... Vai para José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa. Porquê? Porque nunca nesta época histórica mais recente – desde o 25 de Abril de 1974 – outra pessoa, em menos tempo, fez mais (ou foi o principal responsável por) acções que enfraquecessem a integridade, a identidade e a dignidade de Portugal face ao estrangeiro.
O «mote» foi logo dado em Abril de 2005, pouco depois da tomada de posse, numa entrevista ao jornal espanhol El País, na qual o Sr. Sousa afirmava que as três prioridades em política externa do seu Governo eram «Espanha, Espanha e Espanha». E, na verdade, a partir daí foi um «ver se te avias» no que se refere a «ibericidade», iniciando, continuando e/ou apoiando projectos cujo conceito central é a «Ibéria»: o Prémio Literário Ibérico; o Centro de Estudos Ibéricos; o Instituto Ibérico de Investigação e Desenvolvimento, sediado em Braga mas dirigido por um espanhol; o Mercado Ibérico de Electricidade. Só falta mesmo que as cimeiras luso-espanholas passem a ser designadas oficialmente de «cimeiras ibéricas», como aliás, informalmente e até na comunicação social, já acontece...
Há, porém, quem não consiga esperar. Em Maio de 2006, o ministro das Obras Públicas Mário Lino disse (na Galiza!) que era – é – «iberista», porque Portugal e Espanha têm «história e língua comuns». Por acaso o Sr. Sousa demitiu-o? Não. Quem cala... Um ano antes, no entanto, havia sido dado o maior contributo prático – ou seja, económico – ao «iberismo» com o aumento do IVA para 21% em determinados produtos, em especial os combustíveis. E para onde foram muitos portugueses que habitam junto à fronteira, com o seu dinheiro, quando queriam reabastecer os seus automóveis? Para Espanha, Espanha, Espanha... Não é, pois, de estranhar que em Março de 2008 tenha sido assinado o «Acordo entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha sobre a manutenção recíproca de reservas de petróleo bruto e produtos do petróleo».
O «mau vento» e o «mau casamento» assumiram outras formas e outros nomes. A 17 de Fevereiro de 2007 o ministro da Economia Manuel Pinho afirmou, em entrevista ao jornal espanhol El País, que «recebemos as empresas espanholas de braços abertos». De facto, houve exemplos eloquentes dessa... «abertura». Em Julho de 2006 foi autorizado à (empresa espanhola) Abertis a construção de uma «plataforma logística» em Castanheira do Ribatejo, no concelho de Vila Franca Xira (cuja Câmara Municipal é ocupada pelo PS) – num processo invulgarmente rápido, sem concurso público, que implicava a suspensão do Plano Director Municipal e a desafectação de terrenos das Reservas Agrícola e Ecológica Nacionais. Em Janeiro de 2006, a Iberdrola é autorizada a entrar na administração da EDP... sua concorrente directa no mercado da energia! Manuel Pinho veio logo dizer que (o representante d)a empresa espanhola nunca ocuparia um cargo executivo – como se fosse apenas isso que facilitasse o acesso a informação estratégica!
E Olivença? Interrogado em Janeiro de 2008, aquando de uma conferência de imprensa após uma cimeira com o Sr. Zapatero em Braga, o Sr. Sousa declarou que tal assunto é «folclore». Todavia, de certeza que o seu homólogo espanhol, tal como todos os antecessores, não considera(va)m Gibraltar como sendo «folclore». Entretanto, bem mais importante é (tentar) organizar, juntamente com o país vizinho, o Campeonato do Mundo de Futebol de 2018: o Governo, através de Laurentino Dias, secretário de Estado do Desporto, praticamente autorizou (porque havia «abertura política»), em Maio de 2008, a Federação Portuguesa de Futebol a iniciar conversações nesse sentido com a sua congénere espanhola.
Mas não é só em relação a «nuestros hermanos» que o Sr. Sousa e os seus «ajudantes» se mostram bajuladores e subservientes. Também com os chineses o «dobrar a espinha» tem sido a regra a seguir. Em Janeiro de 2007, durante uma visita à China (sim, aquela em que Manuel Pinho incentivou os «empresários-modelo» daquele país a investirem em Portugal apregoando os nossos baixos salários), o primeiro-ministro afirmou que, sobre as grandes questões internacionais, as duas nações «partilham os mesmos pontos de vista». Oito meses depois confirmou-se que isso era verdade quando ninguém do Governo, a começar pelo seu chefe, se encontrou com o Dalai Lama – que, e compare-se, poucos dias depois foi recebido oficialmente pela chanceler alemã Angela Merkel. Repetiram-se, assim, as tristes figuras feitas em 2001, quando o líder político e espiritual dos tibetanos visitou o nosso país pela primeira vez – e, note-se, era também o PS, então liderado por António Guterres, que estava no Governo. Ontem como hoje, prevaleceu o «pragmatismo». Honesto na sua cobardia, apesar de ambíguo, o ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado confessou que o executivo não recebia oficialmente o Prémio Nobel da Paz, «como é óbvio, pelas razões que são conhecidas» (Pena de morte? Macau? Brinquedos com chumbo? Arroz chao chao?). E que fazia o Sr. Sousa quando deputados do parlamento se encontravam com Tenzin Gyatso? Dissimulado na sua cobardia, no outro lado do jardim de São Bento, na residência oficial, falava com Bob Geldof!
Na prática, o Governo socialista contribuiu, objectivamente, e mesmo que indirectamente e involuntariamente, para que existam menos portugueses! Lá fora fecham-se consulados e não se paga aos professores de português – ou, quando se paga, é habitualmente com grande atraso; cá dentro obrigam-se as crianças do primeiro ciclo a aprender inglês antes de dominarem o português, além de se fecharem serviços de atendimento de urgência e maternidades, em especial junto à fronteira. Na verdade, nenhum outro facto simbolizou mais e melhor o desprezo pelos mais básicos interesses nacionais por parte do Governo Sócrates do que o encerramento, em Junho de 2006, da maternidade do Hospital de Elvas, obrigando as mulheres daquela região a darem à luz os seus filhos em Badajoz, não muito longe de Olivença... e, por arrastamento, a «oferecer» a Espanha, pela possibilidade da dupla nacionalidade, mais crianças que tanta falta nos fazem, e que, no futuro, quem sabe, poderão optar por serem cidadãos do país vizinho. Mais de um ano depois, em Outubro de 2007, era revelado que o Governo do Sr. Sousa em geral, e o Ministério da Saúde em particular, poupavam, por cada nascimento «externo», a «extraordinária» soma de... 1000 euros (!) – úteis, sem dúvida, para pagar abortos nos hospitais públicos portugueses. E nem os «incentivos à maternidade» entretanto anunciados, insignificantes e tardios, são suficientes para anular ou até atenuar os danos já causados.
Contudo, e não contente com fragilizar sucessivamente o país de diversas maneiras (as referidas e também outras), o Governo do Sr. Sousa decidiu também começar a mudar-lhe os nomes – difícil imaginar uma iniciativa mais ridícula do que a criação, em Março de 2007, da marca «ALLgarve» - e a concluir o processo totalitário e «(a)normalizador» de alteração do modo de escrever o seu idioma. Indiferente aos muitos pareceres contrários – acumulados durante mais de 20 anos – da quase totalidade dos verdadeiros especialistas em língua portuguesa, e, mais importante, à rejeição quase unânime da população, o PS impôs no parlamento, em Maio de 2008, a ratificação do «segundo protocolo modificativo» do acordo ortográfico – com o falso pretexto de que esse acordo é indispensável para a expansão das culturas lusófonas. A resposta a este ataque sem precedentes ao maior pilar da portugalidade só pode ser a desobediência civil, pacífica mas inequívoca.
Com efeito, e felizmente, longe vão os tempos em que palavras e actos anti-patrióticos equiparáveis aos que atrás foram mencionados valiam aos seus autores serem fuzilados, enforcados, defenestrados, trespassados... ou meramente encarcerados ou exilados. Porém, e se hoje fosse vivo, Miguel de Vasconcelos sem dúvida que estaria orgulhoso de José de Sousa.
O «mote» foi logo dado em Abril de 2005, pouco depois da tomada de posse, numa entrevista ao jornal espanhol El País, na qual o Sr. Sousa afirmava que as três prioridades em política externa do seu Governo eram «Espanha, Espanha e Espanha». E, na verdade, a partir daí foi um «ver se te avias» no que se refere a «ibericidade», iniciando, continuando e/ou apoiando projectos cujo conceito central é a «Ibéria»: o Prémio Literário Ibérico; o Centro de Estudos Ibéricos; o Instituto Ibérico de Investigação e Desenvolvimento, sediado em Braga mas dirigido por um espanhol; o Mercado Ibérico de Electricidade. Só falta mesmo que as cimeiras luso-espanholas passem a ser designadas oficialmente de «cimeiras ibéricas», como aliás, informalmente e até na comunicação social, já acontece...
Há, porém, quem não consiga esperar. Em Maio de 2006, o ministro das Obras Públicas Mário Lino disse (na Galiza!) que era – é – «iberista», porque Portugal e Espanha têm «história e língua comuns». Por acaso o Sr. Sousa demitiu-o? Não. Quem cala... Um ano antes, no entanto, havia sido dado o maior contributo prático – ou seja, económico – ao «iberismo» com o aumento do IVA para 21% em determinados produtos, em especial os combustíveis. E para onde foram muitos portugueses que habitam junto à fronteira, com o seu dinheiro, quando queriam reabastecer os seus automóveis? Para Espanha, Espanha, Espanha... Não é, pois, de estranhar que em Março de 2008 tenha sido assinado o «Acordo entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha sobre a manutenção recíproca de reservas de petróleo bruto e produtos do petróleo».
O «mau vento» e o «mau casamento» assumiram outras formas e outros nomes. A 17 de Fevereiro de 2007 o ministro da Economia Manuel Pinho afirmou, em entrevista ao jornal espanhol El País, que «recebemos as empresas espanholas de braços abertos». De facto, houve exemplos eloquentes dessa... «abertura». Em Julho de 2006 foi autorizado à (empresa espanhola) Abertis a construção de uma «plataforma logística» em Castanheira do Ribatejo, no concelho de Vila Franca Xira (cuja Câmara Municipal é ocupada pelo PS) – num processo invulgarmente rápido, sem concurso público, que implicava a suspensão do Plano Director Municipal e a desafectação de terrenos das Reservas Agrícola e Ecológica Nacionais. Em Janeiro de 2006, a Iberdrola é autorizada a entrar na administração da EDP... sua concorrente directa no mercado da energia! Manuel Pinho veio logo dizer que (o representante d)a empresa espanhola nunca ocuparia um cargo executivo – como se fosse apenas isso que facilitasse o acesso a informação estratégica!
E Olivença? Interrogado em Janeiro de 2008, aquando de uma conferência de imprensa após uma cimeira com o Sr. Zapatero em Braga, o Sr. Sousa declarou que tal assunto é «folclore». Todavia, de certeza que o seu homólogo espanhol, tal como todos os antecessores, não considera(va)m Gibraltar como sendo «folclore». Entretanto, bem mais importante é (tentar) organizar, juntamente com o país vizinho, o Campeonato do Mundo de Futebol de 2018: o Governo, através de Laurentino Dias, secretário de Estado do Desporto, praticamente autorizou (porque havia «abertura política»), em Maio de 2008, a Federação Portuguesa de Futebol a iniciar conversações nesse sentido com a sua congénere espanhola.
Mas não é só em relação a «nuestros hermanos» que o Sr. Sousa e os seus «ajudantes» se mostram bajuladores e subservientes. Também com os chineses o «dobrar a espinha» tem sido a regra a seguir. Em Janeiro de 2007, durante uma visita à China (sim, aquela em que Manuel Pinho incentivou os «empresários-modelo» daquele país a investirem em Portugal apregoando os nossos baixos salários), o primeiro-ministro afirmou que, sobre as grandes questões internacionais, as duas nações «partilham os mesmos pontos de vista». Oito meses depois confirmou-se que isso era verdade quando ninguém do Governo, a começar pelo seu chefe, se encontrou com o Dalai Lama – que, e compare-se, poucos dias depois foi recebido oficialmente pela chanceler alemã Angela Merkel. Repetiram-se, assim, as tristes figuras feitas em 2001, quando o líder político e espiritual dos tibetanos visitou o nosso país pela primeira vez – e, note-se, era também o PS, então liderado por António Guterres, que estava no Governo. Ontem como hoje, prevaleceu o «pragmatismo». Honesto na sua cobardia, apesar de ambíguo, o ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado confessou que o executivo não recebia oficialmente o Prémio Nobel da Paz, «como é óbvio, pelas razões que são conhecidas» (Pena de morte? Macau? Brinquedos com chumbo? Arroz chao chao?). E que fazia o Sr. Sousa quando deputados do parlamento se encontravam com Tenzin Gyatso? Dissimulado na sua cobardia, no outro lado do jardim de São Bento, na residência oficial, falava com Bob Geldof!
Na prática, o Governo socialista contribuiu, objectivamente, e mesmo que indirectamente e involuntariamente, para que existam menos portugueses! Lá fora fecham-se consulados e não se paga aos professores de português – ou, quando se paga, é habitualmente com grande atraso; cá dentro obrigam-se as crianças do primeiro ciclo a aprender inglês antes de dominarem o português, além de se fecharem serviços de atendimento de urgência e maternidades, em especial junto à fronteira. Na verdade, nenhum outro facto simbolizou mais e melhor o desprezo pelos mais básicos interesses nacionais por parte do Governo Sócrates do que o encerramento, em Junho de 2006, da maternidade do Hospital de Elvas, obrigando as mulheres daquela região a darem à luz os seus filhos em Badajoz, não muito longe de Olivença... e, por arrastamento, a «oferecer» a Espanha, pela possibilidade da dupla nacionalidade, mais crianças que tanta falta nos fazem, e que, no futuro, quem sabe, poderão optar por serem cidadãos do país vizinho. Mais de um ano depois, em Outubro de 2007, era revelado que o Governo do Sr. Sousa em geral, e o Ministério da Saúde em particular, poupavam, por cada nascimento «externo», a «extraordinária» soma de... 1000 euros (!) – úteis, sem dúvida, para pagar abortos nos hospitais públicos portugueses. E nem os «incentivos à maternidade» entretanto anunciados, insignificantes e tardios, são suficientes para anular ou até atenuar os danos já causados.
Contudo, e não contente com fragilizar sucessivamente o país de diversas maneiras (as referidas e também outras), o Governo do Sr. Sousa decidiu também começar a mudar-lhe os nomes – difícil imaginar uma iniciativa mais ridícula do que a criação, em Março de 2007, da marca «ALLgarve» - e a concluir o processo totalitário e «(a)normalizador» de alteração do modo de escrever o seu idioma. Indiferente aos muitos pareceres contrários – acumulados durante mais de 20 anos – da quase totalidade dos verdadeiros especialistas em língua portuguesa, e, mais importante, à rejeição quase unânime da população, o PS impôs no parlamento, em Maio de 2008, a ratificação do «segundo protocolo modificativo» do acordo ortográfico – com o falso pretexto de que esse acordo é indispensável para a expansão das culturas lusófonas. A resposta a este ataque sem precedentes ao maior pilar da portugalidade só pode ser a desobediência civil, pacífica mas inequívoca.
Com efeito, e felizmente, longe vão os tempos em que palavras e actos anti-patrióticos equiparáveis aos que atrás foram mencionados valiam aos seus autores serem fuzilados, enforcados, defenestrados, trespassados... ou meramente encarcerados ou exilados. Porém, e se hoje fosse vivo, Miguel de Vasconcelos sem dúvida que estaria orgulhoso de José de Sousa.
Artigo publicado no jornal O Diabo Nº 1666, 2008/12/3
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