domingo, 16 de agosto de 2009

O caso da bandeira monárquica

O "Caso da Bandeira" que tanto animou as consciências neste pico de Verão, apanhou-me de férias e contribuiu definitivamente para reforçar a minha boa disposição. Como sentimental que sou, confesso que a imagem da bandeira portuguesa azul e branca hasteada nos Paços do Conselho me deu um enorme gozo.

Racionalizando as coisas, a atrevida acção de agit-prop dos quatro bravos do 31 da Armada, para lá duma competentíssima operação de marketing - em que um simples blogue se atreveu a “comandar” a agenda dos media de massas - teve o mérito de trazer para a agenda mediática a Monarquia e as cores da sua bandeira de uma forma saudável e bem-disposta. Ora é precisamente deste modo que o assunto deve ser debatido: fora da velha formula virulenta e ressentida assumida por muitos republicanos e alguns monárquicos, herdada dos tempos do regicídio e da revolução da Carbonária e de Afonso Costa. Hoje os tempos da Nação são claramente outros, com diferentes desafios e dificuldades. Por isso essa perigosa e fratricida rivalidade que persiste, não tem hoje razão de existir, e tende a inquinar a discussão.

Da minha militância monárquica, seja através da Plataforma do Centenário ou da Real Associação de Lisboa, reconheço que aquilo que une os monárquicos na realidade (saudavelmente) é muito pouco: há-os de esquerda e de direita, liberais e socialistas, a favor e contra o aborto, ateus e crentes, católicos e protestantes. Tal como acontece com os republicanos. Para exemplificar, acreditem que, abaixo do nível da epiderme, me é mais fácil “entender” com um republicano conservador e católico, do que com um monárquico socialista e agnóstico. Ou seja, a discussão sobre a fórmula de regime de Chefia de Estado proposta por republicanos ou monárquicos, jamais deveria merecer tanto rancor e despeito. É essa relação política doentia entre portugueses que urge desconstruir e relativizar, propósito alcançado pelo Rodrigo Moita de Deus e seus companheiros do 31 da Armada, através do humor e da irreverência. De resto tal não acontecia desde o auge da popularidade de Miguel Esteves Cardoso e da sua candidatura ao Parlamento Europeu.

Eu cultivo o ideal monárquico de uma forma séria... e pragmática. É por isso que, antes de me colocar em bicos de pés numa patética disputa com o regime “incrustado”, o que me preocupa é que se cativem e doutrinem mais e mais monárquicos, de todos os quadrantes políticos e culturais: portugueses, patrióticos e descomplexados que acreditem que Portugal, a mais antiga nação do continente, merece lugar ao lado das antigas e prósperas monarquias europeias. E já agora que esse desígnio seja um dia por este nobre povo alcançado debaixo duma bandeira verdadeiramente digna de si e da sua história: a mais bela bandeira do mundo.

6 comentários:

Anónimo disse...

As coisas estão bastante interessantes

JSM disse...

Apoiado, Caro Amigo. O nosso tempo é de passar o testemunho. Mas às vezes, com um pouco de sorte,e a sorte também se procura... quem sabe se a 'malta das naus' não cai em si!
Abraço.

Anónimo disse...

Diz muito bem, João. Até porque acabo de ler as reacções publicadas no jornal Semanário, e outras lidas em blogues e fiquei algo "preocupado". Não podemos ficar de braços cruzados à espera que a República se discuta a si mesma. Ninguém foi "ofendido" com esta iniciativa e não posso concordar com a atitude de certos "monárquicos" que insistem em "protocolizar" a propaganda pró-monarquia. Sou pela intervenção. Ou não foi pela intervenção que a República venceu em 1910 e se consolidou? Que eu saiba não foi por andar em pezinhos de lã pelos salões...

Nuno Castelo-Branco disse...

Assino também a proposta do Nuno Resende.

João Távora disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Távora disse...

Não li o Semanário e não entendo a "preocupação" a que o Nuno Resende se refere, nem a proposta que o Nuno assina.
Abraços,