segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A Honra dos vencidos

"(...) Neste "Diário" cruzam-se testemunhos que dão uma versão coincidente dos momentos-chave da revolução e do que se segue - como a partida de D. Manuel II do Palácio das Necessidades para o exílio. Descrevem-se estados de alma, impressões, sentimentos. Contam-se episódios que reflectem a lealdade à monarquia, a honra e a coragem de alguns oficiais como o tenente da Armada Real Portuguesa Frederico Pinheiro Chagas que aos 28 anos se suicida para não se render às forças republicanas ou o tenente Saldanha, decidido a resistir à sublevação dos praças no navio "Adamastor". Narram-se incidentes que, por outro lado, revelam o desnorte dos comandos militares monárquicos, a apatia, falta de determinação e de coragem do Governo de Teixeira de Sousa. Foi o Governo que dissuadiu o rei D. Manuel II quando este disse "eu fico"."

O "Tenente Saldanha" citado era o meu tio-bisavô, que me chegou a conhecer quando eu nasci. Augusto Saldanha era um militar de uma integridade ímpar e um monárquico convicto. No dia 5 de Outubro de 1910 o seu parceiro Tenente Cabeçadas trai as hostes e aponta-lhe uma pistola à cabeça pedindo a chaves do paiol (do Adamastor). A resposta foi pronta: – só dou as chaves a quem mas confiou (o Rei) – e atirou-as para o mar. Foi espancado pela soldadeca, torturado e preso. O seu filho, João Carlos Camossa Saldanha, viria a fundar o Centro Nacional de Cultura e o Partido Popular Monárquico.

Sei que aos vencidos não é feita a Honra. Por Augusto Saldanha, pelo João Camossa eu estarei dia 5 de Outubro em Guimarães a ouvir e a sentir também por eles. Para que os meus olhos sejam os seus olhos.