sexta-feira, 1 de outubro de 2010

República do centenário tóxico


Quem vá hoje aos Correios, de lá sairá com um jornal de propaganda do regime. Em 36 páginas, os autores, desconhecidos como convém, descrevem as ocorrências que pontilharam os cem anos desta república de todas as desilusões.

Em Portugal, pratica-se a Censura. Não aquela que saía da ponta de lápis azuis foi outrora consagrada por lei, mas uma outra, indecente porque cobarde e praticada pela abusiva omissão da notícia.

O amontoado de datas, oculta entre outras coisas, os episódios mais tristes e sangrentos da idolatrada 1ª República, volatilizando-se a Camioneta Fantasma, a Leva da Morte, a miséria extrema, as medidas vexatórias contra civis em plena via pública, a fuga em massa para o estrangeiro, os canhoneios urbanos, a multidão de presos políticos, os atentados e assassinatos selectivos, a miséria extrema, a inflação sem freios, etc, etc. Nem uma palavra acerca da repressão aos sindicatos e muito menos ainda, qualquer tipo de informação no que respeita aos casos mais evidentes da derrota militar nas Colónias, onde as tropas da República fugiam diante dos askaris do exército do Kaiser Guilherme.

Dos escândalos financeiros, como o caso Alves dos Reis, nem uma linha. No entanto, os mais desprevenidos ficarão a saber que a "ominosa monarchia" tinha empilhado nos cofres do Banco de Portugal e da Casa da Moeda, uma montanha de prata que pesava 146 toneladas, republicanamente vendida (22 de Abril de 1924) em Londres e que muito provisoriamente, estabilizou um Escudo que rapidamente voltaria à queda nos mercados cambiais. Ontem foi-se a prata e hoje também querem que o ouro se vá.
Estranho... A mensagem que todos os dias "os do regime" fazem circular, é a de uma "Monarchia" sem um tostão no Banco de Portugal e na Casa da Moeda.

Voltaremos a este desfiar de propaganda, mas registe-se uma nota divertida: a senhora que me entregou o jornal, informou acerca dos protestos que diariamente ouve dos clientes brindados. Frases impublicáveis.

Decididamente, céu verde-rubro, é coisa que não existe. Olhem para cima!

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