sábado, 4 de outubro de 2008

Os ataques dos republicanos e os boatos da Lei de Separação



Texto dePaulo Bruno Alves



Numa altura em que a República se instalava por todo o País os ataques perpetrados contra a Igreja Católica eram cada vez mais frequentes. O primeiro jornal diocesano de Viseu, A Folha (1901-1911), apresentou um caso em que um grupo de republicanos de Coimbra entrou nas instalações do Centro Monárquico (que mandara rezar uma missa pelo aniversário da morte de D. Carlos e do príncipe Luís Filipe) e do Centro de Democracia Cristã (onde iria ser inaugurado o retrato do Papa Pio X), destruindo todo o seu interior, «(...) furtando objectos, e lançando fogo aos destroços». Perante este cenário de destruição «a autoridade manteve-se impassivel, e a policia viu com indifferença os assaltantes, que nem sequer foram presos...». Por diversas vezes, questionou o Governo Provisório se essa era a tal liberdade que proclamavam. A Folha considerava que não.

Nesta fase tão conturbada, a situação do Clero foi sempre analisada tendo, como pano de fundo, a tão afamada ‘Lei da Separação do Estado da Igreja’. Circulavam muitos boatos e alguns receios, especialmente entre os nacionalistas mais pessimistas, que essa lei iria constituir uma verdadeira ‘Lei de Apropriação’ por parte do Estado face à Igreja. Já o tinha sido no passado, porque não se repetir o mesmo?

Quem questionava essa lei era, naturalmente, quem mais com ela sofria. A Folha não acreditava que a referida lei fosse benéfica para a Igreja, muito pelo contrário: acusava o Governo Provisório de sectarismo e favorecimento nesta matéria. Desejava uma real ‘Lei da Separação’ que permitisse à Igreja gozar de todos os privilégios que reclamava como pertença do seu domínio, como por exemplo, o direito de propriedade

12 de Setembro de 2008
Fonte : Jornal do Centro

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