Título de uma crónica publicada no Correio da Manhã de 19.06.2009, no âmbito da rubrica Correio Indiscreto de António Ribeiro Ferreira. O conteúdo da notícia visa um desaire do senhor Duque de Bragança, em que, ao entrar num táxi rumo a sua casa, teve de alterar a trajectória do seu destino por 3 vezes, por diversas chamadas telefónicas. E por variadas razões teve de retornar ao seu destino de partida.
Pode acontecer a qualquer um num dia menos auspicioso. Não é por se ser Duque que não se está livre destes imprevistos, pelas mais variadíssimas razões. E se o Duque de Bragança, teve de dar o desprazer ao taxista deste não lucrar uma boa corrida, com tão ilustre cliente, penso que foi por uma boa razão, porque, ao privar com o senhor Duque uma vez, fiquei com a impressão de ser uma pessoa bem-educada.
Que os taxistas têm uma má reputação, é pelas mais óbvias razões. Porque tal como este, e como já comprovei, os taxistas tem uma péssima conduta. Não me admira nada, que o taxista em questão tenha vendido a história ao Correio da Manhã, por uma boa quantia. E o correio da manhã, fértil das melhores notícias de homicídios, roubos e mexericos, não perdeu a oportunidade de dar a António Ribeiro Ferreira, a oportunidade de escrever mais um conteúdo noticioso, que mesmo sendo uma crónica, o autor teve a infelicidade de usar expressões mal escolhidas.
Muitos dos leitores podem pensar que estou a perder tempo a escrever, sobre algo que não interessa. Que a melhor arma é o desprezo, que somos superiores a esse tipo de crónicas e afins. Até é verdade.
Mas esta chamou-me a atenção. E procuro fazer evidenciar, como derivado a estes pormenores, a imagem da monarquia é degradada aos olhos da opinião pública, injustamente. A começar o móbil infantil, que deu a origem a crónica do senhor António Ribeiro Ferreira. O título chamativo. As primeiras linhas, em que o autor diz que por estas histórias os portugueses continuam a ser republicanos e ligam muito pouco a monarquia. As primeiras linhas são a conclusão do autor, o resto é o sucedido em si. Perante a leitura, fiquei parvo a pensar, como é que um jornal, um autor com tantos assuntos na baila do dia, mais importantes, perde tempo a escrever um conteúdo jornalístico acerca de um imprevisto do Duque de Bragança, e usa esse imprevisto para mais um mexerico, mais uma história insólita.
Com que objectivo? E a conclusão forte a que chega? Como pode afirmar isso categoricamente? Será tem a ver com o facto do perigo do centenário da Republica ser a oportunidade de a verdade vir ao de cima, e as pessoas perceberem quem os anda a enganar, a começar pela imprensa? Perante casos, desde compra de viaturas de serviço de luxo para os senhores deputados, fortunas gastas em motoristas e viaturas para altos cargos governativos e altas patentes militares, sem que estes paguem um tostão, como é possível vir num jornal um conteúdo desta natureza tão mesquinho.
Isso mostra uma coisa, é por estes pormenores que a imagem da monarquia tem a conotação que tem, sem razão nenhuma. Mas há uma conclusão boa que se pode tirar, se falam dos monárquicos, é porque existimos e temos algum valor, nem que seja pela nossa existência incomodar.
5 comentários:
Também li a mesma "crónica" do Sr.jornalista que, pelas funções que exerceu em outros jornais e pelos comentários que fez, a maior parte das vezes, muito acertadamente quando comentador, deveria ter a inteligência e o bom senso de não tirar conclusões absolutamente imbecís e primárias, a partir de um incidene que poderia ter ocorrido com qualquer pessoa, até com ele próprio.
A má fé é por demais evidente para não merecer senão um encolher de ombros. O pior é que são estes senhores que escrevem nos jornais, são lidos e podem fazer opinião a coberto de uma profissão digna que se torna indigna quando há falta de ético profissional.
resposta enviada para o Jornal :
Caro sr. Doutor ? António Ribeiro Ferreira
Li a sua "cronica" no matutino fundado por um Monárquico e financiado em seu tempo por El Rei D.Manuel II, de seu nome Correio da Manhã.
Quando quero ver o pulso do Povo português e saber o que se passa na Imprensa ... vou aos Blogues, tal como Obhama. Se o Presidente dos EUA assim pensa quem sou eu para o contrariar ? Com notícias destas que falham logo à partida no nome da pessoa referenciada dá para pensar se o almoço do jornalista não foi por acaso um bom repasto de "cogumelos" ... têm efeitos colaterais e um deles é a falta de memória. O Senhor D.Duarte Nuno faleceu em 1976, o senhor não se estaria a referir ao filho ? D.Duarte de Bragança ?
É por estas e por outras que as pessoas cada vez menos têm paciência para ler pasquins e é por estas e por outras que são republicanas ... mas as sondagens em 2002 do CESOP davam à partida 20% de portugueses monárquicos :) Será que começam a ver que os jornais são uma péssima fonte de informação ?
Quanto à notícia em si, a pessoa com a mui nobre profissão de taxista perdeu a total honestidade. Esquece-se que está a prestar um serviço e como tal tem de estar sujeito aos ossos do ofício, se fosse uma pessoa honesta como o geral dos seus colegas ... teria dado o nome. Mas como estamos acostumados em 100 anos a tanta cobardia política as pessoas fazem como fizeram nas Eleições Europeias ... 65% não votaram. As pessoas estão fartas e com notícias como estas ainda mais se fartam dos Jornais ... para isso existe a Revista Maria e afins -> têm o bonús do Torry Carreira.
Desejo-lhe as melhores felicidades, para a próxima por favor acerte no alvo ... no nome da pessoa. Não precisa de ser monárquico, basta que seja Português !
Cumprimentos
Rui Monteiro
Recordo-me muito bem de dois fulanos que diziam ser Chefes de Estado e que habitualmente tratavam abaixo de cão os motoristas e os guarda-costas pagos com o dinheiro dos contribuintes. Pois é, são republicanos. O Rei, esse, anda de taxi...
Mas sobre o uso indevido dos Falcons da Força Aérea Portuguesa,já os srs.jornalistas piam mais fininho...
A referida "notícia" era de uma profundidade intelectual tão grande, tão grande, tão grande, que nem me ocorreu um comentário...
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