segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Cronologia da república
domingo, 30 de agosto de 2009
Entretanto...
Há por aí muitos mastros e varandas a pedi-las (6)
Há por aí muitos mastros e varandas a pedi-las (5)
"A República foi feita por meia-dúzia de traidores, assassinos e ladrões"
sábado, 29 de agosto de 2009
Directamente da Tailândia
Bem vindo ao Centenário da República, Miguel.
Cronologia da república: fontes utilizadas
Eurico Carlos Esteves Lage Cardoso, Primeira República Em Datas e Ilustrada 1910-1926, edição do autor, Lisboa, 2008
José Adelino Maltez, Tradição e Revolução uma biografia do Portugal Político do séc XIX ao XXI vol II, tribuna, Lisboa, 2004
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
As mentiras da República
Uma fábula de Saramago
O neo-realismo tem destas coisas. A par da exaltação dos aspectos mais sórdidos e dispensáveis do escrutínio dos podres de todos e de cada um, gosta ainda de inventar heroísmos de circunstância que frequentemente nada mais são, senão a confirmação exacta do oposto. Numa nervosa procura de estórias edificantes à maneira do mais retrógrado figurino da superstição, não se preocupam os seus cultores, em investigar a veracidade dos factos ou pelo menos, o momento exacto em que estes hipoteticamente ocorreram. O que interessa é a quantidade de carvão a atirar às pazadas para dentro da fornalha que tal como se de chama sagrada se tratasse, deve ser mantida a todo o transe. No fundo, estes Saramagos que medram à beira dos caminhos tortuosos desta política-negócio, são directos descendentes de velhotas virgens vestais de uma Antiguidade que ainda ilumina os nossos dias. Infelizmente, tal luz não provém da maciça Torre que outrora guiou os viandantes até à Alexandria do conhecimento, mas não passa afinal, do derradeiro bruxulear espectral da pequena chama que sobre os trípodes, espicaçava medos, dirigia os crédulos e sobretudo, enchia os cofres do Templo.
Saramago decidiu escrever sobre a república. Confortavelmente instalado e adulado na maior Monarquia europeia - que talvez venha a trair -, convive amiúde com os monarcas que o condecoram e com os príncipes que quiçá almejará ver um dia sentados no trono de D. João IV. Morta e para sempre enterrada a ..."mais luminosa experiência da humanidade"..., os derradeiros sobreviventes da Roma soviética encontraram na barbárie monárquica o agasalho e o filão inesgotável da condescendência perante um perigo que já não o é. Passeiam-se da tertúlia intelectual blindada, para o campo concentracionário da exclusividade do pensamento da ordem de um dia que há muito se foi. Eles ainda não perceberam que desde a morte do Sol da Terra, a geração que nasceu com a explosão da gigante vermelha já cumpre o serviço militar e pode livremente recorrer à investigação sem a espada de Dâmocles da censura e da polícia política. Viaja da Rússia para a Europa ocidental, dança ao som do decadente imperialismo burguês, fala ao telemóvel, lê o que bem lhe apetece, namora no estrangeiro, come fast-food e ironia suprema, interessa-se pela verdade de um passado nacional cujo brilho oblitera as fanadas brochuras propagandísticas de Stakhanov, da matuska procriadora de quinze filhotes de Lenine e de espigas de milho soviético, grandiosas de quatro quilos cada.
Saramago perorou sobre a república dita portuguesa. Não aquela intemporal, do conceito de liberdade dos homens e dos Estados. Não lhe interessa minimamente a república inventada pelo franco-ibero Afonso Henriques, consolidada pelo João I deBoa-Memória. Não faz a mínima ideia da raiz profundamente republicana da organização das Cortes, dos pactos entre a coroa e os populares. A ideia de um dia terem existido confrontos acerbos, debates em sede própria, veto à despesa que ao tempo - e em linguagem anacrónica - pode ser hoje confundida como "pública", passa-lhe tão ao lado, como as dúzias de milhões sacrificados em nome do ego de um auto-cultivador da personalidade e de um ridente futuro que jamais poderia chegar. Ao Saramago de sempre, aquele da sebenta das contradições de classe, lutas e da história científica, os factos e até as ideias que fizeram - para o bem e para o mal - o país que um dia foi o seu, tornaram-se tão desconhecidos como a lista dos heróis e acontecimentos que moldaram a história de um Turquemenistão ou das tribos do deserto de Gobi.
Se não sabe ou de nada tem a certeza, inventa. Se não inventa, molda um acontecimento a uma data, hora e local que mais lhe convenha para enquadrar a fábula.
Eles sempre apontaram a dedo com a valente arrogância emprestada pelo dedo no gatilho, a imperiosidade de uma história científica, o que sucintamente significava a adequação dos factos a inventariar como interessantes, à superstição da sua religião onde a liturgia em nada ficava a dever às magnas bençãos Urbi et Orbi romanas.
Saramago é um materialista dialéctico, seja lá o que isso queira verdadeiramente dizer. Desta vez, trouxe-nos uma estória para ele edificante e que se torna a seus olhos, na razão principal para a manutenção de um regime que liquidou a esperança de um século e vegetalizou quatro gerações de portugueses. É o episódio choroso de compaixão pelo ..."homem humilde, cujo nome, que eu saiba, a história não registou, com uns dedos que tremiam, quase desfalecido, traçou na parede, conforme pôde, com o seu próprio sangue, com o sangue que lhe corria dos ferimentos, estas palavras: viva a república."
O castelhanofilizado Saramago situa o acontecimento no 5 de Outubro de 1910 e para emprestar maior grandeza e enquadramento, decidiu a morte do anónimo e o sangrento grafitti, em plena praça do Rossio. Saramago sabe (?) muito bem que esse evento - a ter acontecido, dada a estranha coincidência com uma fome de propaganda que grassava no seio do subversivo prp -, ocorreu num outro dia 5. Estando marcado pelo governo de João Franco para dia de eleições gerais - o que precipitou o Regicídio -, o 5 de Abril de 1908 serviu de pretexto para uma tremenda coacção dos caceteiros e vadios a soldo dos republicanos. Num só dia, caíram vitimados pela violência política, mais portugueses que durante todo o reinado de D. Carlos I, num intróito à sangueira que afogaria a dita 1ª república. O episódio a que Saramago se refere, terá acontecido diante d Igreja de S. Domingos, no Largo do Palácio da Independência. Tentando impedir a votação livre e sem coacção de todos os eleitores inscritos, os republicanos quiseram pôr fim ao chamado período da "Acalmação", erro crasso de transigência perante quem pela violência, pretendeu e acabou por conseguir liquidar um já antigo regime de legalidade constitucional, liberdades públicas e de adequação de Portugal ao que a Europa liberal considerava ser o progresso na Lei.
Um momento num dia que não o ideal, mas capaz pelo dramatismo, de fazer verter uma lágrima saramágica pelo solitário caído pelo Grande Nada que foi afinal a república. Esquecidos ficam os milhares de mortos, as levas de presos políticos, os desterrados, os supliciados em plena via pública, o achincalhamento de reputações para sempre perdidas, a ruína económica e as vagas que numa maré sem precedentes, fizeram fugir de Portugal os braços úteis que nos faltariam para povoar o Ultramar.
Saramago evoca o mártir do Largo de S. Domingos de 5 de Abril de 1908, cujo corpo é ínfimo, quase invisível para esconder a imensa mole de milhares de caídos na voragem vertiginosa da ceifeira Morte que a república ignominiosamente trouxe a um povo tranquilo. Milhares e milhares de vítimas da superstição, cobiça e vaidade de um punhado de privilegiados. Entre essas dúzias de centos, encontrava-se um Rei e o seu sucessor, seguidos de um presidente, um primeiro-ministro, ministros, heróis militares e até, nomes sonantes do clube republicano de má memória.
A Saramago recordo outro episódio que talvez ilustrasse melhor o alvorecer do seu regime de eleição por conveniência. Este sim, rigorosamente testemunhado no 5 de Outubro de 1910, quando o Directório dos abastados dirigentes do prp, colocaram pés-descalços armados à porta dos bancos, vigiando a segurança dos depósitos e fortunas dos senhores da nova situação, num alegórico e indesmentível "O Seu a Seu Dono"!
Que grande peça neo-realista daria para uma crónica - decerto bem paga - numa qualquer folha burguesa da capital olissiponense! Pense nisso...
A república de Saramago
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Há por aí muitos mastros e varandas a pedi-las (5)
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Ontem na York House
Um grupo de monárquicos homenageou esta terça-feira os autores do blogue «31 da Armada» que hastearam a bandeira azul e branca na Câmara de Lisboa e Conjurados XXI que fizeram o mesmo na cidadela de Cascais. Foi um jantar que reuniu defensores da monarquia e «republicanos de bom humor», dizem os organizadores. TVI 24 Mais»»
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Há por aí muitos mastros e varandas a pedi-las (2)
domingo, 23 de agosto de 2009
Esgotado
Está esgotada a lotação para o Grande Jantar da Liberdade da próxima terça feira: o acontecimento promete ser um sucesso. Agradecemos a todos os inscritos: lá nos encontraremos então na 3ª feira.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Respeitinho à força
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
JANTAR DE LIBERDADE Lisboa, 25 de Agosto 20,30
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Sim, porque a Honra conta
Como eu já havia opinado atrás, não dar relevância a certas "coisas" só porque se acham irrelevantes pode ser: relevante.
"tudo pode e deve ser debatido" - Manuel Alegre sobre a monarquia
Pouca gente sabe e poucos foram os historiadores que se deram ao trabalho de investigar o assunto, mas o primeiro partido socialista a existir em Portugal (o Partido Socialista Português) tinha imensos monárquicos (a maioria dos militantes) e existem relatos da época que compravam que o mesmo foi apoiado pelo Rei D. Manuel II. Os socialistas tinham na época por certo de que o regime era uma questão secundária e que as condições de vida dos operários iriam piorar se a república fosse implantada. Não é que tiveram razão?
Mas podemos ir mais longe. Quantas pessoas é que se deram ao trabalho de investigar e estudar os imensos monárquicos que foram oposicionistas do Estado Novo? Querem exemplos? Que tal o Henrique Barrilaro Ruas, que no I Congresso da Oposição Democrática foi o primeiro orador a exigir "a entrega imediata das colónias aos seus povos"? Ou então o advogado João Camossa, que num processo em que defendia oposicionistas ao regime salazarista foi o primeiro e único caso em que um advogado passou da sua condição a arguído. Confrontado com o problema foi até à casa de banho e apresentou-se perante o juíz fascista a dizer que por baixo da toga estava completamente nu e que se fosse constituído arguído a teria que despir - o juíz fascista não teve coragem de o constituir arguído.
Então e o Francisco Sousa Tavares e a Sophia de Mello Breyner? E o pai de Sottomayor Cardia? E o pai de Jaime Gama? E o Gonçalo Ribeiro Teles? E o Sá Carneiro? E o Henrique de Paiva Couceiro? E a Amália Rodrigues? E os outros, tantos outros que eram de esquerda uns, de direita os outros, mas que tiveram como marca comum a luta, de peito aberto ou na clandestinidade, pela democracia em Portugal? Só os republicanos são herdeiros da resistência ao Estado Novo? Só? Chega de demagogia. A Liberdade quando nasceu foi fruto de todos e nasceu para todos.
Se perguntarmos a qualquer socialista ou pessoa de esquerda quais são os líderes políticos em que mais se revêm, as repostas vão ser óbvias e vão aparecer de certeza estes quatro nomes: Olof Palme, Felipe Gonzales, Tony Blair e José Luís Zapatero. O que têm em comum? Todos governaram em monarquia e nunca a contestaram.
Então e não será óbvio que qualquer militante do Bloco de Esquerda se revê no modelo social liberal do Reino da Holanda? E o afamado modelo económico escândinavo defendido à boca cheia pelo PS? Os países escandinavos também são monarquias.
É por estes motivos que Manuel Alegre tem razão, "tudo pode e deve ser debatido". Por isso está na hora da esquerda abandonar os dogmas. Por isso está na hora de passarem a palavra ao povo, que eu acredito ainda é quem mais ordena.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Num país a sério demitiam-se. TODOS.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
O pretendente ao trono e o Vasco Pulido Valente
No entanto, gostava de contar uma história ao VPV. Pelo que vou tentar ser breve, pelo menos tão breve como me permite o facto de ter que contar uma história, a um historiador, vejam lá. Não sei se vou ter sucesso - mas pelo menos tentei. Nunca fui um monárquico de meia-tigela.
Algures em Sintra vive uma família. O pai chama-se Duarte, nome herdado de seu pai Duarte Nuno, a mãe chama-se Isabel, têm três filhos, dois rapazes e uma rapariga. O mais velho é o Afonso, depois há o Dinis e por fim a Maria Francisca, nomes tipicamente portugueses.
Duarte nasceu com uma responsabilidade acrescida sobre os ombros, diziam-lhe que era pretendente ao trono, herdeiro da História de um povo, o povo português. Duarte não teve uma infância fácil, nasceu no exílio na Suíça - exilado da república e exilado da ditadura. Os seus padrinhos de nascimento foram o Papa Pio XII e a Rainha D. Amélia, mulher do Rei D. Carlos. Na década de 50 volta a Portugal, estudou em colégios privados e depois no colégio militar. Cumpriu o serviço militar em Angola, tal como muitos outros portugueses, infelizmente alguns lá ficaram.
Ainda antes do 25 de Abril Duarte, tal como muitos jovens da sua geração, apoiou vários movimentos que reclamavam a autodeterminação das colónias. Mais tarde, já em liberdade, foi um activista decisivo, e de reconhecido mérito, na campanha Timor 87. Enquanto ser humano teve a oportunidade de privar e ter como amigos importantes figuras, de todas as áreas e espectros políticos, importantes para Portugal. Duarte dedicou a sua vida a ser uma pessoa séria e coerente.
Vivemos actualmente num país em que o Primeiro-Ministro mandou fechar a faculdade onde andou, o mesmo Primeiro-Ministro que é investigado pelas autoridades inglesas num escândalo sobre corrupção. O Presidente da República também já foi Primeiro-Ministro, e teve como seu Ministro um ex-banqueiro que agora está preso e nesse mesmo banco, um outro Ministro havia, que está a ser investigado e que o Presidente da República colocou como Conselheiro de Estado. Isto é a república, supostamente investida de poderes equalitários e de ética, a chamada ética republicana.
É preciso lembrar que igualdade é o chefe de estado ser o primeiro entre os iguais, ser o verdadeiro árbitro e moderador do sistema, independente e imparcial - ser do povo, pelo povo e de todo o povo. Cavaco Silva foi eleito por cerca de dois milhões e setessentos mil portugueses - somos cerca de dez milhões.
Quando o VPV diz que é preciso um pretendente está errado. O pretendente existe e vive como qualquer português médio, em Sintra, com a família - estudou, esteve na tropa e até foi à guerra. Leu, informou-se e tem opiniões políticas. Mas mais do que isso tem uma enorme vantagem relativamente aos políticos, classe à qual nunca ambicionou pertencer, é sério e é reconhecido por isso. Como Chefe de Estado seria imparcial, sem ter que fazer favores às empresas que lhe deram emprego, ao partido que o ajudou a eleger, aos comentadores políticos que o bajularam e aos grupos económicos que pagaram a sua campanha.
Como um amigo me disse ontem, "o sistema democrático estará sempre seguro, nem que para isso tenhamos que ir às três da manhã entregar uma coroa a uma criança em Sintra". Pois é, D. Duarte de Bragança tem um filho.
domingo, 16 de agosto de 2009
O caso da bandeira monárquica
O "Caso da Bandeira" que tanto animou as consciências neste pico de Verão, apanhou-me de férias e contribuiu definitivamente para reforçar a minha boa disposição. Como sentimental que sou, confesso que a imagem da bandeira portuguesa azul e branca hasteada nos Paços do Conselho me deu um enorme gozo.
Racionalizando as coisas, a atrevida acção de agit-prop dos quatro bravos do 31 da Armada, para lá duma competentíssima operação de marketing - em que um simples blogue se atreveu a “comandar” a agenda dos media de massas - teve o mérito de trazer para a agenda mediática a Monarquia e as cores da sua bandeira de uma forma saudável e bem-disposta. Ora é precisamente deste modo que o assunto deve ser debatido: fora da velha formula virulenta e ressentida assumida por muitos republicanos e alguns monárquicos, herdada dos tempos do regicídio e da revolução da Carbonária e de Afonso Costa. Hoje os tempos da Nação são claramente outros, com diferentes desafios e dificuldades. Por isso essa perigosa e fratricida rivalidade que persiste, não tem hoje razão de existir, e tende a inquinar a discussão.
Da minha militância monárquica, seja através da Plataforma do Centenário ou da Real Associação de Lisboa, reconheço que aquilo que une os monárquicos na realidade (saudavelmente) é muito pouco: há-os de esquerda e de direita, liberais e socialistas, a favor e contra o aborto, ateus e crentes, católicos e protestantes. Tal como acontece com os republicanos. Para exemplificar, acreditem que, abaixo do nível da epiderme, me é mais fácil “entender” com um republicano conservador e católico, do que com um monárquico socialista e agnóstico. Ou seja, a discussão sobre a fórmula de regime de Chefia de Estado proposta por republicanos ou monárquicos, jamais deveria merecer tanto rancor e despeito. É essa relação política doentia entre portugueses que urge desconstruir e relativizar, propósito alcançado pelo Rodrigo Moita de Deus e seus companheiros do 31 da Armada, através do humor e da irreverência. De resto tal não acontecia desde o auge da popularidade de Miguel Esteves Cardoso e da sua candidatura ao Parlamento Europeu.
Eu cultivo o ideal monárquico de uma forma séria... e pragmática. É por isso que, antes de me colocar em bicos de pés numa patética disputa com o regime “incrustado”, o que me preocupa é que se cativem e doutrinem mais e mais monárquicos, de todos os quadrantes políticos e culturais: portugueses, patrióticos e descomplexados que acreditem que Portugal, a mais antiga nação do continente, merece lugar ao lado das antigas e prósperas monarquias europeias. E já agora que esse desígnio seja um dia por este nobre povo alcançado debaixo duma bandeira verdadeiramente digna de si e da sua história: a mais bela bandeira do mundo.
Dia 25 de Agosto, o jantar da liberdade
Marquem nas V. agendas: o jantar de desagravo em honra dos bravos do 31, está confirmado: será no próximo dia 25 de Agosto, terça-feira a oito dias. Vamos juntar sadios republicanos, marimbistas e monárquicos em alegre e inesquecível comezaina, digna de príncipes (e presidentes, seja). Avisamos desde já que os lugares são limitados. Em breve daremos mais pormenores.
sábado, 15 de agosto de 2009
reizinhos temporários
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Aldrabices republicanas
Liberdade... liberdade
Hoje, sim, é Dia de Portugal!
10 de Junho é o Dia das Comunidades Portuguesas? Sim, talvez, porque não? O autor de «Os Lusíadas» percorreu grande parte do Mundo em vida, pelo que pode constituir como que uma figura tutelar de todos os portugueses que depois dele se instalaram em todos os pontos do Mundo.
10 de Junho é o Dia de Portugal? Não, de maneira nenhuma. O dia nacional de um país deve ser, logicamente, uma data em que o mesmo afirmou, iniciou e/ou reforçou a sua identidade, a sua independência, a sua natureza. E para nós o décimo dia do sexto mês representa precisamente o oposto. 10 de Junho de 1580 não foi só a data da morte de Luís de Camões. Foi também, de certo modo, a data da morte - de uma certa forma de morte – da nossa pátria: aquele foi também o ano em que Filipe de Espanha foi entronizado Rei de Portugal, na sequência das mortes de D. Sebastião e do Cardeal D. Henrique (sem deixarem sucessores) e da derrota de D. António, Prior do Crato.
Por outras palavras: o actual «Dia de Portugal» é aquele que evoca a sua maior derrota; é o dia da morte do homem que viria a tornar-se não só o seu artista mais celebrado mas também um do seus maiores símbolos, se não mesmo o maior; num certo sentido, esta nação deixou de existir depois de Camões deixar de existir.
É absurdo, patético, ridículo? Sim, sem dúvida. Mas não para os republicanos, que foram quem preconizaram e instituíram o 10 de Junho como Dia de Portugal. Há que lembrar que eles - em especial os de «esquerda» - sempre foram tendencialmente iberistas, pelo que não os incomoda que o «Dia de Portugal» seja, na prática, o «Dia da União com Espanha».
E qual deveria ser o – verdadeiro – Dia de Portugal? Existem várias hipóteses, diferentes alternativas. 24 de Junho (de 1128), dia da Batalha de São Mamede; ou 25 de Julho (de 1139), dia da Batalha de Ourique - momentos decisivos da ascensão e aclamação de D. Afonso Henriques enquanto Rei, e, por arrastamento, da formação e da consolidação de Portugal. 5 de Outubro (de 1143!), dia da assinatura do Tratado de Zamora, que reconheceu - pela primeira vez - a independência do nosso país. 1 de Dezembro (de 1640), quando se restaurou a independência.
Porém, o dia que mais atributos reúne para merecer a designação de – verdadeiro – Dia de Portugal é 14 de Agosto. Nesta data, em 1385, a Batalha de Aljubarrota – culminar de uma crise que proporcionou (por uma vez) uma notável coesão entre os diferentes estratos da população – assegurou, mais do que a sobrevivência da nação, a sua futura expansão: confirmou como Rei D. João I, que fundou a dinastia de Avis e gerou a Ínclita Geração, primeira responsável pelos Descobrimentos. O recontro do Campo de São Jorge constituiu igualmente a primeira grande manifestação efectiva da aliança luso-inglesa e ainda ofereceu às lendas heróis mais ou menos míticos – Nuno Álvares Pereira, a Ala dos Namorados, Brites de Almeida.
Só mesmo os ignorantes, os indiferentes e os interesseiros é que podem continuar a defender o 10 de Junho como o Dia de Portugal.
Artigo publicado com o título «Hoje não é Dia de Portugal» no jornal Público Nº 6645, 2008/6/10
Avante, Camaradas!
Grande Jantar de Desagravo
A ala monárquica do Corta-fitas está a organizar uma jantarada em homenagem aos bravos da ala monarquica do 31 da Armada (em data e local a anunciar). Os fundos a recolher nessa acção serão destinados à aquisição e oferta aos jubilados de uma nova bandeira portuguesa azul e branca.
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Inscrições aqui.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Portugal dos Grandes
"E depois, nem tudo são tristezas: também temos as nossas festas! E para as festas tudo nos serve: o 1º de Dezembro, a outorga da Carta, o 24 de Julho, qualquer coisa contanto que celebre uma data nacional. Não em público - ainda não podemos fazer -, mas cada um em sua casa, à sua mesa. N'esses dias colocam-se mais flores nos vasos, decora-se o lustre com verduras, põe-se em evidência a linda e velha Bandeira, as Quinas de que sorrimos e que hoje nos enternecem - e depois, todos em família, cantamos em surdina, para não chamar a attenção dos espias, o velho hymno, O Himno da carta ... E faz-se uma grande saúde a um futuro melhor!"
Eça de Queirós, A Catástrofe
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
De ultraje em ultraje?
As mutiladas Armas Nacionais no forte de S. Bruno , em Caxias (Lisboa)
O móbil é sempre o mesmo: dinheiro. A falta de um argumento fulminante, incontroverso e implacavelmente baseado na justiça da Lei, encontra sempre na reles ameaça de conquistar pela extorsão, aquilo que não se consegue pela Razão.
Já teve início a esperada mas intempestiva reacção das elites do pançismo imperante. Na república dos comendadores laureados num qualquer 10 de Junho passado - ou a isso aspirantes no futuro - , vociferam aqueles que invariavelmente beneficiam do conhecido efeito da mobilidade, transitando de um Conselho de Administração ou de um qualquer Conselho de Estado, para a barra do banco de réus de um tribunal. São estas tão castas como glabras inteligências, que se oferecem agora para defender a "república", ou melhor, aquilo que mais os preocupa: a sinecura de onde pingam os trocos para o tabaco ou o carrito de 100.000 Euros posto à disposição pela colectividade.
Os pobres coitados, indignam-se pelo alegado "ultraje" à Bandeira Nacional. Mas qual Bandeira Nacional? É que em termos simbólicos, aquela que há dias foi festiva, corajosa e legalmente hasteada durante meio dia (!) na varanda da CML, é hierarquicamente muito superior ao pendão camarário. Não existe qualquer tipo de comparação a fazer. A chamada bandeira azul e branca é de facto, um símbolo histórico nacional e quem a desrespeitar incorre no crime de ofensa ou ultraje. Por exemplo, nas grandes cerimónias evocativas da História de Portugal ela está sempre presente, assim como hoje mesmo pode ser normalmente vista e respeitada no Colégio ou Academia Militar. É a incontornável verdade que a Lei dita para todos e que a própria parada militar no 10 de Junho de 2009 confirmou.
Ultraje, dizem os pandorgas da situação. O grotesco reside no facto de serem exactamente os mesmos que se reclamam herdeiros daquele bando de energúmenos que no 5 de Outubro de 1910 arriaram, rasgaram e queimaram a Bandeira Nacional (azul e branca) que estava precisamente no mesmo mastro onde o 31 da Armada a Restaurou! Pior, a turbamulta do prp patrocinou autênticos Autos-da-Fé que após todo o tipo de ignomínias, incineraram no Rossio, Terreiro do Paço, Restauradores e Rotunda, milhares e milhares de Bandeiras Nacionais. Essa mesma Bandeira Nacional adoptada pelas Constituintes saídas da Revolução de 1820 e à sombra da qual se assinou a abolição da Pena de Morte. Exactamente a mesma bandeira que garantiu para a língua de Camões, o enorme espaço que hoje orgulhosamente crismamos de PALOP; a mesmíssima bandeira dos tempos da promulgação do Código Civil, do desenvolvimento do Fontismo, da normalidade do Parlamento como órgão de soberania.
A mitragem açulada por hedonistas milionários como o Relvas ou o Grandella, durante meses dedicou-se à mutilação do Escudo das Armas Nacionais em todo e qualquer edifício público, esmagando a camartelo o testemunho de quem o tinha construído para o uso da comunidade nacional. Departamentos do Estado, escolas, liceus, hospitais, pontes, palácios, estações de correios e de comboios, chafarizes, nada, mas nada escapou à sanha iconoclasta. E falam eles hoje de ultraje?! É a orgulhosa e arrogante exibição da prepotente ignorância.
Ainda há uns dez anos, o dr. Sampaio deu ordem de restauro das Armas Nacionais que o chafariz da "Almirante Reis" ostenta, repondo a coroa portuguesa no sítio onde se encontrava antes da depredação de 1910. Neste caso, honra seja feita a Jorge Sampaio, assim como a João Soares que nos tectos da própria sede dos Paços do Concelho, desvelou as Armas Reais - que são as históricas Armas Portuguesas- , que se encontravam tapadas por apressada pintura de há décadas.
Como monárquicos e bons portugueses, seremos sempre incapazes de qualquer tipo de ofensa à actual bandeira que representa o actual Estado. Nela estão bem visíveis as armas reais de sempre - as quinas e os castelos -, as Armas de Portugal. O nosso próprio Rei sob as suas cores combateu em África, enquanto muitos daqueles que hoje se sentem "ultrajados", contra a bandeira da "república" - e aquilo que significava - se manifestavam no remanso confortável e subsidiado do estrangeiro.
Processar, acusar de criminoso e de vandalismo um patriota* como o Rodrigo? Se assim for, o regime comete um erro fatal que desmentirá uma ladainha de 90 anos, a mantra do preso político. A Europa conhecerá o episódio e felizmente, hoje é impossível calar tantos e por tão pouco. Quem provoca os problemas, deles terá de se desenvicilhar.
Desde já manifesto ao 31 da Armada, a minha disponibilidade para ser arrolado comoparticipante moral no acto.
* Que não conheço pessoalmente.
Não é
Um dos casos de melhor imprensa em Portugal: a I República
Mas o que verdadeiramente me interessa (...) a propósito da troca das bandeiras na CML (...) é a fabulosa ideia inscrita neste texto do PÚBLICO sobre o municipalismo. Mesmo dando de barato que grandes ideólogos do municipalismo em Portugal como Garrett e Herculano não tenham sido propriamente republicanos convém não esquecer o percurso do municipalismo propriamente dito: temos um Congresso Municipalista em 1909, outro em 1910 e um outro em 1922. Ou seja dois na monarquia e um no regime republicano e mesmo assim apenas 12 anos após a implantação da mesma república. O primeiro congresso foi organizado em Lisboa, 121 munícipios aderiram, sendo a esmagadora maioria constituída por monárquicos pois, em 1909, apenas existiam doze munícipios com vereação republicana em Portugal, sendo um deles Lisboa que organizava o congresso. Este teve um extraordinário eco na imprensa e mobilizou inúmeras associações da capital. Os congressistas tiveram direito a menu municipalista servido pela Pastelaria Marques: Sopa autonomia municipal; Peru trufado à congressista; Gelados bloco camarário. Os congressistas aprovaram por aclamação as teses sobre a municipalização dos serviços públicos e a lei de expropriação. A proposta sobre a consulta popular para alterar impostos e contribuições foi chumbada. Tudo isto e muito mais se podia saber visitando a exposição que a Hemeroteca dedicou ao Congresso Municipalista de 1909.
Helena Matos no Blasfémias
terça-feira, 11 de agosto de 2009
A república vista pelos republicanos: os truques de Afonso Costa
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
A primeira comemoração foi a 10 de Agosto...
Verão azul
Lisboa está mais Portuguesa
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
A ignorância e confusão em rosa...
" Este senhor, que até tem um título monárquico pois é comendador, devia ter outra postura"
Fiquei siderado. Desconheço se o Comendador Pinho Teixeira é sequer monárquico, mas de certeza que a sua comenda não tem raízes monárquicas...
É esta ignorância e ligeireza que campeiam no nosso espectro audiovisual. Já aqui há uns meses um sr.jornalista da TSF em reportagem no Paço Ducal de Vila Viçosa perguntava à Sra. Conservadora ( Dra. Maria José Monge ) , com grande espanto desta, se os bens do Paço podiam ser usados para uma eventual restauração monárquica...
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
"Ele" que venha!
Teve início há cerca de dois anos, um discreto movimento que tende a apresentar o presidencialismo, como a incontornável solução para a profunda crise de descrédito do regime saído da Constituição de 1976. Em síntese, será a 4ª república nitidamente conotada com os sectores que apoiaram ACS na sua campanha para Belém.
Sintomaticamente, os chamados poderes fácticos - dos quais dependem as centrais de informação escrita ou televisiva -, parecem "compreender a necessidade de uma certa concentração de potestades, em mãos tecnocraticamente aptas ao seu efectivo e profícuo exercício". As rotineiras declarações da gente da banca, das agremiações empresariais ou dos comentadores da economia, vão todas no mesmo sentido e confirmam aquilo que de mera suposição, se tornou numa certeza: o regime, tal como existe, deixou de lhes interessar. Resta-nos apenas descobrir o móbil de tal oposição ao mesmo.
Paralelamente a este autêntico mas não assumido movimento, de forma lógica foi surgindo uma outra campanha sempre em crescendo contra um "Parlamento inútil e estéril", origem da ingovernabilidade, caciquismo, ou falta de eficiência. É cristalina verdade, a involuntária colaboração das direcções partidárias na criação deste sentimento que se vai generalizando, devido sobretudo ao desinteresse na participação cívica, fraquíssima preparação escolar/académica, concentração da opinião em dois ou três centros urbanos e progressivo mas irreversível desgaste do sentido da hierarquia, dever pelo serviço público e não menos importante, respeito pela esfera pessoal de outrem. Isto consiste na precária herança do nascimento vertical dos partidos políticos do regime. Na sua essência, são estas as tradicionais forças dissolventes que fizeram cair regimes e permitiram - com o pleno, quando não entusiástico apoio - cerceamento das liberdades públicas e de direitos julgados como adquiridos. Devido à supracitada indiferença pelo conhecimento dos negócios públicos - que advém de uma escolaridade deficientíssima -, os portugueses aprenderam contudo, a enraizar um forte sentido tendente à manutenção da forma das coisas, consagrando como dogma absoluto, a aparência das mesmas. Aliás, a própria forma de representação do Estado - tendencialmente vista como "igualitária, horizontal ou democrática" - atende exactamente a este princípio de fachada que convém manter e que vai permitindo a total subversão dos grandes princípios, esvaziados do seu sentido material.
Apesar de tudo, os portugueses estão acostumados ao Parlamento. Os medianamente atentos a este processo de descrédito, terão decerto colocado interrogações acerca daquilo que verdadeiramente significará a dita 4ª república. Habituados ao culto dohomem forte - D. João II, Pombal, Costa ou Salazar - , normalmente negligenciamos a decisiva, profícua e benéfica acção de outros - hoje praticamente esquecidos - que fizeram do respeito da Lei, espírito de equipa e porque não?, de uma certa dose de benévolo paternalismo, uma forma de ir tirando Portugal da nossa atávica letargia e tendência para alijar noutros, aquilo a que autenticamente a cada um compete. Assim, quem se lembra hoje, dos nomes do grupo patriótico - com o soberano à cabeça - que fez vingar a Restauração, talvez no período mais difícil da nossa História? Para citar apenas alguns nomes de gente que muito fez por Portugal, quem argumentará com um D. Luís da Cunha, conde de Castelo-Melhor, Martinho de Melo e Castro, ou já na fase Liberal, D. Pedro V, Fontes Pereira de Melo, José Dias Ferreira ou D. Carlos? Na mais remota das hipóteses e em surdina, uns poucos.
O nosso homem forte é aquele que num exacto e único momento da História, consegue em si conciliar os anseios de efectivo exercício de um poder que é por regra encarado na sua forma mais simples, nítida e previsivelmente eficiente, revestido da aura majestática que lhe confere uma grandeza capaz de obliterar qualquer veleidade de resistência. Este homem forte, providencial, deve contudo obedecer a um bastante exclusivista figurino, perante o qual emudecem as vozes da imensa turba destinada a obedecer ao seu iluminado juízo. Deverá ser um homem culto, comedido nas palavras, mas dotado de dotes de comunicação - seja esta oral ou escrita - capaz de silenciar contra-argumentos, aligeirando assim, a pesada tarefa de construção desse poder pessoal. Pode até ser tímido na primeira apreciação que os outros lhe fazem - como foi Salazar -, mas pelo contrário, mostrará uma irresistível capacidade de decisão de impor aquilo que considera como certo num momento azado para tal. Serve-se da sua informada visão do mundo, do conhecimento da história e dos homens que a fizeram e sobretudo, sabe não se comprometer com outros que não considera como seus pares nessa grandeza em que se revê. Tentando recordar um único nome na actual galeria de notáveis da 3ª república, ninguém no seu perfeito juízo, arriscará um alvitre.
O próprio conceito de homem providencial vai-se modificando, constantemente formatado por novas realidades criadas pela evolução interna - e sobretudo externa, devido ao efeito de imitação - da nossa sociedade. Não valerá a pena proceder a uma justificativa citação dos conhecidos autores - ou seja, a delegação da consciência - que apenas confirmarão aquilo que todos sabemos ou adivinhamos, porque o que verdadeiramente importa, é esse reconhecimento da existência de uma massa urbana praticamente hegemónica e que é susceptível de súbitos e imprevisíveis sobressaltos. Estranhamente, o poder parece tornar-se progressivamente mais difuso, apesar dos recursos de controle proporcionados por uma tecnologia à disposição do aparelho do Estado e de quem o tutela.
Apenas um homem de colossal envergadura intelectual na qual se enxerte o poder de comunicação e a inequívoca transmissão do sentimento de independência perante os interesses - independência esta que de facto é impossível -, poderá galvanizar um importante sector da população, coagindo os hipotéticos opositores a baixar bandeiras ou no melhor dos casos, a contemporizarem, mesmo que provisoriamente.
A 4ª república, não é mais que um envergonhado sofisma do velho recurso ao pau de marmeleiro que mantém as consciências calmas e as línguas presas a juras de obediência. Como a nossa longa história demonstra, provem de uns tantos privilegiados estrangeiros na própria pátria, ciosos de prerrogativas e avaros na distribuição daquilo que consideram como direito próprio.Esta gente da "4ª república" pretende, em suma, um novo fôlego na eternização de um sistema que falhou sobretudo, pelas erradas opções tomadas e que basicamente foram no sentido do afrouxar do sentido do dever e da obediência democrática perante o primado geral da Lei. O populismo infrene que há quase três décadas transversalmente tomou conta do aparelho do Estado, alastrou aos mais recônditos aspectos da nossa vida em sociedade, contrastando violentamente com aquilo que é facilmente descortinável em muitos dos países que connosco compartilham a multifacetada ideia de Europa. O primeiro passo no sentido desta fatalidade que assombra estes nossos dias de descontentamento, foi a liquidação da Escola tal como durante muito tempo foi entendida. A partir daí - a base primordial -, o processo de liquefacção do todo conduziu-nos a esta situação presente, perante a qual não se vislumbra uma solução possível ou aceitável. Esta é a verdade difícil de reconhecer.
Vivemos numa sociedade que apesar de tudo está mais atenta e no núcleo que verdadeiramente importa, é mais informada. O presidencialismo não passa de um simplório aspecto da luta político-partidária e nem de longe consiste no remédio radical que muitos secretamente pensam querer tomar. É, pelo contrário, o estreito caminho que desembocará no pátio fechado da confirmação daquilo que hoje sofremos e queremos ver suprido. Conhecemos o dito homem, sabemos quem é e qual o seu percurso prático que influiu na vida de todos nós. Conhecemos as suas limitações e sobretudo, sabemos bem de quem inevitavelmente rodear-se-á. Poderá até dizer-se que será talvez um bem intencionado, mas tal não basta para mobilizar um país desconfiado e arredio à obediência a gente sobre a qual recaem todo o tipo de suspeitas, boatos e alegados e escusos compromissos. Resta apenas acrescentar que esta má opinião acerca dos homens do regime, é prodigamente alimentada pelos próprios, indiferentes aos fatais danos perpetrados ao seu combalido sistema.
É por isso mesmo que como pobre monárquico desejoso de chegar ao fim dos meus dias num país novo, diferente e povoado de gente que decida acerca do seu destino, apoio tacitamente este desígnio presidencialista. Será a derradeira e curtíssima etapa, a prova cabal do fracasso de todas as ilusões que a propaganda ofereceu como redentora promessa. Que venha o presidencialismo.
Mas e os homens para o fazer?
Este é um problema que aos "quarto-republicanos" cumprirá resolver.