No blog Causa Nossa - atenção, o nome é enganoso e ainda por cima, não admite comentários - a dra. Ana Gomes esperneia devido à condição das mulheres portuguesas, aproveitando para listar as inúmeras funções que estas meritoriamente ocupam, desde o jornalismo à diplomacia, segurança ou missões militares. Tem toda a razão naquilo que diz, até porque a sua amada república não foi, não é e nem previsivelmente será, um bom exemplo.
Percebemos o que a deputada quer transmitir aos seus numerosos leitores. Já foi embaixadora - termo feio e encartado à medida da "modernidade" -, deputada cá e agora, deputada lá. Pelo que se pode depreender da catilinária, falta-lhe um ministério, talvez aquele em que o croquette fez escola e ainda é pronunciado à francesa. Talvez.
Fique descansada a ruidosa e expansiva deputada "de lá". Durante a Monarquia, Portugal contou com duas mulheres no trono e com outras que de facto, reinaram como regentes. Assim, de cor, contamos seis que por longo tempo estiveram à cabeça do Estado e nem sequer nos daremos ao trabalho de mencionar tantas outras, que por diversas razões, assumiram o lugar primeiro. A última, foi Dª Amélia, precisamente aquela senhora que os "heróis do 5" expulsaram. De nada valiam as pressões de grupos nas Cortes, nos interesses bem instalados e aqueles outros, quiçá decisivos, provenientes dos homens do círculo familiar. Puseram, dispuseram, gizaram políticas no âmbito interno e externo, mantiveram a hierarquia militar em sentido e bastas vezes, foram decisivas para a obtenção de grandes sucessos que consolidaram a independência nacional.
Ora pense a senhora deputada nesta ironia. Se Portugal existisse em vez da actual república portuguesa, Ana Gomes até poderia ser a chefe de governo de uma rainha. Quem sabe?
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