segunda-feira, 9 de agosto de 2010

À beira-mar na República Portuguesa


Regressado de uns dias de descanso numa terra algarvia (este ano a água está uma sopa) quero partilhar um momento à beira-mar. Estava eu a mirar o mediterrâneo quando um jovem, inserido num divertido grupo, me perguntou sobre uma determinada distância para outra praia. Espanhol, não falou propriamente em castelhano mas muito bem nos entendemos – pelas piadas e trejeitos era um jovem que se vivesse cá no burgo alinharia em "bloquices". Reparei nos seus braços tatuados e em particular no desenho de uma bandeira espanhola com a coroa bem proporcionada. Disse eu: – ... mira, que é para toda a vida.... (apontando para a coroa)! Ao que ele respondeu mais ou menos assim: – vale, sou Espanhol até morrer!

7 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Ora, ainda bem, mas cada macaco na sua árvore. A deles já tem galhos que sobrem!

João Afonso Machado disse...

Estive agora na Galiza. Os galegos são mais portugueses que espanhois.
Com a vantagem acrescida de gostarem do Rei.
Aliás a família Real andava por ali, por Santiago, e o entusiasmo era enorme.
são estas diferenças que marcam.

O Faroleiro disse...

Caro João.

Os Galegos não são Portugueses, são Galegos, como aliás V. é.

Desde o tempo dos Iberos, Celtiberos, Reino Suevo da Galiza e I Condado Portucalense (Vimara Peres) que fomos a mesma terra, temos provavelmente mais de 3.000 anos de história comum, abaixo de Coimbra, era outro povo.

A familiaridade que V. sente, provavelmente não é partilhada pelos Portugueses mais a sul, que vêm esses laços nos povos da Andaluzia.

E isto para responder ao Nuno Castelo Branco, o Iberismo não é assim tão tolo, e a história da península já era longa em 1143; não sou adepto da fusão entre os dois países, mas convém lembrar que os povos são vários e alguns estão separados apenas por uma fronteira física, partilhando no entanto uma herança genética e cultural comum.

Uma coisa também é certa, a globalização embaralhou isto tudo, mas é sempre importante saber donde viemos.

Nuno Castelo-Branco disse...

Tudo muito bonito, mas a tal "união" não interessa nem ao Menino Jesus. Sabemos o que significa. para isso, procurem o tema iberismo ou união ibérica na net (google) e ficarão estupefactos quando lerem textos publicados. São dúzias de forums onde se explanam projectos para a dita "unificação". Podemos ler nacos deste calibre:

..."uma política de educação em que o castelhano seja obrigatório nas escolas portuguesas, progressiva introdução do castelhano nos anúncios, nas ruas, jornais em castelhano, TVE em todo o território, tal como em Espanha. Em duas gerações podemos liquidar o português como língua de negócios, de ensino e de rua, até porque os portugueses aprendem qualquer língua". E por aí fora, porque há bem pior.
É estranho... Ainda não consegui ler um único site português que verse este "tema".

João Afonso Machado disse...

Caro Nuno Couto:

Percebo o que quer dizer. Mas não gosto de me considerar galego. Digamos que nós e eles somos... portucalenses. V. até mesmo de Portus Cale. Eu mais de Barc-ellus.

O Faroleiro disse...

Caro Nuno.

V. sabe bem que para Espanha, nós somos a única privíncia que conquistou a autonomia, acabei agora um livro interessantíssimo sobre política externa Portuguesa na década de 30 - O Roubo das Almas, no qual vêm esmiuçados os textos da diplomacia Portuguesa naquele tempo, e Salazar tinha a perfeita noção da ambição de anexação da II república Espanhola comunista, e do nacionalismo Franquista, com especial relevo para Falange nacionalista, que como V. sabe, era fascista.

No entanto, sobrevivemos sempre à Ibéria, era como dizia o outro general Romano "não nos governamos, nem nos deixamos governar !"

João.

Não sou de Portus Cale como sabe, sou de Cale (Gaia), Portus Cale reza a história que era o Porto da minha cidade Celta, devido às águas da margem oposta do Douro serem mais profundas; no entanto é uma teoria que nunca foi provada, nam é comumente aceite.

Abraço.

Nuno Castelo-Branco disse...

Caro Bicho:
Autonomia, não. Independência. Autonomia têm-na por lá e à farta. Não queremos nada que nem de longe, e assemelhe. Eu não quero.