quinta-feira, 13 de maio de 2010

Tintin e os pincaros da República portuguesa


Sabe-se agora qual a fonte de inspiração de Hergé, quando editou os albuns «A Orelha Quebrada» e «Tintin e os Pícaros». A eterna guerrilha entre Alcazar e Tapioca. Está à vista, no seguinte panorama, por azar nosso, português:
«(...) assim ficarão existindo 4 coroneis por regimento. (...) em engenharia, para um quadro de 8 coroneis, existem já 37!» (deputado Eugénio Aresta, a sessão parlamentar de 13.MAR.1922).
«(...) o profissional militar é de todo o funcionalismo público o que luta com mais dificuldades. (...) há oficiais cujos filhos não vão às escolas por não terem calçado, há oficiais cujas familias não saem por não terem que vestir, e há oficiais que para darem pão aos filhos solicitam que os deixem alimentá-los com o pão dos soldados» (deputado corn. Fernando Freiria, sessão parlamentar de 16.MAR.1922).
«(...) pelo País fora se joga desenfreadamente e há oficiais do Exército que são donos de casas de tavolagem!» (deputado Sá Pereira, sessão de 7.MAR. 1923.
« (...) do famoso Grupo dos Treze, autêntica organização terrorista (...) fazem parte, ao lado de batoteiros e criminosos da pior espécie, oficiais, sargentos e soldados da Guarda repúblicana!» ( deputado Agatão lança, sessão de 7.MAR. 1922).
«(...) Nas bancadas do Governo, como Ministros da Guerra, têm-se sentado indivíduos que não têm categoria moral nenhuma para ocupar esse lugar, e que procuram (...) obrigar a curvar a cabeça (...) mesmo quando sintam a fome sua e a dos seus (...) no Exército há poucos oficiais que ponham a sua dignidade e a honra à frente da sua barriga» (deputado António Maia, sesão de 4.ABR.1924).
«(...) Na artilharia a pé... devem existir hoje por junto 5 alferes e tenentes! Em compensação, majores, tenentes-coroneis e coroneis são às centenas: em maior número que os soldados. Não se sabe o que se lhes pode dar a fazer. Um sistema ridiculo e criminoso de promoções deu origem a esta bestialidade colossal: um número de oficiais superiores, superior ao que deveria ser o dos subalternos - e um número de subalternos menor que o que deveria ser o de generais!» (Major Botelho Moniz, in "O 18 de Abril" - 1925).
Fonte: Costa Brochado, «Para a História de um Regime», Editorial Império, 1949.
Por hoje é muito, mas não chega. Amanhã ainda é dia-

4 comentários:

Anónimo disse...

João Afonso,

Com esta transcrição de Brochado Costa, nem a "guerra do Solnado" se aguenta :)


Filipa V. Jardim

João Afonso Machado disse...

Filipa:
Pois não. Nessa guerra não havia gansos a morder. Na guerra dos gansos republicanos, felizmente (para eles) não houve quem os mordesse.

Nuno Castelo-Branco disse...

Hoje sou portuense, ehehehehe... "biba a repúblicaaaaa", ehehehehe

Anónimo disse...

Pssst, ó coronel! Era uma super Bock fas'xavor. E o República, que ainda não li hoje o jornal.

M. Figueira