domingo, 21 de setembro de 2008

O que Teófilo Braga,( Presidente do Governo Provisório que implantou a República) pensava dos restantes republicanos e do regime

Em 1913 dá-se um incidente politico.Teófilo Braga com o intuito de ser nomeado Presidente da Republica, facto que atingiria em 1915, inicia em 1913 uma campanha de divulgação das misérias morais dos principais actores da Republica, facto que lhe valeu o ódio dos republicanos
Covém não esquecer que Joaquim Teófilo Fernandes Braga foi o Presidente do Governo Provisório que implantou a I República.


Teófilo Braga

«eu sempre falei da abolição do Conselho de Estado, da Câmara dos Pares e do corpo diplomático. Lavraram-se um a um os decretos que demitiam os antigos (diplomatas) e eu vi entrar essa gente toda que para aí está.»


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«- Oh meu caro amigo! tire o Bernardino que terá vontade de ser útil ao País, e o resto são todos uns ... eu não digo, eu não digo.» O DIA,

«GOVERNO ALGUM PODE TOMAR A SÉRIO COMO DIPLOMATAS OS INDIVÍDUOS QUE PRESENTEMENTE OCUPAM AS LEGAÇÕES DE PORTUGAL.» "O SECULO" (30/3/1913)

«é tudo uma lástima, meu caro. O Augusto de Vasconcelos quiz ir à viva força para Londres, mas lá não o aceitaram: lá não dão categoria aos cirurgiões para serem ministros plenipotenciários. O Junqueiro devia ir para Espanha, que ele conhece, ele que é todo arte e literatura. Mas por doença de família precisou de ir para a Suíça e então lá abalou para Berna e por lá anda a fazer coisas disparatadas.»

« Esse sujeito [Jose Relvas], logo nos primeiros dias da revolução apresentou-se-nos no conselho de ministros e disse: "Como o Bazílio Teles não vem para as finanças, eu queria ficar no lugar dele." Eu fiquei mesmo parado, a olhar para o Bernardino, pasmado do impudor. Estava uma noite de chuva. E eu então, para dizer qualquer coisa, disse para o Bernardino: Olhe, você vem para baixo? E como ele dissesse que sim, declarei que já era muito tarde, que o melhor era não se resolver nada naquela noite. Mas o homem depois tornou-se a impor, com o grupo do José Barbosa e do Inocêncio Camacho à frente, a empurra-lo, e ficou Ministro das Finanças.»

«Esse [João Chagas]é uma lástima, creia. Tudo que se diz agora contra ele na imprensa francesa não e novidade nenhuma para ninguém de ca. Antes de ele partir para Paris já aqui o Ministro da França tinha as suas informações.»

(21 de Setembro de 2008)


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Entrevista de Teófilo Braga com "O SÉCULO":
(30/3/1913)

1. Estou intimamente e absolutamente convencido de que é impossível uma conflagração europeia.

— É por eu estar íntima e absolutamente convencido deste facto que lhe digo que não há necessidade alguma de pensarmos nessa organização guerreira que para aí se apregoa.

— Falámos da questão propriamente interna; falemos agora da nossa situação no campo internacional. Não seria conveniente definir clara e precisamente os termos da aliança inglesa?

— Era bom realmente precisar os direitos e deveres que essa aliança impõe: todavia enquanto os cargos diplomáticos forem ocupados pelas individualidades que actualmente os ocupam não pensemos em tal. Eu sou sempre muito sincero nas afirmações que faço e em verdade lhe digo que estou convencido de que GOVERNO ALGUM PODE TOMAR A SÉRIO COMO DIPLOMATAS OS INDIVÍDUOS QUE PRESENTEMENTE OCUPAM AS LEGAÇÕES DE PORTUGAL.

— Devemos pois tentar definir a nossa situação internacional?

— Sim, mas convencidos de que a melhor garantia para o bom resultado dessa tentativa reside na própria administração do país e nas qualidades dos nossos diplomatas."

("O Século" de 30 de Março de 1913)
Entrevista a Teófilo Braga no "O DIA" (2/4/1913)

4. Não podemos — ainda que queiramos satisfazer a curiosidade dos leitores de "O DIA" — reproduzir tudo o que o actual presidente do Directório do partido [Teófilo Braga] que está no poder nos disse em informações que perfeitamente elucidam aquelas suas palavras que tão escandalosa discussão têm causado, mas que vão além da matéria estrictamente política a que nos circunscrevemos.
Sempre que falei, em conferências e em tudo, entre as coisas negativas que esperava da República eu sempre falei da abolição do Conselho de Estado, da Câmara dos Pares e do corpo diplomático.
Lavraram-se um a um os decretos que demitiam os antigos (diplomatas) e eu vi entrar essa gente toda que para aí está.
- E as suas impressões sobre todos eles?
- Oh meu caro amigo! tire o Bernardino que terá vontade de ser útil ao País, e o resto são todos uns ... eu não digo, eu não digo.
- Referia-se V. Ex.a há pouco ao corpo diplomático actual?
- Aí vou, aí vou; isso é tudo uma lástima, meu caro. O Augusto de Vasconcelos quiz ir à viva força para Londres, mas lá não o aceitaram: lá não dão categoria aos cirurgiões para serem ministros plenipotenciários. »


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(Augusto de Vasconcelos. Republicano moderado desde a sua juventude, era considerado amigo pessoal de Afonso Costa e politicamente próximo de Brito Camacho. Era professor catedrático de Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, pela qual se tinha licenciado em 1891. Estreou-se na governação como Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo presidido por João Pinheiro Chagas Enveredou então pela diplomacia, ocupando o posto de embaixador de Portugal em Madrid nos anos de 1913 e 1914, passando depois para a embaixada em Londres, que ocupou de 1914 a 1919, período que compreendeu a participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial, altura em que a embaixada em Londres tinha um papel crucial na condução política do conflito.)

«O Junqueiro devia ir para Espanha, que ele conhece, ele que é todo arte e literatura. Mas por doença de família precisou de ir para a Suíça e então lá abalou para Berna e por lá anda a fazer coisas disparatadas.
- E do sr. Relvas que impressão tem?

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(Jose Relvas, inventor do "escudo" como moeda, Proclamou, a 5 de Outubro de 1910, a instauração da República Portuguesa da varanda da Câmara Municipal de Lisboa, tendo sido ministro das finanças do respectivo Governo Provisório (cargo que obteve á força) de 12 de Outubro de 1910 até à auto-dissolução deste, a 4 de Setembro de 1911, tendo depois exercido o cargo de embaixador de Portugal em Espanha (onde os espanhois o chamavam de "tonto misterioso" pois nunca dizia nada) até 1914. Esteve em seguida bastantes anos afastado da actividade política, até ser nomeado primeiro ministro, a 27 de Janeiro de 1919, tendo exercido aquele cargo até 30 de Março do mesmo ano).


«- Não faz ideia, não faz ideia, meu caro amigo. Esse sujeito, logo nos primeiros dias da revolução apresentou-se-nos no conselho de ministros e disse: "Como o Bazílio Teles não vem para as finanças, eu queria ficar no lugar dele." Eu fiquei mesmo parado, a olhar para o Bernardino, pasmado do impudor. Estava uma noite de chuva. E eu então, para dizer qualquer coisa, disse para o Bernardino: Olhe, você vem para baixo? E como ele dissesse que sim, declarei que já era muito tarde, que o melhor era não se resolver nada naquela noite. Mas o homem depois tornou-se a impor, com o grupo do José Barbosa e do Inocêncio Camacho à frente, a empurra-lo, e ficou Ministro das Finanças. E foram eles que as derrancaram, meu caro amigo.
- E o sr. Relvas, para se propor a Ministro das Finanças, que preferências apontava?
- Ah! esquecia-me dizer-lhe. Alegou que o nome dele já estava apontado noplacard do "SÉCULO" e que a praça de Lisboa o recebia bem. Vê quem eles são?
- Conjecturávamos, com efeito...
- Agora lá está por Madrid, sempre empavesado, muito conselheiral, a fazer de pessoa grande sempre a abanar a cabeça e sem dizer palavra.
La chamam-lhe, por isso.- el tonto mysterioso. Isto não são diplomatas, meu caro amigo.
- V. Ex.a pode referir-se ao sr. Chagas?


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(João Chagas, jornalista, diplomata e político português, tendo sido o primeiro primeiro-ministro da I República de Portugal, amigo +pessoal de Jose Relvas foi um dos principais conspiradores contra a Monarquia)

«- Porque não? Conto-lhe coisas muito curiosas. Isso é um drama. Esse é uma lástima, creia. Tudo que se diz agora contra ele na imprensa francesa não e novidade nenhuma para ninguém de ca. Antes de ele partir para Paris já aqui o Ministro da França tinha as suas informações.
O nosso entrevistado aponta então alguns detalhes tão escabrosos da vida íntima do sr. João Chagas que, embora S. Ex.a nos autorizasse a referi-los e os acompanhasse da recomendação "pode pôr tudo isso", com que de resto nos ia munindo a cada passo, nós, contudo, resolvemos guardá-los, visto reflectirmos que estas colunas se destinam a um público bem mais susceptível do que um despreocupado entrevistador... e rigorosamente são interditas a tudo o que entre noutros domínios a que o público deve ser estranho.
- Quanto ao Teixeira Gomes, o senhor sabe, como toda a gente, do manifesto ao povo inglês, não é verdade? Então isto é um diplomata , meu caro?


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(Após a implantação da República, exerce o cargo de ministro plenipotenciário de Portugal em Inglaterra. Em 11 de Outubro de 1911 apresenta as suas credenciais ao rei Jorge V do Reino Unido, em Londres, cidade onde então se encontrava a família real portuguesa no exílio.Eleito presidente da república a 6 de Agosto de 1923, viria a demitir-se das suas funções a 11 de Dezembro de 1925, num contexto de grande perturbação política e social. A sua vontade em dedicar-se exclusivamente à obra literária, foi a sua justificação oficial para a renúncia.)


E vão pela mesma o Sidónio das matemáticas, que fez lá questão com o imperador Guilherme por causa do jantar que não comeu, e o Eusébio Leão, que os colegas de lá acusam de ter hóspedes na legação. Isto é uma vergonha, meu amigo. Quanto ao Alves da Veiga... Nem falar nisso! Salva-se um, meu caro; é o Bernardino, pode crer. E é então por essa gente que nós temos de ser defendidos? Podem chamar-me o que quiserem mas o meu projecto salvava estas misérias. Desde 72 que eu andava pregando a abolição do corpo diplomático...
— E que impressão guarda da atitude da sua câmara no momento em que, na sua ausência, o sr. Brito Camacho lhe fazia as referências que conhece já?
— Ah! meu amigo, eu resolvi não falar mais na câmara desde que se discutiu a Constituição, e alguém, sabendo que eu ainda estava para falar, propôs um abafarete, para me calarem a boca. A câmara, ouvindo e calando o que contra mim se disse, foi coerente, meu caro, assim como quando morreu minha mulher — e todos os meus amigos se me dirigiram — se esqueceu de me enviar condolências.

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(Brito Camacho, para além de um dos principais mentores da propaganda anti-monarquica atravéz do Jornal "A LUCTA", do qual era director,foi ministro do Fomento e dirigente do Partido Unionista que fundou. Também foi Alto Comissário da República em Moçambique de 1921 a 1923.)


«— E se publicasse (a história) de tudo isto deixava muita gente na grilheta.
Receio não ter ouvido bem! objectámos surpresos.
— Ponha lá isto assim mesmo. Cá tenho as minhas razões. O que eu poderia contar! Mas não quero, não quero; adeus, meu querido amigo...

(Entrevista publicada no "DIA" de 2 de Abril de 1913)»

fonte:
"Teófilo Braga e os republicanos" Org. Carlos Consiglieri, Vega edições

1 comentário:

Anónimo disse...

O Leão com casa de hóspedes na çegação fez-me ternura, o que é que querem?