sexta-feira, 5 de março de 2010

Fernando Pessoa e a toponímia Republicana


Na Imagem: Afonso Costa e outros republicanos na cerimónia
oficial da substituição da placa toponimíca pela nova do Largo do Directório.

Um dos poucos indiscutíveis atributos dos republicanos de 1910 foi o revisonismo de grande parte da toponímia nacional: por exemplo em Lisboa, entre muitas outras renomeações, a avenida Rainha D. Amélia passou a chamar-se avenida Almirante Reis, o comandante da revolta que se suicidou dois dias antes da revolução, a avenida Ressano Garcia, foi rebaptizada avenida da República, e a Av. António Maria Avelar é hoje conhecida por avenida 5 de Outubro.
Também o sitio onde nasceu Fernando Pessoa, refinado antipatizante do regime e da sua casta emergente, o Largo de S. Carlos, onde se situou a sede(directório) do Partido Republicano Português foi vítima da sua voracidade recriadora e passou a chamar-se Largo do Directório. Sobre o assunto, na célebre carta a João Gaspar Simões, Fernando Pessoa diz, a dado passo: «O sino da minha aldeia, Gaspar Simões, é o da Igreja dos Mártires, ali no Chiado. A aldeia em que nasci foi o Largo de S. Carlos». Esta é a parte mais conhecida, mil vezes citada, mas o texto vulgarmente omitido continua assim: " (...) foi o Largo de S. Carlos, hoje do Directório, e a casa em que nasci foi aquela onde mais tarde (no segundo andar; nasci no quarto) haveria de instalar-se o Directório Republicano. (Nota: a casa estava condenada a ser notável, mas oxalá o 4.º andar dê melhor resultado que o 2.º)»

*Com a colaboração de Vasco Rosa

1 comentário:

Ega disse...

« Teófilo(...)contava, com orgulho, como impedira António José de Almeida de apagar o nome da Rainha D.Leonor do Hospial das Caldas da Rainha. Achava um "perigo" as intervenções reformadoras sem conhecimento das orgens venerandas, cuja tradição nunca deve ser apagada.
« "Real" era um atributo do que era nacional. As armas reais assinalavam por todo o lado o que era português e era do Estado.
Que fazer dos símbolos e das instítuições qe identificavam Portugal? O Governo Provisório entreteve-se algum tempo a pôr "República" e "Nacional" onde estava "Real" e "Da Coroa".
(...) A República foi até pequenos detalhes, como a substítuição dos punções de coroa, usados a fiscalização ds caldeiras e motores dos instrumentos industriais e no afilamento de pesos e medidas e instrumentos de pesar e medir(...)
O pior problema era o das "armas". O partido Republicano Português tinha uma bandeira, a bandeira verde e vermelha (...)Henrique Lopes de Mendonça, o autor da letra do hino A Portuguesa, apelou para que se mantivesse o escudo por representar a fundação e a contínuidade da nação, e as cores azul e branca, as "cores da liberdade" (...).
Era evidente que não se estava apenas a discutir um estandarte (...)e que se julgava a ligação entre o regime repúblicano e a história (...)
A nação passava a ser usada contra a república. Era, portanto, em termos de nação que havia de defender a república (...).

história de Portugal, direcçõ de Jose Mattoso, Vol. 6, pág 422 e seg.