domingo, 2 de novembro de 2008

A imprevisível “agenda” da história


A respeito da revolução de 14 de Maio de 1915, escreve a condessa de Mangualde numa carta ao seu marido deportado:

Vivemos numa atmosfera de terror, em que só se ouve falar em tiros e mortos.
O drama do João de Freitas foi horrível. Hoje diz o Diário de Notícias que foi morto a tiro no Porto o Homero de Lencastre. De certo que esse merecia castigo, mas a facilidade com que se manda assim gente para o outro mundo, faz estremecer. Parece impossível que este Portugal seja o mesmo que ainda há dez anos era a terra mais pacata e mais sossegada do mundo. Que responsabilidade medonha têm os que transformaram o bom povo português nas feras que agora andam por aí!

Memórias da condessa de Mangualde – Quetzal editores, Fevereiro 2002

5 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Não tarda muito e estaremos na mesma!

Ralf Wokan disse...

Os estudiosos olisiponenses chamam isto "centenánario"
http://geo.cm-lisboa.pt/
click: Videoteca referente ao regicídio....
Ralf

Jorge Santos disse...

Claro, estaremos na mesma... se andarmos a ler contos de fadas a mais.
Numa época de apatia em que os portugueses burrificaram e deixaram de lutar pelos seus direitos era impossivel alguma vez voltarmos a ter uma revolução.

Nuno Castelo-Branco disse...

Que tipo de revolução é que certa "esquerda" pretende? É que hoje em dia recorre a tudo, até a pseudo-Mussolinis de ocasião, como o cavalheiro de Caracas. É esse o ideal? Não, obrigado, preferimos o capitalismo sujo e opressor que se pratica em países atrasados e ignominiosamente monárquicos, como a Suécia e a Dinamarca. Se o povo está-se "hoje a borrifar", isso deve-se ao fracasso indesmentível da república em reforçar o espírito cívico. É que democracia significa antes do mais, o primado da Lei sobre o arbítrio. Claro que isso é aborrecido para os admiradores dos senhores Mugabe, Castro, Lukashenko, etc. Uma maçada, esta coisa de ir a votos e deixar os outros escrever e falar à vontade... Coisas burguesas, enfim!

Jorge Santos disse...

Deixe lá o Mugabe o Castro e outros tantos que não são praqui chamados.
Foi a monarquia de destruiu o país.
A monarquia nunca deixou a burguesia desenvolver-se o suficiente para fazer o pais avançar.
O comercio estava nas mãos dos nobres que não investiam os lucros senão em luxo.
Claro que era necessária uma revolução republicana! Pois se a monarquia nao resolveu era vez da República tentar. E teria conseguido se não fossem várias questões técnicas do sistema que o fizeram ruir.
Suécia e Dinamarca - socialdemocratas
centenário da República - conservador e católico.
Está a ver as semelhanças? Nem eu!