quarta-feira, 27 de maio de 2009

"Jobs for the boys"

Substituam o refrão do Hino Nacional de "contra os canhões marchar marchar" para "jobs for the boys, we want we want" e deixará de haver qualquer confusão de entendimento entre o Povo e os orgãos de soberania.

etica republicana


Lembrando ainda a recente apresentação do projecto arquitectónico para a Praça do Comércio (vulgo Terreiro do Paço) vieram agora os colegas de profissão do Sr. Arquitecto Bruno Soares (o autor do projecto) dar a sua opinião:
"Não foi uma noite fácil aquela que o autor do projecto de remodelação do Terreiro do Paço viveu na terça-feira na Ordem dos Arquitectos. A apresentação do seu trabalho foi brindada com uma chuva de críticas por parte dos seus pares, que não gostaram nem dos losangos que desenhou para a placa central nem dos degraus que ele quer fazer a separá-la do rio." escreve o Publico hoje

Eles realmente não gostaram..mas não foi do desenho (que apenas se trata de uma questão de gosto) mas sim de:
“O projecto ainda está aquém do que desejávamos. E isso causa-me tristeza e mágoa”. Mesmo não tendo encerrado o debate, as palavras de Carrilho da Graça exprimiram a desilusão dos arquitectos que também gostavam de ter sido convidados a redesenhar o Terreiro do Paço.

Gostavam de ter sido convidados!?
As criticas resumiram-se aquilo que foi mais duramente criticado na blogosfera..os losangos (com uma achegas do carácter fascizante do projecto em geral...a fazer recordar o Estado Novo).
Mas nada foi dito sobre a utilidade em si do projecto para os lisboetas ou para os 4 milhões de pessoas que diáriamente atravessam Lisboa e lá habitam durante 10 horas...o que interessa é todos partilharem o "bolo" "tacho" ou "gamela" como o povo tão justamente afirma



E assim vai a ética republicana à frente dos destinos do bem comum.

Não é de admirar que uma das principais criticas dos contemporâneos de D. Carlos tenham incidido na restrição da atribuição de honrarias (medalhinhas e comendas) e cargos politicos aos mais capazes (que eram escassos) e com critérios rigidos.
Na verdade já em finais do sec XIX a classe politica havia-se habituado a dividir entre si o Bem Comum em deterimento do Povo, sem que o Rei pudesse fazer algo para o impedir e evitar.
Tentou estoicamente D. Carlos, com o custo da própria vida, corrigir o mal instalado.Mas a ética republicana já se havia instalado nos corredores do Poder.
Longe de se ter inaugurado em 1910 , a Republica era já uma senhora velha quando se deu a revolução de 5 de Outubro.
Com 1910 não se diminuiram as honrarias ou atribuição de comendas e ordens (que ainda se fazem com as mesmas denominações do tempo da monarquia), não diminuiu a despesa pública (o Presidente Português gasta mais 60% do que a Rainha de Inglaterra), não diminuiu os vários abusos de Poder por parte de quem é eleito, não se diminuiu a influência temporal de quem exerce o Poder (muitas vezes ilegitimamente vai dando "dicas" e promovendo a instabilidade)) ,não se aumentou a riqueza nacional em termos absolutos (o aumento que tivemos foi importado do resto da europa , Portugal não é uma ilha isolada),não se diminuiu a quantidade daqueles que vivem directamente do érario publico...

Mau serviço fazem os poderes quando atribuem sem concurso público e sem critérios de eficiência a reformulação da principal praça da Capital (ainda é a Capital)a uma pessoa e mau serviço faz a Ordem dos arquitectos ao invés de apontar as ilegalidades e abusos clamar ofensa por não ter recebido a sua quota parte , tal corsário do sec XVII que apenas vive da pilhagem

...nada se diminuiu, antes se aumentou o Poder discricionário daqueles que ,advindo do povo e conhecendo as misérias e incapacidades da população, disso abusaram em proveito próprio, nem pensando duas vezes em retirar pelo assassinato o único obstáculo que conheceram nos últimos 100 anos, que foi o Rei.

Quando se fala em projecto para a Praça do Comércio, não é de desenhos que se fala.É de uma certa forma de proceder e governar o Bem comum que conhecendo as fraquezas económicas e sociais (que aumentam todos os dias) insiste em decidir unilateralmente como devem os cidadãos viver.
Tal Maria Antonieta que ás portas da morte afirmava, que se o povo não tinha pão que comesse croissants , assim são estes projectos...croissants gigantescos para um povo que já conta os cêntimos para comprar o pão de cada dia

bem haja

2 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Tudo muito bem Ricardo, mas apenas uma nota: Maria Antonieta JAMAIS disse tal coisa! É mais uma lenda, aliás muito parecida com aquelas que há mais de cem anos o prp espalhava pelos cafés de Lisboa. desta vez, a respeito de D. Amélia.

Borgia disse...

Não posso deixar de concordar com este texto.Contudo interrogo-me sobre duas coisas.
1º Estes "boys" são os sucedâneos republicanos de uma nobreza decrépita que mendiga mercês no Paço. Aquilo que o autor atribui como mérito a Dom Carlos~em ter refreado a distribuíção dessas tenças aos mais capazes, foi uma excepção na história de Portugal. Noutras monarquias como a Espanhola e a Inglesa, essa nobreza vive de escandalos nas revistas cor de rosa, onde são pagos a peso de ouro para dar entrevistas. Caso da decrépita Caetana Duquesa de Alba e afins.
Não sendo muito diferentes as republicas das monarquias com excepção da duração dos mandatos, é normal que surjam estes seres pérfidos que sabem que tem um prazo de vida proóximo dos Iogurtes, e por isso ha que aproveitar o mais que se pode. Os nobres, tem uma vida inteira de previlégos, são menos vorazes, mas o principio é o mesmo.
2. O impulso das Reais Associações, a começar pela de Lisboa, levou a que sempre que o senhor Duarte Pio se desloca, apareçam à sua volta um "bando" de boys, de fitinha de um staf qualquer ao pescoço, muitos deles sem se saber de onde surgiram, e que acompanham o senhor como se de uma guarda pessoal se tratasse. Se o evento é público, lá se arranja uma mesita para os meninos jantarem, no fundo da sala.
Atemorizam-me essas jovens criaturas, que ambicionam um desses lugares de "boys com Jobs" caso um dia a monarquia fosse restaurada. Confesso que estas criaturas me fazem desprezar qualquer ideia de monarquia.
Porque os primeiros, republicanos, mudam, quando muda o governo. Estes perpetuam-se durante gerações.
Confesso preferir os primeiros.