segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Centenário do regabofe despesista



Pronto! Finalmente descobrimos aquilo de que Portugal realmente precisa: uma nova frota de jactos executivos para transporte de governantes. Afinal, o que é preciso não são os 150 mil empregos que José Sócrates anda a tentar esgravatar nos desertos em que Portugal se vai transformando. Tão-pouco precisamos de leis claras que impeçam que propriedade pública transite directamente para o sector privado sem passar pela Partida no soturno jogo do Monopólio de pedintes e espoliadores em que Portugal se tornou. Não precisamos de nada disso.
Precisamos, diz-nos o Presidente da República, de trocar de jactos porque aviões executivos "assim" como aqueles que temos já não há "nem na Europa nem em África". Cavaco Silva percebe, e obviamente gosta, de aviões executivos. Foi ele, quando chefiava o seu segundo governo, quem comprou com fundos comunitários a actual frota de Falcon em que os nossos governantes se deslocam.
Nesta fase metade dos rendimentos dos portugueses está a ser retida por impostos. Encerram-se maternidades, escolas e serviços de urgência. O Presidente da República inaugura unidades de saúde privadas de luxo e aproveita para reiterar um insuspeitado direito de todos os portugueses a um sistema público de saúde. Numa altura destas, comprar jactos executivos é tão obsceno como o foi nos dias de Samora Machel. Este irrealismo brutalizado com que os nossos governantes eleitos afrontam a carência em que vivemos ultraja quem no seu quotidiano comuta num transporte público apinhado, pela Segunda Circular ou Camarate, para lhe ver passar por cima um jacto executivo com governantes cujo dia a dia decorre a quilómetros das suas dificuldades, entre tapas de caviar e rolinhos de salmão. Claro que há alternativas que vão desde fretar aviões das companhias nacionais até, pura e simplesmente, cingirem-se aos voos regulares.
É de um pato-bravismo intolerável exigir ao país mais sacrifícios para que os nossos governantes andem de jacto executivo. Nós granjearíamos muito mais respeito internacional chegando a cimeiras em voos de carreira do que a bordo de um qualquer prodígio tecnológico caríssimo para o qual todo o Mundo sabe que não temos dinheiro.

Mário Crespo

Entretanto, a Monarquia espanhola aperta os cordões à bolsa...

2 comentários:

Anónimo disse...

É preciso descaramento!
Não sabe viajar em voos regulares?
Que novo riquismo patético!

Andamos nós a passar dificuldades para conseguir pagar os impostos, e é nisto que gastam o nosso dinheiro!
Em jactos, novos?!

Cavaco Silva saberá por acaso, que muitos idosos, possivelmente a maior parte, recebe pensões`de cerca de 250 Euros por mês?
Será que faz alguma ideia, do que se pode comprar com 250 Euros por mês?

Não! Não faz!
Nunca fazem! Nunca passaram dificuldades!
Houve sempre alguém, que lhes pagou as contas!
Os Pais, o Partido, os Contribuintes!

Pois Sua Excelência, experimente ir ao Supermercado, e olhe para os cestos de compras dos idosos, que vivem sós.
Veja 1 saco de pão, 1 pacote de leite, e 1 pacote de margarina. Não é manteiga! É margarina, que é mais barata!

E envergonhe-se!

Maria da Fonte

LUIS BARATA disse...

A um nível economicamente inferior, mas igualmente escandalosa, é a recente renovação da frota automóvel do Tribunal Constitucional.