O jornalista republicano Leonídio Paulo Ferreira, do DN, entende que a Rainha de Espanha talvez não devesse falar. O juízo do jovem Leonídio Paulo Ferreira não é sequer sobre a opinião da velha Rainha (que apesar de tudo considera ser própria de uma septuagenária conservadora) mas sobre a veiculação dessa mesma opinião. É já uma inevitabilidade: se há os que não apreciam o silêncio também existem os outros, os que não toleram que se fale. Mas o ponto nem me parece ser este.
Muito mais curisoso é o jovem jornalista sentir a necessidade de se afirmar republicano e de considerar que as monarquias modernas se baseiam "na imparcialidade". O que não é apenas um facto. É um verdadeiro trunfo. E um trunfo genético, diria eu. Por não depender de quaisquer aparelhos ou de famélicas clientelas, a legitimidade real assume, geneticamente, a sua imparcialidade. Aliás, o jovem jornalista refere que "Juan Carlos não vota em eleições. Não que a constituição o proíba, mas porque quer ser o rei de todos." O Rei está acima das partes e, nessa medida, pode exercer o seu magistério moderador com superior liberdade e pura isenção. Estranho é que, para o jovem jornalista, a "imparcialidade" monárquica seja tida por "inexistência política". Esta conclusão, mais do que apoucar a Instituição Real, diminui a própria construção republicana. A "existência política" da República tem, afinal, um preço. Um preço caríssimo: a parcialidade.
1 comentário:
Pois é, caro homónimo, sem sequer imaginarem, os republicanos são os monárquicos mais radicais em potência!
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