É do conhecimento público que, em plena época de crise económica (ainda que a crise seja provavelmente a característica mais premente do país desde a sua fundação) e consequente contenção orçamental, o Governo decidiu atribuir 10 milhões de euros da dotação orçamental do presente ano às comemorações do Centenário da República. Não vale a pena aqui enveredar por longas explanações sobre o que foi a I República. Os intelectualmente honestos sabem-no, a informação na net abunda e a historiografia recente digna de o ser considerada - sem enviesamentos provenientes de preconceitos ideológicos - tem prestado um contributo inestimável para melhor se compreender aquele que foi provavelmente o pior regime da História de Portugal.
O que nos importa aqui é assinalar uma despesista provocação das celebrações. Ontem, em plena Praça da Figueira, em frente à estátua de D. João I, deparei-me com um propagandístico camião. Quando todos os tostões parecem contar e até já começam a pensar em cortar nos apoios sociais, não seria de deixar supérfluas motivações propagandísticas de lado? E mesmo que se possa argumentar que, de facto, relativizando a questão economicista, trata-se de tostões, não deixar de ser uma questão de princípio que deveria indignar qualquer um, já que se trata de celebrar um regime tenebroso que foi tudo menos o que a propaganda actual faz passar.
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