terça-feira, 27 de março de 2012

Retrocesso

Há uns dias discutia com uns conhecidos umas coisas banais quando um dos convivas disse que "pelo menos a república foi um avanço"! Descobri ali o motivo para render o meu dia e parti para umas pequenas frases que deixaram os meus parceiros um bocado engasgados sem grande vontade para falar. Sim, porque a república não foi, ou é, a fase adulta da Monarquia, não é a "sequência" natural da monarquia, porque a república não foi um avanço foi um gigantesco retrocesso, porque se a república só tem como virtude trocar "o nobre pelo homem do povo", como me disseram, então, porque se exalta o "nobre povo" que se cantarola no hino? A república tornou o nosso estado numa coisa privada, uma coisa de amigos e partidos. Perdeu a sua identidade pública e sem Rei não é res pública.

sábado, 24 de março de 2012

A República é uma coisa terrivelmente francesa, mal contada, imposta...


Para abrir o apetite aqui vos deixo um excerto da entrevista de Pedro Mexia a Miguel Esteves Cardoso hoje publicada na Revista do Expresso.

(…) Pedro Mexia - Ao mesmo tempo que há essa dimensão quotidiana, também há um lado mais ideológico: a fundação Atlântica, o prefácio a um livro de Teixeira de Pascoaes e a monarquia. O prefácio ao livro de Pascoaes sobre Portugal é uma verdadeira carta de amor.

Miguel Esteves Cardoso – Portugal é um país especial, os portugueses são especiais. Há aqui qualquer coisa de muito bom, qualquer coisa que merecia ser acarinhada e guardada, a nossa maneira de ser, a nossa boa educação. (…) Já desisti há muito tempo de lutar pelos princípios. Fiz a minha tentativa, as pessoas têm o direito quando são novas, fazem jornais, fazem uma tentativa de editora, tentam mudar a cultura do país, mas a partir dos trinta, trinta e tal, pronto. Tinha princípios, como restaurar a monarquia, tinha sonhos políticos para Portugal, mas abandonei-os completamente.

Pedro Mexia – Parece haver uma ligação entre esse amor por Portugal e o ideário monárquico.

Miguel Esteves Cardoso – Há. A República é uma coisa terrivelmente francesa, mal contada, imposta.

Pedro Mexia – Como chegou à monarquia?

Miguel Esteves Cardoso –  Eu nunca cheguei foi à República. Comecei pelo D. Afonso Henriques e fui por aí adiante. Eles é que fizeram a alteração, não fui eu.

Pedro Mexia – Mas do ponto de vista das convicções pessoais…

Miguel Esteves Cardoso – Conhece o D. Duarte? Uma coisa se nota, quando se fala com ele, é a maneira como se preocupa, mesmo, com toda a gente, com tudo o que faz parte de Portugal. Não há nenhuma noção de sectarismo. É uma pessoa obrigada a uma responsabilidade, recebeu esse legado e tem de tomar conta, saber as coisas. Isso é muito impressionante, não é para glória dele, é uma continuação.

Expresso Revista 24 de Março 2012

quarta-feira, 21 de março de 2012

Reis-escravos

"Aos Reis não se aplica, decididamente, o "sistema social europeu". Começam a trabalhar aos quatro ou cinco anos de idade (trabalho infantil), não têm horário laboral (a Rainha de Inglaterra dedica 16 horas diárias a actividades oficiais) nem fim-de-semana, não auferem de reforma (trabalham vitaliciamente até ao passamento), as horas de lazer confundem-se com obrigações, as deslocações ao estrangeiro são cerrada e infindável sucessão de actos protocolares.
Acresce que os Reis não têm privilégios e se os têm resumem-se apenas a privilégios onerosos, aqueles que exigem um sorriso permanente, apertos de mão a multidões, participação em actividades filantrópicas, galas, inaugurações, banquetes, paradas militares, actos religiosos, discursos. Os Reis são o que resta de uma ordem antiga onde a cultura do dever se sobrepunha à cultura dos direitos. Mais, os Reis são escrutinados do nascer do sol ao momento em que recolhem, extenuados, ao leito, não podem ir a uma praia, sentar-se num restaurante, ir a um cinema. Vivem em permanente prisão e dela só se libertam quando dormem.
Há quem os inveje. São os pobres desmiolados, comummente gente riquíssima servida por legiões de criados, com vida privada roçando o hedonismo.
Ontem, ao assistir ao triunfo do Sistema Westminster sobre essas outras "democracias" plutocráticas que fazem as delícias de tanto pateta, tanto demagogo e tanto carreirista, confirmei a superioridade moral, funcional e estética da monarquia."


Miguel Castelo Branco, in Combustões

terça-feira, 20 de março de 2012

C' alhos

Membros de uma seita secreta controlam e observam as "secretas" do país. Querem mais palavras para definir o que é a República? Para os adeptos deste regime não há incompatibilidades dentro da cloaca...

domingo, 18 de março de 2012

Fundação Casa de Bragança recusa acesso a relatório e contas

Fundação Casa de Bragança tem um vasto património,
mas esconde as contas de 2010. Os monárquicos acham "muito estranho".
S.A.R. D. Duarte não comenta as voltas da Fundação

A Fundação da Casa de Bragan­ça não permite o acesso às suas contas, alegando ser necessária autorização prévia da Presidên­cia do Conselho de Ministros, O Governo estranha a atitude e re­mete para a instituição a presta­ção de contas sobre o seu vasto património imobiliário que in­clui os bens pessoais do último rei de Portugal, D. Manuel II. Entre este pingue-pongue, o Ex­presso aguarda há duas sema­nas pelo acesso ao documento. "É inacreditável", diz. Augusto Ferreira do Amaral, monárqui­co e consultor jurídico de D. Duarte, o último duque de Bra­gança. "A Fundação, como enti­dade pública, devia ter a mes­ma obrigação de transparência exigida de qualquer outra pes­soa colectiva", afirma ao Expres­so. A verdade, porém, é que "não existe qualquer inventário de bens ou balanço publicado pela Fundação", prossegue Fer­reira do Amara, que condena o facto de a gestão da instituição ser feita "em circuito fechado, sem qualquer transparência". Natália Correia Guedes, presi­dente da Junta da Fundação Ca­sa de Bragança, disse ao Expres­so que o "último Relatório e Con­tas da Fundação, referente ao exercício de 2010, foi aprovado em 31.3.2011", mas condicionou a divulgação do documento a prévia e "competente autoriza­ção da Presidência do Conselho de Ministreis", O Governo autori­zou. Mesmo assim, a Fundação não cedeu ao Expresso o relató­rio e contas.
O clima de crispação entre a fa­mília Bragança e os administra­dores da Fundação ê indisfarçá­vel. Por diversas vezes e nos últi­mos anos, garante Ferreira do Amaral  “esteve para ser accionado um contencioso" contra os dirigentes da Fundação.
Os monárquicos apoiantes do duque de Bragança, D. Duarte, não escondem que "há matéria jurídica" para contestar a deci­são de "confisco dos bens da fa­mília" em favor do Estado, de­cretada por Oliveira Salazar em 1933 e que deu origem à actual fundação. "D. Duarte esteve, vá­rias vezes, para fazer sair esse contencioso", garantiu.
A tensão aumentou, nos últi­mos anos, quando foi abandona­do o princípio - consagrado por Salazar — de que metade dos di­rigentes da Fundação da Casa de Bragança fosse indicada pela família. "Essa cláusula desapare­ceu, nenhum membro da actual Junta da FCB tem qualquer liga­ção à família", diz Ferreira do Amaral. A verdade, porém, é que com a morte do último administrador, João Amaral Cabral, e a sua substituição por Marcelo Rebe­lo de Sousa, fica vago um lugar na direcção da Fundação da Casa de Bragança, composta por sete membros, nomeados de forma vitalícia. A necessidade de preencher o lugar, aliada à mu­dança da direcção para uma per­sonalidade "inteligente e com sensibilidade" pode ajudar a "en­contrar uma solução", diz o mo­nárquico. Para já, afastou-se a possibilidade de processar a fundação e confia-se na capacidade de Marcelo Rebelo de Sousa para “estabelecer conversações com a família”.
Para Augusto Ferreira do Ama­ral, "pode ser negociado um pla­no que leve a família Bragança a ter uma presença mínima na Fundação". O fundador do PPM, Gonçalo Ribeiro Telles, es­pera "um gesto" de Marcelo pa­ra pacificar as relações entre os Braganças e a Fundação. Mas o gesto ainda não chegou.


Rosa Pedroso Lima – Expresso 17 de Março 2012

sábado, 17 de março de 2012

Marcelo vai ter de reconhecer a actual dinastia de Bragança

"A existência da própria Casa de Bragança é,
evidentemente, um bom ponto de partida para se iniciar um processo de restauração".
Quase a fazer 90 anos, Gonçalo Ribeiro Telles mantém firme a defesa incondicional de uma monarquia democrática.

Gonçalo Ribeiro Telles, monárquico convicto e fundador do PPM, fala sobre a mudança de liderança da Fundação Casa de Bragança. Acredita que Marcelo Rebelo de Sousa vai reconhecer' "a actual dinastia de Bragança" e assume que a devolução do património) da fundação à família "e um processo em curso".

Expresso: Para os monárquicos é boa notícia ter um republicano à frente da Fundação da Casa Bragança?
GRT - Com certeza. Desde logo porque o novo presidente é um profundo conhecedor do assunto.


Exp. Não é estranho que seja logo um potencial candidato a PR o responsável pelo legado pessoal do último rei de Portugal?
GRT - O problema é dele. Foi nomeado, penso que é uma pessoa digna para assumir as funções e agora tem possibilidade de mostrar toda a sua autenticidade.


Exp. A fundação tem desempenhado bem o seu papel?
GRT: Da fundação foi criada na 11 República por Salazar. A continuidade da Casa Real passou de D. Manuel II para D. Duarte Nuno (pai do actual duque) e hoje para D. Duarte e família. Com certeza que o presidente da fundação tem isto em consideração e vai estabelecer uma ligação indispensável com a família, quer pela importância que tem para o país a dinastia de Bragança como pala a própria autenticidade da fundação.


Exp. Há queixas sobre o divórcio entre a família de Bragança e a fundação...
GRT - Nem é um divórcio! Não há qualquer ligação. A fundação funcionou como unia instituição do Estado e não se relacionou de forma alguma — como deveria ter feito — com a dinastia, que tem uma face humana.


Exp. Sendo uma instituição do Estado, a fundação deve aproximar-se da família Bragança?
GRT - Fundamental! Até pelo respeito que lodos nós devemos à família Bragança. Mesmo os republicanos! Desde o problema da independência nacional, até ao problema da liberalização da sociedade portuguesa, deve muito à dinastia de Bragança. O reconhecimento desta actual dinastia como património de todos nós é importante. Tenho a certeza absoluta de que o próximo presidente da fundação o vai fazer.


Exp. O que correu mal na relação entre a FCB e a família?
GRT - Da distância. Salazar tentou evitar um problema, afastando o mais possível a dinastia de Bragança dos portugueses,


Exp. Salazar pretendia que parte da direcção da fundação fosse indicada pela família...
GRT. Mas este não é um problema de 'pane', nem de 'metade' dos membros indicados pelo Estado ou pela família. O novo presidente vai ter de reconhecer na fundação toda a sua ligação com D. Duarte e com a Casa Real.


Exp. Os monárquicos querem que a fundação seja uma âncora para defesa dos seus ideais?
GRT - Não é a defesa dos ideais monárquicos, mas do património de Portugal Quando o povo português quiser defender os ideais monárquico; fá-lo-á de uma forma democrática. Não através de qualquer instituição.


Exp. Gostava que a fundação desse maior visibilidade à causa monárquica?
GRT - Não. Gostaria que desse mais visibilidade à Casa Real. que encarna esses ideais.

Exp. A devolução do património da fundação é um caso aberto?
GRT - Partilho a opinião de Augusto Ferreira do Amaral, que tem muito mais conhecimento jurídico do que eu.


Exp. Ou seja, que se tratou de uma espoliação de património, que deve ser devolvido à família...
GRT - Com certeza! É um processo que está em curso.


Exp. O facto de um professor de Direito estar à frente da fundação ajuda a encontrar uma solução?
GRT - Pode ajudar. Mesmo dizendo-se um republicano.


Exp. Não precisa ser monárquico?
GRT - Não, basta ser português.
Rosa Pedroso Lima – Expresso 17 de Março 2012

quinta-feira, 15 de março de 2012

Mau mau Maria


Manuel Maria Carrilho escreve no expresso um artigo que intitula de Sem Grandeza. Fala sobre a República e exercita uns adjectivos que só poderão ser seus, filosóficos. É o que eu mais aponto nos políticos; estarem longe da realidade. Esse mito do "homem" que emerge pelos votos ao "cargo" mais alto da nação tem muita falácia. Toda a prosa republicana acenta na probabilidade (bipartida, tripartida) dos partidos grandes (sem grandeza!) elegerem um dos seus para o controlo do estado. Nem um só cidadão independente chegou – ou chegará – a presidente. Dito isto, o filósofo escreveu com o único intuito de dar pau no presidente da república que anda por estes tempos com as costas quentes. Coitado, pois, de facto, numa República nunca haverá grandeza independentemente de quem esteja sentado no penico.


sexta-feira, 9 de março de 2012

Uma única utopia: Portugal




Somos uma Nação mal habituada ao decadente vício da autofagia. Não sei se podemos atribuir esse handicap, como afirma Henrique Raposo, ao “Instinto queirosiano” de que se impregnam as elites indígenas e que bloqueia a assunção de qualquer coisa de positiva sobre Portugal, mas uma coisa parece evidente: a aposta na promoção e dignificação dos símbolos e instituições nacionais seria um bom negócio para o País. Um projecto que pela intrínseca alteração de paradigma, exige um profundo consenso e empenhamento de todos os que “podem”, um penoso trabalho e investimento no longo prazo. Acontece que esta é a única fórmula limpa de o Estado se fortalecer sem onerar o contribuinte. Apesar de tal coisa ir contra a lógica mediática do conflito gratuito e dos resultados imediatos, esta é a única maneira de se viabilizar uma comunidade identitária, de motivar as pessoas a vestirem uma camisola da qual se possam orgulhar e pela qual possam bater, na sua cidade, família ou no trabalho.
Nos últimos duzentos anos as fracturas e a desconstrução permanente dos nossos símbolos, instituições e da nossa própria História, conduziram os portugueses à descrença, à desconfiança e à apatia generalizada. Uma mentalidade derrotista e sebastiânica que se traduz em trágicos resultados para a economia, e a prazo nos condena à extinção.
Levantar hoje de novo o esplendor de Portugal é um projecto premente para a nossa sobrevivência e uma utopia em que vale a pena investir e pela qual vale a pena lutar.  

* Fotografia de Homem Cardoso para o livro Navio Escola Sagres

quarta-feira, 7 de março de 2012

Petisqueiros


O funcionário-mor de Belém tem uma petição que o deseja relegar por causa de uma "ofensa". Onde estão as petições sobre o julgamento dos ministros e políticos que ofenderam a nação e o cofre comum através do roubo, compadrio e a traição? Isto é um país de petiscos habitado por petisqueiros.

E hoje a quem serve?

Foi recentemente recusada pela Junta Administrativa da Casa de Bragança sepultura à Senhora Infanta Dona Adelaide de Bragança em Vila Viçosa. Uma vez que estão lá sepultados suas Irmãs ( Dona Filipa e Dona Antónia ) e seu Irmão, SAR o Senhor Dom Duarte Nuno, gostaria de saber com que base a Junta Administrativa recusou receber aquela que foi uma neta de um Rei de Portugal e que tanto trabalhou para os mais desfavorecidos.
 Responde o historiador Rui Ramos: "Salazar teve sempre muito cuidado para que a Família Real não tivesse meios, de que nunca conseguisse ter autonomia financeira, pelo que não deixou que herdassem os bens de Dom Manuel", acentua. Em síntese: queria a realeza "dependente e vulnerável"

terça-feira, 6 de março de 2012

"Focke" Wulff



Por cá, sabemos como a geringonça se paga. Na forreta Alemanha, os passivos presidenciais não se ficam por ninharias, senão vejamos:

O recentemente deposto Sr. Christian Wulff, receberá uma pensão vitalícia de 199,000 € anuais, embora apenas tenha mourejado menos de dois anos no trabalho de Hércules de totalmente ignorado corta-fitas berlinense. Alguma vez ouviram falar no fulano? Claro que não.
Mesmo assim a sortuda esposa, catorze anos mais nova que o derrubado vígaro de águas paradas, em caso de morte ficará também a título vitalício com a pensão completa do defunto. Sendo já seis os presidentes passivos em sistema comensal - juntando-se a estes uma viúva alegra como convidada para o banqueta -, os alemães ainda pagam fundos para um gabinete com o staff de assessores, além de uma limusina com chauffeur. Tal qual como em Portugal, há assim que desculpá-los. Já bem longe vão os tempos em que o Kaiser tinha de permanecer no seu posto até ao momento de partir para o Walhala, não havendo desculpas para reformas e "bem-bons" logo aos cinquenta e dois anos.

Por cá estamos na mesma, as somas serão assim tão diversas, apesar de Portugal ser infinitamente menos rico e produtivo em comparação com a Alemanha. Ficamos contudo em vantagem, porque por agora apenas temos Cavaco Silva na actividade que se sabe, enquanto outros três antecessores vão mais ou menos se entretendo, bem provavelmente "à alemã".

quinta-feira, 1 de março de 2012

Escola para a submissão

  

Como educador de quatro crianças, encontro amiúde uma tão premente quanto velha questão com a qual fui de novo confrontado há dias ao ajudar a minha filha num trabalho de História do 6º ano sobre a Revolução Francesa: acontece que passam governos de direita e de esquerda, passam anos e décadas depois do PREC e nós conformados que se continue a ensinar às criancinhas a disciplina de História sob a óptica do Materialismo Histórico. Acontece que dá muito trabalho desmontar da cabeça duma criança a perspectiva do passado maniqueísta, repleta de juízos explícitos sobre uma Nobreza opressora, um Clero interesseiro, uma Burguesia gananciosa e o povo oprimido, vítima de tudo o mais. Ensina-se aos miúdos que a História da humanidade é um campo de batalha entre classes sociais (tornadas entidades corpóreas auto-conscientes), entre opressores e oprimidos, uma ascendente sucessão de acontecimentos, cujo desenlace é a vitória dos bons contra os maus, consubstanciada na modernidade dos dias de hoje.
Infelizmente ou felizmente a coisa não funciona assim e percebe-se que seja considerado perverso pelos pedagogos do regime revelar às criancinhas certas “fontes”, factos e pensamentos que denunciem a prevalência de um relativismo casuístico na História.
De facto como referia há umas semanas Filipe Paiva Cardoso, no jornal i custa a aceitar que o nosso país não tenha a força para reclamar o lugar de topo na história da civilização, quando, quase cento e cinquenta anos antes da Tomada da Bastilha, exibe num seu documento fundacional, a legitimação democrática de D. João IV, no assento das cortes de Lisboa em 1641, algo como “[...] sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins [vida, liberdade e felicidade], cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la” – e “Nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela [nação] não emane expressamente”.
De resto, quase duzentos anos depois de outorgada Carta Constitucional, nesta república modernaça e democrática por acaso hipotecada aos estrangeiros, alguém acredita que a igualdade do cidadão perante a lei já tenha passado das intenções à realidade? E sabiam V. exas que, ao contrário do que acontecia na Idade Média a que eles chamam “das Trevas”, hoje neste País é possível adquirir-se um relógio por 5.000.000 euros ou um Yacht por 500.000.000,00 de euros, enquanto uma família dos subúrbios de Lisboa vive com 500,00 euros por mês, e uma outra em África sobrevive com um por dia? Querem impingir uma linha condutora a isto tudo? Haja paciência!