«A República Nunca Existiu!», livro que eu concebi, organizei e em que participei com mais 13 autores, abre com a seguinte citação, que eu escolhi, de Eça de Queiroz, retirada de um texto de...1890:
«O Partido Republicano em Portugal nunca apresentou um programa, nem verdadeiramente tem um programa. Mais ainda, nem o pode ter: porque todas as reformas que, como Partido Republicano, lhe cumpriria reclamar já foram realizadas pelo liberalismo monárquico. (...) A república não pode deixar de inquietar o espírito de todos os patriotas. Ela seria a confusão, a anarquia, a bancarrota. Além disso (é de urgente patriotismo falar com franqueza), a república entre nós não é uma questão de política interna, mas de política externa. Um movimento insurreccional em Lisboa, triunfante ou semitriunfante, teria no dia seguinte um exército de intervenção marchando sobre nós da fronteira monárquica de Espanha.»
120 anos depois, há que reconhecer que o autor de «Uma Campanha Alegre» acertou, pelo menos, na «confusão, anarquia e bancarrota».
«O Partido Republicano em Portugal nunca apresentou um programa, nem verdadeiramente tem um programa. Mais ainda, nem o pode ter: porque todas as reformas que, como Partido Republicano, lhe cumpriria reclamar já foram realizadas pelo liberalismo monárquico. (...) A república não pode deixar de inquietar o espírito de todos os patriotas. Ela seria a confusão, a anarquia, a bancarrota. Além disso (é de urgente patriotismo falar com franqueza), a república entre nós não é uma questão de política interna, mas de política externa. Um movimento insurreccional em Lisboa, triunfante ou semitriunfante, teria no dia seguinte um exército de intervenção marchando sobre nós da fronteira monárquica de Espanha.»
120 anos depois, há que reconhecer que o autor de «Uma Campanha Alegre» acertou, pelo menos, na «confusão, anarquia e bancarrota».
13 comentários:
Caro Octávio,
Não se pode esquecer que esta opinião do grande Eça de Queirós vale por ser um desabafo de alguém que viveu numa época em que o movimento republicano ainda estava na sua fase embrionária. O Republicanismo tinha um ideário bem definido e uma lógica demo-liberal que pretendia implementar num país revoltado com o Ultimato de 1890 (onde a partir daqui sim o movimento republicano ganharia substância). JT
E acertou no resto: neste momento temos um exército de camiões TIR a despejar made in Spain nas nossas lojas, abafando 40% da economia nacional. e ainda fala certa gente da "submissão á Inglaterra" que representava 27% do nosso comércio. Que lata!
Tenho esperança que o escudo há-de voltar! A UNião Europeia tem os dias contados!
http://rueportugal.wordpress.com/
Ó «anónimo JT»:
Eça ainda viveu mais dez anos, até 1900, e não me consta que tenha mudado de opinião sobre a república...
Sr. Octávio,
Eu ainda questiono-me por que é que o grande Eça ter-se-á suicidado! Terá sido do ideal romântico não concretizado do tempo em que viveu?
JT
Ó JT, então o Eça suicidou-se?!?! Ele morreu de doença, em Paris! Quem se suicidou foi o Antero! Há mesmo gente com muito descaramento, que não sabe pormenores importantes da História e vem para aqui «armado em chico-esperto» e a querer dar lições!
Eça não terá morrido desencantado com a falha do ideal romântico? Meu caro, terei mais legitimidade para falar de História do que o senhor. E a lição que lhe dou é ser humilde perante a História e não encaminhar-se perante tendências e fervores que só levam a incongruências.
Cumprimentos,
JT
Decididamente, há «licenciaturas em História» que andam a perder qualidade... a julgar por alguns dos «encartados» que produzem. Eça não só não se suicidou como não era romântico: era realista/naturalista. Aprenda!
Meu caro Octávio,
Eu não estava a falar de romantismo enquanto corrente estética, mas sim da visão de uma sociedade mais justa não é por acaso que ele se inseriu no movimento das Conferências do Casino. Espero que tenha sido esclarecedor. E eu não lhe admito pré-juizos acerca da licenciatura em História. Espero que seja a última vez que tenha lido tal difamação.
JT
Em primeiro lugar, JT, eu não faço «difamações: faço afirmações e/ou suposições e/ou opiniões baseadas em factos.
Em segundo lugar, você aqui, neste sítio, não está em posição de «admitir» - ou de «não admitir» - seja o que for: você é um visitante em casa alheia, pelo que se deve comportar como tal, ou seja, com respeito pelos anfitriões, pelos que são mais velhos e/ou mais conhecedores do que você.
Caro Octávio,
O senhor é que faltou-me ao respeito ao fazer suposições erradas sobre uma pessoa que não conhece (seja mais nova ou mais conhecedora que os senhores). Além disso, tenho contribuido para o debate neste espaço, que diga-se, pouco ou nada existia pelo que tenho visto. Aconselho-o a ver o número de comentários que têm surgido desde que começei a questionar a validade de certos artigos. Deste modo, parece-me que a minha postura tem sido digna e tenho contribuido para a riqueza de opiniões. Parece-me pouco sensato da sua parte estar a aconselhar-me como devo comportar-me. Aproveito para lhe aconselhar a seguir a postura do seu colega Nuno Castelo-Branco (esse sim um excelente anfitrião) que sabe debater e apresentar textos interessantes. Sendo assim, acho que o senhor deverá a partir de agora apresentar comentários com mais conteúdo em vez de andar a superiorizar-se com questões que apenas desperdiçam energia.
Cumprimentos,
JT
E lá está você outra vez, JT... mas será que não tem emenda? Será que não entende aquilo que eu escrevo? Você não me diz aquilo que eu «devo» ou «não devo» fazer. Eu escrevo os comentários que quiser, e não quero saber se você acha que têm «menos conteúdo» ou que «desperdiçam energia». Eu não aceito lições, sejam elas de História, de moral, ou outras, de alguém que vem para aqui «armar aos cucos», a debitar fanfarronadas, mas que estava convencido – antes de eu o esclarecer, note-se – de que Eça era um romântico e que se tinha suicidado! Que outros equívocos não existirão dentro dessa cabeça?
Caro Octávio,
Eu não estava convencido de que Eça era um romântico! Com certeza que pode escrever o que quiser e espero voltar a ter oportunidade de argumentar consigo com outras condições.
JT
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