sexta-feira, 30 de abril de 2010

O " Borges das Bombas"

"Para a História de um Regime" é um livro que visa, sobretudo, combater a candidatura do Gen. Norton de Matos à Presidência da República. O seu autor, Costa Brochado é, pois, um homem que se identifica coma II República, vulgo "Estado Novo". Daí a critica severa à sua abandalhada antecessora - não obstante, retratada com todo o rigor. Como se verá:
«O primeiro Chefe do Estado que o regime republicano parlamentar elegeu foi o Dr. Manuel de Arriaga. Claro que não foi eleito pela Nação nem sequer por todos os republicanos. Apresentaram-se ao sufrágio diversos candidatos, mas o partido democrático, que tinha a maioria no Parlamento, escolheu o Dr. Manuel de Arriaga. Desta maneira, o Chefe do Estado começava por ser o Presidente da maior partido do regime e não da República. Quanto à Nação, essa, rigorosamente, ficava estranha, numa proporção de 90% dos seus filhos, è eleição do Chefe do Estado.
(...) como este velho romântico era um homem sério, logo que viu o regime divorciado da Nação, graças à miserável política do partido que o elegera, começou a sentir o terrivel drama de consciência que veio a acometer todos os republicanos honestos daquela época.
(...)
Três anos após a sua eleição, o País estava mergulhado num clima de guerra civil permanente, de tal forma que a formiga branca já não hesitava em insultar e agredir oficiais do exército nas ruas da capital. Nos fins do ano de 1914, um grupo de carbonários, chefiados pelo célebre Borges das Bombas, assaltava e agredia, em plena baixa, o general Jaime de Castro. Depois de o terem agredido à bengalada, cuspindo-lhe na farda, conduziram-no, sob escolta, a pé, para o Governo Civil».
Estavamos já a meses da chamada ditadura de Pimenta de Castro. Um bom tema para prosseguirmos amanhã.

Cronologia da república - 31 de Abril

  • 1925

O governo dá como desertor o tenente Óscar Monteiro Torres

Fontes: aqui

Cronologia da república - 30 de Abril

  • 1912

Prisão de dois funcionários públicos

Encerramento de uma fábrica em Lisboa

  • 1913

Prisão de vários soldados

Prevenção na marinha e em vários quartéis

  • 1914

Tentativa de assalto a um quartel em Amarante

  • 1915

É fechado o jornal “A Tarde” do Porto

Dissolução de várias câmaras municipais

  • 1916

Greve dos ferroviários

  • 1918

É fechado o jornal açoriano “A república”

  • 1924

Greve dos motoristas

É decretado o estado de sítio em Lisboa, com a suspensão da constituição

Fontes: aqui

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Conferência

Amanha, dia 30 as 13h, conferência com Padre João Seabra e Rui Ramos sobre a I República no anfiteatro 5 da Faculdade de Direito de Lisboa

O travestismo dos republicanos e da República Portuguesa


«[...] é importante frisar que a maior parte dos intelectuais e/ou políticos portugueses, do sexo masculino, que prepararam de alguma forma a República, eram assumidamente anti-feministas, entre os quais se encontram Teófilo Braga, Sampaio Bruno, Antero de Quental, João Chagas, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Basílio Telles, Trindade Coelho, Antero de Figueiredo e Heliodoro Salgado. O influente escritor e político Raul Proença, escreveu em 1909: «Que tenham voto, está bem. Que tenham direitos políticos, é justo (…) mas mais importante que Mulher Livre é Mulher Honesta. A igualdade de direitos deveria respeitar a ‘diversidade de missões’», o que exprimia sucintamente a opinião da maior parte dos homens republicanos. [...] § Antes do 5 de Outubro os republicanos fizeram crer que essa seria uma medida a promulgar sem problema de maior. O que se passou foi uma história trágico-cómica, ilustrado pelo episódio em que se viu envolvida Carolina Beatriz Angelo em 1911. Como viúva e mãe considerou que era ‘chefe de família’ e portanto com capacidade para votar, pois o Código Administrativo vigente não especificava o sexo dos chefes de família. Pediu o seu recenseamento. Foi-lhe negado pelo Ministro António José de Almeida. Interpôs recurso. O juiz que apreciou o caso, João Batista de Castro, era pai de Ana de Castro Osório. Ganhou. Apresentou-se no dia das eleições, a 28 de Maio de 1911 e votou. Em 1913, o Código Eleitoral aprovado especifica que apenas têm direito a votar os cidadãos do sexo masculino que saibam ler e escrever. Temia-se o alegado conservadorismo das mulheres (e dos homens analfabetos que também perderem o direito ao voto).» Ler o resto aqui.
Pintura de Rodrigo Costa, Paula Cabral | Galeria de Arte

Teste: O que é o presidente da República?

Tenta responder a estas questões, sem copiar e sem filmar com o telemóvel.
1) O que é o presidente da república na I República?
2) O que é o presidente da república na II República?
3) O que é o presidente da república nesta "última" República?
4) Achas que devia haver um Presidente de Todas as Repúblicas universitárias (daquelas onde dormem os estudantes)?


João Paulo Freire - um jornalista atento


A I República foi uma história de voos curtos e em múltiplas direcções. De espertalhões. E da indiferença da quase totalidade da população. Só assim se percebe porque meia dúzia de fanáticos conseguiram durante 16 anos impor a sua vontade e guerrearem-se entre si na maior impunidade. Até que o descalabro atingiu os portugueses na sua vidinha e a ditatorial República seguinte por cá se deixou ficar durante meio século.
João Paulo Freire (Mário) foi um jornalista dessa época. Eis o seu testemunho (in «O Livro de João Franco Sobre El-Rei D. Carlos» - 1924 - pág. 79):
«Tenho assistido há vinte e dois anos a todas as manifestações e zaragatas que se têm produzido em Lisboa. Com raras excepções, a massa anónima é quase sempre a mesma, com os mesmos excessos e os mesmos entusiasmos. Assisti por exemplo ao enterro de Sidónio Pais. Duzentas mil pessoas acompanharam o féretro. Foi um espectáculo impressionante. Numa das ruas do trajecto uma voz partindo de cima de um telhado deu um viva a Afonso Costa. Foi um momento de pavor. Havia chispas de ódio no olhar da multidão e se o entusiasta que soltou o viva fosse apanhado linchavam-no. Quarenta e oito horas depois a maioria dos manifestantes tinha-se já voltado para o sol nascente! Mas recordo-me que algumas das caras que vi no enterro de Sidónio as tinha visto já nas bárbaras e canibalescas manifestações contra aqueles eclesiásticos que em 1911 desembarcaram, presos, na estação do Rossio e que chegaram ao forte do Alto do Duque com os cabelos e as barbas arrancadas»

Cronologia da república - 29 de Abril

  • 1913

Tiroteio em Lisboa

  • 1915

Afonso Costa depõe no processo por abuso de poder contra Manuel de Arriaga e Pimenta de Castro

  • 1919

Greve dos funcionários da câmara municipal de Lisboa

  • 1921

É fechado o jornal “A Imprensa de Lisboa”

Fontes: aqui

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Tal bandeira, tal carapuça


Em ano de défice centenário e depois de três décadas a achincalhar o patriotismo e o nacionalismo o ministério da deseducação tem comissões para pôr as nossas criancinhas a amar a República. Nas escolas corre algum debate, alguns jornais dão uma ajuda. Pena que a questão seja baseada na hipocrisia – querem impingir-nos os valores da bandeira da República?


*Imagem: "inquérito" que se está a realizar no jornal Público, on-line.

Necrologia

REPÚBLICA
5 de Outubro de 1910 - 11 de Junho de 2010

Confortada com todos os sacramentos do Supremo Arquitecto do Universo, faleceu ontem na sua casa, ao Restelo, a Senhora D. República.
A finada era mãe, avó e bisavó de cavalheiros tão distintos como os membros das famílias Soares, Pinto de Sousa, Louçã, Alegre e outros reputados paladinos da ética qie lhe herdou o nome - a estimada ética republicana.
Quis o Arquitecto que nos comanda o destino o decesso se verificasse precisamente no dia em que Portugal comemora as suas glórias e o seu povo pelos quatro cantos do mundo espalhado.Já em Outubro, a extinta perfazeria 100 anos de existência conturbada, em que soube estar sempre à altura de não deixar os nacionais fazerem o que tinham por mais conveniente ao seu bem. Não, a História registará a intransigência sem limites da falecida e de quantos tiveram a felicidade de com ela lidar - além dos acima referidos, os distintos sportmen Afonso Costa, Bernardino Machado, António José de Almeida, António de Oliveira Salazar e tantos outros que, desde ontem não têm cessado de comparecer ao velório, o sofrimento estampado no rosto, um cravo vermelho na lapela.
Sempre lúcida até ao fim dos seus dias, enfrentou resignadamente a sua doença. E porque nunca virasse a cara ao combate, dispôs-se já no fim da vida a gastar 10 milhões de euros, na esperança de que a Ciência pudesse ainda fazer algo por si. Era já, porém, demasiado tarde.
O funeral realiza-se amanhã, logo à alvorada, com cerimónias fúnebres no salão nobre do Grande Oriente Lusitano, seguindo depois os seus restos mortais para o cemitério do Alto de S. Jão onde, por vontad eexpressa da finada, será dada jazida aos seus restos mortais entre as campas do Buiça e do Costa.

Excertos de «Memórias de Um Átomo» uma inestimável colaboração do nosso comentador Ega.

A república em falência

Se a situação não fosse trágica até dava para rir: como era previsível há muito tempo a república prepara a festa do seu Centenário em falência e a pregar as suas abstractas virtudes. Rife-se a república salve-se a Nação.

"Aqui quem manda é o PRP!" (antes e depois do Natal de 1915)


«Na República Portuguesa, começou por vigorar o princípio de que "o país é para todos, mas o Estado é para os republicanos". Mais do que o caracter electivo dos cargos de direcção política do Estado, o que defeniu a ideia de república, em Portugal depois de 1910, foi a reserva desses cargos e dos empregos públicos para os republicanos - e estes foram quase sempre, entre 1910 e 1926, os de um partido, o Partido Repúblicano Português (PRP).
(...)
A Constituição de 1911 reduzira ao mínimo o presidente da República, de modo que nunca desempenhasse o papel político que o rei tivera: era eleito no parlamento, para quatro anos, sem direito a reeleição, e não podia dissolver o parlamento. Mas competia-lhe nomear o chefe do governo. (...) Arriaga aproveitou essa prerrogativa constitucional para confiar o governo a um velho general, Joaquim Pimenta de Castro. (...) Pimenta de que Castro manteve o parlamento encerrado e convocou eleições para Junho de 1915. Fora do governo, o PRP temeu desaparecer eleitoralmente. Os outros partidos tomaram alento. Surgiram até, sobretudo no Norte, centros monárquicos (cerca de 55), porque Pimenta fez saber que, com ele, a "república é para todos os portugueses". Pensou mesmo em instituir o sufrágio universal, o que acabou por também inquietar a direita republicana. António José de Almeida lembrou logo: "só republicanos verdadeiros podem conservar e defender a república». O PRP resolveu então tratar Pimenta de Castro como tratara João Franco em 1907: chamou-lhe "ditador" e tramou uma insurreição, usando civis armados e os seus partidários na marinha e na Guarda Republicana. O golpe de 14 de Maio foi muito mais sangrento do que o 5 de Outubro. O exército não mostrou zelo, mas os grupos armados de Machado dos Santos, ao lado do Governo, deram luta. Poderá ter havido (...) 200 mortos e 1000 feridos. Pimenta de Castro e Machado Santos foram presos, e Arriaga forçado a resignar. A violência anticlerical agravou-se: em Loures, foram assaltadas três igrejas, que tiveram as imagens queimadas na rua».
É um excerto da História de Portugal coordenada por Rui Ramos, e da lavra de Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro, também. Vinda a público em finais do transacto 2009. Talvez o futuro de Portugal esteja muito nas mãos desta geração de historiadores isentos e, por isso, desmistificadores. De leitura fácil, capaz de contrariar as mentiras oficiais e abrir os olhos aos incautos. Ou seja, de fazer da História aquilo para que ela deve servir: de exemplo.

Cronologia da república - 28 de Abril

  • 1912

Tumultos em Timor-Leste

  • 1913

Machado Santos ao responder a acusação de bandido de Brito Camacho, diz que os deputados devem os lugares aos revoltosos da federação radical republicana

  • 1915

É fechado o jornal “O Rebate” de Castelo-Branco

  • 1917

Salazar toma posse como assistente na faculdade de Direito de Coimbra

  • 1918

É fechado o jornal “O Intrépido” da Covilhã

  • 1919

Greve dos metalúrgicos

Greve dos funcionários da carris

  • 1922

Prisão de 200 operários

  • 1926

Protestos contra o governo

Fontes: aqui

terça-feira, 27 de abril de 2010

D. António Ferreira Gomes em «uma entrevista republicana»

«O director do jornal diário República, Raúl Rego, um intrépido oposicionista ao regime que por causa da frontalidade com que manifestava as suas ideias foi várias vezes preso, tinha em alto apreço o Bispo do Porto. Visitou D. António quando este encontrava no exílio. A amizade era mútua, como, aliás, acontecia também no relacionamento de seu chefe de Redacção, João Gomes, com o prelado portuense. Nesse ano de 73, vamos ambos ao Porto para entrevistar D. António Ferreira Gomes. (...) Referindo-se ao encontro com o prelado portuense, Raúl Rego, depois de dizer que "é um diálogo entre gente de boa vontade: o do prelado e o do jornal agnóstico", acentua que "só faz avultar o seu significado o facto de ser, segundo julgamos, a primeira entrevista de um bispo no jornal republicano fundado há sessenta e dois anos por António José por António José de Almeida».
Um bispo português e um conhecido maçon encontrando-se na oposição à República autocrática.
Raúl Rego, anti-sidonista, anti-salazarista; D. António Ferreira Gomes preocupado com a liberdade, a paz, a pobreza que grassava. A passas tantos da entrevista, o prelado comenta, acerca do problema da emigração dá a seguinte explicação: a «miséria imerecida que nos anos cinquenta provocou a explosão migratória foi sobretudo a dos rurais».
Então, como agora, a República eram palavras. Só palavras. Com um ou outro bem-intencionado a tentar passar à prática, logo trucidado pela maldicência, pela intriga, pela estupidez.
Fonte: Pacheco de Andrade, «O Bispo controverso - D. António Ferreira Gomes, percurso de um homem livre», ed. Multinova, pág. 228.

Cronologia da república - 27 de Abril

  • 1913

É fechado o jornal “O Dia” de Lisboa

É fechado o jornal “A Nação” de Lisboa

É fechado o jornal “O Intransigente” de Lisboa

É fechado o jornal “O Socialista” de Lisboa

É fechado o jornal “O Sindicalista” de Lisboa

O jornal o mundo culpa os monárquicos pelo golpe da federação radical republicana

É encerrada a casa sindical

  • 1923

Atentados bombistas em Lisboa

Greve dos corticeiros

Greve dos trabalhadores das moagens

Greve dos trabalhadores dos têxteis

  • 1924

Movimento revolucionário contra o governo

Fontes: aqui

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Aos primeiros raios-de-centenário

Os primeiros raios de sol, consistente, deste ano de centenário prometem um "povo republicano" muito, muito, participativo nas comemorações... ... ...

O falhado "25 de Abril" de Janeiro de 1912 ?

Há 98 anos, o proletariado contra a República

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«O dia 13 de Março é, pois, uma data que marca o divórcio da República com o proletariado », in Terra Livre, n.°6, 20 de Março de 1913



O mês de Janeiro contráriamente ao mês de Abril tem, em Portugal, a especialidade de forjar insurreições derrotadas?

Não sabemos. Sabemos, sim, que foi a 31 de Janeiro de 1891 que, no Porto, os republicanos, apesar de contrariados pelo Directório vêm para a rua, para morrerem ao rubro como mártires de uma causa minoritária; a 18 de Janeiro de 1934, o operariado de diversas localidades, com destaque para a Marinha Grande, Silves, Setúbal e Almada, levanta-se em «armas» contra a manipulação das suas associações de classe e, mais uma vez, sai derrotado!

Janeiro parece funcionar como um mês fatídico para o operariado, e como um mês propício ao ensaio de firmeza do Poder, espécie de «pano da amostra», para as suscessivas «classes dirigentes». Assim aconteceu também em Janeiro de 1912.

A república do centro comercial

Grandes Armazéns
do Chiado abriram as portas


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comemoração integrada nas comemorações do centenário da República


Coimbra recria a inauguração , à 100 anos , de um espaço comercial detido por um dos principais financiadores do movimento republicano.
Ontem como hoje a economia mistura-se com a politica e o resultado raras vezes é o bem comum.
Facto curioso é ser , a abertura de um centro comercial, ponto alto das comemorações do centenário da República. Prova de que as acções do partido republicano resumiam-se à capital, não tendo a única cidade com universidade um facto relevante para comemorar ou elemento digno de nota naquela que foi sempre considerada como uma "revolução esperada"
O Edifício Chiado foi inaugurado, a 24 de Abril de 1910, como filial dos Grandes Armazéns do Chiado lisboetas. "Expandiram-se por todo o país. Chegaram a ter mais de 20 sucursais. A de Coimbra foi das primeiras". É Berta Duarte, directora do Museu Municipal (cuja sede é ali), quem o afirma. Também ela saiu à rua de chapéu e vestido a rasar o chão.

"Achámos que devíamos fazer uma programação condigna, para celebrar o centenário do Edifício", explica Berta Duarte, numa pausa. O arranque remonta há, precisamente, um ano, quando foi publicado o primeiro volume do catálogo "Telo de Morais - Colecção", com parte do espólio fixo do Museu Municipal - Edifício Chiado.

talvez daqui a 100 anos comemorem a entrada de Portugal na UE com os festejos do aniversário da abertura do Colombo, demonstrando que no interior de Portugal o provincianismo ainda é regra

A república do centro comercial

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Ontem, como em 1910, damas e cavalheiros, republicanos
e monárquicos assistiram à inauguração do espaço comercial, assim afirma o "Diário de Coimbra" na edição de hoje.
«As nossas 18 agências espalhadas pelo país permitem fazer chegar às mais remotas localidades produtos do máximo requinte e qualidade, pelos mesmos preços e regalias de Lisboa ou do Porto, longe de qualquer charlatanismo comercial». Depois das boas-vindas ao novo espaço comercial de Coimbra, o proprietário dos Armazéns do Chiado, Abílio Nunes dos Santos, apresentava o novo gerente da sucursal de Coimbra, Joaquim Sal Júnior. Os dois representados por actores, vestidos à época e rodeados de personagens também retiradas do dia 25 de Abril de 1910.
«Servir bem o público, ganhando pouco», era, no entender o gerente, o lema adoptado pelos Armazéns do Chiado, que vendiam desde produtos de mercearia aos mais finos tecidos e adornos, vestidos chiques e fatos talhados à medida, perfumes, louças, vidros e móveis.
Damas e cavalheiros, o senhor presidente da Câmara, vereadores e, em especial, as senhoras vereadoras foram saudados, mas o ambiente de festa não ocultou a tensão vivida entre republicanos e monárquicos. Este é «um exemplo de arrojo e de grandeza de vista dos proprietários, pese embora os tempos difíceis e perturbados que vivemos», alertava Joaquim Sal Júnior, lembrando escândalos económicos envolvendo a corte ou a dissolução do Parlamento pedida dias antes por D. Manuel.

fonte:SomosPortugueses

A República de Abril


Foi, sobretudo, o recordar do saudoso "Passeio dos Alegres". Ontem, na RTP1, com Júlio Isidro no seu melhor, e uma apreciável lote de artistas então (há trinta anos) no auge das suas carreiras.
Mas "República de Abril", porquê? Por malandrice, apenas. Ou por razões de contenção de despesas, em tempos de crise. A tentar de uma cajadada acertar nos dois coelhos: as exéquias do "Centenário" e os festejos do "25/A".
O programa enfatizava o lugar da Mulher na sociedade portuguesa. Imparável, Júlio Isidro, lá teceu louvaminhas ao 5 de Outubro "libertador", para logo de seguir acrescentar: "foi preciso esperar 60 anos" para que às mulheres fosse reconhecido o estatuto de igualdade face aos homens. Já em plena República de Abril, portanto. A que emendou a mão aos lapsos e atavismos da República de Outubro e da República de Maio.
Certo, certo, é que, cada República, cada asneira. Maldizendo-se sempre, umas às outras. No programa da transacta noite esteve na berlinda a de Maio. Quase cinco décadas de República ditatorial, a que formalmente a Lei nº 1 de 25 de Abril de 1974, da Junta de Salvação Nacional pôs termo, destituindo o presidente da República e o Governo e dissolvendo a Assembleia Nacional e o Conselho de Estado.
Depois foi o que foi - dos excessos revolucionários aos actuais excessos de corrupção e inoperância. Em 1 de Maio de 1974, escrevia em Coimbra Miguel Torga:
«Colossal cortejo pelas ruas da cidade. Uma explosão gregária de alegria indutiva a desfilar diante das forças de repressão remetidas aos quarteis.
- Mais bonito do que a Raínha Santa... - dizia um popular.
Segui o caudal humano, calado, a ouvir vivas e morras, travado por não sei que incerteza, sem poder vibrar com o entusiasmo que me rodeava, na recôndita e vã esperança de ser contagiado. Há horas que são de todos. Porque não havia aquela de ser também minha? Mas não. Dentro de mim ressoava apenas uma pergunta: Em que oceano de bom senso iria desaguar aquele delírio? Que oculta e avisada abnegação estaria pronta para guiar no caminho da história a cegueira daquela confiança?»

Cronologia da república - 26 de Abril

  • 1912

Tumultos no liceu Rodrigues de Freitas no Porto

  • 1913

Protesto pela falta de trigo

Manifestação da federação radical republicana

  • 1914

É fechado o jornal “O Povo” de Lisboa

  • 1915

Dissolução da câmara municipal de Évora

  • 1920

É fechado o jornal “O Democrata” dos Açores

  • 1925

É fechado o jornal “O Marão” de Vila Real

  • 1926

Cunha Leal incita o exército a salvar a república

Fontes: aqui

domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril sempre...

Depois de num dia de Outubro, a minha filha de oito anos ter chegado da escola cheia de confusões na cabeça, e eu lhe ter explicado pacientemente que Liberdade, Igualdade e Fraternidade era um lema da sanguinária revolução francesa e não uma consequência da instauração república portuguesa, que a igualdade do cidadão perante a lei era uma conquista da constituição de 1826, quando em Portugal se funda o sufrágio popular que se manteve indirecto e se viu mais restrito após a república, que a liberdade de imprensa e de manifestação só foi profundamente ameaçada após o 5 de Outubro; foi a vez de ontem me ver na contingência lhe explicar as virtudes dos primeiros anos do Estado Novo e que a Primavera e as calças de ganga já existiam antes da revolução dos cravos. Esclareci-a sobre o 25 de Abril, e suas consequências imediatas: tomada de poder da esquerda radical e descolonização desastrosa. E que nesses tempos muita gente inocente teve que viver “às escondidas”. Por fim expliquei-lhe que a Liberdade prevaleceu apesar dos revolucionários. E que a Liberdade é o nosso mais precioso bem, e que nem sempre está onde parece ser mais evidente.

Os corvos


Portugal somos todos nós, portugueses, e a nossa vontade de fugir à mediocridade instalada. De rumar, enfim, ao futuro, longe da intriga, do conflitozinho, de todos os escandalos que nos ocupam, à míngua de ideais e de horizontes.
É tantas vezes junto ao mais belo do nosso património natural que o encontro surge. O encontro connosco, e com a ausência de vozes que é a eternidade das ondas desfazendo-se na falésia e a fala dos tons do sol poente. Creio não haver então quem não se depare - e saúde e converse - com o seu Deus, o Deus de cada um, ao seu modo e na sua liberdade própria, visto ninguém ser propriedade de outrém.
Por exemplo, aqui no Cabo Carvoeiro, com essa monumental rocha, a Nau dos Corvos, mesmo diante de nós e as Berlengas lá longe.
Mas jamais na "República dos Corvos" (Cardoso Pires), como claramente se percebe: «Confusão, uma porra. O Corvo, que é taberneiro por convivência com o dono, conhece todas as velhacarias do vinho e como, ainda por cima, é ateu praticante, a conversa do Santo Vicente e dos corvos de Lisboa fá-lo virar as costas, enojado. (...) Em frente, no largo do hospital, passa uma freira a levantar uma revoada de pombas. Como uma bruxa imaculada a cavalo numa vassora, pensa o corvo. E abre o bico para o ar, enfastiado. Enfastiado ou a bocejar?».

Confrontos com a GNR


Fonte Portugal Século XX (1910-1920), Joaquim Vieira, Círculo de Leitores

Cronologia da república - 25 de Abril

  • 1911

Afonso Costa considera que as religiões estão condenadas ao desaparecimento

O grão mestre da maçonaria vaticina o fim dos seminários em Portugal

Tumultos em Carrazeda

Tumultos no Porto

Manifestações de desempregados em Lisboa

Em Freixianda, propagandistas eleitorais são apedrejados

  • 1915

É fechado o jornal “Notícias do Norte” de Braga

  • 1919

Greve de corticeiros

  • 1920

Tumultos entre o exército e a população em Beja. São efectuadas 21 prisões

  • 1923

Atentado à bomba em Lisboa

Em Aljustrel, os operários abandonam o trabalho, em protesto pela falta de abastecimento de trigo

  • 1924

Greve dos padeiros

Fontes: aqui

sábado, 24 de abril de 2010

A 1ª República na Nazaré

Hoje estarei na Nazaré. Terra lindíssima e hospitaleira. Ocorreu-me saber com que paz a Nazaré viveu os anos felizes da ditosa República. Parece que com pouca. Era feroz a disputa entre o Partido Democrático, de Afonso Costa, e o Partido Evolucionista, de António José de Almeida. Com vantagem para este, facto que aquele, como é do conhecimento geral, não costumava perdoar. Vai daí...
São noticias do semanário "A Nazareth":
- A 8 de Janeiro de 1914, a Auditoria Administrativa de Leiria anula a eleição da Junta da Paróquia da Pederneira. Os Republicanos interpuseram recurso para o Supremo Tribunal Administrativo.
- A 9 de Julho do mesmo ano, continua a querela com o Partido Evolucionista. Titulo da 1ª página: »Fantochadas»; no texto, aquele partido é acusado de «... numa ansia perfeitamente dementada de assaltar o poder, numa furia completamente doida de meter a república na algibeira...».
- A 1 de Setembro de 1914, o jornal mostra-se contrário à entrada de Portugal na Grande Guerra.
- A 10 de Outubro de 1910, refere-se que o 4º aniversário da República não foi festejado na Nazaré «por motivos ponderosos».
- A 31 de Dezembro de 1914, noticia-se a inauguração do retrato «do eminente estadista Sr. Dr. Afonso Costa».
- A 9 de Janeiro de 1915 (só para iniciar o ano), fogo intenso sobre Brito Camacho, lider do Partido Unionista: «é politicamente um imbecil, duplicado de um perverso...».
- A 1 de Março de 1915, divulga-se o "Regime de Terror" que grassa na Nazaré. E uma "tentativa de assassinato". Feitas as contas, tudo é atribuido «à vergonhosa ditadura Arriaga-Pimenta de Castro» pelo que lá fica o brado: «Viva a República! Abaixo os assassinos jesuítas!».
Enfim. Espero não me encontrar hoje na Nazaré nem com Afonso Costa nem com o reporter deste semanário democrático. Ainda acabo no xilindró.

Repressão


Fonte: Portugal Século XX (1910-1920), Joaquim Vieira, Círculo de Leitores

Cronologia da república - 24 de Abril

  • 1912

É fechado o jornal “O Diário do Porto”

  • 1915

Dissolução das câmaras municipais de Setúbal e Sobral de Monte Agraço

  • 1920

Intensa fuga de capitais

  • 1924

O presidente da associação de armadores é ferido a tiro em Lisboa

Fontes: aqui

sexta-feira, 23 de abril de 2010

NO PRESIDENT !





Leia tudo AQUI, no Combustões. Texto e muitas fotos inéditas, tiradas por Miguel Castelo-Branco. Esta tarde, em Bangkok.

"Um indivíduo acercou-se e identificou-se como professor do ensino secundário. É simpatizante de Abhisit mas deixou-me boquiaberto com a terminologia. "Sabe, 90% dos tubarões e exploradores deste povo são amigos de Thaksin. No campo democrático e daqueles que amam o Rei, a maioria são pessoas como nós, que trabalham, se levantam cedo e deitam cedo, que fazem ginástica orçamental para sobreviver". Feliz por ver que da boca de um homem que ganha duzentos Euro por mês saltam crepitantes as palavras que esperava. Disse-lhe que na Europa era o mesmo: quanto mais ricos, ociosos e metidos nas curibecas, mais pró-isto e pró-aquilo, conquanto nunca lhes metam as mãos na carteira.

A maioria trazia um grande autocolante destinado a enviar um recado para o mundo, infelizmente mal informado pelos media ditos de referência, que fazem clara campanha a favor do plutocrata Thaksin servindo-se exageros e semi-verdades misturadas com totais mentiras. Não [queremos] presidente, resume a natureza do conflito. Thaksin quer a república oligárquica e plutocrática, o poder absoluto para governar a seu bel prazer. Os tailandeses sabem que tal república, que os defensores do multimilionário crismaram já de Estado Novo, seria o fim da democracia e o fim da separação de poderes. Depois, há a repulsa profunda pelo terrorismo, pelo vandalismo e pela protecção que Thaksin tem recebido dos regimes autoritários ex-comunistas da região. Agora, para os defensores do governo, Thaksin é, apenas um traidor."

Vasco Pulido Valente, o Dalai Lama e a verdade histórica

Hoje: Vasco Pulido Valente e o 14º Dalai Lama do Tibete. Duas figuras impossivelmente conciliáveis, salvo, talvez, no respeito que manifestam pela Verdade. Neste caso pela verdade histórica. Por isso fui buscá-los, já que, de certeza, a República não os convida para festejar o seu Centenário.
(Devias ser menos intransigente, Ilda. E essa mania que apanhaste logo no berço de contar umas patranhas... só essa mania, rapariga, já é o bastante para que não vás longe na vida. Olha para trás Ilda, olha e vê quanto nos desgraçaste).
Pulido Valente, então, no seu imprescindível "O Poder e o Povo" (pág. 27):
«(...) postulado falso: o de que o país queria a República. Depois do 5 de Outubro, depressa se tornou claro que não queria. E, assim, esquecendo as suas mais solenes promessas, o PRP nunca decretou o sufrágio universal ou lutou pela descentralização eleitoral ou administrativa. A longo prazo, o democratismo republicano não podia deixar de se revelar por aquilo que era: a expressão ideológica da vontade revolucionária da pequena burguesia urbana».
O historiador não consta seja monárquico. Somente imparcial. Tal como o Dalai Lama, que na sua passagem por Portugal (2003), entre nuvens de políticos zumbidores a cercá-lo, lá se conseguiu exprimir:
«O Rei de Portugal, Dom Duarte, poderá não ser Monarca Reinante mas tem (...) a dificil tarefa de manter vivo o espírito cultural da nação e isso é mais importante do que usar uma coroa...».
Entre a «vontade revolucionária da pequena burguesia urbana» e a «dificil tarefa de manter vivo o espírito cultural da nação» - El-Rei de Portugal. Doa a quem doer.

Cronologia da república - 23 de Abril

  • 1912

Conflitos com operários em Vila Nova de Gaia resultam em prisões e feridos graves

Na greve operária do Porto há tiroteio e rebentamento de bombas

  • 1915

Dissolução de várias câmaras municipais

Fontes: aqui

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O povo protege a Coroa

"Pelas 19 horas apanhei o metro de superfície para ir ao ginásio para uma sessão de boxe. Ao abandonar a estação de Sala Deng (Silom) fui confrontado com um mar de gente que gritava palavras de ordem anti-vermelhas, vivas ao Rei e às forças armadas."

Hoje, em Bangkok. Siga todos os acontecimentos AQUI

"A hora tremenda do juízo final" (Raúl Brandão)

São essas as mentiras postas a correr, nas escolas, pela rua, nos espíritos menos atentos.
As histórias tremendas dos reis irancundos, cercados de concubinas e de um luxo roubado ao pouco que restava à subsistência do povo. Da tropa pronta a espezinhar quem ousasse reclamar o pão a que os filhos dos pobres tinham direito. E da Nobreza, que é como quem diz, da luxúria, da intriga e da depravação. Em tempos de centenário da nossa velha Ilda, tais são as intrujices que correm por aí, na blogosfera, nos jornais, em conferências de alguns insígnes "democratas".

Há pouco dei com este texto de Raul Brandão (in «Vale de Josafat», 1933), que não consta fosse esclavagista e expressa os desabafos do Autor com os seus próprios leitores. Ora vejam, senhores iluminado-republicanos e éticos:

«A vida modificou-se nos últimos vinte anos (...). Ninguém pensa hoje como ontem (...) Eu sou do tempo em que ser rico não era uma afronta para os pobres. (...) hoje só se é pobre com desespero. Na provincia que conheço, as palavras senhorio e fidalgo tinham quase a mesma significação. Muitos senhorios viviam com os caseiros e quase como eles. Estou a ver daqui as casas antigas que mal se distinguem das da lavoura - as mesmas pedras denegridas, as mesmas janelas sem vidros o mesmo lar enfumado, o mesmo celeiro escuro para guardar o pão.
As classes não estavam tão divididas. Hoje o rico desconhece o pobre (...). O que se acentua na vida actual é o egoísmo e a febre de gozar. (...)
Só uma directriz se marca cada vez mais fundo - enriquecer e gozar. Enriquecer seja como for e gastar à larga, venha de onde vier. (...)
Todos caminhamos com febre - a febre de quem não confia no dia de amanhã. O dia de amanhã talvez não exista; o que existe são as grandes oligarquias políticas, económicas e finaceiras; os grandes negócios, as grandes casas bancárias (...)
De resto, o exemplo vem de cima, vem das classes chamadas superiores, que enriqueceram sabe Deus como. (...)
Pede-se um governo, um plano, uma força - homens implorando aos manequins que os salvem! São os políticos muitas vezes que pregam contra o jogo no parlamento que vão à noite deitar os dados na roleta. (...) aquele médico de provincia pobre, e com uma família pobre, ganha hoje (1920) sessenta contos por ano como comissário do governo em qualquer banco. O filho deste republicano histórico fez uma fortuna nas colónias, de tal maneira escandalosa que não pode lá voltar. Apontam-se a dedo políticos que ganharam muitas centenas de contos com negócios de arroz e de açucar. (...)
Aqui há tempos, as galerias atiraram moedas de cobre sobre os deputados, gritando-lhes: - Parasitas! parasitas! (...)
Tenho uma certa pena, uma certa saudade do passado, mas caminho com decisão para o futuro. Tu e eu, leitor, reclamamos a hora tremenda do juizo final».
Estou a pensar em pedir ao Dr. António Reis e aos outros matemáticos do GOL que, de esquadro e compasso na mão, me dêem uma ajuda nestes meus cálculos. Sou fraco em contas, mas um texto publicado em 1933 com memórias de 20 anos antes, leva-nos no tempo até 1913... Não, não sou eu - quem se enganou foi Raul Brandão. Ou, quando muito, de 1913 para 2010 nada mudou. Cuidado, República - está para chegar a "hora tremenda do juizo final".

Quando um ex-Presidente da República o diz, em ano de centenário:

Foram necessários 64 anos para que se consumasse a eleição do "Presidente da República" – "razão" do regicídio e promessa do terrorismo republicano...
Após essa eleição, foram necessários 36 anos para ouvir alguém com responsabilidades afirmar: "Uma democracia assim não funciona bem".
A Comissão do Centenário da República devia objectivar muito bem que datas, efemérides e relevâncias anda a querer-nos obrigar a comemorar para além das teorias, demagogias e propaganda carcomida!

Laços de família.





Uma das mais frequentes críticas à ideia de Monarquia é a questão da hereditariedade. «Se ele pode ser rei, porque é que eu também não posso sê-lo?», como se qualquer um de nós, anónimos cidadãos pudesse, efectivamente, alcançar o lugar de presidente da república. É esta ilusão de igualdade, de acesso democrático e igual, que conserva a ideologia republicana naquele pedestal de superioridade onde se acolhe uma parte dos políticos. Mas quando se trata de consolidar o poder abaixo dessa alta ideia republicana, a hereditariedade dá muito jeito. De resto, a República Portuguesa está cheia de exemplos de dinastias empresariais, políticas e profissionais. Desde os Santos Silva, e os Soares, republicanos, laicos e socialistas, até aos Azevedo ou Champalimaud, sem esquecer as pequenas clientelas familiares que preenchem as vagas das Câmaras Municipais, Secretarias de Estado, Empresas Públicas, etc, onde filhos e filhas sucedem a pais, sobrinhos a tios, etc, num nepotismo facílimo de aclarar pela leitura, ainda que fastidiosa, do Diário da República. É que a ética republicana - esse hipotético estado mental em construção - sabe que o voto é apenas uma das fases do processo de obtenção do poder. Segue-se-lhe o sangue e o dinheiro, dois factores que os políticos republicanos portugueses souberam manobrar muito bem desde o século XIX.

"A Monarquia do Norte nunca teria resistido". Conferências do Museu bernardino Machado

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Em mais uma das várias conferências que se vão realizando pelo País (sobre a temática: centenário da implantação da I República)abordou-se a implantação e colapso da Monarquia do Norte de 1919.
Mau grado a leveza com que se ainda aborda o conturbado periodo subsequente ao Sidonismo, o ângulo continua a ser as movimentações dos "conservadores" apoiados pelo clero, discurso semelhante ao que vigorava nas decadas de 70-80, onde estas "forças" seriam a "reacção"... mais uma vez apoiada pelo clero, nem poderia ser diferente para certas ilustres personalidades.
A insistência na suposta existência de uma cortina de obscuridade protagonizada por forças conservadoras que ciclicamente aparece referenciada nos manuais escolares, face à insistência no carácter "redentor" das revoluções armadas tem sido um dos maiores obstáculos à correcta abordagem da estrutura sócio-económica nacional e as suas ligações com as revoluções e governos que se sucedem... não pucas vezes se arma em punho apontada ao povo que se pretende "libertar".

Não pretendeu mais, Paiva Couceiro, que o justo referendo sobre um regime que se implantou pelo terrorismo nas ruas de Lisboa e se espraiou pelo Pais por cabo eléctrico. Um referendo que ainda hoje é actual e necessário para perceber se o golpe de 1910 foi uma transição natural ou um corte radical no curso da História e na sustentabilidade de uma certa forma de estar no mundo.
Portugal, 100 anos após 1910, hoje não tem motivos de orgulho sobre o seu passado recente. Nação endividada e desrespeitada pelos seus congéneres aparece, nas bocas do mundo, como uma referência negativa um exemplo daquilo que não se deve fazer. Cem anos depois é tempo de arrear caminho e perceber que nem todos os atalhos levam ao destino, se ainda houver uma réstia de racionalidade para o entender.

artigo, para ler


«Em mais uma conferência sobre As Grandes Questões da República, organizadas pela Câmara/Museu Bernardino Machado, Artur Coimbra, mestre em História, falou da contra-revolução monárquica e da acção de Paiva Couceiro, um dos poucos monárquicos que não se conformou com a implantação da República e combateu-a com recurso a armas. Este general monárquico/conservador liderou a contra-revolução a partir da Galiza, onde se exilou com outros monárquicos. No campo militar, organizou um pequeno exército e fez duas incursões pelo norte transmontano. A primeira vez aconteceu um ano depois da instauração da República, limitando-se a hastear a bandeira monárquica em Vinhais; na segunda, em 1912, entrou por Valença, Vila Verde e Chaves, conseguindo, com a ajuda do padre Domingos, alguns levantamentos populares em Cabeceiras, Celorico de Bastos, Fafe e Vieira do Minho. Incursões que foram rapidamente neutralizadas.
Ao nível político, Paiva Couceiro exigiu aos governantes republicanos a realização de um plebiscito e a restauração da Carta Constitucional de 1826.
Mais tarde, foram efectuados outros ataques ao republicanismo, com a ajuda do clero. O mais importante ocorreu em 1918, com a proclamação da Monarquia do Porto, pela Junta Militar do Norte, que dividiu o país em dois: do Vouga para cima monárquico e para sul republicano. Este sonho do regresso à Monarquia durou 25 dias, uma vez que foi derrotado pelo exército republicano, mas este foi um período de grande terror e violência, que ficou conhecido pelo Reino da Traulitânia.

Segundo o orador, a Monarquia do Norte, como ficou conhecida, dificilmente teria outro desfecho que não a derrota, porque não contou com o apoio do Rei D. Manuel II, exilado na Inglaterra, nem teve o reconhecimento de Espanha e Inglaterra.

A próxima conferência

...está agendada para o dia 21, sobre o tema "A resistência operária à I República", com o professor Paulo Guimarães.»

Fonte: Jornal regional "cidade Hoje" de 22-4-2010

Detenção de padres


Fonte: Portugal Século XX (1910-1920), Joaquim Vieira, Círculo de Leitores

Cronologia da república - 22 de Abril

  • 1911

Guerra Junqueiro considera Afonso Costa uma pessoa perigosa

  • 1913

Campanha internacional de protesto contra a situação dos presos políticos em Portugal

Eusébio Leão, embaixador na Itália, desmente as afirmações da duquesa de Bedford, acerca da situação dos presos políticos em Portugal

  • 1915

Prisão dos vereadores da câmara municipal de Lisboa

Fontes: aqui

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Afonso Costa e os jesuitas


Portugal Século XX (1910-1920), Joaquim Vieira, Círculo de Leitores

Cronologia da república - 21 de Abril

  • 1915
É fechado o jornal “O Imparcial” de Braga


  • 1918
É fechado o jornal “O Tempo” de Coimbra

  • 1925

É fechado o jornal “A Capital” de Lisboa




Fontes: aqui

terça-feira, 20 de abril de 2010

Os disparates da História de Portugal

Luís de Mascarenhas Gaivão, professor de História, durante anos compilou as maiores calinadas que ouviu da boca dos alunos, ou extraiu dos seus brilhantes testes escritos . É conhecida a conflituosa relação que a III República sempre manteve com o Ensino, daí não sendo de admirar os prodígios reproduzidos na «História de Portugal em disparates» por M. Gaivão.
A obra foi realizada «para pais modernos, professores catedráticos, avozinhas saudosistas, políticos, deputados, ratos de biblioteca, ministros da Educação, netinhos aplicados, historiadores, intelectuais de gabarito, repetentes militantes..
A sua leitura constitui uma necessidade de primeiro grau. Sirva de exemplo o que nela se regista acerca de «O que foi o 25 de Abril?»:
- Foi a revulsão dos melitares.
- Foi a revolução e o reconhecimento da independência da Guiné e Cabo Verde.
- Foi o soldado português que se revoltou contra a República.
- Foi uma revolta em que as tropas novas deitaram o governo salazarista abaixo.
- Foi uma revolta que o povo fez contra a República.
Que eles, os alunos de M. Gaivão, era cabulões, isso eram. Mas a um ou outro, mesmo assim, sempre seria de lhes dar uma boa nota. Pelo que provávelmente têm de premonitório. Ou de bom gosto e de boas intenções, pese embora reprimidas...

Subversão em Bangkok: o velho esquema.




Acabado o período de férias do Songkran, a população urbana começa a regressar à capital e por aquilo que as imagens dos derradeiros dias têm mostrado, vai crescendo o tom de indignação pelo sórdido espectáculo oferecido semana após semana, a um mundo quase indiferente. Os tailandeses são um povo orgulhoso e cioso da questão das aparências - não gostam de perder a face - e a profunda degradação das zonas mais frequentadas pelo florescente turismo ocidental, é de molde a enervar os ultrajados residentes e comerciantes. A liderança thaksinista aposta na ruína económica e no crescer do descontentamento que obrigue o regime a baixar os braços. Por outro lado, espera-se uma progressiva participação popular em quotidianas manifestações em defesa da Lei, da Constituição e da Coroa, daí a pressa dos subversivos em jogar tudo por tudo nos próximos dias, ao mesmo tempo que orquestram manobras de diversão, como "apelos ao Rei", "rendição", etc. Em qualquer país europeu, uma situação que tivesse atingido uma fracção daquilo a que temos assistido, já há muito teria sido tratada de forma lapidar, para nem sequer referirmos os "métodos dinâmicos" utilizados mais para o Leste, onde o regime do presidente Putin não hesita em utilizar toda a força do Estado para a manutenção da sua segurança interna. Isto, perante o generalizado alheamento ocidental, dada a importância da Rússia. Os negócios falam antes do sangue derramado.

O plano do assalto ao poder obedece a um conhecido e muito clássico esquema gizado pelo desaparecido Komintern e seus sucedâneos. Os métodos são facilmente adaptáveis a cada uma das situações nacionais onde urge intervir e contam sempre com a contemporização das sociedades liberais, reféns de palavras de ordem daquilo a que genericamente designamos hoje como "politicamente correcto", princípio da não-violência e contemporização perante as investidas dos radicais. Em suma, os reds são uma ínfima minoria, hábil e vergonhosamente escudada por detrás de gente naive e indefesa, onde avultam idosos e crianças de colo, enquadrando o esquema geral de resistência às forças do Estado. As etapas para as cartadas decisivas, estão há muito previstas:

1. Provocar a todo o transe a máxima violência urbana entre "massas desprotegidas" e forças militares "opressoras". Vivemos no império da informação e os sediciosos conhecem as reticências dos sectores liberais no uso de uma autoridade que a imprensa facilmente generalizará em termos de "tirania, abuso de poder, prepotência", etc. A liderança thaksinista - refugiada nos hotéis de luxo da "zona de combate" -, quer a guerra custe o que esta custar, nem que para isso acabe por impor acordos que logo rejeitará, inventando todo o tipo de desculpas para tal.
A imprensa afecta à subversão e as suas conhecidas correias de transmissão nos grandes interesses económico-financeiros no Ocidente, tenderão a propalar notícias gizadas pelos thaksinistas, apresentando agora as "milícias encapuzadas" como se "terroristas do governo e seus aliados" se tratassem. Clássico, este processo de vitimização. 20.000, 50.000 pessoas insurrectas nas ruas de Bangkok, podem parecer uma enorme multidão para os europeus que se habituaram à morigeração de costumes militantes. Na Tailândia, 1.000.000 de militantes - e não é este, nem de longe, o caso em questão! - são uma ínfima minoria, engrossada apenas pela agit-prop muito activa e teleguiada do exterior e por estrangeiros que se mantêm no país. O governo tailandês conhece essa situação, tal como a divulgou ao mundo há apenas alguns dias.

2. Apelar ao Rei
O ponto fundamental a reter, consiste no facto da liderança vermelha não desejar qualquer dissolução parlamentar que não seja imediata.

Perdida a luta pelas massas urbanas que não possuem, decidirão a clássica manobra de diversão, apelando directamente ao Palácio, mas manifestam desde já as exigências leoninas que são facilmente previsíveis e inaceitáveis:
a) imediata dissolução do Parlamento.
b) formação de um governo "até eleições" do Pueh Thai - o mal disfarçado partido de Thaksin - que se encarregará de "preparar futuras eleições". Dadas as escabrosas situações que se verificam nas províncias onde o thaksinismo instalou uma mafiosa rede de poder oligárquico-financeiro-empresarial de cacicagem e generalizada dependência, podemos imaginar o tipo de eleições que o "novo governo" poderá organizar.
c) imparável tentativa de afastar os principais concorrentes da ida às urnas. No poder "provisório", alegarão todo o tipo de razões para interditar o PAD, tal como já estão a fazer relativamente ao mais antigo Partido do país, o Partido Democrático que agora tentam dissolver. Apenas concorrerão com anões políticos.
d) vão anunciar uma imediata "revisão constitucional com intuitos modernizadores". Isto implica a bem pensada preparação da opinião pública, exaltando por enquanto a figura do Rei, mas exigindo a liquidação de instituições que alegadamente "afastam a Coroa do povo". O alvo primordial é a cabeça do regime e o Conselho Privado que na Tailândia, faz a vez do nosso Conselho de Estado, mas bastante mais influente que o de Lisboa. A conseguirem o intento, o Palácio fica-lhes nas mãos, sem contacto com qualquer força viva do país, seja ela da sociedade civil ou militar.
e) romenização da monarquia, seguindo grosso modo o modelo que Estaline e Gheorgiu-Dej impuseram ao rei Miguel I e à Roménia dos anos de 1944-47. Foi a isso mesmo que ainda há menos de dois anos assistimos no Nepal.
Contando com o declínio da saúde de S. M. e o seu eventual desaparecimento - que acima de tudo hoje esperam e desejam -, teremos o já iniciado processo de diabolização dos sucessores à Coroa e a laboriosa preparação para um referendo que dite nas urnas - quase sem manifestação de posição contrária -, o resultado pretendido por Pequim. Este é antes de tudo, um processo de luta pela hegemonia regional.

No apelo ao Rei - que sabem ser difícil ou praticamente impossível de ver compactuar com a subversão -, poderão também estar a prever o silêncio do Palácio, avesso à luta partidária. Então, na habitual estratégia bolchevique, apontarão baterias contra a Instituição, declarando-a ... parcial!

Este é um esquema velho de praticamente um século e que tem sido adaptado às circunstâncias de cada um dos alvos pretendidos.

Nesta luta pela conquista do vasto espaço estratégico que controla a passagem entre o Índico e o Pacífico, a China tudo tem feito para atingir os mares quentes do sul. Bases "informais" na Birmânia, a conquista das alturas dos Himalaias que para sul do Nepal lhe oferecem uma excelente posição em direcção ao odiado rival indiano, a aproximação a Teerão e uma activa penetração em toda a África austral e oriental. A Tailândia é apenas um peão a abater e no caso de um por enquanto improvável sucesso, privarão os EUA de um aliado vital, interrompendo um dos elos da corrente amiga que liga os americanos ao Japão, Taiwan, Tailândia e Índia.

Os próximos dias aconselham a atenção dos poderes ocidentais.

Cronologia da república - 20 de Abril

  • 1911

Guerra Junqueiro considerou a lei da separação da igreja do estado como estúpida por ferir o sentimento religioso português

  • 1912

Incidentes em Macau

  • 1913

Protestos em Aveiro

A Maçonaria distingue Afonso Costa com o grau 30 de cavaleiro Kadosch

  • 1915

Amnistia a todos os presos políticos

  • 1916

O governo declara o estado de sítio na ilha terceira

O governo manda submeter à censura toda a correspondência postal para o estrangeiro

O governo manda submeter à censura todas as comunicações telegráficas com o estrangeiro

  • 1920

No julgamento do caso “Monarquia do Norte” Guerra Junqueiro defende um dos implicados

  • 1921

Greve na Universidade de Coimbra

Fontes: aqui

segunda-feira, 19 de abril de 2010

À conversa

Hoje, numa conversa com uns amigos, em Lisboa, falamos de muita coisa. De design, de projectos, de casamentos, de monarquias (onde eu estava em absoluta minoria), da visita do Papa. Vejo que a "República" não está na ordem do dia! Ninguém quer ter o fardo de cem anos desta coisa mais turva que a poeira de mil vulcões...! No fundo, eu era o único a celebrar uma nova ideia, um novo rumo, uma nova esperança no Eterno azul-e-branco português. Gosto de conversar. E de ouvir. Quando vou a Lisboa e, entre outros amigos, tenho o privilégio de estar com o meu melhor amigo – laico e republicano! – volto feliz. Estar entre aqueles que admiro mas que em muitos detalhes são opostos da minha opinião não deixa de ser um prazer. Não discuto para ganhar. Não converso para amealhar. Não pretendo ser a razão. Em muitas das diferenças encontro semelhanças e novas forças para os meus sentimentos. Em muitos óbices encontro o óbvio. Nunca penso que sou o melhor. Mas nunca deixarei de intuir que o que eu penso, e sinto, não se dissolverá no lume brando, carbonarizado, das maiorias!

Salazar ou a 2ª República - sempre a República

O Futuro faz parte da História. Não fora isso, andavamos a perder tempo. Nós, monárquicos, empenhados no futuro de Portugal. Lutando contra forças muito superiores, lutando contra o stablichement, que vai sempre em vantagem.
Já o referi anteriormente, abundam os cavalheiros que querem festejar o centenário de algo que, segundo eles, tem 100 anos mas não tem 48 desse cômputo.
Assim insultam os portugueses!
A injectar-lhes na cabeça noções que contrariam regras que a mais exacta das ciências não pode aceitar: a Matemática.
Tudo porque metade da República - o tal regime salvífico - foi vivido em autocracia.
(Pesssoalmente, tanto bastaria para não querer essa gente comigo. Monárquico que sou, nunca tentei ocultar o absolutismo do séc. XVIII - foi a época...)
Um republicano que "esquece" 1926-1974 é, para mim, um estímulo. A diferença entre a verdade e a mentira.
Mas há quem se possa confundir. É para esses. que escrevo. E tento explicar:
Após o descalabro de 16 anos de miséria, ocorreu a dita "Revolução Nacional". A breve trecho, com Salazar a Ministro das Finanças. E depois... a dirigente nacional.
Pretexto macaco para que todos os poetas Alegres ainda sobreviventes digam que não foi República. Uma República sem 48 anos de República...
Esta é a nossa luta: esclarecer que esses 48 anos foram República. Os portugueses que escolham, depois.
E. para ajudar, aqui fica um excerto da «História de Portugal» coordenada pelo Prof. José Mattoso, vol. 7º, da responsabilidade do Prof. Fernando Rosas- conhecem?
Fala-se do Presidente da República. Gen. Óscar Carmona (pág. 188):
«Salazar nunca esquecerá o que lhe ficou a dever. Mesmo depois da prática constitucional e governativa pós 1933/1934 ter esvaziado os poderes constitucionais do presidente, reduzindo ao estatuto decorativo de um "venerando chefe do Estado", o novo presidente do Conselho continuará a nutrir por Carmona um genuíno e reverencial respeito. O que não voltará a acontecer com nenhum dos dois futuros presidentes da República estadonovista».
Portugueses: ao fim de 100 anos, saibamos escolher!!!

O fado da bandeira

Verde rubra me apareces
Sem falares do teu passado
Verde, verde, que esmoreces
Com a castelhana a teu lado

Verde esperança! Sangue ardente!
Verde sangue derramado!
Uma mentira pungente
Para esconder um pecado

Eu se disser o que penso
Da tua cor centenária
Digo o que vejo e lamento
És bandeira partidária

O que fizeste da história!
E das cores da tua idade!
O que fazes da memória!
Que exemplo p'rá mocidade!

Cronologia da república - 19 de Abril

  • 1911

Distúrbios no colégio das missões ultramarinas em Cernache do Bonjardim

  • 1912

A Índia pede ao ministério das colónias reforço militar

Duelo à espada entre Egas Moniz e Norton de Matos

  • 1918

Salazar toma posse como catedrático da faculdade de Direito de Coimbra com dispensa de prestação de provas

Obtêm de igual modo o grau de doutorado em Direito

  • 1924

É fechado o jornal “A Actualidade” de Braga

Fontes: aqui

domingo, 18 de abril de 2010

A estratégia repúblicana

É notícia dos jornais, o Grão Mestre da Maçonaria, António Reis, viu-se obrigado a reconhecer que os ventos não correm de feição para a recém-baptizada «Ética Republicana».
Pois não. Até porque a dita menina bem comportada não passa de uma figuração, um conto de fadas com os escassos assanhados da República, em Portugal, pretendem, uma vez mais, enganar os portugueses.
Como? Enaltecendo os princípios e uma moral que jamais existiu. No papel e, muito menos, na prática de dez décadas.
Em termos mais concretos, a estratégia dos defensores da plutocracia e do status quo republicano, das suas mordomias, afinal, tentam reconstituir a história da «Ilda» com as seguintes cores deste confuso grafitti:
- De 1910 a 1926 viveram os portugueses todas as delícias paradisíacas de uma democracia parlamentar. Republicana, claro.
- Entre 1926 e 1974, não valeu. Foi a ominosa ditadura. Republicana? Obviamente não! Monárquica? Não falta a vontade de responder afirmativamente. Mas o despudor ainda não chegou a esse ponto.
- De 1974 aos nossos dias, o paraíso redivivo. Uma delícia. É Abril, a República em todo o seu explendor.
Tal mentira, é imperativo nacional seja desmentida. A República faz efectivamente cem anos, 48 dos quais vividos em autocracia. Antes, fora o caos político, as perseguições religiosas, o terror militar. E depois, é o que é, tudo aquilo de que nós portugueses nos revoltamos: a corrupção, a riqueza na mão de muito poucos, a burocracia e o clientelismo.
Sempre os monárquicos lutaram contra a situação republicana. Fazendo sempre notar os seus argumentos e a sua representatividade. Mormente na II República que, jamais deixaremos esquecer, significa metade do tempo de vida da «Ilda».
E, a própósito, um excerto da obra recente (2003) de Helena Matos - «Salazar - A Construção do Mito»:
« (...) em Junho de 1931, os dirigentes da Causa Monárquica mostram-se mais reservados (...) não excluindo a hipótese de apresentarem candidatos próprios nas próximas eleições. "(...) havemos de votar, naturalmente, em quem nos assegure a manutenção da integridade nacional e da ordem pública" - afirma Azevedo Coutinho ao jornalista do Diário de Lisboa. (...) há quem garanta "saber que os integralistas concorrerão às urnas". (...) estas linhas não são de modo algum tranquilizadoras para os homens da UN que contavam ir buscar apoios, entusiasmo e votos aos arraiais dos integralistas e dos monárquicos».
E, prosseguindo, a deixar claro que já então a «Ética» mancaria muito, fosse o caso de ser uma realidade:
«Mas é de Coimbra, cidade cuja importância política era inegável, que chegam as notícias mais graves. Elas são susceptíveis de abalar o próprio Governo, pois apresentam Lopes Mateus, o ministro do Interior, como patrocinador de um Partido Republicano das Direitas que esvaziaria a UN de sentido».

A FARSA DAS REPÚBLICAS "DE HOJE"

Um encontro "público"-privado de umas tantas associações maçónicas acabou a proferir uma bula onde são linkados as virtudes da "ética repúblicana". Estes senhores deram pela falta dela em pleno ano centenário. Dizem que nesta república falta a ética repúblicana e querem que a coisa pública não "continue a ser"(sic) só para alguns! Falta? Cuidado com mais "fiscalização", mais opressão... e os bolsos....

Cronologia da república - 18 de Abril

  • 1911

O governo destitui o bispo de Beja das suas funções episcopais

  • 1924

Greve dos funcionários públicos

  • 1925

Golpe militar de Filomeno da Câmara

O governo declara o estado de sítio em todo o país, suspendendo a constituição

António Sérgio é a favor da ditadura fascista

Fontes: aqui

sábado, 17 de abril de 2010

Lisboa acolhe reunião mundial de maçons - Jornal a Bola de 16-4-2010

O Grande Oriente Lusitano (GOL) vai promover, este sábado, em Lisboa, um encontro de maçons provenientes de todo o mundo. Uma iniciativa que pretende servir para debater os valores republicanos, no ano em que se comemoram os 100 anos da República portuguesa.

«Há uma enorme convergência entre os valores maçónicos e os republicanos, de igualdade, liberdade, cidadania e laicidade, além da fraternidade», explicou António Reis, grão mestre do GOL, em declarações reproduzidas pela edição online do i.

Valores que, segundo Reis, «estão nos tempos de hoje ameaçados».

«Há uma enorme crise ética que grassa em todo o mundo e esteve, aliás, na origem da actual crise económica e financeira» diz, lembrando que «os maçons têm obrigação de serem uma vanguarda ética e cívica destes valores, como o foram no passado, em que estiveram sempre na primeira linha da salvaguarda destes valores».

O encontro internacional, que repete eventos semelhantes realizados em Estrasburgo, Atenas e Istambul, vai realizar-se num hotel de Lisboa e será aberto a todos os que pretendam participar, incluindo não maçons.



Outros artigos acerca do mesmo assunto:

http://www.ionline.pt/conteudo/55611-macons-todo-o-mundo-reunem-se-em-lisboa-com-valores-republicanos-na-agenda-

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=445749

Monarquia bate República em duelo - JN de 17-4-2010 por Fátima Mariano

Afonso Costa não era homem para deixar passar em branco uma ofensa à sua honra e, apesar de ser proibido pelo Código Penal e condenado pela Maçonaria - instituição à qual pertencia -, desafiava não raras vezes os seus oponentes para um duelo. Foi o que aconteceu a 14 de Julho de 1908.

Durante um dos seus inflamados discursos na Câmara dos Deputados, o líder do Partido Republicano Português insurgiu-se contra a Monarquia e os seus representantes, deputados monárquicos incluídos. Como resposta, um desses, o conde de Penha Garcia (primo de João Franco), aproximou-se de Afonso Costa e disse-lhe baixinho: "Quem assim desconsidera a honra alheia, não pode prezar a honra própria". Como resposta apenas um seco "Logo falaremos".

Assim que terminou o seu discurso, Afonso Costa constituiu os seus padrinhos para tratarem do duelo, escolhendo para o combate a espada francesa. O conde de Penha Garcia era muito melhor espadachim do que o líder do PRP, o que deixou os padrinhos e as testemunhas preocupadas.

Nesta disputa estava em causa muito mais do que uma simples defesa da honra. Os dois protagonistas estavam em lados opostos de uma guerra que há muito tinha espoletado.

Os monárquicos receavam que se Afonso Costa fosse mortalmente ferido, os grupos populares aguerridos espalhariam a ideia de qu ele tinha sido assassinado. Os republicanos, por seu lado, temiam ficar sem o seu líder, indispensável para levar a cabo o derrube da Monarquia.

Antes de se dirigir ao local do duelo, Afonso Costa escreveu a Bernardino Machado: "Vou tranquilo para este lance. Se for fisicamente vencido, o meu sangue regará a terra sagrada da Pátria, e mais um passo se terá dado para a República. Bato-me pela nossa causa e, por isso, quando a sorte me for pessoalmente adversa, convido-o, a si em nome de todo o nosso Partido, a dar à minha memória a compensação de uma vitória próxima".

O duelo realizou-se pelas 11 horas na estrada militar da Ameixoeira, palco habitual deste tipo de contendas.

Temendo que uma eventual morte de Afonso Costa o tornasse um mártir, algumas testemunhas afiançaram que o conde de Penha Garcia se limitou a desferir um ligeiro golpe no braço esquerdo do adversário, deixando-o a sangrar um pouco.

Tuga, paga lá o Falcon!




Custa-nos perto de Dezoito Milhões de Euros por ano, aos quais se somam todas as despesas inerentes aos seus antecessores vivos. Comitivas enormes e restante acessorizing on the rocks, são parte integrante do estafadíssimo Esquema a que nos habituámos. A tudo isto teremos ainda de somar Cimeiras, eventos festivos fora de Palácio, ajudas de custo para o servicismo permanente, viagens de Estado e consequentes imprevistos técnicos, ciclónicos, vulcânicos, etc, etc, etc.

E se Sua Excelência fizesse precisamente aquilo para que serve um Chefe do Estado, ou seja, representar de quando em vez o nosso país? Bem sabemos que um chefe de Partido - mais ou menos oculto mas nem por isso menos evidente - terá sempre dificuldades para encarnar a totalidade do povo de um país quase milenar.

Há uma semana, morreu em trágicas circunstâncias o seu homólogo de Varsóvia, acompanhado pela mulher e por dezenas de altos dignitários do Estado polaco. Viajavam num velho avião.

Cavaco Silva encontra-se a uma pequena distância de Cracóvia, onde se deslocarão personalidades tão insignificantes como os dirigentes da Rússia, EUA e Alemanha. Merkel dormiu esta noite em Lisboa e depois partiu para Roma, de onde seguirá por via terrestre até Cracóvia.

Mas afinal, quem é Cavaco Silva?!

A resposta é simples. Consiste num semi de difícil definição constitucional, mas isso não o impede minimamente de em tempos de contenção que o próprio não se cansa de alardear, fazer uma longa viagem em limusina fretada, com a respectiva escolta e segurança, coisa que até se compreende. Assim que com todos os luxos - também compreensíveis e igualmente aceitáveis - chegue a Barcelona, não regressará a Lisboa num voo low-cost - como sempre faz a Rainha Sofia de Espanha -, nem sequer numa viagem da TAP. Não senhor. O Exmo. Sr. Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva, Presidente da III República Portuguesa, Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Portuguesas e Grão-Mestre das Ordens Honoríficas, terá, assim como a respectiva cônjuge, um exclusivo e despesista Falcon à espera. Isto, para que na próxima 2ª feira possa retomar a sua agenda de contactos, por sinal a ser preenchida pelo novo chefe do seu Partido político. Há assuntos que não podem esperar. Coisas dos tempos que se avizinham, os da reeleição.

Faça aquilo para que serve essencialmente o Chefe do Estado. Represente o país se souber ou puder, coisa altamente duvidosa, pelo que se viu e vê.

Longe vão os tempos em que o Chefe do Estado viajava de comboio, quase incógnito e com escasso séquito.

Quem quer repúblicas, que as pague!

Cronologia da república - 17 de Abril

  • 1911

O governo cria em Moçambique a Guarda Cívica

  • 1915

Proliferação pelo país de vários centros monárquicos

  • 1916

O governo civil de Lisboa é exonerado

  • 1922

Pacto de Paris no qual D. Manuel II aceita o sucessor indicado pelas cortes devido à falta de descendência directa

  • 1923

Greve das costureiras do Porto

Fontes: aqui

sexta-feira, 16 de abril de 2010

MANSOS SOMOS NÓS, PÁ!

Mansos somos nós, vai para 100 anos...

Portugal no ano 2000

1979. O virar do milénio é uma linha muito lá no horizonte. Os desafios colocados a Portugal são múltiplos e de difícil ponderação. Já se fala abertamente na adesão da CEE, algo por que ainda se teria de aguardar uns tempos. Entre a esperança e as preocupações há um espaço amplo que justificou a compilação de depoimentos, realizada po Jaime Nogueira Pinto, na publicação denominada «PORTUGAL NO ANO 2.000» (Editorial Intervenção).
Trinta anos volvidos vale a pena relê-la. Estão lá as velas todas do macabro centenário que agora se comemora - 16 anos de descalabro político e indisciplina militar; 48 de medo dos antecedentes e autocracia parola; e 36 de jogos partidários e corrupção à la carte. Denominador comum: a perda da consciência nacional, a incapacidade para construir uma economia de olhos postos no futuro.
Uma leitura que se aconselha.
E um excerto, a aguçar a curiosidade dos portugueses. Do depoimento de António Barreto (pág. 50):
«Mau grado as generosidades democráticas que conhecemos nos textos e no regime, a constituição e a lei são, em matéria eleitoral, singularmente sectárias, rígidas e não democráticas. O sistema eleitoral é concebido para conservar a dinâmica de uma sociedade aberta, que será uma das características essenciais da democracia moderna. Modernidade, eis outra palavra chave que devia interessar mais a classe política que apareceu em cena logo após o 25 de Abril. Esta reproduziu "tiques", atitudes e esquemas de pensamento da primeira República, com quase todos os seus defeitos».
Cada um pense para si. Estamos, ou não, como em 1979? Ou como em 1911?

A ética republicana de Francisco Louçã

Bem prega Frei Tomás...

É publicada hoje no Diário de Notícias (não encontro o artigo online) uma elucidativa carta aberta de Paulo Teixeira Pinto a Francisco Louça sobre a sua atitude de se manter cobardemente escudado no estatuto Imunidade Parlamentar, após o ministério público o ter tentado constituir como arguido pela prática de crime de difamação. Assim o DIAP se viu obrigado a dar por encerrado o processo “embora se verifiquem fortes indícios da autoria do crime pelo Sr. Deputado Francisco Louçã” segundo despacho de 25 de Fevereiro.

Subversão republicana-ditatorial





O Finland Plot em acção, AQUI !

E entretanto, começa o refluxo da maré. Esta manhã, muitos milhares saíram para as ruas de Bangkok, em defesa da Monarquia e da Democracia.

O vulcão amigo



Cavaco Silva está retido em Praga, devido a uma daquelas maravilhas com que a mãe Natureza brinda os seus filhos humanóides.
Após ter escutado da boca de Vaclav Klaus aquilo que todos sabemos ... "aqueles que aceitaram isso, agora terão de suportar as consequências do seu acto (...) inimaginável que alguns países europeus possam admitir determinados défices (...), como ministro das Finanças ou 1º ministro, nunca admitiria isso"., agora as cinzas não deixam o co-responsável governamental e semi-presidencial regressar à base.

Que tal umas longas férias em Carlsbad? Sem bilhete de regresso e com a correspondente marcação de reservas adicionais para umas, digamos... 400 personalidades de relevo da nossa vida pública. Isso é que era!

Ora leiam AQUI o que nos espera.

Cronologia da república - 16 de Abril

  • 1911

É fechado o jornal “O Concelho de Bragança”

  • 1920

Um comício no Porto é alvo de ataques terroristas

Fontes: aqui

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Leitura obrigatória



... um artigo gentilmente concedido por José Barros Rodrigues.

Ramalho: de monóculo atento à República(III)

«Ora sucede que, abolida a Monarquia, e achando-nos nós no mês 5 do ano I da República, nenhum pão de pataco dos oitocentos mil que ingeria o rei, foi por enquanto distribuido ao povo, e que o mesmo povo, outra vez transferido de "Povo Soberano" a "Zé Povinho", com indício de estar mudado o Governo da Nação não logrou ainda o regozijo gratuito de ver passar em dia de gala, dos paços do Governo para o paço da Ajuda, em vez do rei antigo, o presidente novo (...)
É certo que nunca as classes dirigentes se divertiram tanto em excursões de recreio, nem se banquetearam tão repetidamente, como hoje em dia.. No caso, porém de cada cidadão, nem o imposto diminuiu nem o passadio embarateceu. (...) durante os dois primeiros meses da era republicana a dívida flutuante aumentou, regular e consoladoramente, para o nosso crédito em 1163 contos».
in «Últimas Farpas (1911-1914)», Clássica Editora, pág. 35.