Como a "história" nos conta, a "transição" para a República foi um processo natural. A sociedade portuguesa há muito que esperava a modernidade, o progresso e a paz que tanto procurava!! Ei-la num breve relato que tanto podiam ser os maravilhosos anos de 1914 como de 1926....
"Na madrugada de 20 de Julho automoveis distribuem bombas pela cidade e grupos se acercam dos quarteis, armados pelo menos processo. Um polícia é morto á bomba e um soldado, só por dizer A's armas! é assassinado com um tiro. Nos dias seguintes aparecem algumas bombas na capital e algumas são malvadamente entregues a crianças, ficando feridas umas e morrendo outras. Entretanto os monarquicos armam-se com bombas como prova aquela caso de Monsanto – admiravel descoberta policial de elementos populares de Lisboa, que só procuram servir a república, mas que são combatidos com odio por individos que republicanos se dizem".
"O Mundo", 1914.
17 comentários:
Bah, nada que não voltaremos a ver. Como andam as coisas por cá, não me admirava nada da reedição deste tipo de habilidades. Para mais, não foi o António José de Almeida o patrão dos fabricantes de bombas do PRP? E chegou a presidente! Com gente desta, não admira nada que tenham surgido "Formigas Brancas" do partido democrático que mais tarde seriam reciclados para PVDE/PIDE. Questão de recauchutagem...
... as "formigas" brancas agora são raras, mas há muitas do género amajentado.
"Entretanto os monarquicos armam-se com bombas"
Va lá, não cortou esta parte do texto.
Até eu desconhecia esse facto.
Desconhecia, Space? Como?! Julgava que iam ficar de mãos nos bolsos? Se calhar AINDA pensa que eram uma meia dúzia... Vá lá, sente-se um bocado, ponha a mão na testa e raciocine, usando os próprios argumentos pró-PRP. Se os monárquicos eram assim tão poucos, como imputar-lhes a tremenda instabilidade do regime? Já agora, porque não fizeram os republicanos o tal referendo que prometeram?
Quanto às bombas, Portugal - as cidades, principalmente - era uma espécie de Kosovo, pois o senhor António Almeida ensinou como proceder: fazer bombas com latas, roscas de cama, etc. Todos aprenderam e foi o que se viu.
conheci hoje este blog, que revela justamente um outro ponto de vista sobre a transição monarquia-república em portugal.
tenho para mim, que a causa monárquica em si mesma, é um perfeito anacronismo, impossível de coexistir com os mais básicos e profundos conceitos de Liberdade, Democracia e Igualdade.
aliás, é sintomático que este assunto seja de menor relevância mediática, política e social que a instituição do dia do cão. e eu acho muito bem.
como pode ser possível achar que o regime monárquico poderá interessar a mais do que uma franja/corte de familias brasonadas ou tituladas em regime hereditário? isso é que realmente me confunde...
a história de que os países mais desenvolvidos são monarquias é uma falácia, pq pode arranjar-se o mesmo numero de repúblicas (usa, alemanha, itália, frança).
quanto ao resto e se preciso fosse, obama acabou com todas as dúvidas.
nenhuma familia real conseguiria tal sentimento de união, entusiasmo, de esperança.
como tb. nenhum plebeu (negro, amarelo, branco ou outro) consegue chegar a rei, por muito valor que tenha...
a escolha é, quanto a mim, óbvia.
caro anónimo das 8:28
O seu raciocínio deixou-me um pouco perplexo:
"Os mais básicos e profundos conceitos de Liberdade, Democracia e Igualdade"??
Por isso é em Espanha, Holanda, por ex., eles vivem todos constrangidos, os atrasados...
"... Dia do cão"??
Eu gosto dos animais...
"... os países mais desenvolvidos são uma monarquia é uma falásia"??
Mas não são...?
"... nenhuma família real conseguiria tal espírito de união..."??
Por isso é que no funeral da Diana, estima-se em 3.000 000 de coroas colocadas e cartas recebidas; por isso é que nas cerimónias fúnebres da Europa à Ásia são centenas de milhares os participantes nos cortejos e condolências...
Quanto à "franja" de "famílias brasonadas"... penso que é esse o seu problema!!!.. ... mas isso nada tem a ver com o facto de haver monárquicos... cuidado com os livros que lê...
O problema de muitos republicanos que minam o sistema é precisamente porem-se em biquinhos de pés com títulos de Doutores e Engenheiros, será está a Igualdade que tanto dizem ? ou será Hipocrisia Republicana ?
João Amorim,
ficou tão perplexo que não conseguiu rebater nem um dos argumentos que foi tratando por separado.
01. Não há Liberdade sem Igualdade, pelo menos no que ao ser humano que nasce diz respeito. Todos devemos ter o Direito de sonhar ser algo mais que os nossos pais, sem ter de obrigatoriamente de o herdar. Isso não acontece numa Monarquia. Pode dar todas as voltas ao texto...
02. Existem igualmente Monarquias absolutamente ignóbeis, repessivas e castradoras como por exemplo a Arábia Saudita, a Síria e outras aventuras Africanas e Asiáticas. Pergunte aos Nepaleses.
03. O único exemplo que arranja é o de Lady Diana Spencer? Lamento que lhe diga, ms nenhuma outra personagem se afasta mais da ideia de monarquia que o João Amorim tem, do que Diana... Dizem até que foi isso que a matou...
04. Os livros que eu li e leio, permitem-me dizer-lhe que os maiores avanços em termos de Direitos Humanos, Liberdade e Igualdade foram dados em República (Rev. Francesa, Rev. Americana, Declaração Universal dos Direitos Humanos, etc.).
Longe de absolutismos, de Poderes por Graças Divinas e da Santa Religião do vosso hino perdido...
Concorda que o efeito Obama e o que isso representa, ajuda a remeter a ideia de monarquia para um anacronismo folclórico.
Quanto a nobres, marquese e condes até simpatizo com marquês da fronteira e outro, mais antigo, da ribeira brava...
Cumprimentos,
miguel
Daqui a seis meses, quando o Obama começar o dilúvio de bombas, mudam todos o rumo do batel. Quanto a monarquias repressivas, como a da Arábia saudita, apenas digo que vejam bem onde Portugal se situa. Com umas horas de pesquisa, concluirão que está na Europa, onde as monarquias, são de longe, os países mais progressivos. Comparar a França, a Itália ou os EUA (onde a desigualdade é extrema) com a Dinamarca, Noruega, Suécia, Bélgica, Holanda, etc, etc. Bah...
Quanto a funerais, mencionaria o de Balduíno. Só foi batido pelo de Kim il Sung da Coreia do Norte. mas na Bélgica a população não foi obrigada a ir. grande diferença!
E ainda quanto ... ao sonho de ser presidente... Vá sonhando, vá! Ou serve certos interesses, ou bem pode bater o pé. naquele clube só entram ricos.
Miguel
Para todos os exemplos que refere existe o oposto, a contradição. Neste blogge, expôe-se a implantação (e consistência) da república que nunca tinha sido de forma tão visível "rebatida". Os exemplos que dá são, de facto, os nós na sua garganta. A "Liberdade, Igualdade, fraternidade" que evoca foi a mais torpe ignomínia; anarquia que descambou numa tirana ditadura Napoleónica, com a reposição de repressão e de uma nova "nobreza", sucedida da monarquia, de Napoleão III. Tudo na vida tem vários pontos de vista, mas ver sem faciosismos não é tarefa para todos. E quanto ao seu entusiasmo pela vitória do Obama – ultra católico da Santa Religião – nada mais concreto da prova do verdadeiro folclore (repúblicano) americano, verdadeiros fanáticos da "family tree", para que saiba. Não sobreponha "conceitos"! As virtudes que existem na república foram brotadas na Monarquia! Se conseguir ser candidato à presidência da nossa república eu acredito nas suas palavras. Até lá, boa demagogia.
cumprimentos,
João Amorim
pois, pois...
no ancient regime eram só boas pessoas...
quanto aos sonhos, não preciso ir mais longe: cavaco silva é chefe de estado, não é rico e é filho de um gasolineiro.
satisfeitos?
ps: obama católico?...
miguel
Oh anónimo !
O filho do gazolineiro não é rico ? então soma :
- reforma de primeiro ministro
- reforma de professor universitário
- reforma do Banco de Portugal
- salário de presidente
São mais de 8000 euros mensais, não é rico o Cavaco ?
quatro reformas que advêm do seu trabalho.
não herdou nenhuma vantagem financeira, social ou politica apenas por ser filho do papá.
Miguel
Não arranje falsos argumentos. Você só fala em dinheiro, subir na vida, uma visão burguesa dos confins ... o que está em discussão é que a as virtudes sérias da república foram geradas em Monarquia! A substituição do "Chefe de estado" é uma falácia que só serve os interesses ressábiados e mesquinhos de partidos e particulares. Concessionar o país de 5 em 5 anos a privados deu no que está a dar....
não joão amorim,
o que eu falo é da mais profunda injustiça que é ser a principal referência do estado,só por ser filho de alguém.
em monarquia não há meritocracia. em republica pode haver.
e olhe, foi a burguesia instruída (muitas vezes sob os auspicios da maçonaria, é verdade) que sempre patrocinou as grandes mudanças na humanidade.
nunca foi a nobreza instalada, o clero retrógrado ou o povo, infelizmente, ignorante.
as virtudes da republica emanam da democracia, da igualdade e da transição cíclica do poder pela vontade do povo, nunca da visão mais hereditária ou mais divina da monarquia.
e quanto à demagogia, eu posso ser candidato à presidência da república. basta querer e juntar as assinaturas. até lhe posso dizer quais são as condições, se quiser.
como posso fazer se quiser ser conde? ou duque? ou marquês?
caro Miguel
Para a nossa saudável discussão continuar, nos termos que utilizou no último post, (que presumo ser seu) seria necessário eu elucidá-lo sobre alguns equinócios e deturpações que o Miguel usa como argumento e que no fundo não é mais do que o fruto da propaganda que os repúblicanos andaram a meter na cabeça de toda a gente nos últimos 110 anos sobre o que é a monarquia. Ora uma coisa é falar sobre a história e percurso da "nobreza"(a instalada(?) e a não instalada), do "clero" e dos mais variados "estratos médios" outra é interpretar esses factos (por si romantizados) à luz do que seria hoje a nossa monarquia. Mas porque este é um site sobre a implantação da república retorno ao simples argumento: tudo o que veja(m) como virtudes da república emanou, foi gerado, na monarquia, da monarquia constitucional, da democracia monárquica. Quanto à "Democracia", e para que não fique com a ideia de que o povo só "saiu à rua" a partir de 1910, aconselho a leitura de dois livrinhos, de Henrique da Gama Barros, "História da Administração Pública em Portugal nos séculos XII a XV", e da Maria Millan da Costa, "Vereações e vereadores - o governo do Porto em finais do séc. XV".... vai ficar pasmado...
cumprimentos,
João Amorim
a sua visão de democracia é cerceada, porque não abrange toda a sociedade.
a minha visão de democracia assenta na igualdade dos homens perante a LEI, não havendo circunstâncias especiais para uma família em especial.
este é o ponto que está a montante de todos os outros.
é sabido que existe história de regime "democrático" em monarquia, constitucional e participado, não-absolutista e era só o que faltava que ainda se achasse razoável o poder esgotado num homem.
a questão é que eu não concebo Democracia, numa circunstãncia social, onde o povo, a sociedade, NÓS, não podemos escolher a nossa figura representativa, enquanto realidade social-cultural-humana, deixando esse papel a alguém ou alguma família que paira algures acima de todos nós...
eu não estou para isso e aparentemente a maioria da Humanidade tb... Há sempre mais exemplos de restauração ou implantação de repúblicas do que restaurações de monarquias.
porque será? eu digo-lhe:
a república é claramente um avanço sociológico e cultural.
o resto é conversa.
até porque ninguém, nem mesmo os desavindos, confusos e esparsos monárquicos portugueses, não saberiam elucidar os portugueses a uma só voz... a sua monarquia era a do paulo t. pinto e do d. duarte? ou a do ppm? ou de qualquer outro romantico? ou saudosista? enfim, um melting pot anacrónico e folclórico.
é verdade que o povo saiu á rua muitas vezes e pelas mais diversas razões. Nunca o vi na rua para restaurar monarquias, já o vi para implantar repúblicas.
Nunca o povo saiu á rua para restaurar a independência de Portugal, desde 1910. Teve o povo de sair á rua para restaurar a Independência de Portugal em 1640, pela simples conjugação de circunstâncias familiares e temporais, nos deixarem nas mãos filipino-castelhanas.
enfim, o que para si pode ser assessório e pouco importante, para mim é fundamental:
pode teoricamente, o joão amorim ter nascido numa família com maior capacidade financeira, mais oportunidades de sucesso social ou até melhor situação geográfica, do que eu, por ex. Mas não será nunca (só) isso que irá definir que
a sua possibilidade de ser o mais alto representante da nação é maior do que a minha.
é uma questão básica (para mim esta discussão é mesmo muito básica e por vezes algo desconcertante pelo anacronismo, confesso) de justiça. depois disto todo o resto fica sem grande sentido...
miguel
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