É verdade, a frase é mesmo de Manuel Alegre sobre a hipótese de restauração da monarquia em Portugal, e foi dita ao O Diabo, que saiu ontem (dia 18 de Agosto). Existe um mito enorme, criado pelos republicanos, de que a monarquia é de direita e a república é de esquerda - mais do que um mito estamos perante um dogma. Basta termos bom senso e lermos um pouco da História do nosso país, para percebermos que isto é mentira. A monarquia só pode existir, como o Sr. D. Duarte está farto de referir, em democracia - e a democracia não é da esquerda nem da direita, é de todos e para todos, como o Rei.
Pouca gente sabe e poucos foram os historiadores que se deram ao trabalho de investigar o assunto, mas o primeiro partido socialista a existir em Portugal (o Partido Socialista Português) tinha imensos monárquicos (a maioria dos militantes) e existem relatos da época que compravam que o mesmo foi apoiado pelo Rei D. Manuel II. Os socialistas tinham na época por certo de que o regime era uma questão secundária e que as condições de vida dos operários iriam piorar se a república fosse implantada. Não é que tiveram razão?
Mas podemos ir mais longe. Quantas pessoas é que se deram ao trabalho de investigar e estudar os imensos monárquicos que foram oposicionistas do Estado Novo? Querem exemplos? Que tal o Henrique Barrilaro Ruas, que no I Congresso da Oposição Democrática foi o primeiro orador a exigir "a entrega imediata das colónias aos seus povos"? Ou então o advogado João Camossa, que num processo em que defendia oposicionistas ao regime salazarista foi o primeiro e único caso em que um advogado passou da sua condição a arguído. Confrontado com o problema foi até à casa de banho e apresentou-se perante o juíz fascista a dizer que por baixo da toga estava completamente nu e que se fosse constituído arguído a teria que despir - o juíz fascista não teve coragem de o constituir arguído.
Então e o Francisco Sousa Tavares e a Sophia de Mello Breyner? E o pai de Sottomayor Cardia? E o pai de Jaime Gama? E o Gonçalo Ribeiro Teles? E o Sá Carneiro? E o Henrique de Paiva Couceiro? E a Amália Rodrigues? E os outros, tantos outros que eram de esquerda uns, de direita os outros, mas que tiveram como marca comum a luta, de peito aberto ou na clandestinidade, pela democracia em Portugal? Só os republicanos são herdeiros da resistência ao Estado Novo? Só? Chega de demagogia. A Liberdade quando nasceu foi fruto de todos e nasceu para todos.
Se perguntarmos a qualquer socialista ou pessoa de esquerda quais são os líderes políticos em que mais se revêm, as repostas vão ser óbvias e vão aparecer de certeza estes quatro nomes: Olof Palme, Felipe Gonzales, Tony Blair e José Luís Zapatero. O que têm em comum? Todos governaram em monarquia e nunca a contestaram.
Então e não será óbvio que qualquer militante do Bloco de Esquerda se revê no modelo social liberal do Reino da Holanda? E o afamado modelo económico escândinavo defendido à boca cheia pelo PS? Os países escandinavos também são monarquias.
É por estes motivos que Manuel Alegre tem razão, "tudo pode e deve ser debatido". Por isso está na hora da esquerda abandonar os dogmas. Por isso está na hora de passarem a palavra ao povo, que eu acredito ainda é quem mais ordena.
Pouca gente sabe e poucos foram os historiadores que se deram ao trabalho de investigar o assunto, mas o primeiro partido socialista a existir em Portugal (o Partido Socialista Português) tinha imensos monárquicos (a maioria dos militantes) e existem relatos da época que compravam que o mesmo foi apoiado pelo Rei D. Manuel II. Os socialistas tinham na época por certo de que o regime era uma questão secundária e que as condições de vida dos operários iriam piorar se a república fosse implantada. Não é que tiveram razão?
Mas podemos ir mais longe. Quantas pessoas é que se deram ao trabalho de investigar e estudar os imensos monárquicos que foram oposicionistas do Estado Novo? Querem exemplos? Que tal o Henrique Barrilaro Ruas, que no I Congresso da Oposição Democrática foi o primeiro orador a exigir "a entrega imediata das colónias aos seus povos"? Ou então o advogado João Camossa, que num processo em que defendia oposicionistas ao regime salazarista foi o primeiro e único caso em que um advogado passou da sua condição a arguído. Confrontado com o problema foi até à casa de banho e apresentou-se perante o juíz fascista a dizer que por baixo da toga estava completamente nu e que se fosse constituído arguído a teria que despir - o juíz fascista não teve coragem de o constituir arguído.
Então e o Francisco Sousa Tavares e a Sophia de Mello Breyner? E o pai de Sottomayor Cardia? E o pai de Jaime Gama? E o Gonçalo Ribeiro Teles? E o Sá Carneiro? E o Henrique de Paiva Couceiro? E a Amália Rodrigues? E os outros, tantos outros que eram de esquerda uns, de direita os outros, mas que tiveram como marca comum a luta, de peito aberto ou na clandestinidade, pela democracia em Portugal? Só os republicanos são herdeiros da resistência ao Estado Novo? Só? Chega de demagogia. A Liberdade quando nasceu foi fruto de todos e nasceu para todos.
Se perguntarmos a qualquer socialista ou pessoa de esquerda quais são os líderes políticos em que mais se revêm, as repostas vão ser óbvias e vão aparecer de certeza estes quatro nomes: Olof Palme, Felipe Gonzales, Tony Blair e José Luís Zapatero. O que têm em comum? Todos governaram em monarquia e nunca a contestaram.
Então e não será óbvio que qualquer militante do Bloco de Esquerda se revê no modelo social liberal do Reino da Holanda? E o afamado modelo económico escândinavo defendido à boca cheia pelo PS? Os países escandinavos também são monarquias.
É por estes motivos que Manuel Alegre tem razão, "tudo pode e deve ser debatido". Por isso está na hora da esquerda abandonar os dogmas. Por isso está na hora de passarem a palavra ao povo, que eu acredito ainda é quem mais ordena.
3 comentários:
Existe um outro dogma, porventura produto maior da demagogia republicana, de que a monarquia é uma roupagem para a Nobreza, para nobres e afins. Nada mais ridículo e redutor.
Senhor João Gomes,
Tudo pode e deve ser debatido? Sim. Mas o Sr. Alegre, ao utilizar a palavra “tudo”, está incluindo no mesmo rol ideias aceitáveis e inaceitáveis.
Será que a ideia de uma monarquia constitucional precisa deste tipo de defesa que implicitamente a coloca num conjunto que inclui desde as monarquias divinas, como no Egipto antigo, até os regimes socialistas/fascistas? Acho que não. Ela não atenta contra nenhum valor da nossa civilização e nada há de polémico em defendê-la. Este tipo de defesa é mais adequado para os fanáticos do leninismo, do KKK, da eugenia e de outras coisas abomináveis.
Fica bem ao Sr. Alegre esta pose de defensor da total liberdade de expressão, ainda mais quando no seu passado, quando ministro de Mário Soares, ele não teve problemas em ameaçar jornalistas críticos de Agostinho Neto(e quando viveu em Argel). Pode ser que se arrependa disso, mas é ele que precisa ser defendido no seu direito de opinar por quem é a favor de uma sociedade livre e tem um passado ilibado, seja monárquico ou republicano, não o contrário.
Quanto à sua ideia da monarquia não ser de direita ou de esquerda, há que se definir o tipo de monarquia de que falamos. Eu em particular, quando falo em monarquia, falo de uma monarquia conservadora e não em modelos como a corrompida, centralista e militarista monarquia prussiana, pioneira em experimentos genéticos brutais (Os gigantes de Potsdam…), na total submissão do homem ao estado (Bismarck sabia bem o que fazia quando fundou a segurança social. O seu objectivo foi somente o poder. O seu jogo perigoso com Napoleão III para destruir a obra de Metternich também foi nesse sentido) e na destruição da tradição (Frederico II intrigou com Voltaire, D’Alembert e Diderot).
Não caio no radicalismo de achar que os que são frágeis economicamente devem ser deixados de lado, isso é coisa de quem rejeita a tradição cristã, mas sou contra o sistema que os mantém com impostos da classe média, massacrada por regulamentos e aterrorizada pelas finanças, favorecendo as corporações que mandam nos partidos e aumentando a multidão dos que dependem de salários de corporações, não têm propriedade e/ou dependem do assistencialismo, perdendo a sua independência. É esse o socialismo a que muitas casas reais aderiram. Muitas delas são parte da classe "meta-capitalista". Os Windsor (Hanôver) estão ligados à BP, os Orange à Shell e os Bourbon à Cintra Concessiones (veja o corredor Trans-Texano e os métodos deles. Tal e qual Robber Barons).
Questões como a forma de governo, a forma de estado ou o sistema de governo são importantes, mas técnicas. Os defensores da monarquia constitucional, que são pelo estado de direito e contra o totalitarismo, devem se unir aos republicanos conservadores contra os seus inimigos verdadeiros; toda a esquerda, seja ela internacionalista ou nacionalista, monárquica ou republicana.
Depois de vencer este perigo, que hoje ameaça o ocidente, é que poderemos discutir civilizadamente qual é a melhor arquitectura política. Republicanos e monárquicos sérios discutem ideias para melhorar a sociedade e não intrigam pelo poder, criando facções irreconciliáveis pelo caminho e destruindo tudo. Desejam a liberdade e uma vida honrada, não o poder e a subserviência. Isso é coisa para quem os fins justificam os meios, os revolucionários.
Por fim, acho que é muito mal citarmos casas como os Windsors, os Oranges ou os Bernadottes como exemplos. São nossos inimigos! Eu, como "Português das Américas", conheço a maneira como eles agem para nos destruir.
Dignidade possuem os Braganças!
Cumprimentos,
Carlos Velasco
Caro senhor Carlos Velasco, concordo muito com as suas ideias expressas. É sempre bom haver referencia a Monarquia, nem que seja por Manuel Alegre. Defendo tb que todos os monarquicos sérios não devem cair no radicalismo revolucionário e empenharem-se na concepção de uma futura monarquia portuguesa, que, apareça como uma exelente alternativa a má Republica que temos. Não devemos deixar os mais desfavorecidos de lado, mas, em vez de os mantermos dependentes, fazer-se de tudo para os tornar independentes e assim não precisarem do assistencialismo estatal.
Cumprimentos
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