Passam hoje duzentos... e vinte anos sobre o início «histórico», «oficial», da Revolução Francesa – a Tomada da Bastilha. Se não fosse a circunstância de ser também o dia do aniversário de uma das minhas filhas, esta data seria para mim completamente infame e odiosa.
Sim, eu abomino a Revolução Francesa; considero-a a «Mãe de Todas as Catástrofes Contemporâneas»; os seus efeitos perniciosos estenderam-se até às duas guerras mundiais. E quem pode negar que a guilhotina de Paris é antepassada directa, a «avó», da câmara de gás de Auschwitz? Trata-se do início do conceito de assassinato industrial, em série, em massa! Assassinato industrial que foi a principal «actividade» de um bando dos mais torpes criminosos que a História já conheceu, que depressa deixaram cair as máscaras e mostraram que o lema «Liberdade, Igualdade, Fraternidade» significava, na verdade, «Mortandade, Rapacidade, Calamidade». Acredito sinceramente que muitos dos «progressos» que supostamente resultaram para a Humanidade devido à Revolução Francesa aconteceriam sempre, de uma maneira ou de outra, mais tarde ou mais cedo, e sem a (muita) destruição e (muito) derramamento de sangue que ela causou, directa ou indirectamente, em França e em muitos outros países... incluindo Portugal.
Poder-se-á sempre perguntar: então e a Inglaterra? Lá também não se cortou a cabeça a um Rei (Carlos I) um século antes de Luís XVI e de Maria Antonieta (que de «tiranos» pouco ou nada tinham) terem «perdido» as suas? Não foi a «Velha Albion» também uma república? Sim... mas por pouco tempo. Onze anos bastaram aos britânicos para perceberem que o «outro» regime, dito «puritano», era – para não utilizar uma palavra mais forte – uma porcaria. E acompanharam a entronização de Carlos II com a execução, muito lenta e muito dolorosa (desentranhados, enforcados e esquartejados), de vários dos carrascos do pai que ainda estavam vivos... além de desenterrarem, pendurarem e decapitarem o cadáver de Oliver Cromwell, tendo a sua caveira ficado exposta em Londres durante décadas! (Confesso que dificilmente discordaria de um tratamento semelhante aplicado a alguns facínoras «tugas»...) Antes da Guerra Civil a Grã-Bretanha já era uma democracia, depois da Restauração mais democracia foi... muito, muito mais do que a «França revolucionária» alguma vez chegou a ser.
A maior e mais grave consequência da Revolução Francesa no nosso país foi a Guerra Peninsular, ou seja, as invasões francesas. E desde 2007 que se assinalam os (mais de) 200 anos desse funesto acontecimento... que nos trouxe muita «Mortandade, Rapacidade, Calamidade». A efeméride não tem tido uma grande cobertura, um grande destaque, ao nível nacional. E merecia! Cerimónias foram feitas, por exemplo, em Amarante, no Porto e em Évora, mas a Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, que se saiba, não as apoiou nem nelas participou. Por ficar fora do seu «âmbito (temporal) de acção»? Isso não é desculpa porque a «renovação» da Praça do Comércio e a «deslocalização» do Museu dos Coches s(er)ão apresentados, ao que tudo indica, como peças fundamentais dos 100 anos da golpada de 1910.
Porque é que as atrocidades cometidas por Junot, Soult, Massena e companhias não têm sido mais veementemente recordadas e denunciadas, porque é que o sofrimento, a resistência e a coragem dos portugueses de então não têm sido mais entusiasticamente recordadas e homenageadas? Por isto: os «libertadores» de Napoleão Bonaparte eram os filhos dilectos dos revolucionários de 1789, republicanos e assassinos de reis, que mais tarde seriam também uma grande inspiração para os criminosos que constituíam a Carbonária e o Partido Republicano Português. Que ninguém duvide: embora não o admita publicamente, a República Portuguesa festeja – mesmo que só «intimamente» - a Revolução Francesa e não a ida da Corte de D. Maria I e de João VI para o Brasil.
Sim, eu abomino a Revolução Francesa; considero-a a «Mãe de Todas as Catástrofes Contemporâneas»; os seus efeitos perniciosos estenderam-se até às duas guerras mundiais. E quem pode negar que a guilhotina de Paris é antepassada directa, a «avó», da câmara de gás de Auschwitz? Trata-se do início do conceito de assassinato industrial, em série, em massa! Assassinato industrial que foi a principal «actividade» de um bando dos mais torpes criminosos que a História já conheceu, que depressa deixaram cair as máscaras e mostraram que o lema «Liberdade, Igualdade, Fraternidade» significava, na verdade, «Mortandade, Rapacidade, Calamidade». Acredito sinceramente que muitos dos «progressos» que supostamente resultaram para a Humanidade devido à Revolução Francesa aconteceriam sempre, de uma maneira ou de outra, mais tarde ou mais cedo, e sem a (muita) destruição e (muito) derramamento de sangue que ela causou, directa ou indirectamente, em França e em muitos outros países... incluindo Portugal.
Poder-se-á sempre perguntar: então e a Inglaterra? Lá também não se cortou a cabeça a um Rei (Carlos I) um século antes de Luís XVI e de Maria Antonieta (que de «tiranos» pouco ou nada tinham) terem «perdido» as suas? Não foi a «Velha Albion» também uma república? Sim... mas por pouco tempo. Onze anos bastaram aos britânicos para perceberem que o «outro» regime, dito «puritano», era – para não utilizar uma palavra mais forte – uma porcaria. E acompanharam a entronização de Carlos II com a execução, muito lenta e muito dolorosa (desentranhados, enforcados e esquartejados), de vários dos carrascos do pai que ainda estavam vivos... além de desenterrarem, pendurarem e decapitarem o cadáver de Oliver Cromwell, tendo a sua caveira ficado exposta em Londres durante décadas! (Confesso que dificilmente discordaria de um tratamento semelhante aplicado a alguns facínoras «tugas»...) Antes da Guerra Civil a Grã-Bretanha já era uma democracia, depois da Restauração mais democracia foi... muito, muito mais do que a «França revolucionária» alguma vez chegou a ser.
A maior e mais grave consequência da Revolução Francesa no nosso país foi a Guerra Peninsular, ou seja, as invasões francesas. E desde 2007 que se assinalam os (mais de) 200 anos desse funesto acontecimento... que nos trouxe muita «Mortandade, Rapacidade, Calamidade». A efeméride não tem tido uma grande cobertura, um grande destaque, ao nível nacional. E merecia! Cerimónias foram feitas, por exemplo, em Amarante, no Porto e em Évora, mas a Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, que se saiba, não as apoiou nem nelas participou. Por ficar fora do seu «âmbito (temporal) de acção»? Isso não é desculpa porque a «renovação» da Praça do Comércio e a «deslocalização» do Museu dos Coches s(er)ão apresentados, ao que tudo indica, como peças fundamentais dos 100 anos da golpada de 1910.
Porque é que as atrocidades cometidas por Junot, Soult, Massena e companhias não têm sido mais veementemente recordadas e denunciadas, porque é que o sofrimento, a resistência e a coragem dos portugueses de então não têm sido mais entusiasticamente recordadas e homenageadas? Por isto: os «libertadores» de Napoleão Bonaparte eram os filhos dilectos dos revolucionários de 1789, republicanos e assassinos de reis, que mais tarde seriam também uma grande inspiração para os criminosos que constituíam a Carbonária e o Partido Republicano Português. Que ninguém duvide: embora não o admita publicamente, a República Portuguesa festeja – mesmo que só «intimamente» - a Revolução Francesa e não a ida da Corte de D. Maria I e de João VI para o Brasil.
5 comentários:
Somos governados pelo "espírito" da deputação a Baiona. Sabemos todos o que isso quer dizer...
Em primeiro lugar é preciso contextualizar a Revolução Francesa, quer na História de França, quer na da Europa. Dizer que se teria chegado à liberdade e à democracia de qualquer das maneiras e dar como exemplo a Grâ-Bretanha, é esquecer que a Inglaterra teve a Magna Carta em 1215 e a França o auge do poder absoluto com Luís XIV,no século XVII.
Depois é preciso não esquecer que foi uma revolução, um corte abrupto com o passado político e que todas as revoluções têm excessos. Esta, porque a primeira, escedeu o imaginável em barbárie contra culpados e inocentes, muitos dos quais apenas tinham culpa de terem nascido naquele século e serem aristocratasou serem fiéis à ordem estabelecida. Mas não deixou de guilhotinar, com os mesmos requintes de selvajaria, os que fizeram a revolução, entre os quais o mais feroz verdugo, Robespierre e Danton que disse, quando o foram buscar," la révolution dévore ses enfants". Como sempre tem acontecido.
O "14 Juillet" é, simultâneamente, uma data negra e o início da liberdade política que, felizmente, hoje temos. Cada um comemora o que mais aprecia. Eu comemoro nesta data a liberdade.
O texto de Octávio Santos é problematizador. Pode ser objecto de uma reflexão, do tipo de revolução que fez-se no 5 de Outubro em Portugal. Mas atenção. Concordo com o João Mattos e Silva. É preciso contextualizar a Revolução Francesa, no contexto francês e europeu. E há particularismos, que, deixa-me com a dúvida se poderia ter sido feito de outra forma. Claro, que houve depois o lado mau. Mas, a revolução francesa agitou consciências. E isso é preciso ter em conta
ERRATA: "escedeu", na 4ª linha do segundo parágrafo é uma gralha quse tão monstruosa como a Revolução Francesa. Claro que quís escrever excedeu...
Embora compreenda o ponto de vista do Octávio Santos, concordo com o João Mattos. Não devemos extrapolar o acontecimento, nem atribuir-lhe um significado maior do que aquele que ele tem actualmente. As Revoluções, quando lideradas pela massa amorfa, ou por cabecilhas menos escrupulosos que encontram no "povo" a mais eficaz das armas, resultam sempre em ódio e sangue. Não sendo de matriz francesa e não me revendo no significado da Revolução, não posso deixar de referir que a humanidade precisava, então, de um lema para "existir" - dado que muitas vezes não era somente o escravo sem uma "personalidade jurídica" e social. Os mais pobres não existiam ou eram apenas contabilizado segundo os dízimos que pagavam. Liberdade, Igualdade e Fraternidade foi, desde o início, um lema demagógico e em seu nome foram cometidas as maiores atrocidades. Mas inspirou, já num clima de paz, a Declaração Universal dos Direitos do Homem. A História deve lembrar-nos, constantemente, as nossas necessidades comuns e não os nossos diferendos, para aproveitar um pensamento recente de F. Savater. Por isso o 14 de Julho tem a importância que tem, que quanto a mim, se resume a isto: uma ideia nobre na mão de sicários. Como muitas repúblicas "ideais" que se seguiram a esta data.
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