quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Há por aí muitos mastros e varandas a pedi-las (9)

Ceuta

3 comentários:

Luís Milheiro disse...

A questão "real" veio mais uma vez à baila graças à brincadeira de um bando de "garotos" que têm um blogue e gostam de fazer filmes em que são os protagonistas principais e que tinham como aspiração ser os novos "heróis" da blogosfera...
Passando por cima de toda esta "poeira", é preciso dizer, que ao contrário do que algumas pessoas pensam, nós não éramos mais felizes nem mais prósperos quando tínhamos um rei.
Ao longo da nossa história de quase oitocentos anos de monarquia, são poucos os reis que tiveram um papel importante no nosso desenvolvimento e na nossa história (colocando de parte todas as lendas e o misticismo, claro).
Quando se deu a Primeira República o país estava praticamente ingovernável e na banca rota, porque não havia dinheiro que chegasse para "pagar" as mordomias do rei e da sua vasta "corte". Mesmo com a maior parte dos portugueses a viver miseravelmente e numa grande ignorância (a taxa de alfabetismo era inferior a 30% em 1910)...
É importante frisar que os primeiros governos constitucionais conseguiram equilibrar as finanças do país, até ao começo da Grande Guerra em 1914, moralizando os processos da administração pública e a vida social, melhorando as condições de vida da população em geral, tornando por exemplo a educação e a saúde muito mais acessíveis.
Claro que não há país que consiga resistir a uma Guerra como a de 1914 que durou mais de quatro anos e na qual fomos "obrigados" a participar, para não perdermos as colónias e a nossa independência...
Por tudo isto: «Viva a República!»

Câmara disse...

Há uma coisa que muita gente ainda não percebeu. Na monarquia constitucional os reis NÃO governavam. Eram só o chefe de estado!

"nós não éramos mais felizes nem mais prósperos quando tínhamos um rei"
Tem fontes que possa indicar que confirmem o que diz?

"são poucos os reis que tiveram um papel importante no nosso desenvolvimento e na nossa história"
Como? Pode dar exemplos então de quem fez as principais coisas da história de Portugal? Novamente: não de podem comparar as monarquias feudais e absolutas com as constitucionais, por isso esta questão é irrelevante para a discussão monarquia/república actuais.

"Quando se deu a Primeira República o país estava praticamente ingovernável e na banca rota, porque não havia dinheiro que chegasse para "pagar" as mordomias do rei e da sua vasta "corte""
Referências? Ingovernável? O país era um dos mais democráticos do mundo e tinha investido enormemente na industrialização (principalmente fontismo), daí as dívidas que tinha (estava à espera que iniciativas privadas dessem retorno), e ainda estávamos a pagar a guerra civil. A implantação da república no Brasil levou ao colapso da economia brasileira, a nossa que dependia dela também sofreu uma pequena recessão, mas equilibrou-se. Os produtos americanos entravam nos mercados europeus e eram concorrência à qual a nossa economia não estava preparada. Mas pergunto outra vez, o que é que o rei tinha a ver com isso? Ele era o chefe de estado e não o chefe de governo. Se o Sócrates levar o país ao abismo a culpa é do Cavaco??? Pode mostrar as contas do rei? Qual corte? Portugal era uma monarquia onde a aristocracia não tinha poder nenhum, ao invés de monarquias "exemplares" como a britânica e a sueca.

"Mesmo com a maior parte dos portugueses a viver miseravelmente e numa grande ignorância (a taxa de alfabetismo era inferior a 30% em 1910)..."
Não se passava fome. O alfabetismo estava a crescer, D. Manuel II tinha já feito contactos com o partido socialista, tinha acordos com os sindicatos e até tinha chamado o Leon Poinsard a Portugal para lhe fazer um relatório imparcial sobre o estado dos trabalhadores portugueses. E não era ele que governava, mas trabalhou para dar esta informação aos governos. Quis criar casas baratas, créditos agrícolas. Mas era o chefe de estado e os governos não quiseram fazer tal coisa (ou não tiveram tempo).

"É importante frisar que os primeiros governos constitucionais conseguiram equilibrar as finanças do país,"
LOL, sabe como, não sabe?

"moralizando os processos da administração pública e a vida social, melhorando as condições de vida da população em geral, tornando por exemplo a educação e a saúde muito mais acessíveis."
Pode ser concreto? Tipo exemplificando e dando referências? Comparado com a monarquia constitucional, a primeira república foi o caos no país, tanto socialmente como politicamente. Quantos exemplos quer?

"Claro que não há país que consiga resistir a uma Guerra como a de 1914 que durou mais de quatro anos e na qual fomos "obrigados" a participar, para não perdermos as colónias e a nossa independência..."
Concordo que a participação na primeira guerra era inevitável, e se estivéssemos em monarquia acredito que tivéssemos entrado logo em 1914.

No entanto quero destacar 2 pontos:
1) Não sou monárquico porque a monarquia constitucional foi melhor que a primeira república. É um disparate 100 anos depois andarmos a usar argumentos de há 100 anos atrás. Sou monárquico porque prefiro as vantagens da monarquia às vantagens república.
2) Na monarquia constitucional os reis eram só chefes de estado. Como tal, os responsáveis pelo país eram os chefes de governo, escolhidos pelo rei, e o povo, pelo parlamento que escolhia. O rei tinha obviamente a sua responsabilidade, mas não era ele que mandava. Leia as notas de D. Pedro V, ele sabia que nenhum político ao alcance era suficientemente bom para governar, e isso desesperava-o. Não podia agir por si só, porque era SÓ chefe de estado.

OCTÁVIO DOS SANTOS disse...

O Jorge Câmara tem menos de metade da idade do Luís Milheiro, mas tem o dobro - ou o triplo, ou mais... - em conhecimento e bom senso...