quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Regionalização e Pombal



Aproxima-se novamente a questão da regionalização. Após as eleições do próximo ano será convocado outro referendo sobre a regionalização, possivelmente em 2010, quando passam 100 anos sobre a implantação da república. A dúvida que me assalta é se os republicanos votarão sim ou não neste referendo.

Reza a lenda que os valores republicanos assentavam numa forte componente ética e se compunham, ainda em meados do século XIX, de princípios como o municipalismo, na sua essência as propostas neo-municipalistas de Alexandre Herculano. O municipalismo defendido pelos republicanos não era mais do que o retomar da prática medieval portuguesa em que havia uma efectiva descentralização ao nível das decisões que afectavam as populações locais.

Este sistema manteve-se em Portugal até ao período centralizador do absolutismo, que teve o seu auge no século XVIII, com o Marquês de Pombal. A defesa da descentralização, que ainda se observa no Portugal contemporâneo apesar da tendência centralizadora das burocracias de Lisboa e de Bruxelas, nunca deixou de ter defensores no nosso país ao longo dos séculos, pelo que a proposta republicana nada de inovador trazia à sociedade portuguesa.

Mas um dos sintomas da fragilidade dos grandes princípios republicanos foi a utilização do Marquês de Pombal pela propaganda. O grande centralizador da História de Portugal era usado pelos mesmos que defendiam o municipalismo, sempre no respeito pela robusta ‘ética’ republicana, como ‘arma de arremesso’ contra os jesuítas e como manifestação de anti-clericalismo.

12 comentários:

Luís Bonifácio disse...

Os republicanos nunca foram municipalistas.

Nunca organizaram eleições municipais, e até eliminaram os distritos autónomos dos Açores e Madeira, para assim poderem nomear presidentes da câmara seus apaniguados.

Anónimo disse...

Caro Luís Bonifácio,

Nunca o foram na prática mas foram-no no seu ideário. Basta consultar o Oliveira Marques. Mas essa é precisamente a questão do artigo. Entre a suposta 'ética', e os ideais republicanos, e a realidade existe uma imensidão que torna qualquer semelhança mera coincidência.

Anónimo disse...

Ai ai... Olhem os monarquicos a contradizerem-se!
Então essa causa? Está outra vez perdida? Só por causa das divisões? Não me digam isso! O que será deste país sem a monarquia agora? Valha-me nossa senhora!

Já agora queria perguntarvos individualmente. São a favor ou não da regionalização?

Anónimo disse...

Espacial, já lhe disse que não sou monárquico.

Anónimo disse...

Então és o quê? Facho?

Anónimo disse...

Não já sei, és um agricultor do Afeganistão.
Esses bombardeamentos e atentados á bomba andam-te a afzer mal á cabeça.

Ricardo Pinheiro Alves disse...

Caro espacial,

Não op conheço de lado nenhum para que me trate por tu. Um agricultor do Afeganistão não o faria certamente porque trata as pessoas respeitosamente.

Facho também não sou. Nunca deve ter pensado nisso, mas os fachos são republicanos.

E republicano então é que não sou de certeza porque não sou hipócrita. Por isso fujo a sete pés da ética republicana.

Anónimo disse...

Já pensei já, mas discordo - os fachos não são republicanos pra mim.
Se o tratei por tu peço desculpa pela blasfémia sua alteza real bafejada por Deus.
Não é monárquico, não é facho, não é republicano.
Só resta ou comuna ou anarca. Algum deles? Ou é um indefinido?

Ricardo Pinheiro Alves disse...

Sou português! Sou conservador! Sou democrata! Sou católico!
Chega-lhe?

Anónimo disse...

Português não conta, isso também eu sou. :)
Um conservador não-republicano? Ha, deve ser da laia daqueles traidores da República tipo Sidonio Pais, entre outros.
Sidonio era católico, conservador e...ditador! Considerava-se republicano mas a República dele era outra, era a República "nova", a dos fascistas.
Mas diz que é democrata, estranho.
É que não o poderiamos incluir na ala direita republicana de Brito Camacho e outros porque não é republicano. Muito menos nos centristas ou na esquerda republicana.
Decididamente não poderia ter pertencido á epoca.

Anónimo disse...

Pois não. Eu vivo no século XXI, não vivo do passado como é o seu caso, caro espacial

Anónimo disse...

Ai eu é que vivo do pasaado?
Não sou euq ue escrevo todos os dias grandes textos a criticar uma República deposta á mais de 80 anos!