terça-feira, 23 de setembro de 2008

O mau ensino publico

Sobram perto de 11.800 vagas para a segunda fase de candidaturas ao ensino superior



Numa espécie de prémio suplementar na imensa "lotaria" em que se transformou o acesso ao Ensino Superior a imprensa de hoje (23) noticia (como tem acontecido todos os anos desde que a oferta passou a ser maior do que a procura) a existência de mais uma oportunidade.



«Perto de 11.800 vagas estão disponíveis para a segunda fase de candidaturas ao ensino superior. Os cursos de medicina e arquitectura ainda não estão completamente preenchidos.O número compreende as 5917 vagas que sobraram da primeira fase de candidaturas, mais as que não se concretizaram na matrícula e inscrição assim como as vagas que sobraram dos concursos especiais e da recolocação de estudantes que entraram na primeira fase...»


Num País que nem sequer tem estrutura empresarial para absorver tanta qualificação o número de vagas é uma noticia mais aprazivel do que o nº de licenciados que está no desemprego há mais de um ano, ou que ocupa um emprego (normalmente precário) que se encontra vários pontos abaixo das expectativas idealizadas.
Já nem indo ao encontro dos vários cursos ,cujos programas não são actualizados há mais de 10 ano, ou das "feiras" de emprego que se realizam no final do curso...muito proveitosas para conseguir trabalhadores motivados e abaixo do custo de mercado (que normalmente são precários e não duram mais de ano e meio), mas que não têm qualquer consequência real na carreira da maioria.Convém perguntar se, efectivamente , alguma vez o Ensino Superior foi um sector relevante para a classe politica e para o regime
ou mesmo se a qualificação da mão de obra é um imperativo para o actual modelo económico português?

Portugal é dos paises que menos investe no sector do ensino

Portugal fica em 22º lugar num total de 33 países no que respeita ao investimento que faz por cada aluno e situa-se na cauda da tabela quanto aos empregados sem qualquer qualificação. Quanto ao número de alunos por turma, as escolas portuguesas ficam na 25ª posição de um ranking de 31 Estados.Não admira que o acesso á universidade seja encarado pela maioria da população estudantil como uma "lotaria" reservada para que consegue distorcer as regras do jogo, tem dinheiro para ir para uma privada ou é demasiado inteligente para ter sido produto do ensino português.
A própria a ministra da Educação evoca a meta de 100% de aprovação para alguns graus de ensino quando qualquer aluno do liceu sabe (ou deveria saber...ainda mais uma ministra) que 100% de resultados favoráveis não existe em amostras populacionais de milhares de individuos.

Infelizmente o ensino em Portugal continua a ser um pasto para propaganda politica, onde o que menos interessa é a real aquisição de capacidades.

O problema base já vem de longe, mas a resolução sempre foi adiada pelas alterações de regime.Desde as comvulsões académicas do principio do sec XX que o acesso e conclusão de um curso Superior está intimamente ligado com o aceso a um cargo público e um emprego garantido e bem renumerado.Desde os finais do sec XIX ,o rotativismo havia entrado no ciclo da promessa de empregos publicos para garantir apoios e votos, em poucos anos o nº de funcionários publicos de forma exponencial incapacitando a própria estrutura financeira do Estado.
Ponto primordial para atingir um posto publico passava pela obtenção de um diploma académico..desse principio ,a considerar os lentes que reprovavam, como "anti-democrática" foi um passo muito pequeno.
Fazendo lembrar as "passagens administrativas" da década de 70 (do sec XX), a revolução de 5 de Outubro teve o mesmo impacto..o acesso a um cargo publico, via certificação universitária, seria uma realidade possivel para os 100% da pop. académica (fazendo lembrar a actual ministra da educação) .No ano de 1911 a Universidade de Coimbra seria utilizada pela elite republicana e em particular o futuro 1º Presidente da Republica Manuel d´Arriaga como escada de acesso ao poder...nem a destruição parcial da Universidade retirou ao novo reitor daquela instituição o sorriso de ser o novo reitor.

Em apoteose foi recebido o novo reitor do novo regime

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tudo em nome..não da revolução republicana..mas contra "o velho preconceito, contra as antigas e severas praxes dáquelle estabelecimento"...o preconceito seria as avaliações rigidas..quanto ás praxes..praxes!?

O resultado foi a destruição das Cátedras nas aulas, o vestuário dos lentes, mobiliário, quadros, destruição da Sala dos Capelos ...e o homem que na visita ao caos regojizava de alegria, Manuel dÁrriaga,o novo Reitor da Universidade de Coimbra e futuro 1º Presidente da Republica Portuguesa.

...que reitor gosta de ver uma instituição de ensino destruida?..certamente um não-reitor

Afonso Costa reformou o ensino criando a Faculdade de Ciências Económicas e Politicas..junção das faculdades de Medicina, Ciências e Letras..que em 1913 se transformaria em Faculdade de Direito, onde o seu 1º director foi o Sr Afonso Costa.
Nada mais interessante...um homem que cria o seu próprio emprego!

E assim continua...aos jovens (e respectiva ascendência) agrada-lhes saber que o acesso ao ensino superior está garantido, mesmo que nada saibam ou estejam dispostos a saber...ou mesmo se o mercado tem capacidade

bem haja

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