sábado, 20 de junho de 2009

“Rei” de táxi do Chiado ao Camões

Título de uma crónica publicada no Correio da Manhã de 19.06.2009, no âmbito da rubrica Correio Indiscreto de António Ribeiro Ferreira. O conteúdo da notícia visa um desaire do senhor Duque de Bragança, em que, ao entrar num táxi rumo a sua casa, teve de alterar a trajectória do seu destino por 3 vezes, por diversas chamadas telefónicas. E por variadas razões teve de retornar ao seu destino de partida.
Pode acontecer a qualquer um num dia menos auspicioso. Não é por se ser Duque que não se está livre destes imprevistos, pelas mais variadíssimas razões. E se o Duque de Bragança, teve de dar o desprazer ao taxista deste não lucrar uma boa corrida, com tão ilustre cliente, penso que foi por uma boa razão, porque, ao privar com o senhor Duque uma vez, fiquei com a impressão de ser uma pessoa bem-educada.
Que os taxistas têm uma má reputação, é pelas mais óbvias razões. Porque tal como este, e como já comprovei, os taxistas tem uma péssima conduta. Não me admira nada, que o taxista em questão tenha vendido a história ao Correio da Manhã, por uma boa quantia. E o correio da manhã, fértil das melhores notícias de homicídios, roubos e mexericos, não perdeu a oportunidade de dar a António Ribeiro Ferreira, a oportunidade de escrever mais um conteúdo noticioso, que mesmo sendo uma crónica, o autor teve a infelicidade de usar expressões mal escolhidas.
Muitos dos leitores podem pensar que estou a perder tempo a escrever, sobre algo que não interessa. Que a melhor arma é o desprezo, que somos superiores a esse tipo de crónicas e afins. Até é verdade.
Mas esta chamou-me a atenção. E procuro fazer evidenciar, como derivado a estes pormenores, a imagem da monarquia é degradada aos olhos da opinião pública, injustamente. A começar o móbil infantil, que deu a origem a crónica do senhor António Ribeiro Ferreira. O título chamativo. As primeiras linhas, em que o autor diz que por estas histórias os portugueses continuam a ser republicanos e ligam muito pouco a monarquia. As primeiras linhas são a conclusão do autor, o resto é o sucedido em si. Perante a leitura, fiquei parvo a pensar, como é que um jornal, um autor com tantos assuntos na baila do dia, mais importantes, perde tempo a escrever um conteúdo jornalístico acerca de um imprevisto do Duque de Bragança, e usa esse imprevisto para mais um mexerico, mais uma história insólita.
Com que objectivo? E a conclusão forte a que chega? Como pode afirmar isso categoricamente? Será tem a ver com o facto do perigo do centenário da Republica ser a oportunidade de a verdade vir ao de cima, e as pessoas perceberem quem os anda a enganar, a começar pela imprensa? Perante casos, desde compra de viaturas de serviço de luxo para os senhores deputados, fortunas gastas em motoristas e viaturas para altos cargos governativos e altas patentes militares, sem que estes paguem um tostão, como é possível vir num jornal um conteúdo desta natureza tão mesquinho.
Isso mostra uma coisa, é por estes pormenores que a imagem da monarquia tem a conotação que tem, sem razão nenhuma. Mas há uma conclusão boa que se pode tirar, se falam dos monárquicos, é porque existimos e temos algum valor, nem que seja pela nossa existência incomodar.

5 comentários:

João Mattos e Silva disse...

Também li a mesma "crónica" do Sr.jornalista que, pelas funções que exerceu em outros jornais e pelos comentários que fez, a maior parte das vezes, muito acertadamente quando comentador, deveria ter a inteligência e o bom senso de não tirar conclusões absolutamente imbecís e primárias, a partir de um incidene que poderia ter ocorrido com qualquer pessoa, até com ele próprio.
A má fé é por demais evidente para não merecer senão um encolher de ombros. O pior é que são estes senhores que escrevem nos jornais, são lidos e podem fazer opinião a coberto de uma profissão digna que se torna indigna quando há falta de ético profissional.

Rui Monteiro disse...

resposta enviada para o Jornal :

Caro sr. Doutor ? António Ribeiro Ferreira

Li a sua "cronica" no matutino fundado por um Monárquico e financiado em seu tempo por El Rei D.Manuel II, de seu nome Correio da Manhã.
Quando quero ver o pulso do Povo português e saber o que se passa na Imprensa ... vou aos Blogues, tal como Obhama. Se o Presidente dos EUA assim pensa quem sou eu para o contrariar ? Com notícias destas que falham logo à partida no nome da pessoa referenciada dá para pensar se o almoço do jornalista não foi por acaso um bom repasto de "cogumelos" ... têm efeitos colaterais e um deles é a falta de memória. O Senhor D.Duarte Nuno faleceu em 1976, o senhor não se estaria a referir ao filho ? D.Duarte de Bragança ?
É por estas e por outras que as pessoas cada vez menos têm paciência para ler pasquins e é por estas e por outras que são republicanas ... mas as sondagens em 2002 do CESOP davam à partida 20% de portugueses monárquicos :) Será que começam a ver que os jornais são uma péssima fonte de informação ?

Quanto à notícia em si, a pessoa com a mui nobre profissão de taxista perdeu a total honestidade. Esquece-se que está a prestar um serviço e como tal tem de estar sujeito aos ossos do ofício, se fosse uma pessoa honesta como o geral dos seus colegas ... teria dado o nome. Mas como estamos acostumados em 100 anos a tanta cobardia política as pessoas fazem como fizeram nas Eleições Europeias ... 65% não votaram. As pessoas estão fartas e com notícias como estas ainda mais se fartam dos Jornais ... para isso existe a Revista Maria e afins -> têm o bonús do Torry Carreira.

Desejo-lhe as melhores felicidades, para a próxima por favor acerte no alvo ... no nome da pessoa. Não precisa de ser monárquico, basta que seja Português !

Cumprimentos
Rui Monteiro

Nuno Castelo-Branco disse...

Recordo-me muito bem de dois fulanos que diziam ser Chefes de Estado e que habitualmente tratavam abaixo de cão os motoristas e os guarda-costas pagos com o dinheiro dos contribuintes. Pois é, são republicanos. O Rei, esse, anda de taxi...

LUIS BARATA disse...

Mas sobre o uso indevido dos Falcons da Força Aérea Portuguesa,já os srs.jornalistas piam mais fininho...

Mário Neves disse...

A referida "notícia" era de uma profundidade intelectual tão grande, tão grande, tão grande, que nem me ocorreu um comentário...