sábado, 31 de janeiro de 2009
No próximo Domingo, 1 de Fevereiro
Como é habitual nas gentes do norte, o João Amorim, nosso colega e amigo do blog Os Carvalhos do Paraíso, tomou a iniciativa de organizar um almoço de confraternização. Realizar-se-á no próximo domingo, 1 de Fevereiro de 2009, pelas 13.00 horas, no restaurante/cervejaria Trindade, ao Chiado, Lisboa.
A todos os interessados em participar na já tradicional evocação da memória das vítimas do Regicídio, endereçamos este apelo à participação no convívio. Desde já podem contar com a presença de representantes de vários blogues, como o Risco Contínuo, Estado Sentido, o Combustões, Centenário da República e Cartas Portuguesas, além de alguns republicanos ultrajados por aquilo que o 1º de Fevereiro representou.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Honra perdida*
*título retirado do blogge Nova Floresta
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
A memória que jamais se extinguirá
Não podemos esquecer e não esqueceremos. Somos homens comuns, o que torna o perdão senão impossível, todavia dolorosamente aceitável. Foi um século de desdita, de escusada decadência, de descaracterização daquilo que fomos e que nos tornou visíveis no mundo. Os portugueses foram roubados à já sua normal liberdade e à verdadeira promessa de um progresso tornado inevitável. Esse mesmo progresso, esse estatuto adquirido numa Europa que então, garantiu as hoje vastas fronteiras da lusofonia.
Tal como nos anos anteriores, será preciso um furacão abater-se sobre Lisboa, para que às cinco da tarde do próximo domingo, 1 de Fevereiro, não faça aquilo a que há tanto tempo estabeleci como obrigação moral: passar pela esquina do Terreiro do Paço, relembrar a tragédia e confirmar a justeza das convicções da nossa gente. E quantas vezes lá fui, sem que vislumbrasse caras conhecidas com quem pudesse trocar as previsíveis impressões . Hoje tudo parece diferente e para melhor. As pessoas interessam-se e temos o nosso direito à indignação, neste caso, por uma muito digna causa. Sem partidos, sem grupúsculos, sem inimizades pessoais. Estamos todos juntos, pela justiça.
A Honra perdida da República
A Republica Portuguesa, após 25 de Abril, nunca conseguiu gerar Republicanos com a honra e dignidade e integridade com que este Monárquico serviu essa mesma República.
Dos climas propícios de Davos ao "clima" de 1910
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
90 anos da Monarquia do Norte
A proclamação da monarquia no Porto (23-1-1919), consistiu no epílogo dos acontecimentos despoletados pelo período dito sidonista, no qual a esmagadora maioria da população se revia, na sua profunda ânsia de paz, progresso e segurança. Ainda hoje a época surge como um factor de apaixonada discussão que é mais própria do âmbito da luta e da propaganda política, que da imparcial análise histórica dos eventos ocorridos e dos inerentes pressupostos ideológicos. O que foi o sidonismo? Torna-se difícil uma plena explicação que dirima toda a controvérsia que o tema implica. Não tendo um programa de acção que não fosse a ordem e a acalmia após o avassalador vendaval "democrático" do costismo, a chamada República Nova concitou o apoio conservador e pela primeira vez desde João Franco, o supremo dirigente do Estado colheu a quase unanimidade dos poderes de facto - a indústria, o comércio, as profissões liberais -, e simultaneamente surgia diante das massas, como a espada redentora de um país esmagado e humilhado pela prepotência demagógica do regime do 5 de Outubro de 1910. Sidónio foi popular e tanto os monárquicos - força poderosa onde se susteve -, como o próprio rei D. Manuel II, compreenderam as imensas possibilidades que a situação propiciava para uma natural evolução do regime em direcção a uma nova monarquia.
Paradas, banquetes, inaugurações, conferências e actos de claro cariz populista, consistiram afinal, no cerne do período em causa e durante um ano, Portugal considerou a república velha como coisa exautorada, morta e passada. Foi o tempo de todas as ilusões.
O assassinato de Sidónio criou uma situação insustentável de indefinição, pois o regime era o próprio homem, como os factos viriam a comprovar. A única força verdadeiramente influente sobre o qual assentava, era, para além do exército, a causa monárquica no seu sentido mais lato. O grave problema consistiu nas clivagens internas que na altura já ruidosamente se verificavam, dada a visível cisão legitimista em torno do Integralismo, exactamente no momento em que decorrida meia década desde o consócio do rei com Augusta Vitória de Hohenzollern, o ramo liberal parecia condenado a entender-se com os seus primos banidos em 1834. De facto, os Integralistas não souberam nem quiseram aguardar a natural evolução dos acontecimentos e os prejuízos causados às fortes hipóteses da instauração da monarquia, foram sem dúvida fatais. De nada serviu o precedente histórico do chambordismo que aconselhava a concentração de esforços e sobretudo, o saber esperar. O rei via-se desautorizado, quando as próprias forças armadas pareciam dispostas a essa aguardada outra monarquia, com uma Constituição que adequasse o poderes real aos novos tempos, garantindo-lhe a dispensa de envolvimento na organização do jogo político, indesmentível facto que originara o descalabro dos últimos anos do reinado de D. Carlos. A Carta Constitucional obrigava o monarca a essa activa participação na organização de governos e maiorias parlamentares, levando a que a frágil e volátil opinião pública, frequentemente o acusasse de comprometimento com o partido rotativo então no exercício do Conselho de Ministros. Curiosamente, muitos são os testemunhos acerca dessa disponibilidade das forças armadas em "engolir" - na saborosa expressão da condessa de Mangualde - a nova monarquia de D. Manuel II, mas a empresa era inequivocamente difícil. Difícil, porque tal pressupunha em primeiro lugar, a disciplina dentro da causa monárquica, dirimindo-se as divergências, em prol do interesse primeiro: evitar o regresso do costismo e da "república velha". Trabalho de Hércules, este, pois os sectores radicais estavam seguros do seu porvir como força hegemónica, tanto em Portugal, como noutros países europeus saídos da Grande Guerra. O conflito aniquilara a antiga Europa da Belle Époque e no continente apavorado com a bestialidade leninista profusamente relatada por refugiados e pela imprensa, parecia chegada a hora de novos condottieri. Os Freikorps na Alemanha, os Arditi italianos e os ímpetos totalitários apregoados por d'Annunzio, pressagiavam essa nova ordem emergente. Horthy esmagava a ditadura bolchevista de Bela Khun e na Baviera Kurt Eisner desaparecia de cena, tendo o mesmo fatal destino de Liebknecht e Rosa Luxemburgo.
Os Integralistas não cederam e pressionaram, ao mesmo tempo que desta forma se evidenciava aos olhos da ansiosa opinião pública nacional, a profunda divisão dos monárquicos. O desrespeito pela figura do monarca que se vira apoiado e reconhecido pelo seu próprio primo D. Miguel (II), foi sem qualquer sofisma, um claro indício do fracasso ou dificuldade de uma breve restauração da bandeira azul-branca, ela própria contestada por uma parte dos defensores do realismo. Foi esta a tragédia que fez perder a Restauração. As Forças Armadas e os seus comandos, pretendiam antes de tudo, a necessária ordem que possibilitasse a calma interna, a reorganização da economia, a preservação do Império e a normalidade do dia a dia. Eram, tal como hoje, uma força conservadora, decorridos os anos de conflituosidade interna devido à participação de muitos dos seus elementos na guerrilha partidária e ao desastroso desempenho na Grande Guerra. Os militares quiseram apresentar-se como a reserva da nação e é neste momento que se inicia a marcha que conduziria anos depois, ao 28 de Maio de 1926. Como poderiam então apoiar decisivamente um movimento já por si dividido? É certo que o próprio Chefe de Estado de recurso, o almirante Canto e Castro, era um reconhecido monárquico, fiel a D. Manuel II. O problema residia então, na impossibilidade de uma acção concertada iniciada pelas forças civis e logo secundadas pelo impaciente exército.
Conhecem-se os consecutivos eventos que tendo início na feliz restauração no Porto - com grande regozijo popular -, foram evoluindo ao longo das semanas de duração do movimento, para a fragilização do mesmo e insucesso final. Falta de organização, descoordenação entre os Centros Monárquicos e as forças armadas, lutas intestinas, a ausência de um atractivo programa de saneamento da vida pública e sobretudo, a constante improvisação de medidas que pretendiam consolidar a nova situação, eis as causas do desastre.
Para grande desespero do rei que bem aconselhara a uma plena organização e conjugação de esforços, adiou-se sine die qualquer hipótese de regresso de Portugal às suas instituições históricas e naturais. Pior que tudo, a derrota dos sublevados implicou para cúmulo da infelicidade, o retorno da "república velha", facto cujas funestas consequências Portugal ainda hoje sofre. Desdita ainda evidente nas mentalidades e na hodierna total ausência do sentido do dever e do interesse colectivo. Aprendamos com a História. Para que não se repita.
domingo, 25 de janeiro de 2009
Exemplo de um Rei que nunca será igualado por um presidente
Não estou a ver nenhum presidente a fazer isto, nunca vi um presidente a tomar uma posição tão extrema. Provavelmente se tal acontecesse cá ... fugia o prosidente da junta. D.Manuel II no dia 5 de Outubro de 1910 quiz montar o cavalo e comandar as tropas dando o exemplo mas sua mãe Rainha D.Amélia tendo já perdido um filho e um marido pediu para que não o fizesse.
São exemplos de coragem e não de cobardia que os Reis nos têm mostrado não só em Portugal, nem preciso de relembrar D.Juan Carlos que veio com o Exército e os Tanques para a a rua em 1983 quando da tentativa de golpe de estado fascista.
sábado, 24 de janeiro de 2009
(Outras) Intolerâncias republicanas
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Centenário do Regicidio
Tema da I República obriga Mário Soares a demarcação ideológica
Em 1910, muita gente dispusera-se a aceitar a República, na suposição de que seria um regime liberal e pluralista. Mas o regime, entre 1910 e 1917, não foi nada disso. Consistiu antes no domínio do Estado por um partido, o PRP de Afonso Costa, com uma orientação de esquerda revolucionária, onde se faziam todo o tipo de promessas sociais para atingir o Poder.
O ex-Presidente da República, Mário Soares, afirmou, esta quinta-feira, que os casamentos entre homossexuais são uma questão de consciência, ao mesmo tempo que advertiu que não são esses os problemas fundamentais do país. (daqui)
Mário Soares respondia a uma questão colocada por um elemento da assistência após ter proferido uma palestra sobre a separação entre a Igreja e Estado desde a I República até à actualidade.
A actual conduta politica de vários quadrantes (com especial enfoque para o PS) tem-se tornado paralelo com o rumo político-social da I República. O casamento Gay chegou a ser incorporado como elemento essencial nas comemorações do centenário da implantação da república a 5 de Outubro de 2010, com o respectivo diploma a ser preparado para ser aprovado nessa altura. A ideia da sustentação social e política pela atribuição de liberdades, numa atitude de liberalismo e abertura de espírito,(sem olhar à relevância conjuntural ou sustentabilidade económico-social) não é nova: a I República, ainda antes de o ser, já debitava todo o tipo de promessas, promessas essas que tiveram consequências sociais desastrosas, como a fragilidade da condição feminina (uma lei de divórcio que beneficiava quem detinha o poder económico - os homens - pois às mulheres eram negadas várias liberdades para se sustentarem após separação), lei muito similar com a que foi aprovada recentemente, e a degradação das condições laborais e sociais (facilitismos nos despedimentos e oposição do Estado ao cumprimento de promessas feitas antes de 1910- a lei da greve foi aprovada sob coerção popular).
Fonte: Somos Portugueses
A "eterna pergunta"
Panfleto inglês que circulou em Portugal durante a II guerra mundial (lamento mas não tenho o resto)...imagem é maior, clicar para ver o lado direito
Parece que até os ingleses sabiam onde parava a chuva em questões regimentais.
No entanto até aposto que naquela altura muitos "fiéis à I república" até votariam no fulano do bigode para não darem "o braço a torcer" e admitir o que é mais do que óbvio
Monarquia não tem nada a ver com "Direita" ou "Esquerda"...é democrática
bem haja
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
O regime em sondagem
Para votar, divulgar e acompanhar até 6 de Fevereiro!
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Portugal na 4º Recessão, e desta até pode vir a ser uma Depressão!
Portugal podia bem ser o País dos ministros das finanças. É candidato? Então venha para Portugal que tem lugar garantido no "Hall of fame".Tivemos o Afonso Costa, Oliveira Salazar, e entre vários outros temos agora a líder do PSD (que já foi) e o Teixeira dos Santos. Em todos eles existe um ponto comum... a habilidade em pôr os portugueses na miséria e a inabilidade para controlar tudo o que vá além "do tostão", no gerla para todos eles investir é o mesmo que gastar (não existe qualquer diferença naquelas mentes).
Afonso Costa corrigiu o défice (1913) proibindo pura e simplesmente qualquer gasto, não sendo de admirar que o Pais tenha rapidamente passado de recessão para depressão e Caos. Convém lembrar que o rendimento per capita em 1921 regrediu Portugal para níveis de riqueza de 1850, um défice Orçamental de 10% e uma dívida publica de 90%! Quem tem ministros das finanças deste calibre não precisa de inimigos. Veio então Salazar, que achava que a "indústria era um mal necessário", frase interessante para um País que via o resto do Ocidente a montar fábricas e que tinha falhado a 1º Revolução industrial. Levou tempo, mas lá evoluiu e chegou à conclusão que o romantismo de cada português de enxada na mão não era viável, embora nunca tenha evoluído para um investimento sério.
A "era da Democracia", parece não ter trazido novidades. (entre o "pais está falido", "de tanga"...etc etc etc).
Para além de ninguém saber onde pára o ministro da Economia em 2008-9 (o tal que "decretou " o fim da crise, um tique luso que se compreende) temos um ministro das finanças que debita opiniões sobre investimento, mente descaradamente sobre a conjuntura económica, pública romances curiosos que dão pelo nome de Orçamento de Estado e promete dinheiro que não existe para planos tão densos e completos que cabem num power point de meia dúzia de páginas.
Pior ainda, chama o Orçamento de "suplementar" para não admitir o erro e correctamente chama-lo de rectificativo. Não admira que Portugal entre na sua 4º Recessão desde 1974 (embora seja mais uma continuação da de 2003), e desta existem fortes possibilidades de se copiar a Depressão da década de 20.
De todas as opiniões destes mestres na arte da dissuasão convém que todos os portugueses retenham a ideia de que Portugal tem uma das mais baixas taxas de incumprimento (não pagamento de dividas) bancário, a taxa de esforço nacional está nos 30% (em média 30% do rendimento é para pagar prestações) uma das mais baixas da Europa. O rendimento disponível nacional, apesar de ser dos mais baixos, não impede que os portugueses sejam conhecidos como gente cumpridora que prefere não comer a dever dinheiro ao Estado. Perguntamo-nos então porque somos o "Pais da tanga"? Porque todo o Poder transitório é irresponsável.
Ontem o 44º Presidente dos EUA teve esta frase curiosa: "Menos mensurável mas não menos profunda é a perda de confiança na nossa terra - um medo incómodo de que o declínio da América é inevitável, e que a próxima geração deve baixar as expectativas". Salazar também teve uma frase curiosa sobre o mesmo tema (medo da pobreza): "Um povo que não tem medo de ser pobre é invencível".
Após 100 anos de pobreza contínua creio que é chegada a altura de nos questionarmos se somos nós que somos pobres ou se são aqueles que nos representam que não são responsaveis. Ou se não haverá forma de alterar este cenário...
bem haja
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Obama "Rex Mundi"
Se viesse, neste momento, um habitante de uma qualquer galáxia distante e visse o que se passa certamente pensaria que Obama é o chefe eleito da "aldeia" Terra.Mau grado a falta de lógica, o 44º Presidente dos EUA não passa disso mesmo, um Chefe de Estado de um país (entre as quase 2 centenas que existem no planeta) que não o nosso e que pouco mais tem de 200 anos. Obama está apenas e exclusivamente interessado nos EUA.
Por outro lado é curioso que numa República avançada, como os EUA, os seus habitantes vejam num só homem a reunião ou somatório das capacidades individuais de cada um dos seus habitantes, o que é um contra-senso para qualquer republicano de gema que acredita na capacidade do Homem, como individuo, sobre as capacidades da comunidade reunida em torno do Rei.
Mais estranho ainda é Portugal dar "corda" a este fenómeno, como se não fossemos uma república perfeitamente capaz e dependêssemos, agora, de um "Chefe" estrangeiro para nos salvar das nossas incapacidades.Para nós o fenómeno não é recente nem tão pouco desconhecido. Também em Portugal tem havido alguns "Obamas", como o Afonso Costa em 1913, o Sidónio Paes em 1918, ou mesmo Salazar. Tanto nestes fenómenos nacionais como nos internacionais, é curiosa a tendência para ver estes como uma espécie de monarcas, a "esperança" , o futuro, ou mesmo uma encarnação do "encoberto", quando na verdade todos foram previamente escolhidos pela conjuntura politica instalada e todos eles exerciam, exercem e exercerão um Poder temporário... e nenhum deles se salvou sequer a si próprio.
Curiosamente, não existe esta tendência para o "salvador da pátria", nos países onde existem reis ela é mesmo um quase-exclusivo das Repúblicas. Haverá em Inglaterra este fenómeno? e em qualquer outro pais da Europa que tenha um Rei como Chefe de Estado? Ou mesmo em Portugal, antes de 1910 (exceptuando o sebastianismo que tem outra origem)? Curiosamente nestes paises, a capacidade individual, é uma prática e uma realidade, onde a renovação não se faz pelo topo, mas pela base.
Este misticismo do poder Real que circula em torno do 44º Presidente dos EUA é um fenómeno antinatural aos ideais que suportam a República e pode muito bem ser o principio de um péssimo resultado. "Sic transit gloria mundi"
bem haja
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
História, Memória e Património
A memória de uma nação é o melhor alicerce para o seu futuro. Negar a história é promover a longo prazo a negação do país. Esquecer o passado é fazer com que no futuro todo o país não tenha amor-próprio e se sinta perdido, sem coragem, sem chama e sem força para preparar o futuro.
Portugal caminha, se é que já lá não chegou, a este estado de torpor. Mas se ainda não chegamos, para lá caminhamos a rápidos passos largos.
Em conversa com uma descendente de um grande político republicano, fiquei a saber, com choque e espanto que todo o seu espólio doado ao Município de que foi, durante largos anos, presidente foi pura e simplesmente "perdido".
Neste preciso momento a fábrica Bordalo Pinheiro das Caldas da Rainha está em processo de falência. Um jornal afirmou que os moldes das peças de cerâmica feitos pelo próprio Rafael Bordalo Pinheiro ainda existem no armazém da fábrica. Como é usual, ninguém no alegado ministério da cultura deve estar preocupado com isso.
Cito estes dois exemplos “republicanos”, como poderia citar o estado do Convento de Cristo, da Igreja de São Vicente de Fora ou da Catedral de Silves, porque para mim a historia é história, quer se goste do que ela representa ou não. O património histórico tem de ser preservado independentemente do que possamos pensar ou opinar sobre o seu significado.
Enquanto o património se perde ou se degrada o governo pensa em comemorar a republica a gastar milhões num terminal de contentores em benefício exclusivo de uma empresa e num mal explicado novo museu dos coches, sem no entanto cuidar do restauro dos próprios coches, nem sequer dos fabulosos picadeiros reais onde actualmente se encontram.
A "escola ideal " da República
uma imagem pode responder a este facto sem qualquer comentário:
(ilustração Portugueza de 4/3/1918)
imagem de 1918
para os mais distraido...a escola é ao "ar livre" o que significa que não passa de pura propaganda politica, poís nenhum mobiliário ou escola é sustentável à chuva ou sem tecto.
Aliás ainda hoje a "Republica Democrática" tem problemas com a Educação ,onde a eterna burocracia empana todas as velências do sistema e perverte os objectivos principais da Escola Pública..não tarda muito e a "escola ideal" da I República volta com os alunos á chuva a cantar o "somos livres", numa eterna demagogia ciclica que tenta culpabilizar o próprio sistema educativo pelas falhas constantes do poder politico.
bem haja
a "obra social " da I República
Em 1922 a ocupação dos «...pequenitos que revolvem os barris de lixo em procura de alguns restos para comer. (...)», como se afirma no Século, acrescentando-se ainda: «Há crianças que tomaram como profissão rebuscar no entulho do Aterro qualquer trapo, para aproveitar como agasalho, ou migalha de comer, para se enganarem, como alimento!» (1922- O Século de 11/02/1922)
José de Castro (maçon e ilustre republicano, desde 1881), que era de opinião que essa multidão de crianças rotas «... quase nuas algumas, fumando... apresentam ares grosseiros e agressivos, não de crianças mas de bandidos...» (17/3/1922, O Século).
Gostaríamos de realçar a ideia de que os indigentes constituíam de facto uma categoría social diferente, quer pelo seu perfil físico e psicológico quer pela sua conduta na vivência do quotidiano lisboeta.
A rua era o meio a que pertenciam muitos desses individuos, que viviam da mendicidade ou de expedientes que, mais tarde ou mais cedo, Ihes custava a liberdade tão apreciada.
Alguns, porém, ansiavam a protecção do Estado, que lhes era facultada através do internamento nos estabelecimentos de assistência ou da atribuicão de outro tipo de ajuda de carácter mais provisório, como as esmolas, os bodos e outras prestações em géneros, provenientes quer de pessoas individuais quer de organismos e instituições particulares e oficiais.
Conforme se avança pela terceira década do século XX, o apelo á caridade e solidariedade particulares vai-se tornando mais insistente, ao mesmo tempo que se evidenciam os erros e lacunas da acção providente do Estado republicano, que não conseguirá fazer face aos múltiplos problemas relacionados com a obra de Assistência Social assumida pela I República em Portugal.
Entretanto, as ruas da capital continuam enxameadas de mendigos, como nos faz crer a noticia divulgada pelo Século em 1 de Abril de 1931: «Vagueiam, teimosos como as vespas persistentes como os moscardos, impertinentes como os mais insaciáveis parásitas, pelas suas rúas e praças principais, os pedintes de profissão (...). Toda a rua do Ouro, a rúa Augusta, o Rossio, o Chiado e as artérias principais da cidade e do comercio e das elegâncias nao passam de constantes exposições de chagas, de pústulas, de trapos, de gangrenas (...), de braços podres...»
Os rostos das crianças e das mulheres sao adjectivados de magros, pálidos e macilentos, além de sujos e «ranhosos», no caso das crianças. Outros epítetos usados para os menores vadios eram; «chagados», «mazelentos», «maltrapilhos e descalços», consideravam-nos, aínda, «farrapos humanos», que nada tinham de alma, so instintos «...de pequenas feras», «bárbaros», «aves de rapina» (1922-O Século 15/5/1922)]
Os homens apresentavam-se com grandes barbas, mal cuidadas, sujas e reflectindo o desmazelo próprio de quem tem outras preocupações prioritarias.
No vestuario — que muitas vezes nao passava de um monte de andrajos — destacam-se algumas peças susceptíveis de distinguir os dois sexos: o gibáo, ou o velho capote militar que alguns homens envergavam, e o xaile de tons escuros com que se cobrem as mulheres, servindo por vezes também de cobertor aos filhos que se aninhavam junto às mães para se protegerem dos rigores do clima.
(...) Em casos mais extremos, e sobretudo na intimidade das suas áreas residenciáis — nos becos e nos patios — as enancas podiam ser vistas semi-nuas, numa promiscuidade com a térra e a lama que ladeavam as suas casas.
Outra situação que chocava o olhar do observador comum era a ocupação dos «...pequenitos que revolvem os barris de lixo em procura de alguns restos para comer. (...)», como se afirma no Século, acrescentando-se ainda: «Há crianças que tomaram como profissão rebuscar no entulho do Aterro qualquer trapo, para aproveitar como agasalho, ou migalha de comer, para se enganarem, como alimento!» (1922- O Século de 11/02/1922)
A "Batalha" (já referida no blogue) publicou alguns artigos sob o título genérico «O paraizo Burgués», que denunciavam certos casos de miséria mais flagrantes, como a que se vivia no Casal Ventoso, povoado de gente com «(...) rostos escaveirados, expressóes bestializadas, encardidas nas intempéries ocultas, sob uma camada viscosa de imundície. Tudo neles é negro. (...) Marcham como sapos, deslizando acocorados, hábito que lhes ficou da continua existência de toupeiras agachadas sobre o lixo ou curvadas para deslizarem dentro das suas barracas de tectos baixos como tocas (...)» (1925-A Batalha 25/3/1925).
Mas nem todos os observadores têm uma apreciação tão benevolente dessa miséria exposta e atrevida. O Século publica um depoimento de uma figura política, antigo ministro da Marinha, José de Castro (maçon e ilustre republicano, desde 1881), que era de opinião que essa multidão de crianças rotas «... quase nuas algumas, fumando... apresentam ares grosseiros e agressivos, não de crianças mas de bandidos...» (17/3/1922, O Século).
As suas atitudes de irreverência eram mal entendidas pela autoridade policial que marcava e perseguia esses miúdos vadios, que se divertiam a «tourear um polícia», conforme a gíria da época.
As observações a que foram sujeitos os menores que passaram pela Tutoria da Infância permitiram-nos destacar algumas características mais comuns nestas crianças, como sejam a instabilidade, a insubmissão, a indisciplina e um comportamento profundamente marcado por automatismos herdados da sua experiência de vida da rua.
A revista deste instituto de assistência aos menores (Abril de 1915) vai mais longe, apontando como «qualidades peculiares do vadio» ser dissimulado, reservado, instável e por vezes adulador.
Os velhos, pelo contrário, carregavam tristeza no seu olhar, deixando transparecer o peso da humilhação a que se sentiam sujeitos, o que contribuía para lhes dar uma aparência soturna.
A determinação do Estado Novo em combater a mendicidade que ameaçava a tranquilidade e ordem públicas ficou desde logo expressa no editorial de Janeiro de 1931 do Boletim do Governo Civil, que anunciava inequivocamente: «É preciso limpar Lisboa.» (2O sangue e a rua. Elementos para uma antropologia da violência em Portugal (1926-1946),p. 209, Lisboa, Publicações D. Quixote, 1989)
Em jeito de conclusão, registámos que, ao longo de todo o período estudado, a política de repressão da mendicidade teve um destaque igual, ou mesmo superior, ao da assistência social facultada aos indigentes. Este facto induz uma questão, que julgamos pertinente deixar como remate da matéria exposta:
— As medidas tomadas pelos governos vigentes durante o 1.° terço do século XX teriam sido as mais correctas e indicadas para sanar esse mal, que já era vulgarmente designado por«cancro social»?
Maria Fátima M. Pinto, Mestra em Historia do séc. XX/FCSH/Univ. Nova de Lisboa
domingo, 18 de janeiro de 2009
a demagogia da iliteracia e da emigração...mais dois cromos
o Caro Tiago já respondeu aqui, vamos ás partes:
Segundo os cálculos apresentados, com reservas, por António Nóvoa, [a taxa de analfabetismo era de] 82,4% em 1878 e 79,2% em 1890. Também segundo esse investigador, baseado na documentação inédita de uma inspecção realizada em 1867, os alunos das escolas primária, apesar de um proveniência social heterogénea, tinham predominância urbana e pertenciam geralmente às «classes abastadas».
É um facto que antes de 1850 (de 1850 até 1900 o nº de escolas cresce 4 vezes), não havia uma rede coerente de ensino , só em 1835 é estabelecido o ensino primário gratuito.
Também é verdade que o ensino não chegava ao interior, mas esse facto merece uma explicação.
Mas a I Republica não contribuiu, antes piorou, o panorama da iliteracia em Portugal
Se em 1910 a taxa de iliteracia nacional era de 60,6%, nas cidades era de 40% e ainda havia o aspecto de 40% dos letrados exercerem uma profissão...uma profissão a sério e não como as actuais profissões, que não passam de um nome para esconder incapacidades técnicas
Aliás se assim não fosse não haveria tanta gente capaz de fazer bombas e armas a a partir do nada em 1910
A explicação para a iliteracia é simples, se de 1836 parte-se do virtual zero (seria uns meros 10% a ter educação primária) para 60,6% (valor extrapolado com base num decrescimento da iliteracia em 0,4 pp por ano) em 1910 isso é uma queda na iliteracia de 49%
Para além desse esforço houve uma opção estratégica (e única viável, porque apenas o Estado Novo resolveu o problema dos progenitores não considerarem o ensino relevante no futuro da prole...impediam-os de frequentar a escola, e esse cenário ainda é uma realidade) de criar e intensificar a rede de ensino primordialmente nas cidades porque seriam os focos de desenvolvimento e os únicos centros capazes de absorver as capacidades técnicas decorrentes do ensino
[b]A iliteracia contrariamente ao que muita gente pensa cresce durante a I República, pois passa de 60,6% para 66,2% em 1920 e em 1930 continuava acima do nivél do periodo do Rei D. Manuel II[/b]...é importante frisar este aspecto
Quanto à emigração, o caro Tiago (agradeço o gráfico, por acaso até gosto porque sintetiza)
Num país que era tão próximo dos países mais desenvolvidos da Europa e, por consequência, do Mundo, a taxa de emigração cresceu a olhos vistos na segunda metade do século XIX. Se calhar o PIB crescia muito, mas nem todos o sentiam. A velha história da igualdade e da falta dela.
A distribuição do rendimento era de facto desigual e decorria das incapacidades técnicas da população que emigrava (maioritarmente do interior e sem qualquer qualificação), a população do interior por e simplesmente não estava capacitada para o novo modelo de desenvolvimento.
Portugal não foi o único, Itália também exportou mão de obra desqualificada nos mesmos moldes.
Contrariamente à Republica que chegou a "proibir" a emigração (difcultou, cancelou documentação...etc), a monarquia facilitou a emigração porque sabia que a mão de obra não qualificada era útil em paises com moldes diferentes de desenvolvimento ,onde havia falta de gente (os então, Estados Unidos do Brasil, principalmente)
Repare-se que não havia quase emigração para Inglaterra ou Alemanha, ou qualquer outro pais desenvolvido
O Estado Novo percebeu esta realidade e foi por isso que se criaram redes de escolas técnicas (que actualmente são 6 e estão na falência!)...graças à 3 republica não há ensino técnico e os "iletrados" actuais são licenciados (a desadequação estratégica na Educação que a 3º republica abraçou)
Mas voltando à emigração...existem partidas e chegadas e se havia emigração também havia o contrário:
Como se pode ver a taxa liquida de migração mais do que triplicou (iam mas não voltavam...quem quer voltar para o caos?) e apenas o Estado Novo inverteu a situação (por pouco tempo)
Curiosamente estamos a niveis superiores do que no tempo de D. Carlos e D. Manuel II
...se como o caro Tiago disse a emigração aumentou a olhos vistos na Monarquia (é verdade),então, os olhos saltam das órbitas na República porque 1/3 da pop. sai do Pais nesse periodo
Como o gráfico mostra a Monarquia era para os contemporâneos mais atractiva do que a tempo actual
O caro Tiago disse:
Em resumo, durante a Regeneração e o Fontismo, assistimos a um desenvolvimento da indústria, mas com fortes limitações. O peso da indústria cresce, mas virada principalmente para o mercado interno. Desenvolvem-se as industrias ligeiras e tradicionais - com excepção da cortiça e conservas -, com fraca competitividade internacional. O peso do artesanato e da manufactura continua a ser muito grande e verifica-se uma situação curiosa: os sectores mais modernos e tecnicamente aperfeiçoados trabalham para o mercado interno, enquanto os sectores onde predominam as formas e técnicas artesanais ligadas *a matéria-prima nacional são os que mais facilmente exportam.
concordo, mas era inevitável .Querer competir logo à partida é impossivel, em 1936 nem havia uma ligação viável entre o Norte e o Sul no Inverno, quanto mais comboios e portos capazes de exportar
Aliás este cenário da produção para mercado interno ainda é uma realidade
bem haja
sábado, 17 de janeiro de 2009
Défice divida Publica e outras propagadas demagógicas dos republicanos
É preciso ter em mente que ,contráriamente ao resto de Europa, tivemos uma séria guerra cívil entre 1828-1834 e uma politica de Liberalismo extremo até 1842.Neste periodo houve nada mais nada menos que 18 governos
Porquê 1842?
Convém ter em mente que actualmente (16 de Janeiro de 2009) o nosso Primeiro ministro espera um défice público de 3% (o que é excelente)...pois em 1842 o governo cai porque o défice publico atinge a exorbitância de 2,3% (o défice Público médio entre 1833 e 1844 seria de 0,9%).É isto que costuma aparecer nos livros, mas de facto nesse ano até houve uma expansão do PIB de 6% (convém lembrar que actualmente esperamos crescimento negativo para 2009)
Claro que o crescimento médio (neste periodo) do PIB foi de apenas 1%, devido a severas recessões e instabilidade politica, mas curiosamente houve em média uma queda no preços (deflação) de 0,7%
Convém lembrar que em todo o periodo da Monarquia Constitucional o défice público nunca altrapassou a actual marca (que advém do actual Pacto de Estabilidade e Crescimento, acordado entre os membros da UE)dos 3%
Observando o gráfico acima , pode-se observar que a divida pública criada (no gráfico em baixo) não advinha do excesso de gastos (défice publico) , mas sim do peso das taxas de juro.
A instabilidade provocada, ora por radicais de esquerda (D. Maria II) ora por republicanos (D. Carlos e D. Manuel II) aumentou o risco junto dos principais financiadores externos do Estado português que por sua vez nos exigiam garantias cada vez mais pesadas e taxas de juro cada vez maiores.Aliás o mesmo problema acontece agora (2009) com o "rating" da empresa de consultoria S&P (standard & Poor´s) que colocou Portugal na lista de "clientes a quem não se deve emprestar dinheiro"...como é óbvio a taxa de juro irá aumentar , já que existe sempre quem empreste
Em 1842 a Rainha D. Maria II empossa um governo dictatorial (governar por decreto e não com o exercito atrás das costas como é práctica republicana) em Costa Cabral e os problemas da Divida Pública começam...ainda hoje permanecem
Embora o PIB continue a crescer por mais 2 anos o governo de Costa Cabral propõe-se a instaurar um Plano de Fomento que capacite o País das infraestruturas necessárias ao novo modelo de crescimento económico chamou-se a "regeneração"
Um plano de financiamento mal feito (junto de privados e com altas taxas de juro)que incapacitou o Estado financeiramente durante largas decadas
A usual instabilidade social (que incluiu um movimento a favor de enterros dentro das igrejas-o que era insustentável e contrário ás novas regras de higiene pública...mas quando se trata de politiquice a razão não interessa) provocou a queda politica de Costa cabral
Como a imagem demonstra, não havia um problema de excessivo endividamento antes de 1910 e a I República não o resolveu.Muito pelo contrário inverteu a tendência de redução da Divida Pública que vinha desde D. Carlos.
A II República resolveu de facto o problema do peso dessa divida e foi um dos grandes feitos do Estado Novo
.....
bem haja
Monarquia Absolutamente...Comunista!
Como se tivéssemos uma transmissão de pensamento, o Miguel (Combustões) decidiu hoje fazer um post acerca da já indicada sucessão do Querido Líder Kim jong Il. De facto, o filho e sucessor do Grande Líder Kim il Sung, nomeou o seu rebento mais novo, como herdeiro do cadeirão presidencial norte-coreano. Já podemos esfregar as mãos de contentamento, pois a máquina de informação de Pyong-Iang decerto nos facultará outra fábula acerca do auspicioso nascimento do putativo Chefe. É que ainda há umas décadas, publicava uns livrinhos para distribuir no Ocidente e nos quais se relatava a chegada a este mundo do menino Kim, o ainda hoje presidente.
Segundo rezava a lenda, numa fria noite de inverno, em plena ocupação japonesa, nascia num estábulo de uma pequena granja de camponeses pobres, um lindo e rechonchudo bebé. Era o filho do Grande Condutor das massas Camponesas e Operárias da Coreia! Obedecendo á indicação de uma estrela providencial, soldados, camponeses, estudantes, intelectuais, artesãos e muitos, muitos resistentes patriotas, partiram de todos os pontos do país (e os malvados japoneses não davam pela coisa, claro...), em direcção a um remoto lugar onde acontecera a maravilha. À medida que se aproximavam do local, desabrochavam mil flores (a 16 de Fevereiro, quando o frio é glacial e a neve atinge metros de altura?!), os pássaros cantavam (de voz rouca de tosse, presume-se) e os corações exultavam de orgulho nacional e feroz determinação em vencer o opressor da pátria. Ecoavam hinos pelos campos e montanhas, compunham-se poemas redentores e o Grande Líder Kim il Sung, para todos tinha uma palavra de incentivo à luta e apelava ao abnegado amor pela pátria e pelo proletariado.
Era este, grosso modo, o texto distribuído, certamente destinado para consumo interno de uma população para quem o advento do cristianismo é simplesmente ignorado.
Esta dinastia Kim, apenas confirma aquilo que se tem passado em todos os regimes "republicanos de autoridade", abrangendo estes a Cuba dos Castro, a Roménia ceausesquiana, o par Tito-Jovanka, os Kaddafy, o pai e filho Duvalier e seus correspondentes congoleses Kabbila, Lukashenko e o filho pré-púbere e já designado, a mortífera cleptocracia Hussein protagonizada por Saddam, Uday e Kusay, o pai e filho Assad da Síria, etc.
Não há dúvida alguma de que os monárquicos portugueses estão a ser integralmente ultrapassados pela direita. Não tardará muito, até chegarmos ao dia em que o PCP e o burguês BE se convertam à ideia do realismo mais exacerbado. Ficamos felizes pela opção, mas temos de discordar veementemente com o modelo a adoptar, porque os comunistas são os derradeiros defensores da implantação de uma monarquia absoluta. Esta sim, de contornos divinos e totalitários, capaz de remeter Nabucodonosor para a categoria de perigoso desviacionista pequeno-burguês.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Os malandros dos Braganças....
Li por aqui ou noutro blogue a afirmação:
à data do fim da Monarquia, éramos um dos países com maiores taxas de analfabetismo da Europa - actualmente não -, éramos industrialmente atrasados e atente-se que foi no tempo da Dinastia Bragantina (1640-1910) que perdemos o combóio europeu, depois de termos sido uma super-potência mundial.
Eu cá ando à espera que o caro Tiago desencante as ditas estatisticas ou números para sustentar a afirmação... certamente já percebeu que não existem.
Mas eu passo a explicar detalhadamente a aberração da afirmação: comecemos pelo "comboio", que como sabemos não foi inventado em 1640 mas teve um nascimento industrial nos primeiros 20 anos do sec XIX, portanto aí têm 2 gráficos que identificam a tendência (filtro Hodrick Prescott) do PIB per capita médio (dos paises do gráfico superior) em relação a Portugal:
A ideia é simples...quanto mais próximo do valor 1 ,mais próximo estamos do nível de vida médio dos paises considerados.É um gráfico que lida com uma realidade dinâmica que compara a evolução do PIB/capita português com o PIB /capita das economias mais dinâmicas.
Houve três periodos de aproximação ao Nível das economias desenvolvidas entre 1860 e 1890 (30 anos,com uma taxa muito elevada de crescimento no principio da decada de 80 do sec XIX, ainda não repetida até hoje), 1925 e 1938 (13 anos do ínicio do Estado Novo)e novamente de 1950 até hoje,mas nenhuma dessas evoluções nos aproximou do nivel de 1820 e só em 1970 atingimos o nível de 1890.
Se notarem estavamos mais próximos da riqueza dos paises desenvolvidos em 1820 do que actualmente... quase 200 anos !!!!!!!!!!, e não arrisco muito com uma extrapoloação de mais 1 anos porque entramos em recessão com uma 3º República mais gasta do que um pneu velho.
Estivemos entre 1820 e 1890 2 vezes a um nivél de quase paridade e apenas há meia duzia de anos é que voltamos a ter o mesmo nivél de vida (relativo) que havia no tempo de D. Maria II.
Acho que nem vale a pena falar do contributo da 1º república porque acho que o gráfico evidência isso muito bem. Mas há mais... ainda falta de 1820 para trás!
bem haja
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
A recorrência demagógica republicana
Em resposta ao artigo de André Couto:
Rico artigo de imprensa cor de rosa, até parece que a república fez muito. De 1910 a 1926 existiu uma autêntica guerra civil, a Europa já nem ligava a Portugal por este ser um país associado ao descalabro e à balburdia ao ponto de que teriam criado um termo para definir balburdia "Portugalisê". Mas afinal não há mais do que a morte de D.Sebastião e o Ultimato Inglês para apontar à monarquia ? Acho muito pouco para 700 anos de monarquia mas no entanto temos bastantes e graves para apontar à República em 100 anos.
- A economia caiu a pique de 1910 a 1926 ao ponto de ser preciso colocar o professor de Coimbra lá.
- Tivemos presidentes da república assassinados como Sidónio Pais que até tinha sido o primeiro eleito por sufrágio universal
- Tivemos de 1926 a 1974 uma ditadura de Direita, a 2ª República com grandes figuras da República como Oscar Carmona
- Tivemos a 1ª Grande Guerra com milhares de Soldados portugueses mortos só para ganhar o prestígio perdido com a perda da monarquia e afinal ... "portugalisê" ..."portugalisê"
- Aqui volto a dizer ficámos com a bandeira europeia mais feia, já nem digo que tem as cores do 3º Mundo
- Alguém hoje diz-se republicano ? epá só os netos de carbonários ... no geral a população é indiferente.
Mas voltando aos aspectos referidos no brilhante artigo ... D.Sebastião ? Como é que podem comparar a monarquia so séc- XV com a república ? Seria mais justo comparar a Monarquia Constitucional ! Sim porque se houve alguém que criou as bases de um sistema Constitucional e Democrático em Portugal foi a Monarquia a partir de 1828. E agora o Ultimato Inglês, só um anti-patriota que se preocupa com os seus dividendos políticos e não com o bem estar do seu Povo alguma vez iria declarar Guerra com a maior potência militar do Séc. XIX ... a Inglaterra. Não nos esqueçamos de que quando o ultimato foi entregue estavam vasos de guerra ingleses em águas portuguesas prontos para bombardear Lisboa caso fosse negativo.
Viva os patriotas de meia tigela ... aqueles que fizeram com que hoje a maioria das pessoas só gostem da bandeira deles para apoiar a selecção de futebol ... porque não há mais nada para apoiar.
Será que a republica é assim tão impoluta ?
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
A Exposição de “Os Ridículos”
Em 31 de Dezembro de 1910 a jovem república portuguesa ainda não tinha completado um mês de vida, mas queria garantir já um lugar privilegiado na história. Nesse dia o Diário do Governo “convidava” os autores dos manuais de História de Portugal a actualizarem os seus livros com a inclusão dos acontecimentos do mês de Outubro, dada a importância dos mesmos. Este convite / ordem dava um prazo de três meses para serem feitas as modificações e determinava que a narração dos acontecimentos devia ser feita de forma a “afervorar o amor à república” nos alunos.
Ao longo dos anos este decreto caiu no esquecimento, mas o seu espírito foi zelosamente respeitado pelos historiadores republicanos, que se consideraram investidos dessa importante a missão: compor narrativas que tivessem o condão de “afervorar” nos leitores o amor à república. Com maior ou menor subtileza, todos eles se submeteram ao espírito do decreto. Não foi preciso muito tempo para perceberem que a única forma de afervorar nos leitores o amor à república consistia na omissão de grande número de acontecimentos que ensombraram a vida do regime.
É dentro deste espírito que se pode compreender a exposição dedicada pela Câmara Municipal de Lisboa ao jornal “Os Ridículos”. Numa atitude de grande prudência, tratando-se do tema “Desenho Humorístico e Censura”, entendeu a Câmara que devia limitar a exposição ao período de 1933 a 1945. Critério cronológico, mas sobretudo critério político, debruça-se sobre uma época e um período cujas relações com a imprensa têm sido largamente exploradas, glosadas, comentadas e dissertadas. (...)
domingo, 11 de janeiro de 2009
Ainda o debate iniciado no Corta-fitas (2)
Finalmente o caríssimo Tiago Moreira Ramalho respondeu ao meu post, cuja demora compreendo pois tomo em apreço as suas imerecidas palavras quanto à minha argumentação, que muito me cumpre agradecer.
Porque este debate já vai longo e já foram esgrimidos os principais argumentos, e porque detesto repetir-me ou que outros se repitam, como se o número de vezes que um argumento é proferido fosse directamente proporcional à sua validade, vou apenas focar alguns pontos da resposta do Tiago, recorrendo em parte ao que já foi escrito.
Em primeiro lugar, assumir uma Teoria como verdade é precisamente o mesmo que todos os defensores da República fazem. Eu sou um relativista, não acredito em valores absolutos e não acredito na existência da "verdade", apesar de continuamente a buscar.
Depois, não é em algumas situações que o Rei pode ter legitimidade legal caro Tiago, é a todo o momento, posto que, novamente, tal como o Miguel Castelo-Branco escreveu:
Em relação à legitimidade carismática, eu disse que essa está muitas vezes ligada a um elemento transcedente, e tal não é necessariamente religioso, por exemplo Elvis Presley é um líder carismático, Hitler era um líder carismático, porque para Weber esse carisma pode advir de um elemento heróico, religioso ou de características pessoais e excepcionais, quase sobrehumanas. Um Rei pode não ter legitimidade carismática, mas um Presidente desta terceira República não a tem de certeza.
Quanto à importância da legitmidade tradicional em termos de representar historicamente a nação que representa, para mim é importante não só na chefia de Estado, mas para que a própria nação tenha noção de onde vem e para onde vai. Porque, novamente, tal como aqui escrevi, invocando Jacques Le Goff e Aimé Césaire, é na memória que cresce a história. E um povo sem memória é um povo sem futuro.
Quanto à República ser mais Democrática do que a Monarquia, não creio que se devam confundir, pois, até como o Tiago refere, uma coisa são as formas de governo e outra coisa são os sistemas. Quem trouxe a Portugal a sua primeira experiência democrática foi a Monarquia no século XIX. A 1.ª República foi tudo menos democrática, até quanto ao único argumento invocado pelos republicanos, a questão das eleições, posto que reduziram o número de eleitores. E a 2.ª República, obviamente, também foi tudo menos democrática, servindo, isso sim, para o que o Nuno aqui escreve, para consolidar o regime republicano. E mesmo que em teoria tal seja possível de argumentar, como o Tiago diz, uma teoria não corresponde necessariamente à verdade, veja-se como foram aplicados os belos ideais comunistas na União Soviética, ou mesmo os ideais maçónicos da ética republicana, cujos autores antes do 5 de Outubro de 1910 se arrogavam de paladinos da moral. Viu-se...
Se a teoria fosse verdade, os países mais desenvolvidos e com melhores índices de qualidade da democracia não seriam na sua maioria monarquias...
Mais, tal como já escrevi, eu sou um relativista, não acredito em valores absolutos, e como tal, a alegada demonstração de que existem regimes melhores do que outros é por mim recusada. Já o tinha escrito, aqui fica novamente o porquê:
Em primeiro lugar, a noção de que não há uma melhor forma de governo, há formas de governo que se adequam às populações, às circunstâncias, à cultura, enfim, às especificidades antropológicas dos indivíduos, comunidades e sociedades. É por isso que agarrar em modelos ocidentais e copiá-los para todo o resto do mundo resulta nas asneiras que tem resultado.
Quando se considera algo como "melhor" em relação a outra coisa, estamos a colocar-nos num quadro de valores morais, saindo do plano da análise politológica para entrar no da ideologia. Tal como o Tiago, também eu prezo a liberdade enquanto valor absoluto, ou não seja eu um liberal. Mas isso não quer dizer que os chineses, por exemplo, o prefiram. A forma de governo chinesa é a que melhor se adequa às especificades geográficas e demográficas do país. Aliás, com o problema da lógica relação entre crescimento económico que leva à educação e pensamento, os chineses vão ter graves crises. Os ocidentais é que têm a mania de se arrogar também em paladinos da democracia e liberdade. Nem toda a gente tem que ser como nós queremos só porque achamos algo melhor do que o que eles têm. Infelizmente, na prática a teoria é outra, e em política internacional é precisamente o que acontece. E já agora, o Tiago saberá provavelmente melhor do que eu que os próprios gregos consideravam a Democracia como um mau regime.
Em relação à hereditariedade e a igualdade o Tiago diz que a Monarquia torna desigual o acesso ao poder e implicar a existência de uma aristrocracia. Em primeiro lugar, a confusão entre poder e autoridade, novamente recorrendo a Weber. Os Presidentes da República Portuguesa, tal como os Reis das modernas monarquias europeias, não têm poder, têm autoridade. O poder está no executivo e na casa da democracia representativa, o parlamento. De qualquer das formas, essa desigualdade e essa aristocracia já existem na actual república, tal como em qualquer país do mundo, e vão sempre existir, porque é assim que as coisas funcionam. Os ideais são muito bonitos, mas na prática a teoria é outra.
Por último, o Tiago pegou exactamente no ponto que eu queria que pegasse, para poder finalmente rematar o meu pensamento sobre o debate Monarquia ou República: a elegibilidade para cargos públicos. Recupero o que o Nuno já aqui escreveu:
Quem elege os procuradores, os Supremos, o PGR, o presidente do banco de Portugal, esse mesmo que é de sobremaneira influente na nossa vida privada, decidindo o que nos é ou não economicamente conveniente? Na verdade apenas uma ínfima parte do poder é electivo e mesmo em certas instituições, não é anormal a sucessão hereditária, ditada pelas conveniências de clube, loja, região ou necessidade de favorecimento pessoal. É a república portuguesa que conhecemos.
Se levarmos a questão da eleição ao ponto fundamental que lhe dá razão de existência, teremos então de concluir que as próprias "eleições presidenciais" são nada mais que uma farsa, uma ilusão ou simples jogo de espelhos. Os próprios candidatos jamais têm qualquer hipótese de chegar à fase da campanha - após a recolha e reconhecimento de assinaturas proponentes - se não possuirem a benesse de uma organização partidária e suas lógicas ramificações financeiras no chamado "mundo dos negócios. Manuel Alegre é claramente, um exemplo que evidencia este círculo vicioso, onde a verdade surge transfigurada num basismo absolutamente inexistente e apenas em conformidade com as necessidades mediáticas. É a eleição numa feira de balofas vaidades, excelsas mentiras e que no final, cai como espada de Dâmocles, sobre a cabeça do pobre contribuinte.
O Tiago, como os alegados republicanos que defendem o regime porque está e que serão os primeiros a virar a casaca, na senda da bela tradição política portuguesa, cai naquela abstração típica e que se constitui como o ÚNICO argumento dos republicanos: a possibilidade de qualquer indivíduo poder ser eleito Chefe de Estado. E como todos sabemos, na prática a teoria é outra.
A abstração falaciosa é a de que se supostamente qualquer indivíduo pode ser eleito Chefe de Estado, o regime é mais democrático. Novamente, a democracia é muito mais que votar, já o escrevi aqui. Os ideais republicanos aprisionaram-nos, porque com esta ideia enganam toda uma nação, como se pelo voto se decidisse realmente alguma coisa. O Rei, não vindo do jogo dos partidos, não estando comprometido pelos interesses instalados de que a nação não se consegue ter clara percepção, é precisamente o melhor garante da Democracia. Mas como os alegados senhores democratas deste país não gostam verdadeiramente da democracia,já que o Rei enquanto representante da nação é o melhor fiscalizador do poder executivo, vamos caminhando nesta pseudo-democracia. É que tal como escreveu o Miguel Castelo-Branco:
A monarquia, forma não democrática de escolha e sucessão da chefia do Estado é, assim, o melhor garante da Liberdade colectiva e de uma chefia de Estado independente e imparcial.A monarquia é caução de democracia.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Ainda o debate iniciado no Corta-fitas
É pena que o caríssimo Luís Naves não tenha notado que, para além de comentários irados, que vieram de ambos os lados em contenda (veja-se o post do caríssimo João Tordo, um primado de equívocos que genericamente preside a quem fala daquilo que desconhece e não se dá ao trabalho de se informar, como é claramente o caso, desculpe-me lá caro João - creio que será a este tipo de coisas que o Luís se refere quando fala de emoções básicas, ou estarei enganado?), também tal debate originou textos interessantíssimos e de uma rara qualidade na blogosfera lusa.
Da minha parte, continuando à espera de uma resposta por parte do Tiago Moreira Ramalho, prefiro notar que a Monarquia tem sim interesse histórico, como o Luís Naves refere, mas a História não é algo que trate apenas do passado, é que não se pode projectar o futuro sem conhecer o passado caro Luís. E como tal, aqui deixo algo escrito ontem à noite para outro âmbito:
(...) na busca da “verdade”, se é que existe tal, a academia tem um papel fundamental a desempenhar. A imparcialidade na análise histórica, se é impossível, tem que ser pelo menos um objectivo para o qual tendamos. Se em Ciências Sociais um dos primeiros ensinamentos é o da inexistência da neutralidade, pelo menos no que à História concerne há que clarificar devidamente o passado para poder projectar o futuro.
Essa mesma falta de imparcialidade e de clarificação do passado recente português, em conjunto com a politização exagerada operada em determinadas disciplinas académicas, agravada pela demagogia, desinformação e desinteresse individual pelo cultivo do saber, tem ferido de morte o nível educacional de uma nação que desde a Revolução Liberal de 1820 não vive em paz consigo própria. As constantes dualidades e incoerências que já se tornaram características da psique lusitana, onde não faltam comunistas a defender ideais demo-liberais com os quais a prática do comunismo é incompatível, democratas do pensamento único que fazem lembrar a personagem do Fidalgo em o Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, conservadores católicos que fazem lembrar a personagem do Frade dessa mesma obra, e, a mais irónica das incoerências, os republicanos laicos que não dispensam as regulares idas à Igreja, são precisamente sintomas de uma sociedade que prefere a propaganda demagógica à coerência e argumentação justificada.
Os tempos passam, os conceitos evoluem, mas a confusão permanece generalizada. Quando os fantasmas da direita e os complexos da esquerda politicamente correcta extravasam o circunscrito campo do jogo político-social e chegam até à academia, resta a tentativa de através dessa esclarecer devidamente os objectos de estudo, almejando prosseguir o mui republicano ideal da educação do povo, que, no que à disciplina da História diz respeito, significa, pelo menos, retirar ilações dos erros do passado para evitar cometê-los no futuro.
Porque invocando Jacques Le Goff e Aimé Césaire, é na memória que cresce a história. E um povo sem memória é um povo sem futuro.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Mais uma pequena pista para a investigação do Tiago Moreira Ramalho
Aceitando que as periodizações são cezuras algo convencionais, não custa admitir que o “século XX português” terá tido o seu começo em 1890. Se toda a primeira metade do século XIX fora de sobressaltos políticos e mesmo de crise económica – o produto por habitante não acusa crescimento, mas estagnação -, na segunda metade de Oitocentos o voluntarismo político modernizador dos principais partidos do constitucionalismo monárquico resultou no fomento material e em taxas de crescimento da riqueza nacional acima das do crescimento da população. Regeneradores e progressistas convergem no propósito de unificarem o mercado nacional e de fomentarem a abertura económica ao exterior. Alternando no poder, uns e outros contribuem para que Portugal integre o grupo de países a que podemos aplicar, até ao começo da primeira Grande Guerra, o conceito de “crescimento económico moderno”.
Parece-me é que temos que ter cuidado com as fontes, para não vivermos intoxicados pela propaganda...
Ilustração: Stuart Carvalhais 1923
Agradeço ao Carlos Bobone a preciosa ajuda
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
A fantasmagórica SEGUNDA república
Hoje foi uma das cíclicas noites em que o Dr. Mário Soares nos deu a conhecer os seus pontos de vista acerca deste mundo em permanente evolução. Não nos manifestando acerca das suas respeitáveis visões quanto á política internacional, sempre volátil, registámos com agrado o recurso á prestidigitação de que é reconhecido perito nacional. Desta vez, o tema foi aparentemente casual, digamos quase um encarte que chega muito a propósito. As últimas certezas do rápido processo de liquefação do solo presidencial que prenuncia violento terramoto institucional, suscita urgentes manobras de distracção de uma opinião pública mais atenta que nunca. Assim, o Dr. Mário Soares, homem com reconhecidos méritos no jogo político de marcação de posições, decidiu trilhar o conhecido caminho do reescrever da História que paradoxalmente foi apanágio daqueles seus feros inimigos que em caso de desgraçado sucesso de intenções, provavelmente lhe teriam reservado a inglória sorte de ser o "Masaryk português".
A república do Estado Novo, conseguiu incomodar opositores - os náufragos da demagogia de 1910-26 - e apoiantes que não queriam ser conotados, sob o epíteto generalizador de república, aos predecessores que abominavam. Desta forma, o Estado Novo surge numa espécie de limbo capaz de criar todo o tipo de ilusões e espectativas. No entanto, um simples retirar da máscara de conveniência, descobre um conhecido busto semi-desnudo ao gosto da nossa tardia art nouveau das duas primeiras dácadas do século XX: a república.
Desengane-se o Sr. Dr. Mário Soares. Hoje em dia, o citado reescrever da História, os retoques nas fotografias oficiais ou a simples sonegação ou queima de documentos, pouco valem. Há um saber adquirido e transmitido através de gerações e essas mesmas fotos, resmas de Diários da República, feriados do regime republicano (5 de Outubro, 28 de Maio e finalmente, o 25 de Abril) e símbolos, muito símbolos, comprovam a verdade que aí está, incómoda para alguns, mas inabalável: o Estado Novo foi de jure e de facto a 2ª república.
Podemos mesmo dizer que o regime implantado pela minoria que a tiro de canhão e coacção física e moral se alçou ao poder, foi iniludivelmente consolidado por esse Estado Novo, essa 2ª república hoje tão negregada por quem muito lhe deve: os republicanos.
O grande sonho da burguesia fare niente e frequentadora dos clubes da época, sonhava com uma república "à francesa", burguesamente ciosa dos privilégios e inamovível nos seus convictos preconceitos. Uma república ordeira, com as contas em dia, o império garantido pela outrora odiada Albion e sobretudo, centralizando em Lisboa - a única verdadeira cidade do país de então -, a decisão sobre o conjunto nacional. Malbaratadas todas as hipóteses em aberto pela violência coerciva dos "revolucionários" de 10, Salazar acabou por oferecer essa redenção verde-escarlate. Nunca A Portuguesa foi tão exaustivamente tocada e cantada. Nunca o controverso pendão foi impingido até à saciedade a todos os lares, edifícios públicos, páginas de livros escolares e pasme-se, glorificado no verde da camisa da Mocidade Portuguesa. O presidente da república, na 1ª ferozmente chicoteado alternadamente por apoiantes e adversários de partido - as actas parlamentares são um delírio de baixezas de todos os tipos -, passou na 2ª república, a ser considerado como uma espécie de fetiche de acalmia de paixões, o avô venerando que todos guardava, enfarpelado numa farda que dera as provas (que se conhecem...) na longínqua rectaguarda da frente de combate da Flandres. Os generais promovidos a marechais d'honneur, muito à francesa como convinha e os almirantes a puxar os galões de duvidosos herdeiros de Gamas e Salvadores Correias, preencheram o cargo outrora ocupado por pobres pachiças sem panache, fossem eles o Bernardino das intrigas, ou o Almeida dos dichotes truculentos. Salazar deu dignidade à coisa. O presidente era reverenciado, abriam-se alas à sua chegada e a Guarda Nacional Republicana tocava fanfarras. Era o Chefe do Estado, o Senhor Presidente da República, fulano ou sicrano de tal.
Nos bolsos, o Bilhete de Identidade, comprovando a cidadania da República Portuguesa. Nos mastros, a flâmula da Carbonária, sem qualquer alteração visível. No timbre, o mesmo escudo com a "bola mais as quinas e castelos", cercadas pelo mesmo matagal imitando louro ou folhas de oliveira (?). Na sede da PIDE, lá esvoaçava o verde e vermelho e lá estava a foto dos dois Senhores Presidentes - o do Conselho e o da República - e no prolixo articulado normativo em que os juristas portugueses e seus apêndices beneditinos são especialistas, continuou proscrita até aos dias de hoje, a apresentação pública da bandeira azul e branca à sombra da qual se desenharam as fronteiras da nossa razão de ser: os países dos PALOP e da CPLP. Proibida durante a 1ª república dos caceteiros do Costa e proibida durante a 2ª república, dos mesmos trauliteiros formigas brancas, pressurosamente recauchutados como perfeitos sucedâneos.
O período de vigência da Monarquia, conheceu as fases que coincidiram sempre com a evolução dos tempos no espaço europeu e nem por isso, os historiadores alguma vez diferenciaram a denominação genérica do regime, fosse aquele que entre nós construiu a pátria na Idade Média, aquele que a alargou nos Descobrimentos, ou que restaurou Portugal em 1640 e em 1808-10, estendendo-se no tempo até ao século, o vigésimo da era cristã, que a quase todos portugueses dos nossos dias viu nascer: era a Monarquia. Ninguém contesta esta verdade.
O Dr. Mário Soares sente-se incomodado com a própria palavra república que entre nós tem vários significados e entre estes, o mais relevante é certamente o mais desprestigiante. Homem inteligente como é, o Dr. Mário Soares, devia cair de joelhos e agradecer aos céus aquela 2ª república que publicamente parece enxotar como varejeira danada. Foi essa dita 2º que consolidou o seu regime, ou melhor, forma de representação do Estado que o guindou à suprema magistratura. Sem a estabilização da instituição propiciada pela forçada calma imposta por Salazar, a Monarquia teria regressado mais cedo ou mais tarde, pois era o único lembrete de abertura de espírito e de liberdade que gerações de portugueses tinham conhecido. A Monarquia significava a paz e a representatividade erguida como Lei. O Dr. Mário Soares sabe-o tão bem como nós. Se o Estado Novo não tivesse existido - essa repudiada mas verdadeira 2ª república - o Senhor Doutor teria provavelmente sido primeiro-ministro de um neto de D. Carlos e de D. Amélia. E isso ter-lhe-ia facilitado a tarefa, pois o país seria em 1974, muito diferente daquele que conheceu. Não tenhamos dúvidas. É a verdade, clara, inequívoca e implacável. Esta é a 3ª república. Esperemos poder dizer, a última.
Pedido de esclarecimento
De modo a apurarmos o nível da nossa discussão sobre a monarquia, desafio o Tiago Moreira Ramalho do Corta-fitas a sustentar a afirmação de que terá sido no tempo da Dinastia Bragantina e até 1910 (repare-se na subtileza do final do período em questão) que Portugal perdeu o comboio europeu, depois de termos sido uma super-potência mundial. Gostava que o Tiago me referisse as suas fontes, e já agora nos desvendasse tais números, os quadros comparativos com as outras economias europeias.
Num modesto contributo para a sua elucidação, sugiro que visite o site da Plataforma do Centenário da Republica onde encontrará dois brilhantes artigos do Ricardo Gomes da Silva sobre a manipulação dos dados estatísticos, e outro do meu colega de causa Carlos Bobone, sobre a propaganda republicana a respeito do pretenso descalabro nacional.
Penso a pertinência destas questões justificam a generosidade do Tiago em manter o debate à tona da blogosfera e fico a aguardar os seus esclarecimentos.
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Enquadramento politico da "Constituição da República Ibérica"
ESte fechou as Cortes e governou por decreto, implementando várias reformas a nivel da administração e de fomento económico, mas a drástica redução da base eleitoral (projecto de revisão constitucional de 1852) para apenas 7 mil individuos foi um golpe politico demasiado forte para o espirito liberal da época (que temeu o retorno do absolutismo) e o Primeiro ministro viu-se substituido por vários e sicessivos gabinetes.
Tal como em Portugal, os programas de financiamento que suportavam a construção maciça de estradas, comboios e outras infraestruturas (recorde-se que foram planos de financiamento mal concebidos que precipitaram ,em Portugal ,Costa Cabral)que deram margem politica para originar "escandalos financeiros" que embora envolvendo directamente o Governo acabaraiam por arrastar a familia Real espanhola.
O 1º contracto de concessão de caminho de Ferro ,em Espanha, continha os arranjos financeiros habituais em qualquer outro pais, mas os beneficios atribuidos à Rainha Mãe e o seu novo esposo (um antigo sargento sem ascendência nobre, nobilitado pela Coroa)foram motivo suficiente para as Cort6es recusarem o regime de concessões e precipitar a dissolução do Parlamento
A consequência inevitável foi uma recessão entre 1853-54 (com tentatvas estatais para colectar impostos á frente)e a revolta da Guarnição de madrid.
Esta revolta foi inspirada na revolta de Saldanha de 1851 (em Portugal, para os mais distraidos) já que em Espanha a 'Vicalvarada' foi também um movimento de generais liberais moderados...mas em Espanha foi derrotado e seguido de várias convulsões que icluiram uma revolta em Madrid que durou 3 dias e constituiu a mais significativa revolta madrilena do sec XIX.
Houve novas eleições (constituintes) em 1854 e uma nova Constituição em 55
A grande diferença, que potenciava o republicanismo, entre os dois paises era o peso do sindicalismo.Em Espanha a Internacional era uma realidade e em 1855 houve em Barcelona uma manifestação com 30 000 participantes a reclamar "associação ou morte!", ou seja a legalização dos sindicatos laborais (o qual foi recusado pelo Governo)
O peso social na revolução de 1854 foi o facto novo.As classes média baixa e a classe baixa constituiam uma força que os Progressistas aproveitaram.Entre estes havia os republicanos que exploraram um conceito potenciado pela construção do caminho de ferro, o Federalismo Ibérico.Este conceito teve particular relevãncia em espanha entre 1848-1870.A ideia de uma Federação de nações eliminaria a necessidade da exist~encia de uam linha dinàstica e este factor era potenciado pelo facto das revoluções em Espanha, durante o sec XIX, serem todas regionais
Em Portugal este peso do "factor social" chega mais tarde, por um lado devido à inexistência de sensibilidades regionais passiveis de serem exploradas por forças politicas menos relevantes a nivél nacional, por outro lado a introdução do sindicalismo é mais tardio em Portugal.O próprio Engels o reconhece numa carta de 13 de Fevereiro de 1871, ao Conselho Federal da Região espanhola, onde estimula os trabalhadores espanhois a encetar relações com os "obreros de ese país (...) Aún no tenemos secciones en Portugal"
bem haja
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Os republicanos e a República ibérica...1854 "a Constituição da Republica Ibérica"
Um grupinho de republicanos de esquerda reuniu-se e elaborou isto...ler para creer
«En Madrid, algunos elementos republicanos han repartido Ia siguiente Constitución de una Republica Federal Ibérica:
TITULO I. — Organización de Ia República Federal Ibérica.
Art. 1. — Espana, sus islãs y Portugal se unirán para formar Ia República Federal Ibérica. Los colores de su ban-dera serán Ia unión de Ias dos banderas actuales de Espana y Portugal. Su divisa será: Libertad, Igualdad, Fraternidad.
Art. 2. — La soberania reside en Ia universalidad de los ciudadanos. Es inalienable e imprescriptible. Ni individuos ni fracciones dei pueblo pueden usurpar su ejercicio.
Art. 3. — El derecho es expresión de Ia voluntad nacional. Los jueces son nombrados por el pueblo por médio dei sufrágio universal.
Art. 4. — Son electores todos los ciudadanos a partir de los veintiún anos de edad y en disfrute de sus derechos civiles.
Art. 5. — Queda abolida Ia pena de muerte tanto para los delitos políticos cuanto para los delitos comunes. En todas Ias instancias se instaurarán jurados.
Art. 6. — La propiedad es sagrada. Lãs propiedades confiscadas a los emigrados políticos lês serán restituidas.
Art. 7. — Los impuestos serán proporcionales a Ias ren-tas. No habrá más que un impuesto, directo y general. Todas Ias contribuciones indirectas quedan abolidas. Igualmente quedan abolidos los monopólios estatales de Ia sal y el tabaco, los sellos de correos, patentes y conscrip-ciones. !
Art. 8. — Se garantizan Ias libertades de imprenta, aso-ciación, reunión, domicilio, educación, comercio y conciencia. Cada religión pagará sus propios ministros.
Art. 13. — La administración de la República se dividirá en federal, provincial y municipal.
TITULO II. — Administración federal.
Art. 14. — Será ejercida por un Consejo Ejecutivo nombrado y revocable por el Congreso Federal Central.
Art. 15. — Las relaciones internacionales y comerciales, la uniformidad de medidas, pesos y monedas, los correos y las fuerzas armadas son competencia de la Administración Federal.
Art. 16. — El Congreso Federal Central se compondrá de nueve diputados de cada provincia, elegidos por sufragio universal y obligados por su mandato.
Art. 17. — El Congreso Federal Central funcionará con carácter permanente.
Art. 20. — Cuando la Administración crea que debe promulgar una ley, estará obligada a dar a conocer el proyecto con seis meses de anticipación si ha de votarlo el Congreso, y con tres meses si afecta a la legislación provincial.
Art. 21. — Todo diputado que deje de acatar las instrucciones de sus mandantes será entregado a la justicia.
El artículo 3 del Título III se refiere a la administración provincial y municipal y se atiene a principios análogos. El último artículo de este título dice así: Dejarán de existir las colonias; se convertirán en provincias y serán administradas según los principios provinciales. Se abolirá la esclavitud.
TITULO IV. — El ejército.f
Art. 34. — Todo el pueblo será armado y organizado en una Guardia Nacional, una porción de la cual será móvil y la otra fija.
Art. 35. — La guardia móvil constará de solteros de veintiuno a treinta y cinco años de edad; sus oficiales serán escogidos por votación en las academias militares.
Art. 36. — La milicia fija estará constituida por todos los ciudadanos de treinta y cinco a cincuenta y seis años de edad. Los oficiales serán también elegidos por votación. Su misión es la defensa de las comunidades.
Art. 38. — Los cuerpos de artillería e ingenieros serán reclutados por alistamiento voluntario, tendrán carácter permanente y formarán guarniciones en las fortalezas de la costa y en las fronteras. No habrá fortalezas en el interior del país.
El artículo 39, que se refiere a la Marina, contiene disposiciones análogas.
Art. 40. — Quedan suprimidos los estados mayores provinciales y las capitanías generales.
Art. 42. — La República Ibérica renuncia a toda guerra de conquista y someterá sus diferencias internacionales al arbitraje de gobiernos que no estén interesados en la cuestión.
Art. 43. — No habrá ejércitos permanentes.»
artigo publicado no New York Daily Tribune
16 de Setembro de 1854
portanto, Republica e iberismo não tem nada a ver!?
Quem diria que o Saramago vai colher a inspiração aos movimentos da Internacional de 1854