segunda-feira, 6 de outubro de 2008

As críticas à República

Texto dePaulo Bruno Alves

Dias depois de ser implantada a República em Portugal, o primeiro jornal da Diocese de Viseu, A Folha (1901-1911), lançava as primeiras críticas ao novo regime. O jornal apresentava uma lista de algumas instituições ligadas à Igreja que estariam na iminência de serem visitadas e encerradas pelos republicanos. As congregações religiosas começavam a ser banidas de Portugal que também iria começar a ter um ensino laico, isto é, sem quaisquer referências – nos livros escolares – a Deus ou à doutrina católica. Os clérigos, em especial os jesuítas, começavam a ser «(...) expulsos da republica, depois de lhes terem sido assaltadas as residencias, de os prenderem com mais ou menos violencia, e nem se lhes respeitando o direito de propriedade, pois lhes vão ser confiscados os bens». Também o curso de Teologia da Universidade de Coimbra iria ser extinto. O jornal não compreendia como era possível fazer-se isso num País de milhões de católicos, a quem pedia para se unirem e lutarem. Mas com toda a legitimidade. Sensivelmente um mês depois da proclamação, a República era analisada pel’ A Folha: «(...) a obra do governo provisório tem sido uma obra estreita e sectaria, imposta pelas lojas e centros revolucionarios. (...) O governo provisorio está-se desecreditando pela sua incompetencia».

Perante esta esterilidade governativa mergulhada num clima de grande perseguição à Igreja, o povo demonstrava todo o seu desânimo pela República através do uso da greve que o jornal atribuía à má gestão do actual Governo.

Havia um natural desconforto entre a população, que A Folha aproveitava para fazer valer os (já poucos) créditos dos nacionalistas e mostrar-se esperançada pelas manifestações que eclodiam por todo o País (em especial no Norte), manifestando-se contra a aplicação das medidas anti-católicas e «(...) affirmando cunjunctamente a sua dedicação e fidelidade á Igreja».

Fonte :  Jornal do Centro
ed. 342, 03 de Outubro de 2008



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