quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Sem rei nem roque

Foi um espectáculo confrangedor ontem à noite assistir às declarações do Chefe de Estado: afinal as suas tão aguardadas palavras pouco mais revelaram do que um homem acossado pela intriga que grassa entre os órgãos de soberania e de estados d’alma pouco dignos do mais alto magistrado da nação. Depois, já enterrado no sofá, foi assistir atónito à intervenção do ministro Pedro Silva Pereira, em autêntica pose de estadista, ripostar com invulgar dureza e numa arrogância quase elegante a pública birra de Cavaco Silva.
O que vem à tona com isto tudo é a materialização dum negro pesadelo: uma nação pobre e decadente a hipotecar o seu presente com uma baixa e irresponsável guerrilha política protagonizada pelos principais órgãos de soberania nacionais: uma crise sistémica sem solução à vista. Sem dúvida o panorama ideal para o regime celebrar o seu centenário.

1 comentário:

Paulo Selão disse...

Ponhamos os olhos em Espanha: como noticía hoje o Correio da Manhã, a Casa Real Espanhola, pela voz do Rei, pediu ao Governo que este ano não aumentasse a dotação da Casa Real, solidarizando-se com o Governo que como se sabe tomou medidas no sentido de congelar salários de ministros, para disponibilizar mais verba para apoio social e medidas de combate à crise, ao invés de Portugal onde se congela salários de subalternos mas os dos ministros tendem a subir.
Quanto a Cavaco; este despreza o Governo e odeia o «seu» Primeiro-Ministro e está furioso e frustrado por o seu partido e a sua antiga colega de Governo não terem conseguido ganhar.
Em suma: É isto a república! Haja quem goste! Sendo assim: Bom apetite e que não faça indigestão!