  • O decreto 10074 reconhece a importância da junta de educação
  • Greve dos trabalhadores de hotelaria e restauração
1925


  • É fechado o jornal "O povo de chaves"

Fontes: aqui

sábado, 5 de setembro de 2009

Cronologia da república - 5 de Setembro

1915

  • É fechado o jornal "A folha de Setúbal"
1917

  • Adiado o julgamento de Machado Santos
  • É exercida uma censura sobre as noticias a greve dos empregados dos telégrafos-postais
1918

  • As fábricas de conservas de Setúbal são encerradas pelos proprietários
1922

  • É fechado o jornal "O defensor" das Caldas da Rainha

Fontes: aqui

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Colocação da bandeira monárquica na Câmara do Porto. Acto foi reivindicado pelo blogge "Portugal Monárquico"


Afinal a bandeira esteve a toda a haste. Quanto mais alto mais se vê.



BANDEIRA MONÁRQUICA HASTEADA NO PORTO

A Câmara confirma. Meia haste, a toda a haste, na "invicta" deseja-se o "eterno azul e branco português".

As muitas caras do PRP

A História do PRP é ainda hoje mitificada por alguns como uma caminhada coerente rumo a um desfecho previsivel e inevitável. No entanto, o triunfo dos republicanos em 1910 foi conseguido mais por apatia dos monárquicos do que por mérito dos republicanos.

Parece-me então útil revisitar o percurso que os republicanos percorreram entre 1876 (data da fundação do PRP) e 1910, enquadrando-o na sua época, e identificando os seus pontos fortes (que os teve), e as intermitências de rumo, contradições, e conflitos, que marcaram grande parte da sua história.

Pouco antes de 1910, o PRP era um partido sem implantação nacional (era eficaz apenas nos grandes centros urbanos: Lisboa, Porto e Setúbal). As suas comissões paroquiais não funcionavam, e os seus lideres odiavam-se e passavam o tempo em intrigas e a guerrear-se.

Talvez por isto, e apesar de um real crescimento entre os anos de 1908/10, o triunfo alcançado em Outubro de 1910 foi recebido com espanto e incredulidade por quase todo o país, muito em particular pelos próprios republicanos.

Como foi possivel impor aos portugueses um regime que nada lhes dizia? É a história que conduziu a este improvável desfecho que vos convido a acompanhar no nosso site.

Cronologia da república - 4 de Setembro

1915


  • É fechado o "Jornal da Noite" de Lisboa
1916


  • Afonso Costa assume provisoriamente o lugar de 1ºministro
  • Dec. D.G. nº179 cria a comissão Portuguesa de acção económica contra o inimigo
1917


  • Intensifica-se a censura à imprensa diária

Fontes: aqui

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ler os outros

Jaime Nogueira Pinto no Jornal i:

(...) A República não foi de brandos costumes: mataram-se padres logo no primeiro dia e, apesar das amplas liberdades, o regime foi expedito, através dos bandos "populares", para dar cabo dos adversários - partidos e jornais monárquicos, católicos e mesmo republicanos e conservadores. Criou um modelo "à mexicana" ou "à Chávez", em que as eleições eram concorrenciais, mas o governo - os democráticos - ganhava sempre. (...)
O regime defendia-se com uma classe de "cidadãos vigilantes" - carbonários, "formigas brancas" e polícias oficiais ou oficiosos. A violência era livre. Daí episódios como o da enigmática "camioneta fantasma" que, na noite de 19 de Outubro de 1921, foi de porta em porta para capturar e assassinar republicanos, entre eles os heróis do 5 de Outubro - Machado Santos e Carlos da Maia- que se tinham passado para o sidonismo.
Muito do que veio depois, o resto do século XX português - o 28 de Maio e o autoritarismo salazarista - é incompreensível sem se perceber que a República foi (também) assim. A ver se nas celebrações se lembram destes detalhes... Na integra aqui