quarta-feira, 31 de março de 2010
D. CARLOS E O ESTUDANTE REPUBLICANO
Como se fabricou um mártir da república
Cronologia da república - 31 de Março
- 1915
O tenente Óscar Monteiro Torres é dado como desertor
- 1923
Greve dos padeiros
Rebentamento de bombas em Lisboa
Fontes: aqui
terça-feira, 30 de março de 2010
«CARTA A ANTÓNIO ENES SOBRE AS FARRONCAS DOS PORTUGUESES»
HISTÓRIA DE PORTUGAL EM DISPARATES
E os servos de hoje?
[...]
«No reino de Portugal, todos trabalham para a ascensão de alguns. De hoje em diante, cada um esforçar-se-á para glória comum.
Companheiros! A Monarquia já mostrou bem aquilo que quer do nosso país: uma coutada em que damas e fidalgos brinquem todo o dia à caça e à guerra, sustentados por nós, milhões de servos agrilhoados. É por isso que nesta manhã de Outono, resolvemos transformar o idílio de uns, na realidade de todos»
[...]
Ao que parece faz parte dos programas educativos uma disciplina de Laudatória à República. Isso, ou os professores, tão gratos que estão à República Portuguesa por serem a classe melhor tratada na Europa, se empenham na evangelização dos acríticos alunos, mesmo apesar daquela Associação que escreve cartas a todos e mais algum - a República e Laicidade - condenar veementemente a propagação de crenças religiosas na sala de aula. Esta religião cívica, o republicanismo, que na sua bonomia salazarista apenas convertia crianças do Ensino Primário em devotos adoradores da bandeira e do hino republicano, como símbolos máximos de uma nação maior e impoluta no seu passado recente, está agora a estender-se a toda a escolaridade obrigatória. Noutros tempos e noutros regimes tal aberração propagandística tinha outro nome. Hoje chama-se Cultura.
Cronologia da república - 30 de Março
- 1911
Greve dos vidreios em Lisboa
- 1912
É fechado o jornal "O popular" de Lisboa
Casamento de um padre católico em Alcoentre, seguindo-se de uma celebração de missa pelo próprio
- 1913
É fechado o jornal "O Carbonário" de Évora
- 1914
É fechado o jornal "O Povo de Braga"
- 1915
Depois do congresso, o partido democrático, apresenta queixa contra o governo
- 1918
Dec 3997 - Lei eleitoral
Devido ao facto de Bernardino Machado ter publicado um manifesto no jornal "A Capital", o governo instaura um processo, sob a desculpa deste promover a revolta
- 1920
Greve nos telégrafos-postais
- 1921
O decreto 7427, estabelece os documentos que os emigrantes, com a passagem paga, têm de apresentar para embarcarem
Fontes: aqui
segunda-feira, 29 de março de 2010
De volta a Herculano...
Fare niente, champanhe e croquetes
Postagens como esta, são exemplificativas da completa decadência a que Portugal chegou. A falta da mínima preparação para o exercício de cargos públicos, manifesta-se de fio a pavio e o opinionismo imbecil impera, desde que isso implique provento.
Em tempos idos, as embaixadas eram ocupadas por gente que pelo menos, tinha uma certa consciência da história do país que representava. Hoje em dia, atira-se a linha ao lago de todas as promessas e não é com grande espanto que se pesca sempre uma bota rota, ou um pneu centos de vezes recauchutado. O "boyzismo" vaidoso e cretinóide pontifica. Pobre Talleyrand, pobre Metternich, pobre Pde. António Vieira, pobre D. Luís da Cunha, pobre Palmela, pobre Soveral. O que não faltam por aí, são exemplos de ... "grãs-bestas que chegaram a grãs-cruzes". É o azar de tropeçarmos nos seixos dos Costas, ou a gente do "Centenário" no seu melhor!
Ainda a revolta do 31 de Janeiro no Porto
A não perder o interessantíssimo artigo com imagens inéditas do nosso novo colaborador, jurista e literato nortenho João Afonso Machado sobre o a revolta do 31 de Janeiro no Porto. Aqui
Cronologia da república - 29 de Março
- 1911
Não podem ser professores primários, todos os individuos que forem contra a república
- 1912
Edward Grey, diz que no âmbito da aliança, a Inglaterra devia defender as colónias Portuguesas, contra os seus inimigos
- 1917
É fechado o jornal "O Debate" de Coimbra
- 1919
Os operários da construção civil, realizam um espectáculo de beneficiencia, para a construção de uma escola primária com aulas de desenho
- 1923
É fechado o jornal "Povo de Leiria"
Fontes: aqui
domingo, 28 de março de 2010
RAMALHO: DE MONÓCULO ATENTO À REPÚBLICA (I)
in Últimas Farpas (1911-1914), Clássica Editora, pág. 15.
Em ano de bicentenário, recordemos as palavras de Herculano
HERCULANO, Alexandre – Opúsculos. Tomo I. Questões públicas: política. Lisboa: Livraria Bertrand, 1983, pp. 267-268
Sociedades iniciáticas por Pedro Olavo Simões - JN de 28 de Março de 2010
Talvez o êxito da revolução republicana tenha assentado na transição da propaganda para a conspiração. Solidificada a ideia de que só pela força das armas cairia a monarquia, havia que preparar o golpe de forma discreta e eficaz, isto é, com protagonistas que não o eram, na sombra permanecendo.
Assim se entendeu a consolidação da Carbonária, sociedade iniciática enquadrada por sectores da Maçonaria e não pelo todo desta, pois aí coabitavam republicanos e monárquicos.
Se o regicídio, a 1 de Fevereiro de 1808, também com dedo de carbonários, deixou num impasse a caminhada republicana, certo é, também, que foi com esta organização que se chegou ao 5 de Outubro de 1910. Se pode a Maçonaria ser apontada como uma organização de elites (nota A. H. de Oliveira Marques que metade dos ministros do Governo Provisório - 1910/11 - eram maçons), a Carbonária era, complementarmente, como nota Joaquim Romero Magalhães, "uma associação popular, deliberadamente interclassista".
O segredo do segredo era, justamente, o segredo. Expliquemo--nos. Com esta organização, formou-se uma vasta teia conspirativa, mas muito poucos eram os que tinham efectivo conhecimento do que era preparado. Para o êxito da estratégia valia a componente iniciática. Os rituais a que os "primos" (assim eram designados, à semelhança dos "irmãos" maçónicos) eram submetidos incutiam-lhes o sentido de discrição e a prontidão para promover a queda definitiva da monarquia. Quando tinham de agir, os "primos" pouco mais sabiam do que a tarefa específica que lhes cabia.
Nomes cimeiros da Carbonária, como o grão-mestre, Artur Luz de Almeida, ou o famoso tribuno António José de Almeida eram, simultaneamente, maçons. Com Luz de Almeida, António Maria da Silva e Machado Santos formavam a Alta Venda do Jovem Portugal, órgão de topo da Carbonária. Deles partia a estratégia e o recrutamento, a nível nacional (Luz de Almeida corria o país, fazendo-se passar por caixeiro-viajante) e estendido, especialmente a partir de 1909, aos militares.
Nem sempre a febre revolucionária dos carbonários estava em harmonia com as cautelas do directório, mas diligências do republicano Magalhães Lima, grão--mestre do Grande Oriente Lusitano Unido, introduziu novos elementos militares na conspiração, para travar os ímpetos da Carbonária. Sempre em secretismo, e não com o brado popular que, por exemplo, era sonhado por João Chagas, a República foi preparada para ser ganha pelas armas, mas também com o apoio dos cidadãos. Nem revolta popular nem levantamento militar, o 5 de Outubro foi um misto das duas , enquadrado por estas organizações.
Cronologia da república - 28 de Março
- 1912
Distúrbios em Timor
- 1914
Greve geral dos fluviais do Porto
- 1915
É fechado o jornal "O Rebate" de Castelo-Branco
Afonso Costa, no congresso do partido Democrático, diz que Brito Camacho é um 1ºministro doido e traidor, que lidera um governo de insignificantes
- 1916
A lei 495, remete para a censura prévia, todas as publicações nacionais
- 1918
Autoriza-se a publicação de jornais e reabertura de centros políticos
- 1920
Protestos contra o fecho do Jornal "A Batalha"
- 1921
É detido o conde de Bertiandos, implicado numa conspiração integralista
- 1924
Por decreto, a CP é autorizada a aumentar o preço das tarifas
O grão-mestre da maçonaria, preside à comissão para a construção do monumento ao marquês de Pombal, em Lisboa
Fontes: aqui
sábado, 27 de março de 2010
RESPOSTA DE SALAZAR (27.7.1958) À CARTA DO BISPO DO PORTO
(id. pág. 113).
A REPÚBLICA E O BISPO DO PORTO, D. ANTÓNIO FERREIRA GOMES
Cronologia da república - 27 de Março
- 1913
Carência de peixe em Lisboa
- 1919
É fechado o jornal "A Voz da Mocidade" de Lamego
O governo de José Relvas apresenta demissão colectiva
- 1926
A "Seara Nova", no liceu Camões em Lisboa, realiza um comício antifascista
Fontes: aqui
sexta-feira, 26 de março de 2010
A CARBONÁRIA REPUBLICANA v. A CARBONARA
((António Ventura, «A CArbonária em Portugal - 1897-1910, Livros Horizonte, págs. 17-19)
Por ocasião do aniversário do nosso Príncipe D. Afonso de Bragança
Cronologia da república - 26 de Março
- 1912
Greve dos operários da companhia fabril lisbonense
- 1914
É fechado o jornal "A União" de Castelo-Branco
- 1920
São presos mais de 250 grevistas dos correios e telégrafos
Fontes: aqui
quinta-feira, 25 de março de 2010
Acção
II REPÚBLICA. O PRESIDENTE ACORDOU.
(vd. Vasco Pulido Valente - «Marcello Caetano - As Desventuras da Razão, ed. Gótica, Lda, pág. 133.
Cronologia da república - 25 de Março
- 1911
É fechado o jornal " A Folha de Viseu"
- 1912
Assalto ao jornal " Diário do Porto"
- 1921
A apreensão de azeite pela G.N.R em Penacova levou a motins em Penacova
- 1922
A portaria 3130 proíbe a venda e fabrico de navalhas de ponta e mola
Fontes: aqui
quarta-feira, 24 de março de 2010
Pérola autêntica ou de viveiro?
Sempre que deparo com o nome de Dª Amélia numa montra de livraria, franzo o sobrolho. As más experiências que a minha curiosidade tem sofrido, ditam a desconfiança. É que não existem Corpechots, Rochas Martins e Ruis Ramos ao virar de cada esquina.
Acabei de ver em escaparate nas Amoreiras, o livro Dª Amélia, da autoria de Isabel Stilwell. Apenas folheei as derradeiras e demasiadamente sucintas páginas referentes à passagem da rainha no Portugal de 1945, parecendo corresponderem à verdade histórica, embora Stilwell pudesse ter sido mais rigorosa no epílogo, quando da imponente e multitudinária manifestação de pesar popular no funeral da Grande. Mas a obra não pretende ser uma análise histórica do momento social e político do Portugal da 2ª república.
Há uns anos, um francês dado actualmente à frenética promoção cor de rosa da "senhora" Sarkozy, decidiu dar o gosto ao dedinho na tecla e aventurou-se a uma espécie de "romance estórico" bastante ficcionado. Teve o descaramento de induzir milhares de leitores em erro, pois intitulou o snack de Eu, Amélia, última rainha de Portugal. Um chorrilho de lugares comuns repescados da intriga republicana, a par de inexactidões, desatentas visitas a um Portugal que conhece através de uma ida aos fados de sexta-feira no Bairro Alto e um cocktail na Caras e pouco mais. Arrota as habituais tranches de merlan aux moules, afirma inequivocamente sem provar através da apresentação de um único fac-simile, enreda-se nos rodriguinhos próprios da mesma lenda negra que acompanha todas as rainhas dos últimos dois séculos. O pior de tudo é julgar-se cheio de talento, razão e sageza. Fazendo pela vidinha, não se preocupou minimamente em ler umas linhas, antes de decidir arrastar a memória de D. Carlos pela lama e no tradicional esbracejar chauvinista gaulês, quis apresentar o casal régio como a perfeita dicotomia sobre a Terra, numa total incompreensão pela realidade social subjacente a um contrato matrimonial - que naquele caso até envolveu uma inicialmente forte atracção física -, à postura de Estado que jamais faltou ao casal D. Carlos e a Dª Amélia. Stéphane Bern "bem serviu os republicanos" e divagou, alimentou com gosto a intrigalhada, rebolou-se em frou-frous, chocalhou braceletes e ajeitou rendas, num grotesco amontoado de folhinhas bem próprias da literatura de cordel da Belle Époque, bem na senda do Marquês da Bacalhoa. Enfim, uma pérola falsa, nem sequer digna de produção em cultura de viveiro oriental. Mau serviço fez à História, péssimo serviço póstumo fez à rainha e à sua hoje controversa famille de France. Para cúmulo e em dia de champanhada - o eterno móbil primeiro -, "monárquicos" houve que até lhe fizeram fosquinhas nas costas!
Não arriscaremos muito ao afirmar que a rainha Dª Amélia foi até aos nossos dias e a qualquer patamar atingível, o derradeiro grande vulto da família real Bourbon (Orleães) que outrora reinou em França.
No ano do Centenário do desastre nacional, surge uma obra que a todos chama a atenção para uma personagem rica, multifacetada e inesquecível da História de Portugal. Oxalá Isabel Stilwell lhe faça a devida honra e evite assim, ver catalogado o livro como peça de estante giratória numa loja de revistas de um qualquer aeroporto perto de si. É que a publicação de uma bela fotografia ou a simples menção Dª Amélia numa capa, é um motivo para best-seller e aí estará o potencial perigo. Vamos ler ?
II REPÚBLICA . ENQUANTO O PRESIDENTE DORMIA
(carta de Nov/Dez 1943, in «Salazar e Caetano, Cartas Secretas - 1932-1968, José Freire Antunes, Difusão Cultural, pág. 116)
Cronologia da república - 24 de Março
- 1912
Assalto e vandalização do "Jornal Notícias do Porto"
- 1914
Bernardino Machado manda encerrar todos os centros académicos
- 1916
Por decreto, é permitido, que pelo território nacional, em tempo de guerra, possa haver inúmeras mobilizações gerais
- 1920
Por decreto, é proíbido a exportação de tecidos confeccionados com malha de lã e algodão
São fechados vários sindicatos
É fechado o jornal "A Batalha"
Fontes: aqui
terça-feira, 23 de março de 2010
O PREC DA 1ª REPÚBLICA
100 anos da República: portugueses de Macau influenciaram passado da China
João Guedes, jornalista e investigador português residente no território defende que a "influência de Macau na proclamação da República da China a 10 de outubro de 1911 é tão evidente, quanto mal conhecida" devido à falta de investigação.
"Uma parte significativa dos revolucionários da segunda metade do século XIX, que contribuíram para a implantação da República da China era originária da província de Guangdong, com destaque naturalmente para Sun Yat Sen", um médico radicado em Macau que viria a ser o primeiro presidente chinês.
Sun Yat Sen nasceu na pequena aldeia de Kui Heng, a pouco mais de 30 quilómetros de Macau e viveu no território onde, confessou, "ganhou consciência social".
Depois de concluir o curso de medicina em Hong Kong, Sun Yat Sen fixa-se em Macau, exerce no hospital Kiang Wu e estabelece um consultório e uma farmácia.
"Ele próprio afirma que o exercício da medicina em Macau visava facilitar as suas actividades propagandísticas contra o Império", sublinha João Guedes.
O jornalista explica que Sun Yat Sen formou em Macau o "bando dos quatro", um "grupo impulsionador da formação dos clubes de leitura que incentivavam a população a ler jornais e levava a cabo sessões de propaganda política."
Viviam no território "alguns dos vultos mais destacados" que a república chinesa haveria de produzir, publicavam-se jornais proibidos no continente e que derivavam de várias orientações políticas e que eram depois distribuídos clandestinamente na China.
João Guedes defende também que o republicanismo que dominava na Maçonaria - que tinha forte implantação em Macau através do Grande Oriente Lusitano - "explica" a cumplicidade de Macau nas actividades subversivas contra a China Imperial e salienta a figura de Francisco Hermenegildo Fernandes, proprietário de diversos jornais em Macau, um maçon que era o contacto entre os republicanos chineses e as autoridades locais.
"Foi Francisco Fernandes que acolheu Sun Yat Sen em Macau após a sua primeira e malograda tentativa de revolta contra o regime imperial (1895), organizando-lhe a fuga para o Japão. Há correspondência entre Francisco Fernandes e Sun Yat Sen, que revelam além do grau de amizade pessoal, a partilha dos mesmos ideários políticos e, em determinados aspetos, os laços de fraternidade maçónica que detinham entre si", disse.
Por Macau passaram também vários ideólogos chineses, desde liberais a republicanos que influenciaram Sun Yat Sen e os seus correligionários, destacando-se Zheng Guan Yin, autor de várias obras de economia - escritas e publicadas em Macau - que refletiam as correntes mais modernas do pensamento económico do liberalismo Ocidental.
RAINHA D. AMÉLIA DE REGRESSO A PORTUGAL
É verdade que ainda era vivo o rei D. Manuel, meu filho, todo dedicado à causa portuguesa, e que tenho o orgulho de ter educado no culto da sua pátria. E se agora vivo em França, depois de vinte e cinco anos passados em Portugal (...) as minhas afeições, e mesmo a minha tragédia, fizeram de mim portuguesa até à alma.
(...) pedi que fosse desmentido um dos mais crueis boatos sobre a nossa partida de Portugal. Não fugimos para Gibraltar. Assim que embarcámos na Ericeira (...) tinhamos a intenção de nos dirigir para o Norte e desembarcar no Porto, que reclamava o seu rei. (...) quero desmentir aqui solenemente aqueles que ainda ousam dizer que nos dirigimos para o Sul porque, a bordo, havia duas raínhas em lágrimas. É mentira. (...)
Não chorámos, não nos queixámos, não tivemos medo. Chorei, sim, mais tarde, mas de pena e desespero. Nunca os Braganças foram cobardes! (...) mesmo na morte - amámos a pátria distante».
NOTA: «A viagem da Raínha decorreu de 19 de Maio a 30 de Junho de 1945; foi de Lisboa a Fátima, do Buçaco ao Mosteiro de Alcobaça e Batalha, parando na Ericeira, o seu porto de exílio, e visitando os dispensários que ela própria criara».
(in Stéphane Bern, «Eu, Amélia, Última Rainha de Portugal», Livraria Civilização Editora, pág. 224).
Cronologia da república - 23 de Março
- 1916
A associação de jorrnalistas e homens de letras do Porto, protestas contra a lei da censura prévia, votada no parlamento
- 1917
É fechado o jornal "O Ligionário Transmontano" de Bragança
- 1918
Manifestações no Porto
- 1919
Protesto em Lisboa, contra a utilização dos regulamentos dos Arsenais da Marinha e do Exército
- 1920
Greve dos ferroviários
Fontes: aqui
segunda-feira, 22 de março de 2010
A República e a Regionalização (I)
República, nos termos desta Constituição”.
Artigo 1.º da Constituição Política da República Portuguesa, de 21 de Agosto de 1911
Cidadão, cidadania, são termos que apelam à cidade, ao espaço cívico por excelência, sem que tudo o resto seja digno de intervenção. Os não cidadãos são os pagãos, que habitam um espaço vazio, rural, esterilmente político. Não há lugar para a ruralidade na república.
A Lisboa pós 1910 é um vórtice. Proclama a república ao resto do país e comunica-o ao resto do país. Nesse sentido a revolução do 5 de Outubro, com mais ou menos participação, conforme a interpretação e a reinterpretação dos documentos disponíveis, é exclusiva, ou seja não admitiu a participação de todo o país, porque o resto do país não era republicano – e isto não no sentido efectivo (o que não deixa de ser verdadeiro), mas simbólico do termo. A república fez-se a partir de liturgias cívicas muito particulares. Apelava para o mundo urbano, através dos seus agentes: advogados, caixeiros, proletários. Buiça e Costa, dois pagãos (um de Trás os Montes, outro do Alentejo), converteram-se em Lisboa à religião cívica.
O que fizeram os republicanos para regionalizar ou descentralizar? Muito pouco. A figura do Governador Civil que vinha do liberalismo passou a funcionar como uma forma de policiamento do avanço da republicanização no interior do país. O maior ataque foi ao controlo dos municípios rurais que, como se sabe, não dispunham em alguns casos de homens fiéis ao regime. O investimento da República na republicanização dos municípios foi gigantesca e nunca houve intenção de repartir o poder para governar.
O poder, em Portugal, foi sempre volátil, dependendo mais de indivíduos, do que instituições.
Onde estava o rei estava a corte, existia centralidade. Onde estavam os bispos, sobretudo depois de Trento, arvoravam-se pequenos séquitos, burocratas – aí formava-se centralidade. À falta de um mapa com circunscrições intermédias, estes pólos de atracção criavam uma descentralização política e burocrática (permitiam o acesso a escrivães, notários, etc).
A grande obra da primeira República foi esvaziar a Igreja Católica da sua influência e substituí-la por comissões cívicas para evangelizar o país com a ideia de cidadania. Mas esse trabalho não pretendia descentralizar e muito menos regionalizar, apenas substituir uma religião por outra, o Catolicismo pelo Laicismo.
Os republicanos sabiam que não podiam dividir para reinar…
Cronologia da república - 22 de Março
- 1911
José Relvas, ministro das finanças, pede demissão
- 1914
É interrompido um comício católico em Coimbra, onde estão presentes Salazar e Cerejeira
- 1918
Por decreto é aplicado sobretaxa, nos preços dos bilhetes de casas de espetáculos na cidade do Porto e em toda a sua área distrital
- 1919
É fechado o jornal "O Correio da Beira" de Viseu
Fontes: aqui
domingo, 21 de março de 2010
DO BISPO DO PORTO, D. MANUEL CLEMENTE
(...) Para Bruno, a influência do clero na sociedade vem da sua influência na mulher, através do confessionário. É aí que se deve atacar:
"(...) O que dá força ao clero católico não é o dogma: é a confissão auricular". (...)».
(in «Portugal e os Portugueses», Assírio & Alvim, 2008, pág. 30).
Burrices que valem milhões...
Esta entrevista é a prova cabal da inconsistência de um sistema parasitário, que como ontem dizia Rui Ramos no Expresso, parece estar a chegar ao fim.
Mesmo para os seus mais interesseiros apoiantes, este vegetalizado sucedâneo de chefe jamais convenceu alguém de outra coisa, senão a garantia de ser uma perfeita e oportuna nulidade que "não riscava".
Um displicente embaraço para os seus próprios aliados.
Fraca instituição que requer sempre fortes personalidades. Não há remédio, pelo que ainda temos e vemos.
Se Carmona era aceitável pela presença e polidez no trato, nem estes aspectos meramente decorativos poderemos atribuir a este regorgitador de banalidades, cujo mandato se encontra eivado de parvoíces mediáticas ou institucionais, desfaçatezes contra a própria autoridade do Estado - lembram-se da desautorização da polícia? - e claro está, pelos ostentatórios gastos sem medida. Se alguém se atrever, ainda se descobrirão algumas estorietas edificantes. Parcialidade, conluio partidista, reserva mental perante o governo "do outro" e coisas afins. É apenas uma questão de tempo.
Merece bem ser cognominado como o agente 00-Zero do regime. E ainda temos que continuar a pagar estes zurrares...
A presidência enquanto "interferencia" ou porque não acredito em "Presidências"
O JANOTA BERNARDINO
A avaliar pela escolha, prevê-se para breve nova mudança de regime...
A Comissão de Cultura e Turismo premeia quem adivinhar onde foi feito o cliché.
Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
Tinham um rei de origem estrangeira, que, querendo corrigir a maldade da sua natureza, os tratava severamente. Porém, eles conjuraram contra ele, mataram-no e exterminaram toda a família real.
Tendo sido dado o golpe, reuniram-se para escolher um governo, e, depois de muitas dissensões, criaram magistrados. Porém, mal eles foram eleitos, logo se lhes tornaram insuportáveis e mais uma vez os massacraram.
Este povo, liberto deste novo jugo, já só consultou o seu natural selvagem; todos os particulares concordaram que não obedeceriam a mais ninguém; que cada um olharia apenas pelos seus interesses, sem consultar os outros.
Esta resolução unânime seduzia extremamente todos os particulares. Diziam "Para que vou eu matar-me a trabalhar para gente que não me interessa Só pensarei em mim; viverei feliz.
O que me importa que os outros o sejam? Satisfarei todas as minhas necessidades e, uma vez que as satisfaça, não me preocupa que todos os trogloditas sejam miseráveis."
Estava-se no mês em que se semeiam as terras. Todos disseram: "Só lavrarei o meu campo para que ele me forneça o trigo de que preciso para me alimentar; uma maior quantidade seria inútil para mim; não vou ter trabalho sem motivo."
As terras deste pequeno reino não eram da mesma natureza: havia terras áridas e montanhosas e outras que, num terreno baixo, eram banhadas por vários regatos. Nesse ano, a seca foi muito grande, de maneira que as terras que estavam nos locais elevados não produziam absolutamente nada, enquanto que as que puderam ser regadas foram muito férteis. Assim, os povos das montanhas pereceram quase todos de fome pela dureza dos outros, que recusaram partilhar com eles a colheita.
O ano seguinte foi muito pluvioso; os lugares elevados foram de uma fertilidade extraordinária, e as terras baixas ficaram submersas. Metade do povo passou um segunda vez fome; porém, estes miseráveis encontraram pessoas tão duras quanto eles próprios o tinham sido.»
Montesquieu, Cartas Persas
Craveiro Lopes - visita presidencial ao Minho (1956)
Cronologia da república - 21 de Março
- 1912
É fechado o jornal "O Tâmega" de Chaves
- 1914
É fechado o jornal "A Pátria" de Braga
- 1918
Por decreto, é permitido contrair um empréstimo destinado à contribuição de Portugal, para erguer o monumento a Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro
- 1920
Confrontos entre grevistas e a G.N.R em Lisboa
- 1922
Os trabalhadores da indústria do mobiliário declaram greve
- 1924
Manifestações sindicalistas contra os empreiteiros especuladores, que não garantiam a segurança dos edíficos que construiam
- 1925
É fechado o jornal "O Barlavento" de Lagos
Fontes: aqui
sábado, 20 de março de 2010
Cronologia da república - 20 de Março
- 1911
A morte de dois operários em Setúbal, leva a uma tentativa de greve geral, em Lisboa
Conspiração monárquica em Lamego, liderada pelo major Vieira de Castro com apoios em muitas zonas do país
Convocação de uma greve geral
- 1915
O general Gomes da Costa passa ao comando da 2ªdivisão do corpo expedicionário Portugues
- 1916
O decreto 2285, autoriza a mobilização de estudantes universitários para treinos militares
- 1920
São encerradas a confederação geral dos trabalhadores e os sindicatos instalados no edifício
Fuga de capitais e existência de um mercado clandestino de câmbios
- 1921
O governo demite o comandante da G.N.R
Fontes: aqui
sexta-feira, 19 de março de 2010
FRANQUISMO - UMA "DITADURA" SEM CENSURA
A nota política nas revistas é um pratinho predilecto do público. O conselheiro João Franco, a propósito da célebre revista Ó da Guarda! - chegou a dizer aos magnatas: - "Deixem-nos governar a vida, conquanto não insultem o Rei, nem me chamem ladrão". E o liberal-ditador foi, se pode dizer, o triunfo da feliz peça durante um ano, como o foram em recuados tempos, em peças de igual jaez, o Marquês de Valadas, Fontes Pereira de Melo, José Luciano...».
in Carlos Leal, Água Forte (Memórias), Liv. Popular, 1941, pág. 117.
Partido Republicano: as suas proezas em Monarquia
(Vasco Pulido Valente, «O Poder e o Povo», ed. Círculo de Leitores, pág. 59)
Cronologia da república - 19 de Março
- 1912
Os ataques bombistas, no Porto, destroem casas e causam várias vítimas
- 1913
A duaquesa de Bedford, membro da associação filantrópica Howard e da associação internacional de penintenciárias, visita os presos políticos do Limoeiro, do Aljube e da penintenciária de Lisboa
- 1919
O decreto 5268, autoriza os ministros a desclassificarem todo o candidato a cargos públicos, que seja contra a república
- 1920
Tumultos sindicalistas, com disparos sobre a G.N.R e vivas à Rússia bolchevista
A sede da confederação geral dos trabalhadores é encerrada
- 1922
Greve de fome na prisão de São Julião da Barra e Sacavém
- 1923
Greve dos metalúrgicos
Greve dos trabalhadores das indústrias de panificação
Fontes: aqui
quinta-feira, 18 de março de 2010
Sobre um dos "heróis" da república (que estamos a celebrar):
uma palavra autorizada: a de Ramalho Ortigão
(Ramalho Ortigão, «Últimas Farpas (1911-1914), Clásica Editora).
Cronologia da república - 18 de Março
- 1911
Magalhães Lima, vai ao congresso universal de raças em Londres, em representação do governo Portugues
- 1920
É fechado o jornal açoriano "A Pátria"
Ataques bombistas em Lisboa
- 1923
Criação da união anarquista Portuguesa
- 1924
O efectivo da G.N.R é reduzido
Abandono das repartições pelos funcionários públicos
- 1925
O governo decide desarmar a Guarda Fiscal
Fontes: aqui
quarta-feira, 17 de março de 2010
Bernardino Machado - Retrato de um Rei feito por um Presidente
(Bernardino Machado, «Notas de um pai», in Instituto, Coimbra, 1901, nº 4)
Cronologia da república - 17 de Março
- 1911
Afonso Costa, proíbe de realizar-se cerimónias religiosas, fora das igrejas, sem uma autorização prévia
O peixe aumenta de preço
- 1918
Agricultores e comerciantes de São Tomé e Príncipe pedem medidas urgentes, devido ao esgotamento dos recursos locais
- 1919
Protestos em Lisboa, contra o alto custo de vida
- 1920
Greve agitada dos funcionários públicos
É incentivada a actividade dos dinamitadores, devido ao medo da revolução bolchevique
Tumultos sindicais, com disparos sobre a G.N.R e vivas à Rússia Bolchevista
- 1923
Por decreto, é autorizado a exportação de Trigo, destinado ao consumo alimentar
Fontes: aqui
terça-feira, 16 de março de 2010
Sobre a República:
A república numa pincelada
[2] Idem, p 68
INIMIGOS, INIMIGOS, NEGÓCIOS À PARTE
Estou em cuidado por não ter respondido ao meu telegrama. Diga como está.
Muitos parabéns lhe sejam e ao seu grande coração. A liberdade condicional será concedida ao pobre rapaz da Penintenciária na primeira assinatura.
Está concluida a sua obra. Ainda parabéns.
Beijo as mãos da Júlia. Estreito abraço do seu amigo dedicado e grato
Bernardo»
«Querido João Chagas:
(...).
Você estragou tudo lançando o meu nome no caso do pobre penitenciário. Se se fala em si acho muito bem porque a si e só a si ele deve a liberdade que está gozando.
Anteontem fui ao escritório do Alexandre Braga, para lhe pedir que não mencionasse o meu nome na tal carta-agradecimento. Não tive a fortuna de o encontrar. (...).
De resto, se o não procurasse, continuaria sem saber, apesar da minha carta de Mafra, se o Alexandre Braga ainda viveria! (...)».
Correspondência entre o Conde de Arnoso, Secretário particular d'El-Rei D. Carlos, e João Chagas, dirigente do Partido Republicano (Fevereiro de 1904).
(in «Correspondência Literária e Política com João Chagas», vol. I, Empresa Nacional de Publicidade, Lisboa, 1958).
Cronologia da república - 16 de Março
- 1911
É fechado o jornal açoriano " O Revolucionário"
- 1913
Protestos em Abrantes e Braga
- 1918
O decreto 3931 dá ao governo o monopólio de todos os minérios de guerra
- 1920
Agitação no Porto
O conde de Monsaraz, preso político, foge para Espanha
Fontes: aqui
segunda-feira, 15 de março de 2010
UM MANIFESTO DE «LIVRE-PENSADORES» (livremente deixados pensar)
Faz hoje meio século que um imbecil em Roma se lembrou de dizer que a mulher que pariu Cristo na Judeia ficou virgem, que era por isso imaculada. Isto foi aceite pelos restantes imbecis que o acreditaram e hoje Braga celebra esse acontecimento com músicas, cânticos, militares armados, bispos de mitra, padres de sobrepeliz, santos de todos os tamanhos, andores de todos os feitios.
(...)
Hesitar um momento é recuar um século. A noite espalha-se por sobre toda a terra com a velocidade do raio. É necessário opormos-lhe a clara luz da Razão e da Verdade, aliás tudo ficará soterrado.
Camaradas de todo o mundo - à luta pela Verdade e pelo Bem.
Abaixo todas as religiões e todos os deuses
Coimbra, 11 de Junho de 1904»
(in Américo de Castro , «Últimos Anos da Monarquia», Liv. Fernabdes, 1918, pág. 62.
Cronologia da república - 15 de Março
- 1911
Boatos no Porto de uma invasão espanhola
Guerra Junqueiro pensa que o governo provisório põe a burguesia contra o povo.
Pensa que à república falta-lhe ideias e dignidade.
Pensa que a invasão espanhola só servirá para digerir o cadáver de Portugal
- 1913
António José de Almeida é vaiado no Porto
- 1915
É fechado o jornal "Pátria Nova" de Coimbra
- 1920
Greve na indústria do mobiliário
É fechado o jornal de Coimbra "O 12 de Outubro"
Fontes: aqui
domingo, 14 de março de 2010
Porto, 19 de Janeiro de 1919
(palavras do advogado republicano portuense Dr. Álvaro de Vasconcelos, durante o julgamento dos membros da Junta Governativa do Reino, em Abril de 1920).
Guerra Junqueiro - um republicano arrependido
Quando a República, pelo seu exemplo, pelas suas realizações, pelas suas atitudes, leva um homem como Junqueiro, que lhe deu o melhor do seu talento e tudo quanto havia de prestigioso no seu nome, a este remorso, a este arrependimento crescente que termina pelo grito - Meu Deus, levai-me, meu Deus, levai-me! - não é lícito dizer-se ou pensar-se que a República está morta e que urge remover o seu cadáver, para que a Nação não contamine?
in Alfredo Pimenta, «Nas Vésperas do Estado Novo», ed. Nova Arrancada, pág. 10
Cronologia da república - 14 de Março
- 1911
José Augusto Guedes Quinhones, propagandista do movimento operário, põe termo à vida
O novo decreto eleitoral, para desespero dos monárquicos adesivistas e dos dissidentes progressistas, não retoma à lei eleitoral de 1884. A nova lei mantêm a exclusividade do exercício do poder governamental. Nos círculos onde não aparecessem oposições, não realizaria-se eleições
- 1915
O Partido republicano manifesta-se contra a construção de uma igreja espanhola em Lisboa
Protestos em Lisboa e Almada, contra o alto custo de vida
Proprietários, são acusados de apropriarem-se individamente de trigo
Tumultos em Aveiro
- 1916
É fechado o jornal "Alvorada" de Guimarães
- 1920
Ataques bombistas em Lisboa
- 1925
Sentimento de mal estar nacional
Fontes: aqui
sábado, 13 de março de 2010
A manipulação dos factos históricos.
A manipulação histórica prossegue através de processos aparentemente simples como este, ou seja colocar, lado a lado, o 5 de Outubro de 1910 e o 25 de Abril de 1974 como marcos idênticos no processo de democratização do país. Se por um cidadão mais ou menos informado,da História de Portugal, crítico, tal poderá ser facilmente desmontado, por alunos desinteressados, pouco politizados e ideologicamente amorfos, a mensagem - ainda para mais quando acompanhada de grafismos modernos - depressa é absorvida. Ora, sabemos que estamos perante uma enormíssima falácia. O processo de democratização das instituições nacionais teve o seu início com a introdução do Liberalismo. Sofreu alguns revezes durante a Monarquia Constitucional e atingiu picos insustentáveis de repressão depois de 1910, nomeadamente durante a II República, entre 1933 e 1974. A 25 de Abril lutou-se contra uma República Ditatorial, convém não esquecer.
Cronologia da república - 13 de Março
- 1911
É fechado o "Jornal de Bragança"
Protestos contra o aumento do preço da carne
Uma greve ocorrida em Setúbal é reprimida pela polícia
São mortos dois trabalhadores
O jornal "Terra Livre" diz que este dia marca o divórcio da república com o proletariado
- 1913
Devido às acusações do deputado Eduardo Almeida, Leite de Vasconcelos requere um inquérito aos seus actos, enquanto director do museu etnológico Português
- 1919
Egas Moniz preside à delegação Portuguesa na conferência de paz em Paris
- 1920
Por decreto, os particulares não podem comprar moedas ou títulos
Greve da função pública
O deputado Amílcar Ramada Curto declara no parlamento, que os funcionários públicos não tinham direito à greve, por não serem proletários
- 1922
Limitação dos poderes da G.N.R
- 1926
É fechado o jornal "O Combate" de Santarém
Fontes: aqui
sexta-feira, 12 de março de 2010
O Elogio da Falta de Vergonha: o situacionismo da República.
Só em 1874 se publicou o primeiro diário abertamente republicano, a República, com Carrilho Videira, e Consiglieri Pedroso, e dinheiro espanhol!
As continuaram mal. D. Luís conseguira da Imperatriz dos Franceses que as freiras daquela nacionalidade que em Portugal se encontravam recolhessem a França, o que fizeram no paquete Orenoque, e logo a imperatriz viúva de D. Pedro IV, por despique abandonou com as suas damas a protecção que dispensava aos asilos e outras instituições beneficentes de que se diziam desveladas protectoras.
No norte lavrava a desordem. No sul um espectativa [sic] benévola. Herculano, figura austera de português de lei, dava ao país um exemplo nobílissimo rejeitando com altivez eloquência a grã-cruz de S. Diago.
D. Luís casara com D. Maria Pia de Sabóia e foram ambos visitar o País. Em Coimbra, foi um delírio. Os estudantes chamaram a D. Luís o primeiro mestre, o primeiro pai, o primeiro amigo, e meses depois pediram-lhe dispensa dos actos universitários por intermédios do governo, e o governo recusou. E os estudantes levantaram-se e deram vivas a D. Miguel!
Começavam cedo o culto da desavergonha estes alunos de Minerva.
Chegamos a 1863 e o Parlamento fechou com chave de oiro, abolindo a pena de morte. Vítor Hugo exaltava e escrevia a Eduardo Coelho uma carta sublime em que Portugal dava lições à Europa. É desta carta do Grande Hugo, esta tirada magnífica: “A Liberdade é uma cidade imensa da qual todos somos cidadãos”.
Entretanto, os republicanos agrupavam-se… e dividiam-se. Diziam-se republicanos e insultavam-se. Tinham um pé na República e outro na Monarquia. José Elias Garcia era ao mesmo tempo da Comissão Executiva do partido republicano e secretário do centro monárquico reformista. Ladislau Batalha e Carrilho Videira foram apodados de vendidos. Bernardino Pinheiro era íntimo de Saraiva de Carvalho. Nas eleições de 1878, os candidatos republicanos Pereira de Lima e Elias Garcia foram extra-oficialmente apoiados pelo governo!
A vida portuguesa não se modificara com D. Luís. Mariano de Carvalho escrevia que “o manto real, que sob as pregas devia abrigar o país inteiro, se desdobrava para proteger a ladroagem da penitenciária”, tornando-se “capa de malfeitores e abrigo de malifícios [sic]”. Martins de Carvalho proclamava que o partido de Fontes era o “partido da camadarilha do paço, dos grandes esbanjadores dos dinheiros públicos, dos autores dos maiores escândalos, injustiças e patronatos, - os penitenciados”.
Por seu lado a organização republicana dividia-se em grupelhos: federativos, unitários, socialistas, radicais, oportunistas, e possibilistas…
Só os primeiros mantinham intacta a pureza dos princípios. Os unitários “eram” progressistas; os oportunistas, regeneradores; os socialistas, movimentavam-se consoante os ventos, ora progressistas ora regeneradores; os radicais, jogavam de porta.»
FREIRE, João Paulo (Mário) - O Elogio da Falta de Vergonha. Porto: Livraria Nelita, [1940], pp. 193-197.
Brito Camacho - um pluralista
Cronologia da república - 12 de Março
- 1911
João de Barros demite-se da direcção da instrução primária
- 1913
Protestos em Vila do Conde contra a lei da contribuição predial
- 1915
A estação da CP na régua é assaltada e vandalizada por mais de 500 pessoas.
- 1916
Greve operária na construção civil em Lisboa
A lei 491 reforça os poderes do governo
- 1919
Greve dos trabalhadores da fábrica de cerâmica de Sacavém
No contexto da 1ªGuerra, Egas Moniz discursa em Paris
Afonso Costa é nomeado chefe da representação Portuguesa na conferência de paz em Paris
- 1920
Uma manifestação contra o governo é atacada por bombistas, resultando 4 feridos
Manifestação em Lisboa a favor da ordem
- 1921
O juiz do tribunal de defesa social, Luís Ferreira de Sousa é assassinado
- 1926
Manifestações em Lisboa
Fontes: aqui
quinta-feira, 11 de março de 2010
Greves na 1ª república
Cronologia da república - 11 de Março
- 1912
Tumultos em Angola
- 1915
Motins populares em Tomar
- 1916
É fechado o jornal "O Liberal" de Castelo-Branco
Brito Camacho diz que só colabora num governo de unidade nacional, se não estiverem representados monárquicos e socialistas
Os monárquicos não são chamados
- 1917
É fechado o jornal madeirense "O imparcial"
- 1918
O decreto 3907 estabelece o sufrágio universal
- 1920
Greve dos operários da construção cívil em Lisboa
Greve dos metalúrgicos
Início de uma campanha nacional com o seguinte slogan: "Trabalhar, economizar, produzir
Fontes: aqui