Vasco Pulido Valente sintetiza hoje no Público o que significou o 5 de Outubro:
E, principalmente, como é possível ignorar que a Monarquia, apesar da sua decadência e da sua inoperância, fora um regime bem mais livre e legalista do que a grosseira cópia do pior radicalismo francês, que o 5 de Outubro trouxe a Portugal?
"(…) Não admira que a República nunca se tenha conseguido consolidar. De facto, nunca chegou a ser um regime. Era um “estado de coisas”, regulamente interrompido por golpes militares, insurreições de massa e uma verdadeira guerra civil. Em pouco mais de 15 anos morreu muita gente: em combate, executada na praça pública pelo “povo” em fúria ou assassinada por quadrilhas partidárias, como em 1921 o primeiro-ministro António Granjo, pela quadrilha do “Dente de Ouro”. O número de presos políticos, que raramente ficou por menos de um milhar, subiu em alguns momentos a mais de 3.000. Como dizia Salazar, “simultânea ou sucessivamente” meio Portugal acabou por ir parar às democráticas cadeias da República, a maior parte das vezes sem saber porquê.
Em 2010, a questão é esta: como é possível pedir aos partidos de uma democracia liberal que festejem uma ditadura terrorista em que reinavam “carbonários” vigilantes de vário género e pêlo e a “formiga branca” do jacobinismo? Como é possível pedir a uma cultura política assente nos “direitos do homem e do cidadão” que preste homenagem oficial a uma cultura política que perseguia sem escrúpulos uma vasta e indeterminada multidão de “suspeitos” (anarquistas, anarco-sindicalistas, monárquicos, moderados e por aí fora)? Como é possível ao Estado da tolerância e da aceitação do “outro” mostrar agora o seu respeito por uma ideologia cuja essência era a erradicação do catolicismo? E, principalmente, como é possível ignorar que a Monarquia, apesar da sua decadência e da sua inoperância, fora um regime bem mais livre e legalista do que a grosseira cópia do pior radicalismo francês, que o 5 de Outubro trouxe a Portugal?"
Texto retirado daqui
4 comentários:
Os centenários são para comemorar mas nem sempre são para festejar.
No dia de finados tambem se compram flores para comemorar não para festejar!
Brilhante esta escrita de Vasco Polido Valente, em meia duzia de linhas descreve na perfeição o que é a porca da república.
E o que têm os republicanos para comemorar?
Em tempos remotos, a República Romana (SPQR)criou a Nobreza, na Idade Média surgiu a Burguesia, e com a república portuguesa criou-se a Política (classe social). Os republicanos comemoram a criação desta nova classe social.... a política, que tudo sugou e deixou-nos de tanga....
O Vasco bem escreve, atentamente, assim como muitos outros o escrevem, como este blogge e site bem procuram evidenciar. O problema é a "sintonização". A maioria da população está a captar outros sinais: uns emitidos pela propaganda facciosa, outros emitidos pelo convérsê de café onde grassa o ressabiamento e a ignorância. Estudar ou procurar fontes fidedignas dá trabalho.
Enviar um comentário