quarta-feira, 9 de junho de 2010

Estado Novo - o início da 1ª legislatura


Ocorreu a 11 de Janeiro de 1935, com a abertura solene da Assembleia Nacional. Usou da palavra o Presidente Gen. Carmona, em cuja mensagem se preocupou em explicar aos portugueses as incumbências dos 90 deputados eleitos.
Historiando um pouco, o Presidente Carmona recordou a instabilidade que até aí caracterizara a República. Não esqueceu os eleogios aos Presidentes Arriaga e Pimenta de Castro e, sobretudo, Sidónio Pais, e ao «heroismo» da sua intervenção «contra a desordem em que se abismava o Estado». As prioridades de Carmona eram claras:
« A estabilidade da Presidência da República, a força do Governo, a segurança interna, a confiança pública, a formação de forte consciência nacional - garantias essenciais da ordem e do trabalho na paz - são conquistas definitivamente asseguradas (...)».
Fonte: Joaquim Veríssimo Serrão, «História de Portugal», vol. XIV (1935-1941), pág. 18.

6 comentários:

O Faroleiro disse...

E conseguiu, o pior veio depois de 1945; até lá Portugal finalmente conheceu paz e estabilidade e crescimento económico.

O mundo modernizou-se, Salazar, muito agarrado a Stª Comba e ao seminário não compreendeu; Coimbra fez dele Doutor mas falhou em fazer dele visionário...

Pagou por isso o povo que não só perdeu o comboio da Europa como perdeu também os filhos na inútil guerra colonial.

Não é ao acaso que Carmona cita "ditadores" como exemplo, era precisamente de ordem que a república precisava; e não adianta "colar" a república à ditadura... Um Rei consciente teria feito o mesmo.

Pense no Marquês de Pombal e em D José; o Marquês foi um "Salazar" mais visionário, Europeísta, D José nunca ousaria tira-lo do poder, aliás, o poder era o Marquês. Com se seguiu uma má rainha, louca e beata, por raiva e vingança destituiu-se o Marquês, e pelas mãos da coroa, Portugal voltou a mergulhar na pobreza e no atraso crónico.

É como eu digo, não é o Rei, são os homens...

João Afonso Machado disse...

Caro Nuno:
Como deve compreender, a minha intenção é apenas contrariar os «berloquistas», soaristas e outros que tal, quando afirmam que o Estado Novo não foi República.
Foi a 2ª República.
Quanto ao resto estou de acordo consigo. Houve lados positivos: a politica financeira e a politica diplomática até à 2ª GG. Depois foi o marasmo... e uma fobia estúpida contra a esquerda (que não existiu na Monarquia constitucional).

Anónimo disse...

O senhor Nuno vem sempre com a ideia dos homens, para dizer que o republicanismo é o melhor dos sistemas. Mas olhe que, como fiz referência no meu comentário anterior esse pseudo-sofisma serve para os dois lados. Diz o Nuno que «não adianta "colar" a república à ditadura... Um Rei consciente teria feito o mesmo». Não é preciso. Naquela época os regimes totalitários estão, de facto intrinsecamente ligados oa presidencialismo, aos condottieri, aos príncipes republicanos. Se a primeira Grande Guerra nasceu efectivamente da avidez do imperialismo e da megalomania de alguns monarcas, a II GG não foi bem assim. Paremos, contudo de «julgar» a História.
Hoje em dia continua a haver ditaduras e quem as defenda. Serão os monarcas? Já sei o que me vai dizer. Irá desculpabilizar Chávez, Kim Jong, os Castro, Kadafi, etc etc dizendo que não são os Presidentes, são os homens... não é?

O Faroleiro disse...

Caro João.

Compreendo sim, que sirvam os dois textos para vincar o tema.

Caro Nuno.

Pelo que entendo estamos de acordo, nem monarquia é sinónimo de ditadura nem república pois ambos os tiveram e têm !

Lembre-se de Marrocos e da Arábia Saudita.

São os homens...

NRC disse...

Caro Nuno (Bicho): "Lembre-se de Marrocos e da Arábia Saudita"...

isso já é desepero para defender a sua 'dama'...
parece-me que você também cai no erro comum de confundir as várias formas de monarquia que existiram, ou quer comparar a monarquia Afonsina por exemplo, com a Joanina, isto dentro das monarquias medievais; ou a que se designou por Absolutistam com a Constitucional?
É preciso ter cuidado com a falácia de Parménides.

Da mesma forma, o que é que Estados Islâmicos sem tradição democrática têm a ver com exemplos de monarquias? Daqui a pouco está a lembrar-nos das monarquias tribais de Shaka Zulu... ;)

O Faroleiro disse...

Caro NRC.

Não é exagero, ou melhor, é tão exagerado colar a república a Salazar, Franco, Mussolini, Hitler,Estaline Hoxha, Pol Pot etc. como colar a monarquia ao absolutismo, não se esqueça dos cabrais, ou de João Franco, ou de Bismarck, todos ditadores e todos em monarquias constitucionais, é sempre um argumento falacioso, e não é por aí que se "converte" gente como eu e como outros...

Aqui nunca ninguém me leu a dizer que a monarquia é má ou que é prepotente ou totalitarista, nem tão pouco confundo absolutismo com vintismo ou com a carta de D Pedro IV !

Sejamos objectivos, para os monarcas o Rei significa o "pai da pátria" o sacrifício supremo, a adjectivação utilizada no termo "pelicano real" que bica o peito para alimentar as crias...

Porque não há-de um presidente de ter o mesmo sentimento, por ter militado num partido ?

Todos temos ou tomamos partido por alguma coisa e o Rei não está imune, eu não nasci numa monarquia, se tivesse nascido certamente que tinha carinho pelo meu monarca ! Eu nasci numa república e tenho o maior respeito pela figura presidencial e não sou o único, se reparar, os presidentes são sempre reeleitos e isso tem um significado, o povo gosta do seu presidente.

O facto de terem mandato limitado impede abuso de poder, para mim isso tem lógica, para si não, é mais uma questão de fé do que outra coisa...

Agora colar republica e monarquia a regimes totalitaristas não vale, eu fiz esse exercício e o meu amigo expôs o ridículo da coisa, mas exponha também o ridículo da mesma colagem aos republicanos, verá que a diferença não é grande !